Louco Amor TP2 CP4 - Confusões a vista.

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 5283 palavras
Data: 08/04/2016 20:04:27
Última revisão: 09/04/2016 04:20:08

Oi meus amores, tudo certinho com vocês?

Bem, demorei, mas cá estou eu com mais um capítulo pra vocês e como sempre espero que gostem.

LuCaS: Vai ser tudo explicado ;)

Pyetro: Vem muito mais tensão por aí cara.

Priereis822: Obrigado ^^/

LipM: Amei a sua dica, sério, valeu mesmo. Me ajudou bastante, concordei com tudo que falou, por isso tentarei deixa-lo mais humano nesse capítulo rs. Me diz o que achou ;)

Ru/Ruanito: é a vida :/

Hello: vem muita coisa por ai anda.

Leandi: Oi meu lindo, muito obrigado pelo carinho com a minha pessoa e também com o conto. Quanto a mim ser fofo, aí eu sou suspeito pra falar rs.

A TODOS, SE SINTAM ABRAÇADOS E BEIJADOS :*

Sem mais delongas, boa leitura!

LOUCO AMOR TP2 CP4 – Confusões à vista.

_ Como tá seu filho? – perguntei lhe entregando a bandeja vazia que por sua vez colocou ao seu lado sobre a cama.

_ Ele vai sobreviver. – disse com uma voz serena e uma expressão séria.

_ E porque essa cara?

_ Os pais de Teresa são os representantes legais da criança.

_ Isso significa...

_ Que eu não vou poder sair com ele nos braços quando ele receber alta.

_ Como assim? Você é o pai dele e tem direito. – disse indignado.

_ Eu preciso fazer um exame de DNA primeiro, procurar um emprego e ainda contar com a boa vontade do Juiz já que eu sou “solteiro”. – ele disse fazendo o sinal de aspas com as mãos. – O senhor Reinald e a Dona Anna por outro lado são casados e tem experiência em cuidar de criança.

_ Primeiro: Aquele menino precisa de você e segundo: Meus pais e os seus, também tem experiência com crianças, é só falar isso para o juiz.

_ É né. – ele disse baixando a cabeça.

_ Já falou com meu pai sobre o emprego? Ele pode te arrumar algo no supermercado.

_ Vou começar amanhã lá. – ele disse voltando a me olhar.

_ Faz tempo que tu sabe disso?

_ Hoje.

_ E como tu tá se sentindo? – disse colocando a mão sobre a dele.

_ Sei lá, na hora eu fiquei bem irritado... Agora sinto que minha a ficha ainda não caiu totalmente, entende?!

Trouxe as costas de sua mão até a minha boca e a beijei enquanto me arrastava pra mais perto dele que por sua vez colou seus lábios nos meus e me beijou calmamente afogando toda sua tristeza.

_ Vai dá tudo bem. Estou do seu lado. – disse olhando em seus olhos que começavam a ficar marejados.

_ Te amo. – sussurrou antes de voltar a me beijar.

_ Também te amo meu moreno.

Ele sorriu triste.

_ Vamos dormir? Vou precisar acordar com as galinhas amanhã.

_ Vamos sim. Só levanta um pouco pra eu poder arrumar a cama.

Ele consentiu e logo se levantou. Me ajudou a arrumar o “ninho” de lençóis que eu havia feito durante todo o dia enquanto sofria ali deitado.

_ Vou pegar a sua água, já vol...

_ Não precisa. – disse segurando em sua mão.

Ele se referia ao remédio que eu passei a tomar para dormir melhor e assim não ter pesadelos, o mesmo pesadelo que eu tive na primeira noite sem Teresa e que se repetia caso eu não me medicasse.

_ Tem certeza?

_ Preciso dá o primeiro passo, não posso deixar o medo me dominar, além do mais eu tenho você comigo. – disse o abraçando. Podia ouvir seu coração batendo forte e aquilo era tão bom, parecia música. – está assim com você me faz me sentir protegido. Não há remédio melhor.

Ele beijou o alto da minha cabeça e me abraçou ainda mais forte.

_ É tudo que eu mais quero nessa vida, te proteger e te fazer feliz. Estou muito feliz que esteja conseguindo e orgulhoso por você está dando o primeiro passo.

_ Te amo muito. – disse olho no olho.

_ Não como eu te amo. – disse sorrindo.

_ Não é verdade.

_ Sim, sim, sim... – ele disse repetidamente enquanto fazia cocegas na minha barriga. Acabei me desequilibrando e cai de costas na cama onde ele veio por cima e me encheu de beijos por vários minutos até me abraçar por trás e dizer:

_ Boa noite meu anjo, lembre-se que eu estou aqui.

_ Irei lembra sim. Boa noite.

Por não ter feito nada que me fizesse perde energia o dia todo, eu ainda estava sem sono.

Fiquei acordado por um bom tempo pensando nas coisas que aconteceram – morte de Teresa – e nas coisas que estavam acontecendo – meu critico estado emocional e principalmente na possibilidade de Caio não poder criar o próprio filho por um tempo, aquilo estava acabando com ele, pude ver em seus olhos. Eu sentia que precisava fazer algo por ele, mas o que?

Foi apenas quando eu achei a resposta que eu acabei pegando no sono.

***

***

***

Já acostumado a sempre acordar com o seu corpo colado no meu e com um “bom dia” sussurrado próximo ao meu ouvido, estranhei quando ao passar a mão do outro lado da cama, ainda com os olhos semifechados, sentir apenas os lençóis desarrumados. Me pus sentado com os pés tocando o chão gélido enquanto meus olhos ainda se acostumando com a claridade de começo de dia vasculhavam o quarto em busca de um guri de cor morena, com 1,80 de altura, 19 anos e com cara de moleque, mas não tinha ninguém além de mim, meus pensamentos e... Um bilhete no criado mudo ao meu lado.

“Bom dia meu anjo, tive que sair cedo hoje (trabalho) e não quis te acordar, tive pena de interromper um sono tão bonito. Te roubei um beijo e espero que não tenha problema rsrs. Chego no final da tarde para comemoramos o quanto es forte, eu sabia que conseguiria vencer esse pesadelo caso se esforçasse mais. Vou passar o dia todo pensando em ti. Me liga caso aconteça algo e caso não aconteça também rsrs. Bjs” – De alguém que te ama muiiito”

Sorri ao ler aquilo. Para se sincero não lembrava até então que ele teria que ir trabalhar e tão pouco que eu havia dormido a noite toda e não havia tido o rotineiro pesadelo que me assustava quando eu não tomava o remédio. Algo me dizia que as coisas começavam a mudar.

Após escovar os dentes e pentear o cabelo, desci as escadas e guiado pelo cheiro de café fresquinho fui parar na cozinha onde minha mãe preparava tudo.

_ Bom dia mãe. – disse dando meia volta na mesa até alcança-la para da um abraço.

_ Bom dia meu anjo. – respondeu me dando um beijo na testa. – Quando Caio me disse que você finalmente deu o primeiro passo eu nem acreditei, mas te vendo aqui em pé...

_ Agora sentado. – disse ao puxar a cadeira e me sentar.

Ela sorriu e se virou para virar as panquecas que já começavam a queimar.

_ Eu já não sabia mais o que fazer, estava totalmente preocupada.

_ Agora estou bem. Ou quase isso. Ainda me sinto mal e angustiado pelo que aconteceu. As vezes ainda me pego querendo ligar para o número dela pra poder ouvir aquela voz que sempre me aconselhou, mas aí me lembro que se isso acontecer, quer dizer que estou ficando maluco e se eu ficar maluco, vou perder muita coisa que eu amo nessa vida.

Ela colocou o prato com as panquecas na mesa, a minha frente e se sentou ao meu lado com a mão em cima da minha.

_ Fala do Caio né.

_ Da senhora, do pai, de Fagner e também de Caique.

Ela mesma fez questão de fazer meu café e de não sair do meu lado enquanto eu não terminasse de comer tudo. Conversamos bastante coisa, mas nada com muita relevância, sua missão era mesmo tirar todo assunto que o sobrenome fosse “problema”.

_ Mãe, acho que vou dá uma caminhada, espairecer um pouco. – disse ao me levantar da cadeira, totalmente satisfeito.

_ Acho uma boa ideia. Posso ir? – ela disse se levantado.

_ É que eu queria ir sozinho. – falei meio receoso para não magoa-la. – A senhora entende?

_ Ah claro filho, entendo sim. – seu olhar dava credito as palavras. Parecia que ela realmente não havia ficado ressentida.

_ Tudo bem mesmo? – só para ter certeza.

_ Sim, vai lá.

_ Então até mais. – disse a beijando na testa rapidamente para então poder colocar meu plano em prática, a caminhada havia sido apenas uma desculpa para poder camuflar o que eu iria fazer, por isso ela não poderia ir.

_ Espera filho. – ela falou quando eu já ia saindo da cozinha.

Logo me virei em sua direção para saber o que ela queria.

Ela fez uma cara estranha, mordeu a língua e abanou as mãos como se não pudesse falar algo, mas que mesmo assim sentia vontade de falar.

_ É sobre o seu noivo, ele me pediu pra não falar nada pra você, mas sabe como eu sou né.

_ O que foi mãe, fala.

_ Ele chegou ontem aqui totalmente arrasado e chorou ali no sofá como eu nunca vi antes.

_ Por quê? – perguntei já sabendo a resposta.

_ Parece que os pais de Teresa querem tirar a criança dele.

Balancei a cabeça e falei:

_ Eu vou conversar com ele.

_ Eu só te falei isso, porque se fosse comigo, eu também iria querer saber.

_ Não se preocupa. Fez a coisa certa. Estou indo nessa. – disse pegando o meu rumo.

_ Tá, tchau.

Então ele já havia desmoronado. O pior de tudo foi que eu não estava lá pra abraça-lo e consola-lo, estava tão preso aos meus problemas que havia virado um egoísta ao ponto de achar que só eu tinha direito de sofrer e que todo mundo, principalmente Caio, era algum super-herói. Não dei o espaço necessário que ele precisava para pelo menos chorar uma vez sequer abraçado comigo. Foi impulsionado por esses pensamentos que eu criei ainda mais coragem e determinação para fazer o que eu iria fazer:

Conversar.

Seria algo fácil se essa conversa não fosse com o homofóbico do Reinald, pai de Teresa. Dizem que tudo se resolve com uma boa conversa e eu estava prestes a tirar a prova.

No final das contas a caminhada foi algo bem real, cheguei na frente da casa deles em trinta minutos, mas como estava bastante distraído o tempo pareceu passar muito mais rápido.

Toquei a companhia com o coração já na boca porque querendo ou não eu estava com um pouco de medo de encara-lo.

Não demorou muito e a porta se abriu, não vi a cara emburrada de Reinald, mas sim um doce sorriso de dona Anna que sempre educada me complementou:

_ Bom dia filho, o que devo a honra da visita?

Um pouco nervoso e com as mãos suando respondi:

_ Bom dia Anna, eu...

_ Você...

_ Eu queria pode falar com o seu marido se possível for.

Seu sorriso rapidamente se desfez, ela olhou para dentro como se tivesse procurando alguém e logo voltou a me olhar:

_ Ele está no banho querido. Qual o assunto? Pode falar comigo?

Pensei uma, duas, até três vezes antes de responder:

_ Pode sim.

No fundo eu estava aliviado por não ter que falar com ele. Queria mesmo era resolver tudo logo com ela e o quanto antes meter o pé dali.

_ Entre. – ela disse saindo de frente da porta para que eu pudesse entrar.

_ Com licença. – disse ao passar por ela que me indicou o sofá mais a frente para que eu me sentasse.

_ Quer alguma coisa? Água, suco...?

Quando fui responder acabei avistando uma fotografia de Teresa atrás dela, aquilo me fez lembrar dos inúmeros momentos que eu estive naquela casa com ela, sendo para fazer trabalhos de escola ou para apenas conversar. Uma sensação nostálgica por outro sentimento popularmente conhecida como tristeza logo me abateu. Agora tinha mais um motivo para querer sair dali o mais rápido possível.

_ Também sinto falta dela. Muita na verdade. – disse dona Anna me trazendo de volta do mundo da lua.

Ela olhava um pouco de lado para olhar a fotografia.

_ Mas não acho que queira falar sobre esse assunto não é. – ela disse voltando a olhar pra mim. Pareceu ler minha mente.

_ Eu vim por causa do filho de Caio.

_ O pequeno Aquiles?

_ Já escolheram o nome dele?

_ Era um desejo da minha filha por esse nome na criança. Ela sempre comentava comigo. Ela não te falou.

Fiquei me perguntando por que raios eu não havia perguntado a ela isso, nem tão pouco a Caio.

_ Não... A questão é que essa criança precisa do pai dona Anna.

_ Eu também concordo.

Whats?

_ Concorda?

_ Sim, essa foi uma ideia do meu marido e ele está obcecado com isso. Não eu. Claro que eu adoraria poder cuidar dela, mas o certo é ele ficar com pai.

Minha estima por ela naquele momento fez aumentar.

_ E não tem como a senhora fazer ele muda de ideia. Caio ama demais essa criança dona Anna, estou com muito medo do que possa acontecer se negarem o direito que ele tem de pai.

Falar sobre o quanto Caio amava aquela criança e não se emocionar foi impossível.

_ Aquiles vai vir para essa casa. – disse uma voz acompanhada de passos na escada. Olhei para trás e era seu Reinald em carne, osso e arrogância. – vai ficar sobre meus cuidados e só vai sair daqui aos dezoito anos se ele quiser.

_ Mas porque isso? – me levantei para confronta-lo melhor. – Porque essa crueldade com um pai que ama seu filho? Como você ficaria se seu pai tivesse tirado Teresa dos seus braços?

Ele estacionou na minha frente, atrás do sofá, me analisou por meio segundo e disse:

_ Se ele achasse e provasse que eu não teria capacidade para cuidar dela eu com certeza acataria a decisão dele.

_ E com que provas insinua que Caio não tem capacidade?

_ Primeiro: Ele é imaturo e sempre traiu a minha filha. Segundo: Teve a coragem de estapear a mãe de seu filho e Terceiro, mas não menos importante: - ele apoiou ambas as mãos no alto das costas do sofá e com o olhar fuzilador continuou. – são dois viados imundos, só pelo fato de está te olhando me dá ânsia de vomito...

_ Reinald! – repreendeu dona Anna que até então havia permanecido calada.

Ele, porém não deu ouvido e continuou:

_ Não quero meu neto no meio de dois viados e não quero que ele corra o risco de ser violentado.

_ O quê? – perguntei totalmente incrédulo com o que eu havia escutado.

_ O que me garante que você não vai estupra-lo?

Só pelo fato de ter ouvido aquela pergunta eu já tinha motivo de sobra para soca-lo. Seu rosto estava tão perto, seria muito fácil.

Mas não foi o que eu fiz. Com o coração acelerado e com os olhos prestes a transbordar eu não consegui fazer nada a não ser falar a coisa mais obvia que se é dito naquele momento.

_ Eu não sou pedófilo senhor Reinald

Estressado ele perdeu a linha e rebateu gritando:

_ TODA A DROGA DE VIADO GOSTA DE ABUSAR DE CRIANÇAS.

Eu não estava acreditando no que estava ouvindo. Eu estava sendo acusado de uma coisa que me causa repulsa só de imaginar.

Se eu estava mal antes, agora eu estava bem pior.

_ Lucas... – era dona Anna que havia chegado por trás e agora colocava uma mão sobre meu ombro. – não...

Não esperei para ouvir o que ela tinha pra falar. Com as lágrimas já caindo sai de lá correndo. Não olhei para trás, só corri, eu queria me afastar o quanto antes daquela casa. Parei apenas alguns quarteirões à frente onde me sentei próximo a uma arvore e desabei a chorar.

Porque aquela acusação mexeu tanto comigo?

Era aquela depressão idiota ou era porque simplesmente fui injustiçado?

Seu olhar ao falar aquelas coisas foi ainda pior, pois transmitiam o que ele realmente pensava a respeito de mim e dos gays, ele em sua infinita ignorância acreditava naquilo cegamente. Não era apenas para me atingir.

Ainda chorando, decidi me levantar e seguir para casa, onde me sentiria mais acolhido. Diferente de quando eu estava indo, o caminho de volta mesmo sendo o mesmo pareceu bem mais comprido e cansativo. Minha ânsia a cada passo dado era de chegar logo em casa e tomar um banho bem gelado para afogar toda aquela magoa dentro de mim.

Na esperança que minha mãe não estivesse na sala para não me ver entrar naquele estado e consequentemente não me fazer um monte de perguntas das quais eu não estava disposto a responder, eu abri a porta e entrei de cabeça baixa, relancei um pouco pra cima e vi nada menos e nada mais que Caio com a blusa vermelha do supermercado e com uma calça jeans sentado no sofá que logo se levantou ao ver o meu rosto, provavelmente por causa dos meus olhos vermelhos e inchados. Eu me virei rapidamente de costas na esperança que ele não tivesse percebido nada, mas ele me conhecia bem e não iria deixar aquilo passar.

_ Mas já em casa? – perguntei fechando a porta.

_ Seu pai se esqueceu de uns papeis em casa e eu me prontifiquei a vir buscar. – ele disse se aproximando. Sua voz continha desconfiança. – O que aconteceu? Estava chorando?

_ Não. – respondi ainda de costas pra ele. Fingia está com dificuldades em travar a porta para que ele não desconfiasse.

_ Como não?

Ele não esperou que eu respondesse, me pegou pelo braço e me virou para encara-lo. Eu até baixei a cabeça, mas com a mão em meu queixo ele a levantou.

_ Estava chorando?

_ Claro que não. – disse me desvencilhando de sua mão que segurava meu queixo.

_ Estava sim, sua mãe me disse que tinha ido caminhar. O que foi que aconteceu? Fala Lucas.

_ Não aconteceu nada. – disse, tentando agora em vão me desvencilhar de sua mão que segurava meu braço. – me solta Caio, tá machucando.

_ Não vou soltar enquanto não falar o que aconteceu. Porque estava chorando? E não me diga que foi por causa de Teresa porque se fosse não estaria escondendo o rosto de mim daquele jeito.

Droga! Perdi a desculpa.

_ O que está acontecendo aqui? – minha mãe perguntou saindo da cozinha.

_ Eu fui até a casa dos pais de Teresa. – disse abrindo o jogo de uma vez.

_ Por quê?

_ Não é justo o que querem fazer contigo.

_ E o que aconteceu lá pra te deixar assim?

Quis poder controlar o choro naquele momento, mas não consegui, não quando aquelas lembranças voltaram a minha mente.

Ele me abraçou e minha mãe se aproximou com feição preocupada.

_ Ele me acusou de querer abusar daquela criança... Aquilo me feriu por demais. – desabafei.

_ Meu Deus! – murmurou minha mãe.

_ Vem. – Caio disse segurando o meu pulso enquanto abria a porta.

_ Pra onde? – perguntei assustado.

_ Ele vai ter pedi desculpas. – disse para logo em seguida sair praticamente me arrastando porta a fora.

_ Solta ele Caio. – minha mãe pediu vindo atrás de nós.

Ele não parou e nem tão pouco me soltou. Nunca o vi tão determinado daquele jeito.

_ Amor, não precisa. – me pronunciei assim que ele abriu a porta do carona do carro para eu entrar.

_ Eu não vou deixar isso assim. – disse com raiva. – entra. – disse por fim me empurrando pra dentro.

_ Para com isso já Caio. – repreendeu mais uma vez minha mãe quando ele bateu a porta.

Ele como a primeira vez não atendeu e entrou no carro. Pisou fundo e deixou minha mãe falando sozinha.

O que estava acontecendo com ele?

Olhando seus olhos pelo retrovisor era até possível ver as fagulhas se formando.

Nunca o vi com tanta raiva na vida. Eu sabia que não deveria ter contado.

_ Caio, para o carro. – pedi tentando controlar o medo que se formava.

Ele me olhou apenas por um segundo pelo retrovisor e voltou a prestar a atenção no transito.

_ Ele vai ter que te respeita. – disse.

_ As coisas não se resolver assim. Por favor, para o carro.

_ Eu vou parar, mas só quando chegar lá.

_ Eu sabia que não deveria ter te falado nada. Para o carro agora Caio.

Depois dessa todas as outras tentativas para que ele mudasse de ideia foram em vão, ele nem me respondia mais e fingia que eu não estava ali. Ele estava irredutível e determinada a fazer algo que tinha cem por cento de chance de resultar em confusão. Eu estava com muito medo do que iria acontecer.

Em menos de vinte minutos já estávamos parando em frente a casa dos pais de Teresa. Ele saiu do carro em silêncio, mas ainda com muita raiva e determinação, abriu a porta pra mim e pela primeira vez em quinze minutos falou comigo:

_ Vamos.

Me recostando na porta oposta a que ele abriu eu protestei:

_ Eu não vou a lugar algum.

_ Ok. – disse batendo a porta. Pensei que ele fosse me tirar a força, mas ele apenas deu as costas para mim e foi em direção a porta dos Ganberines.

_ Puta que pariu. – murmurei ao perceber que eu não poderia deixa-lo ir sozinho.

Abri a porta e saí correndo atrás dele.

Quando o alcancei ele já estava praticamente esmurrando a porta.

_ Para com isso. – falei segurando em seu braço. – está me assustando.

Quando ele iria abrir a boca pra falar algo a porta se abriu. Dessa vez para minha desgraça não era dona Anna, mas sim Reinald, espumando de raiva pela boca.

_ Está ficando maluco? – disse gesticulando com a mão próxima a orelha.

Os acontecimentos que sucederam foram tão rápidos que meus olhos quase não capitaram as imagens.

Caio colocou o braço esquerdo sobre o pescoço dele e o empurrou com força para dentro da casa, só parando quando Reinald se chocou contra as costas do sofá quase virando a cambalhota.

_ Está ficando maluco? – repetiu a pergunta só que agora gritando enquanto afastava com brutalidade o braço de Caio do seu pescoço que bufava de raiva.

_ Pode falar o que quiser comigo, mas não admito que faça alguém que eu amo chorar. – rebateu gritando e apontando o dedo na cara dele que começou a sorrir só fazendo a minha tensão aumentar enquanto observava os dois de perto sem saber o que fazer. – Está rindo de quê seu babaca?

_ Vocês dois são patéticos, duas bixas patéticas. – disse alternando o olhar entre nós dois. – Nunca vou deixar que meu neto seja criado por vocês dois.

_ Caio...

_ Pede desculpas a ele. – Caio pediu forçando uma voz calma.

Ele riu mais uma vez, só que em tom mais e bem mais forçado.

_ Me obriga.

Caio o pegou pela gola da camisa e com força, o jogou no chão com uma rasteira, se armou para soca-lo e gritou:

_ PEDE DESCUPAS A ELE AGORA.

_ CAIO DEIXA ISSO PRA LÁ. – gritei com receio de me aproximar. O medo já me dominava aquelas alturas.

_ SE NÃO O QUE? – Reinald gritou de volta.

Quase que em câmera lenta vi no momento em que o punho de Caio que pendia no alto desceu cortando o ar rumo a fazer um estrago no rosto de Reinald. Naquele estante não pude ficar apenas olhando. Em um reflexo rápido segurei no braço dele que parou a poucos centímetros do alvo e logo em seguida com uma força tirada do meu total desespero o fiz se levantar de cima de Reinald, ele cambaleou um pouco para trás e me olhou.

_ JÁ CHEGA. JÁ CHEGA. O que tá querendo com isso? Ir pra cadeia e nunca mais ver teu filho.

Pela primeira vez desde toda confusão ele me ouviu, percebi pela sua feição que se moldou rapidamente a uma forma mais lucida.

Ele abriu e fechou a boca várias vezes tentando argumentar algo, mas não conseguiu. Apenas balancei a cabeça e sai da casa sem olhar para trás. Encontrei dona Anna no caminho com uma sacola de compras.

_ Aconteceu algo meu filho. – ela perguntou.

_ Não. – foi o que eu disse sem parar de andar.

_ Espera Lucas. – ele pediu vindo atrás de mim.

_ O que foi aquilo em? – perguntei ao me virar para encara-lo.

Estávamos em frente ao seu carro.

_ Me desculpa... Eu... – Tentou dizer algo e veio me abraçar, eu recuei.

_ Não vem me abraçar, não depois de todo aquele show sem necessidade.

_ Como sem necessidade, ele te agrediu. Eu te amo demais pra deixar isso passar.

_ Pretexto.

_ Pretexto?

_ Sim, pretexto. Isso tudo foi por causa de seu filho, você só queria uma desculpa plausível para poder fazer isso.

Ele fechou olhos por um segundo e respirou fundo.

_ Eu já estava com raiva daquele babaca, com muita raiva. Aí quando você chegou lá chorando eu não me aguentei, explodi, cheguei no meu limite. Não foi pretexto Lucas, eu fiz isso por você e pelo meu filho, amo os dois igualmente. – ele fez uma pausa e me analisou antes de voltar a falar quase que em sussurro. – Eu te amo ainda mais do que ele. Faria qualquer coisa pra te proteger e não deixar ninguém te fazer chorar.

_ Se ele te denuncia em? Se ele nesse exato momento tiver ligando para a policia pra te acusar de invasão de domicilio e ainda tentativa de agressão? E pior, se ele tiver também me acusando de te ajudar?

_ Eu assumo toda culpa.

_ O que vai ser da gente em? Você vai pra cadeia, tem todas as chances de ficar com o filho zeradas e ainda vai me deixar pior do que eu já estou aqui fora. Aí eu te pergunto pra quê serviu isso?

Ele baixou a cabeça e começou a chorar. Na mesma hora minha vontade foi de abraça-lo, mas eu tinha que ser forte, eu queria repreende-lo.

_ Minha mãe te pediu e eu te perdi inúmeras vezes dentro dessa porra desse carro pra tu parar, e tu fingia não me ouvi.

_ Desculpa. – ele disse com a voz embargada vindo me abraçar.

_ Eu não quero abraço. Se eu não tivesse feito nada, a essas horas estávamos fodido, você ainda mais do que eu já que é de maior.

_ Mas Lucas...

_ Vamos embora. – disse dando meia volta no carro e entrando.

Ele permaneceu no lado de fora chorando por um ou dois minutos até se encher de raiva e com os punhos fechados na posição de martelo socar o capô do carro acompanhado por um grito que me fez sobressaltar surpreso no banco do carro.

Vi na hora que ele respirou fundo, entrou no carro e deu partida. A viagem toda de volta foi em pleno silêncio, de vez em quando ele me observava quando eu não estava olhando e eu fazia o mesmo quando ele não estava me observando. Não estava com raiva dele, até acho que enquanto ama-lo não vou conseguir nutrir esse sentimento por ele, eu fui duro justamente por estar preocupado com ele e por apenas querer seu bem.

_ Lucas... – ele decidiu falar quando paramos na frente da minha casa. – desculpa cara.

_ Lá dentro a gente conversa. – disse abrindo a porta do carro e saindo. Ele veio logo atrás.

***

***

***

_ Onde foi que tu estava com a cabeça em Caio? – repreendeu meu pai assim que entramos.

_ Eu só queria cuidar do seu filho senhor. – ele disse meio que de cabeça baixa. Eu estava um pouco atrás dele apenas ouvindo.

_ Cuidar? Cuidar Caio? Fiquei sabendo que você saiu praticamente arrastando ele daqui direto pra toca do leão, pra uma confusão que sabe se lá Deus no que iria dá. – meu pai falava e gesticulava muito, exalando nervosismo pelos poros.

_ O senhor tem razão, eu peço desculpas pela minha atitude. Confesso que não medi as consequências.

_ Que não volte se repetir, está me ouvindo?

_ Não vai.

_ Pode tirar o resto do dia de folga, amanha você recomeça.

_ Não precisa, eu posso ir hoje mesmo.

_ Não é um pedido, é uma ordem. – meu pai disse por fim antes de dá as costas para nós e desaparece cozinha adentro.

Ficamos apenas Caio, minha mãe e eu em um clima um pouco chato onde ninguém sabia o que falar até minha mãe se pronunciar.

_ Dá só um tempo a ele.

_ Ele tem toda a razão de está com raiva. É melhor eu ir pro meu apê. – ele disse indo em direção a porta. Não pensei duas vezes e em sua mão segurei.

_ Vem. – disse puxando-o para me seguir.

Subimos os degraus e seguimos o corredor até entrarmos no meu quarto.

_ Pensei que estivesse com raiva de mim. – ele disse enquanto eu fechava a porta.

Não falei nada, apenas me aproximei dele e o beijei.

_ Nunca.

_ Desculpa mesmo. Eu estava cego de raiva, não quis te machucar ou te colocar em uma situação da qual eu não saberia sair.

_ Só te peço pra pensar um pouco antes de agir e me ouvir quando eu falar.

_ Eu prometo meu amor. – disse me abraçando forte. – Não quero te perder.

_ Não vai.

_ Seu pai ficou bem bravo.

_ Já já passa.

_ E se ele proibir nosso namoro.

Me soltei do abraço e o encarei.

_ Duvido muito, e mesmo se ele fizer isso, não vai conseguir nada além de dor de cabeça, próximo mês eu já faço dezoito anos, vou ser dono do meu próprio nariz.

Ele sorriu e me beijou, mãos bobas foram ali e outras aqui, nós levando a um tesão eminente.

Não sei quanto tempo ficamos no amasso, só sei que quando me dei conta já estávamos na cama nus e exaustos encarando um ao outro e sorrindo igual a dois bobos.

_ O que foi? – perguntei sorrindo.

_ Só admirando sua beleza.

_ Igualmente.

_ Queria te perguntar uma coisa. – ele perguntou mudando a expressão.

_ Pergunta ué.

_ Lá no baile de formatura eu vi na hora que você estava dançando com Teresa.

_ E...

_ Eu vi também que ela te passou um envelope. O que era?

Na mesma hora foi como se eu ouvisse um click na minha memoria, eu havia me esquecido totalmente daquele envelope. Como pode?

_ Meu Deus Caio. – disse me levantando e indo até o guarda roupa mesmo estando pelado. – É verdade, ela me deu e disse que era pra eu abrir apenas na hora certa. – disse enquanto vasculhava minhas roupas em busca do terno que usei no fatídico dia.

_ Quando for a hora certa? – ele perguntou se aproximando de mim.

_ Sim, eu acho que ela de certa forma sabia o que iria acontecer.

_ Mas o que será que é?

_ Achei! – disse assim que peguei o terno.

Coloquei a mão em um dos bolsos e não tinha nada para o meu pequeno desespero, mas ao olhar no outro bolso senti algo, ao tirar pra fora vi que era o envelope. Olhei para Caio e ele me olhou de volta, ambos estávamos curiosos de qual era o conteúdo daquele envelope.

Respirei fundo e abri, tinham três papeis, Caio se juntou ao meu lado e lemos a primeira folha.

_ Se me permite dizer. Eu amo aquela garota. – Caio disse.

_ Eu também. – disse ainda sem acreditar no que ela foi capaz de fazer por nós.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Anjo Apaixonado a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

mano mano nao arrasa meu coração assim não que sou cardiaco e te processo pelas minhas paradas cardíacas em ! hauhua caralho sério, cara achei mega mega mega demais você deixar o caio mostrar o que ele tava sentindo e tipo tu fez isso da melhor maneira, com as melhores falas na melhor situação sabe isso foi perfeito ! acho que a Teresa deve ter feito documentos alegando que a guarda vai pro caio e n pro projétil de ser humano ridículo aka o pai dela

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Nossa! EU AMO ESSE CONTO...

Não demora a postar meu grau de ansiedade já tá a 1000...

0 0
Foto de perfil genérica

ai quanta crueldade Lipe..... como se para assim na melhor parte ai que coisa chata.... Caio muito estourado em Lucas terá trabalho para controla-lo sempre..... perfeito como sempre.....

0 0
Foto de perfil genérica

Amei. Perfeito. O pai da teresa é um monstro. Acho que o que tem no envelope é uma carta dando a guarda ao caio e lucas. bjos

0 0
Foto de perfil genérica

Ai que massa! Já estou ansioso pelo próximo! Volta logo. Abraços.

0 0
Este comentário não está disponível