A leveza de amar - Cap. 2

Um conto erótico de Bo J.
Categoria: Homossexual
Contém 908 palavras
Data: 20/03/2016 14:52:57

Acordei às 10 da manhã, não costumo mesmo acordar cedo até porque vivo virando noites terminando projetos. Aliás, sou arquiteta. Costumo trabalhar em casa, mas sou sócia de um escritório da região e lá faço minhas reuniões com os clientes. Tinha um novo cliente interessado em contratar o nosso escritório para uma reforma de uma enorme casa e como reforma é a minha especialidade fui convocada para atender a esse cliente.

Não sou organizada, mas sou extremamente pontual. Iria receber o tal cliente às 13:00 e já estava na minha sala à sua espera. Temos um problema de acústica no prédio onde funciona o escritório, é possível ouvir as pessoas aproximando-se das salas porque o piso faz um barulho estridente, de todo modo costumo usar isso a meu favor e sempre que ouço passos vou até a porta e recebo o cliente ali mesmo, como se a visita dele fosse muito esperada.

O relógio marcava 13:20 e nada do meu cliente aparecer, achei que talvez ele tivesse desistido e então alguém bate na porta. Surreal, não ouvi passos e a recepcionista não me fez nenhum aviso. Levantei de minha cadeira e fui até a porta, ao abri-la senti como se todo ar tivesse se dissipado da atmosfera, meus olhos piscavam ligeiros achando que tal visão fosse criação da minha cabeça.

A doce moça à minha frente me fitava com seus grandes olhos castanhos e sorria terna e graciosamente. Fazia muito sentido não ter ouvido passos, aposto que ela flutuou até a minha porta como antes fizera naquele pátio do prédio vizinho ao que eu moro. Era a bailarina.

Depois do que pareceu uma eternidade para mim, ela desmanchou o sorriso em seu rosto e assumiu uma feição preocupada:

- Você está bem?

- Ah sim, me desculpe – ruborizei – sim estou bem. Entre por favor.

Dando passagem pra que ela entrasse, apontei para a cadeira a frente da minha, separadas apenas pela minha mesa.

- Desculpe o atraso. Mas essa cidade tem um trânsito infernal! E como dependo de transporte público...

Ela parou de falar e pareceu sentir-se sem graça, talvez pela maneira que eu a olhava.

- Não tem problema. Vamos, sente-se e fique à vontade.

Sentei-me em minha cadeira.

- Prazer, me chamo Olívia! Se tudo der certo e você gostar dos nossos portfólios, serei responsável pelo seu projeto.

- O prazer é todo meu Olívia, eu me chamo Marina e não acho que seja necessário que você me mostre seu portfólio, acompanho seu trabalho pelo site do escritório. E você me foi muito bem recomendada.

- Muito bem então senhora Marina...

- Por favor, me chame apenas de Marina.

Fiquei encantada com a doçura em sua voz, parecia que cantava enquanto falava. Marina era todas as artes e prazeres que a vida podia proporcionar. Ela gesticulava com as mãos enquanto falava e tudo parecia um espetáculo, eu tinha vontade de me pôr de pé e bater palmas para ela. Levei o máximo de tempo que eu pude naquela entrevista, queria o máximo de tempo possível com Marina. Não sei ao certo o que era, mas sua presença me libertava.

Não sabia qual era o propósito da reforma no casarão, pensava que Marina logo iria embora da cidade com sua companhia de dança. Não quis mostrar que a conhecia do dia anterior enquanto ela se apresentava para pelo menos 100 pessoas que como eu ficaram fascinados com a delicadeza dos passos e beleza de Marina.

Já era tarde quando saí do escritório e me dirigi até o meu apartamento para me arrumar, a apresentação em que Cecília me levaria e me colocaria novamente de frente com Marina estava marcada para as 20:40 e eu não queria me atrasar. Me arrumei de maneira apressada e liguei para Cecília, logo partimos à caminho do teatro municipal e minhas mãos suavam.

Conseguimos lugares bem na frente do palco, não conseguia esconder a minha ansiedade e Cecília ria de mim, nunca me vira tão ansiosa em ver alguém que eu mal conhecia.

As cortinas se abriram e eu a vi em sua maquiagem impecavelmente natural, vestia uma roupa preta e parecia fazer parte da música que a acompanhava. Os olhos de Marina rondavam a plateia e ela parecia procurar por alguém, em um momento seus olhos encontraram os meus, ela rodopiou e quando voltou a me olhar estampava um sorriso. Não sabia o que era aquilo mas, há cada passo que Marina realizava me sentia mais preenchida pelo calor que emanava do corpo dela. Sentia que a minha alma dançava com a dela mesmo que eu não saísse daquela cadeira.

Outras apresentações vieram e quando tudo havia acabado eu senti um vazio incômodo que me deixava com ânsia de Marina. Procurei por ela com o olhar mas não a encontrei. Cecília havia ido ao banheiro e eu a esperava para que pudéssemos ir. Quando me viro para pegar meu casaco na poltrona esbarro e quase caio sobre Marina.

- Oh meu Deus! Me desculpe, eu sou tão estabanada.

- Não se preocupe, eu não deveria chegar tão sorrateiramente assim.

- Adorei seu espetáculo, foi maravilhoso!

- Eu adorei que você tenha vindo e agora adorei ainda mais pelo elogio.

Ela corou e jogou sua franja para traz, balançando a cabeça tão graciosamente que eu poderia assistir àquela cena por uma eternidade em câmera lenta.

- Aceita tomar um café comigo?

- Como?

- Eu sei que está tarde para um café, rs. Me desculpe.

- Ah não, eu adoraria tomar um café com você.

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Difícil é conseguir esperar o dia passar para ler o próximo.

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