Thithi et moi, amis à jamais! Capítulo 128

Um conto erótico de Antoine G
Categoria: Homossexual
Contém 4034 palavras
Data: 13/03/2016 22:17:31
Última revisão: 16/03/2016 10:52:13

Oi, genteeeeeeee! Passando rápido, Sophie piorou novamente. Ela tá toda molinha aqui... Meu coração fica apertadinho de vê-la assim...

Beijo em todos! Boa noite! Até amanhã!

########

Dudu e Pi ainda ficaram na sala de casa namorando. Era tão estranho ver o Dudu ficando com um homem. Bruno e eu fomos para o nosso quarto dormir, já que ele teria que ir trabalhar cedo no outro dia.

- Amor, eu consegui reduzir um pouco o valor da festa. Eu reduzi tudo para 12 mil, tá bom, né?- Eu disse enquanto nos arrumávamos para dormir

- Ah, não precisa reduzir, não!

- COMO É QUE É?

- Eu falei com a Ange, ela aprovou aquele valor. Teus pais e teus avós que vão te dar a festa.

- Bruno, tu estás brincando comigo, né?

- Não, claro que não!

- Tu preferes morrer agora ou durante o sono?

- Credo! Eu hein! Hoje tu tá que tá, viu?

- Amor, tu sabes o trabalho que eu tive para reorganizar tudo? Tu sabes o trabalho que eu dei para a Dona Iolanda?

- Desculpa, eu não sabia que era um presente dos teus pais e avós.

- Eu também não! Que legal! Mas porra, Dona Iolanda vai pensar que eu estou ficando doido.

- Vai nada, ela sabe como tu és cricri. Ela gosta de trabalhar contigo.

- Nossa, mas hoje tu estás ótimo para o meu lado, viu? Me chama de criança, de cricri... o que mais? – Eu disse me deitando

- Nós não vamos brigar! – Ele disse deitando no lado dele

Eu virei de costas para ele, apaguei o abajur e fechei os olhos e rapidinho eu adormeci. Eu ainda ouvi ele falar alguma coisa, mas o sono foi maior. No dia seguinte, como de costume, eu levantei e ele já havia ido trabalhar. Eu fui ao banheiro e tinha um papelzinho colorido colado no espelho.

- Eu te amo! Não esquece! Nos vemos à noite!

Eu sempre ficava encantado com esses gestos simples de amor dele. O dia seguiu normalmente, primeiro cuidei da Sophie, depois tomei meu café e após eu tive uma reunião com a dona Iolanda. Ela praticamente me chamou de retardado quando disse que eu era muito indeciso. Mas, a culpa não era minha. Pi passou o dia fora, com certeza com o Dudu, eu já estava até vendo, aqueles dois não iriam se desgrudar um minuto sequer. Pi daqui a pouco já nem moraria em casa, se a história deles voasse como a minha e a do Bruno.

Aquela rotina de casa já estava me enlouquecendo, mas eu não poderia fazer nada, afinal quem iria contratar um professor no final do ano? Eu teria que esperar até o início do próximo ano letivo. Eu nunca gostei de ficar em casa de bobeira, o que me confortava e me fazia ficar feliz era a Sophie. E com ela, eu com certeza não ficava de bobeira.

No finalzinho da tarde, o Bruno chegou todo mansinho pensando que eu estava com raiva.

- Oi, amor! – Ele me beijou, eu estava na varanda de casa com a Sophie.

- Oii!

- Tudo bem?

- Tudo! Como foi teu dia?

- Uma loucura! Eu vou conversar amanhã com o diretor do hospital. Não quero mais ser o chefe da oncologia. Quero somente os meus pacientes. Olha só, eu chego tão cansado em casa que nem aproveito minha família. Eu nem sequer almoço mais com vocês.

Essas reclamações estavam sendo frequentes. Ele queria ficar mais tempo conosco, afinal ele já tinha se acostumado, na época que eu estava doente, a fazer todas as refeições em casa, a descansar um pouquinho. Agora, ele saia sempre cedo e chegava sempre tarde.

- Por que tu chegaste cedo, hoje?

- Eu queria te ver! Estava com saudade de ti! – Ele afrouxou a gravata e sentou ao meu lado – Eu não gosto de ficar brigado contigo!

- Nós não estamos brigados, meu bem.

- Eu não gosto de ficar nesse clima?

- Que clima? – eu sorri

- Ah, sei lá. Ontem à noite, nós dormimos sem nos falar. Tu estavas chateado com o que eu falei.

- Amor, tu tens que entender que nem sempre que eu estou chateado, eu estou necessariamente com raiva. Na maioria das vezes, é algo passageiro que se a gente ficar quietinho passa rápido.

- Mas eu gosto de falar, gosto de solucionar logo o problema. Não gosto de deixar coisas debaixo do tapete, pois um dia isso tudo pode ser usado contra nós mesmos.

- Tá, tudo bem! O importante é que eu não estou chateado e tu não tens motivo para se sentir assim.

- Tá! É por isso que eu te amo! A gente nunca fica mal.

-Amor, eu te amo! Não iria ficar com raiva por besteira. Agora, tu precisas entender que casamento é assim mesmo, a gente briga, se entende e continua a vida.

- Eu sei! Mas, tu sabes como eu sou!

- Sei! – Eu me inclinei e o beijei

Ele ficava super angustiado quando a gente discutia ou falava alguma coisa que fizesse com que ele entendesse que nós estávamos brigados. Nem dormir direito ele dormia, eu falava para ele que isso é um trauma. Um trauma que ele carregava desde a infância. Ele tinha medo de ser abandonado por mim, de ser deixado de lado. Às vezes, eu até me irritava com isso, mas eu sempre tentava entende-lo, afinal ele tinha muitos motivos para agir assim. Com a família que ele tinha, com certeza ele seria traumatizado.

- Como foi com a dona Iolanda?

- Ela acha que eu sou louco!!

- Desculpa por isso!

- Tudo bem! Vamos lanchar? Tu já comeste?

- Não, ainda não. E eu estou morrendo de fome. Por que tu ainda não comeste?

- Estava sem fome.

- Cadê o Pi?

- E eu sei? Ele deve estar grudado ao Dudu, tu sabes como é inicio de namoro, né?

- Ooooo se sei, lembra como éramos?

- Lembro! As pessoas tinha vontade de nos esganar...

- Principalmente teus amigos, Jujuba me odiava.

- Vem, vamos comer!

- O que tem para comermos?

- Dona Cacilda sempre faz alguma coisinha para o lanche, vamos lá ver o que ela aprontou hoje.

Nós fomos para a cozinha e ao passar pela sala, Bruno pegou o andador da Sophie. Ela já não gostava mais de ficar nele, ela queria por queria ficar no chão. Ela já estava engatinhando. Ela saia batendo em tudo na casa com o andador, era uma graça vê-la andando atrás da gente.

Quando chegamos na cozinha, dona Cacilda havia feito um bolo de milho, cuscuz e tapioquinha. Eu amava aquela mulher, mas ela estava em uma tentativa de nos engordar. Nós íamos tomar nosso café na cozinha mesmo, mas ela fez questão de servir o lanche na sala de jantar. Ela dizia que na cozinha dela a gente não ficava, pois nós bagunçávamos tudo. Tirávamos tudo do lugar e quando ela ia cozinhar, ela se perdia toda. Era uma briga danada por causa daquela cozinha, principalmente entre ela e o Pi.

Nós lanchamos e depois nós ficamos na sala dos filmes sem fazer nada.

- Amor, tu estás muito cansado?

- Depende, o que tu queres fazer? – Ele me olhou com a famosa carinha safada

- Não, não é isso! – Eu disse rindo

- O que é então?

- Vamos tomar um sorvete?

- Com esse calor todo, seria muito bom mesmo. Mas, a gente poderia ir de noitinha, assim dava tempo para eu descansar um pouquinho.

- Tudo bem! Queres que eu faça aquela massagem?

- Quero! Tua massagem é mágica, eu durmo que nem um anjo.

- Tá mais para uma pedra, a gente pode destruir a casa que tu não acordas.

- Isso serve também para me descrever! – Ele sorriu – Vamos lá para o quarto?

- Eu vou pedir para a Dona Cacilda ficar com a Sophie um instantinho.

- Tu sabes que eu não gosto disso!

- Eu sei, eu também não, mas ou eu cuido de ti ou eu cuido dela. Eu só sou um. Agora, ela vai ficar um pouquinho com a Dona Cacilda, sim. Vai lá para o quarto que eu vou deixa-la com a dona Cacilda lá embaixo.

- Ok!

Eu deixei a Sophie com a dona Cacilda, mas a Sophie estava tão apegada a mim, que ela não queria ficar com a minha secretária de jeito nenhum. Mas, ela ficou mesmo assim. Eu tinha que dar um pouquinho de atenção ao Bruno.

Fui para o nosso quarto, coloquei uma música calma, uns incensos e peguei o óleo que eu usava para fazer massagem. Eu gostava de fazer toda essa preparação, assim ele relaxava bem. Ele estava tenso demais e estressado demais, então eu gostava de cuidar dele.

Ele deitou na cama só de cueca e de costas para mim. Eu passei o óleo nele e comecei a fazer a massagem. Em menos de 20 min ele já estava dormindo profundamente; mesmo ele dormindo eu continuei a massagem. Quando eu terminei, eu o deixei dormindo no nosso quarto e fui pegar a Sophie que chorava. Eu podia ouvir o choro dela lá em cima.

- Seu Antoine, ela não para de chorar.

- Que apego todo é esse, minha filha? – Eu disse a pegando do colo da Dona Cacilda.

Foi somente eu pega-la para ela se acalmar.

- Não pode ser assim, não. Por que tu não queres ficar com a tua vovó, hein?

- Ela é apegada demais ao senhor, né?

- É, ela está assim agora.

- Agora? Ela sempre foi assim! – Ela disse rindo – Imagine quando ela começar a estudar? Ela vai sofrer.

- Ai, nem fale, pois quem vai sofrer serei eu! Deixar minha filhinha na escola, sabe Deus como vão cuidar dela.

- Pai de primeira viagem! – Ela disse colocando a mão na cabeça – Bom, deixe eu preparar o jantar.

- Ah, eu acho que nem precisa, dona Cacilda. Bruno e eu vamos sair mais tarde e acho que já vamos jantar fora.

- Mas a comidinha da Sophie eu faço?

- A dela, sim!

- Tudo bem, então!

Dona Cacilda fazia umas sopinhas tão gostosas para a Sophie, que eu tinha vontade de comer às vezes.

- O que a gente faz agora, filha? Teu pai foi dormir e a gente? Fazemos o que? – Ela me olhou como se estivesse entendendo o que eu estava falando – Quer assistir filme com o papai? Quer, né?

Nós voltamos para a sala de filmes e eu coloquei um infantil. Mesmo pequenininha ela ficava encantada com as cores e as musiquinhas do filme. Nós ficamos vendo filmes infantis até ela enjoar, o que não demorou muito. Depois disso, tive que ficar brincando com ela até o Bruno acordar, o que só foi acontecer às 20h.

- Ah, vocês estão aqui! – Ele veio todo cheiroso ao nosso encontro – O que essa mocinha está fazendo?

- Brincando, ela não fica mais quieta um segundo.

- Bem se vê que é tua filha! – Ele disse rindo

- Olha quem fala!

- Deixa eu ficar com ela? Eu já tomei meu banho, tu não queres logo tomar o teu?

- Tenho que dar banho nela ainda.

- Deixa que eu faço isso, pode ir lá tomar teu banho.

- Tudo bem! Tu estás melhor?

- Nossa, aquela massagem me ressuscita. De verdade!

- Bobo! – Eu o beijei

Fui para o nosso quarto, selecionei uma roupa simples e fui tomar meu banho. Demorei um pouco no banho, eu aproveitei enquanto o Bruno estava com a Sophie, como eu ficava sempre sozinho com ela, meu banho era questão de segundos, eu morria de medo de acontecer alguma coisa com ela se eu demorasse muito. Ao terminar, eu me sequei e me arrumei. Eu fui até o quarto da Sophie e o Bruno já estava arrumando nossa filha. Ela estava toda gatinha com um vestidinho rosa que a Jujuba tinha dado a ela. Ela me viu e já largou um sorrisão e fazia sinal com as mãozinhas para eu pega-la.

- Oi, meu amor! – Eu disse dando um cheiro nela

- É assim? Tu me trocas tão facilmente? – Bruno perguntou

- Ela tá assim agora, ela tá muito apegada a mim. Acho que isso não é muito bom, amor.

- É por que tu ficas o dia inteiro com ela.

- Pois é, imagina quando eu começar a trabalhar. Imagina o chororo que vai ser.

- Isso é verdade! Bom, mas não podemos fazer nada. Quem cuida a maior parte do tempo dela és tu, então é normal ela ser apegada a ti desse jeito. Tu já estás pronto?

- Já, sim!

- Tu terminas de arrumá-la enquanto eu me arrumo?

- Claro!

Ele foi se arrumar e eu fiquei terminando de arrumar a Sophie. Às 20h nós saímos de casa e fomos tomar sorvete no Parque do Forte (uma praça enoooorme aqui de Macapá, ela fica às margens do Rio Amazonas). Eu amava aquela sorveteria, o sorvete era maravilhoso e eu mesmo podia montar o meu sorvete, então, imaginem como saiu. Eu fui pegando vários sabores e fui colocando na vasilhinha, Bruno achava super engraçado. Ele era metódico e só tomava um tipo de sorvete sempre, ele era apaixonado pelo pavê de Cupuaçu (fruta típica do Norte, não sei se vocês conhecem). Nós pesamos, pagamos nosso sorvete e sentamos para saboreá-lo.

Em um determinado momento, Bruno deixou a colherzinha dele cair e começou a ficar branco.

- Amor, o que foi? O que tu tens?

- Meu irmão...

- O que?

- Meu irmão...

- Bruno, eu não tô entendendo! Respira, te acalma e me fala.

Ele fez o que eu pedi.

- Meu irmão, está ali na mesa do lado de fora.

A sorveteria tinha as paredes todas em vidro, nós podíamos ver a praça, o rio gigantesco e as mesas que ficavam do lado de fora. Em uma delas, estava um homem, um rapaz na verdade. Ele era moreno, forte e se parecia muito com o Bruno.

- Aquele é teu irmão? Mas ele...

- É, ele mora em Belém, não sei o que ele faz aqui. Vamos embora, por favor.

- Calma, amor!

- Antoine, vamos embora, eu não quero que ele me veja.

- Bruno, calma! Qual o problema dele te ver?

- Eu não quero ouvir nenhuma ofensa.

- Amor, calma! Tu não és mais um menino. Hoje, tu és um homem de bem, médico, tens tua família. Não precisas ter medo do teu irmão. Se ele te ofender, se ele nos ofender nós nos defendemos utilizando a lei. Nós o processamos. Vamos ficar aqui, não olha para lá. Esse programa é nosso, da nossa família. Faz tempo que não saímos nós três juntos. Vamos aproveitar, ok? Muda de lugar, senta na cadeira dali, assim tu ficas de costas para lá.

Ele respirou fundo e se levantou para trocar de cadeira. Mas, quando ele levantou, o irmão dele olhou diretamente para ele. Ele ficou paralisado. O rapaz se levantou abruptamente da cadeira onde estava e veio andando de forma acelerada para dentro da sorveteria. Bruno não saia do lugar.

- Bruno? – O rapaz disse se aproximando de nós

Ele não falou nada.

- Bruno? – O rapaz insistiu

Nenhuma resposta.

- Bruno! – Eu o chamei e peguei no braço dele, foi só aí que ele voltou para a realidade

- Oi, tudo bem? – O rapaz falou comigo

- Tudo, sim! – Eu disse

- Prazer, eu sou o Alan, irmão caçula do Bruno.

- Prazer, eu sou o Antoine, marido dele. – Ele apertou minha mão

- Quem é essa princesa?

- Nossa filha!

- Filha? Eu sou tio e não sabia? Que menina linda... – Ele disse levando a mão a cabecinha da Sophie

- Não toca na minha filha, se afasta da minha família! – Bruno disse segurando o braço do irmão.

- Eu também sou tua família, irmão!

- Não, não é não! Tu e a TUA família não são nada para mim. Se afasta da minha família, ok? Vamos, Antoine!

- Bruno!

- Vamos! – Ele foi enfático

Eu me levantei junto com a Sophie.

- Bruno, calma, eu vim aqui em Macapá só conversar contigo.

- Eu não tenho nada para falar contigo, Alan. E eu tenho certeza que qualquer coisa que tu possas dizer não me diz respeito. – Ele pegou no meu braço e nós fomos andando.

Eu estava de mal jeito, pois eu estava com o sorvete em uma mão e a Sophie na outra.

- Bruno, calma!

- Não, vamos embora!

- Espera! Eu não tô conseguindo carregar a Sophie e o sorvete. O sorvete vai cair e nos sujar. Espera um minuto.

Ele jogou o sorvete dele longe e pegou a Sophie no colo. Nós fomos andando rápido até o carro.

- BRUNO, É O PAI! ESPERA! NÓS PRECISAMOS DA TUA AJUDA.

De branco eu vi o Bruno ficar vermelho de raiva. Ele esperou o Alan se aproximar, empurrou a Sophie no meu colo.

- COMO É QUE É?

- Nós precisamos da tua ajuda, o pai tá doente, Bruno.

- E O QUE É QUE EU TENHO A VER COM ISSO? VOCÊS ME EXCLUIRAM DA VIDA DE VOCÊS, VOCÊS ME ABANDONARAM, VOCÊS SE MUDARAM DE CIDADE SÓ PARA NÃO ME VER. VOCÊS DURANTE TODOS ESSES ANOS NUNCA QUISERAM SABER DE MIM E QUER DIZER QUE AGORA QUE ESTÃO PRECISANDO VOCÊS VEM ATRÁS DE MIM? FODAM-SE TODOS! NÃO ME PROCUREM! FAÇAM COMO VOCÊS FIZERAM DURANTE TODOS ESSES ANOS, ME ESQUEÇAM! – Bruno se tremia de raiva, eu podia sentir toda a raiva dele. Eu nunca o tinha visto assim.

- Bruno, o pai vai morrer! Ele tá com câncer!

- QUE MORRA! ISSO JÁ ERA PARA TER ACONTECIDO HÁ MUITO TEMPO! CUIDEM VOCÊS QUE SÃO FILHOS DELE, SE VIREM. NÃO SÃO VOCÊS QUE SÃO UMA FAMILIA UNIDA? NÃO FORAM VOCÊS QUE DECIDIRAM UNANIMAMENTE ME LARGAR? – Ele estava ensandecido de raiva, ele não estava consciente ali, ele estava dominado pela raiva.

Eu peguei no pulso dele e apertei. Ele me olhou. Os olhos dele estavam vermelhos e lágrimas escorriam.

- CALMA! – Eu silabei para ele

- Bruno, eu só tinha dez anos. Eu não entendia o que eles estavam fazendo. – Alan também começou a chorar.

- É MESMO? E DEPOIS QUE CRECESTE?

- Bruno, eu tentei te encontrar, eu vim em Macapá, mas me falaram que tu tinhas ido embora daqui. Depois, eu nunca mais soube de ti. Eu só vim aqui, pois o médico do papai é um amigo teu e reconheceu teu sobrenome e perguntou ao pai se nós éramos teus parentes. Nós falamos que sim e ele nos contou toda a tua história. Eu queria ter estado contigo, irmão. Eu nunca te esqueci. E se te consola, eu também não faço parte da família, eles também me expulsaram de casa quando eu tinha 17 anos. Foi quando eu descobri que eu também era gay. Papai me espancou e me colocou para fora sem nenhuma roupa, assim como ele fez contigo. Eu contei com a ajuda da mamãe, se não fosse ela, eu não estaria aqui, hoje.

- Bom pra ti, que ótimo que aquela mulher te ajudou, por que a mim ninguém ajudou. Eu tive que batalhar sozinho, eu tive que me virar sozinho. Sem ninguém, sem família, sem um apoio nas horas mais difíceis, sabe o que é isso Alan?

- Não, não sei, Bruno. Mas, eu te peço desculpas por qualquer coisa. Mamãe se arrepende demais, ela chora todos os dias olhando uma foto tua, a única que restou depois que o papai queimou tudo. Ela esconde até hoje dele.

- Como eu te disse, nada do que tu possas me falar me diz respeito. Boa viagem de volta para Belém.

- Bruno, por favor, eu te imploro, me ajuda. Eu não quero perder nosso pai.

- TEU pai, por que o MEU eu já perdi há muito tempo. O MEU pai já morreu há muito tempo para mim, bem como toda a minha família. Vem amor, vamos embora.

Depois de tudo o que eu havia escutado, e da forma como ele havia falado, eu fiz o que ele havia pedido. Ele foi para o banco do motorista enquanto eu colocava a Sophie na cadeirinha.

- Me ajuda, por favor. Fala com ele!

- Desculpa, mas essa é uma decisão dele. Tchau!

- Tchau! A filha de vocês é linda. – Ele me disse com lágrimas nos olhos.

Eu senti pena daquele menino, quanto ele deve ter sofrido também? Quanto deve ter sido difícil enfrentar cara a cara o irmão? Quanto ele vinha sofrendo com a doença do pai? Mesmo o pai tendo feito o que fez, ele estava tentando salva-lo. A raiva do Bruno era tão grande, ele guardou todo aquele ódio por tanto tempo que ele não estava nem aí se o pai iria morrer. Talvez, tenha sido a surpresa de ter encontrado o irmão.

- Amor... – Eu peguei na mão que estava na embreagem. Ele tremia. – Ei, calma! Respira!

Ele me olhou e começou a chorar.

- Amor... – eu coloquei a mão na nuca dele e comecei a fazer carinho – Eu estou aqui contigo, pode chorar.

Ele encostou a cabeça no banco e chorou copiosamente. Em menos de segundos ele soluçava. Eu queria poder tirar toda aquela dor de dentro do peito dele, era tão grande que era visível. Como ele já havia sofrido por causa daquela família. Como ele havia sofrido sozinho. Quando eu lembro dele me contar que na formatura dele não havia ninguém, o paraninfo dele foi um professor. Eu queria amenizar aquela dor. Eu via os olhinhos dele vermelhos e cheios de lágrimas. Ele estava angustiado, sufocado, com vontade de gritar.

- Calma, respira devagar. – Eu coloquei a mão no peito dele – Olha para mim, Bruno. – Ele me olhou – Eu estou aqui, ok? Lembra? Tua família está aqui! Tu tens uma família enorme, não sofre assim por eles. Tu já sofreste demais. Não fica assim, amor.

- Eu... eu... eu pensava...que... que isso... já... já... tinha passado.

Ele não estava respirando direito.

- Bruno, calma!

Ele foi ficando cada vez mais com dificuldade de respirar. Eu inclinei o banco dele e sentei na perna dele.

- Bruno, olha para mim. Calma! – Eu o puxei e o abracei.

Primeiro, ele não fez nada, ficou com os braço imóveis, mas depois de um tempinho ele me abraçou forte.

- Respira devagar. Calma! – Eu passava a mão nas costas dele

Ele chorava com o rosto no meu pescoço. Aos pouquinhos, ele foi se acalmando. Eu olhei para o lado e o Alan ainda estava lá de pé tentando ver o que acontecia dentro do carro, mas como nosso carro era peliculado, não se podia ver exatamente nada.

- Amor, tu queres conversar com ele, não quer?

- Não!

- Quer sim, ele é importante pra ti. Se não fosse, tu não terias ficado assim. Esquece um pouquinho todos esses teus sentimentos. Eu vejo que o que tu queres é só abraçar teu irmão. Faz isso, amor. Tu vais te sentir melhor.

- Ele não veio atrás de mim por que queria, amor. Ele só veio por que precisou, se não fosse a doença daquele homem maldito, ele nunca teria vindo aqui.

- Talvez não, meu bem. Lembra que ele disse que veio aqui te procurar.

- Eu não acredito nisso.

- Amor, conversa com teu irmão. Deixa ele te explicar a situação toda. Eu sei que tu não queres ouvir isso agora, mas ele é teu pai. Eu te conheço, eu sei que tu estás falando isso agora, mas depois vai sofrer por não ter ajudado. Eu posso falar para ele ir lá em casa?

Ele ficou imóvel, devia estar pensando.

- Tudo bem! – Ele disse depois de um tempo.

Eu voltei para o banco do carona e sai do carro.

- Alan?

- Oi! Ele tá bem? O que estava acontecendo?

- Ele está bem, nós só estávamos conversando. Olha só, o Bruno é a melhor pessoa que existe na face da terra, ele já sofreu demais por vocês. Ele se virou sozinho, viveu sozinho, estudou, se formou em medicina, fez mestrado e estava fazendo doutorado na França. Ele é uma pessoa sensível e que possui o maior coração que eu já vi. Então, se tu fizeres meu marido sofrer mais um tiquinho que seja, tu vais te entender comigo, ok?

- Eu não quero fazer meu irmão sofrer mais do que ele já sofreu, pode acreditar.

- Eu estou te dando um voto de confiança, por mais que tu não mereças. Ele vai conversar contigo, nós estamos indo para casa. Tu podes nos seguir se tu estiveres de carro.

- Não, não estou. Mas, me passa o endereço que eu vou de taxi.

- Ok! – Eu disse o endereço para – Alan, tu estás avisado, não é? – Eu disse entrando no carro

- Sim!

Eu entrei no carro e pude perceber que ele já estava melhor.

- E então, o que ele falou? – Ele me perguntou igual a uma criança quando faz besteira e vai contar para o pai

- Ele está indo lá para casa. Vamos!

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Comentários

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Huuum, quem planta vento, colhe tempestade. No caso do Alan, pelo que disse aqui, podemos entender o afastamento (era uma criança e não compreendia os fatos). Aguardo o próximo para opinar a respeito do Allan. Espero que Bruno supere a situação. Desejo melhoras para a Sophie. Um abraço carinhoso a todos,Plutão

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ai gente coitando do bruno ele n merece isso uma pessoa boa como ele n merece esse tipo de coisa. deve sr horrivel ver sua familia virando as costa pra vc vigindo q vc n essiste e tudo mais amei o capitulo de hoje e espero q a Sophie fique bem ta e desculpa pelo os erros de português meu tc é horrível bjs

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Meu Deus que situação difícil. Sendo realista o irmão só tinha dez anos eu perdoava mas meu pai.. Acho q só Deus botando a mão no meu coração. Fora isso já mais.

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Tadinho do Bruno. Realmente a dor dele foi palpável. Espero q ele tenha superado tudo isso e esteja com o coração tranquilo. Um ser humano como ele é único e não merece passar por isso. Antoine, desejo melhoras para a Sophie. Q ela sare logo. bjs

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O mundo é redondo, não podemos esquecer desse imenso detalhe. Torcendo pela recuperação da Sophie. 👌👏

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