Amor de Carnaval não Vinga (20)

Um conto erótico de Peu_Lu
Categoria: Homossexual
Contém 6071 palavras
Data: 11/02/2016 02:39:49

“Quero toda a alegria que há, quero quadros vermelhos, quero tudo que se tem pra trocar, que seja verdadeiro... Dinheiro não!” (Quero a Felicidade, Daniela Mercury).

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Parei a projeção abruptamente e desliguei o monitor. Senti a boca seca e meu estômago embrulhar. Antes que pudesse perceber, já estava suando frio e minhas mãos começaram a tremer. Como um efeito dominó, fui invadido por uma avalanche de lembranças ruins e desastrosas. Para piorar, aquela informação era apenas a ponta do iceberg de um dia que ainda iria me presentear com muitos socos na cara.

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Três momentos de uma tenebrosa segunda-feira

A Lembrança (ou, O Fatídico Carnaval de 2005):

Antes de começar essa singela narrativa de uma parte esquecível do meu passado, vamos aos esclarecimentos sobre alguns adjetivos que edificam o caráter podre do ser humano: inveja, ciúme e possessão. Em diferentes medidas, os três tendem a figurar na história de muitas convivências amorosas (quem sou eu para generalizar). Por outro lado, as pessoas costumam não saber interpretá-las da maneira correta, o que é em parte compreensível.

Logo mais vocês irão entender aonde quero chegar. Se eu pudesse ser o mais breve e resumido possível, colocaria assim:

Inveja: “Eu quero o que é seu”; Ciúme: “Não quero que ninguém deseje o que (em teoria) é meu”, com um plus: “E vou ficar muito puto se isso acontecer”; e Possessão: “É meu, e não abro mão de jeito nenhum”.

Simples, né? Não, longe disso. Não pretendo elencar prós e contras, nem visualizo vantagens em nenhum deles (e se você por acaso enxerga, melhore). Digo isso porque quando passei a perceber a natureza do ciúme no meu duradouro namoro, as pessoas à minha volta costumavam desdenhar da extensão do assunto. “De vez em quando é bom, faz a gente se sentir cobiçado...”, “Aproveita pra esquentar o clima”, era o que mais escutava.

Essa era a personalidade de Leonardo. Não tanto pela inveja, é verdade, mas uma autêntica bomba-relógio que mesclava as piores atitudes advindas desses sentimentos. Não é fácil perceber essas características, principalmente quando se gosta tanto de alguém. Afinal, era o meu primeiro caso de amor, o cara que estava sempre grudado em mim. Não podia reclamar.

Para piorar, havia ali um grande paradoxo. Apesar de toda essa insegurança, se aproveitava da liberdade que lhe era oferecida para praticar tais comportamentos com outra pessoa (uma única, até onde eu saiba). E sim, passei mais de dois mil dias ao lado desse indivíduo, acreditando estar seguindo à risca uma cartilha de “como estar com alguém” e vivendo a intensidade de um romance ideal.

Explanada a questão, voltemos à minha terra querida. Não foram poucas as reuniões para convencê-lo da proposta de algo mais animado na folia baiana. Depois de dois anos de envolvimento apenas me acompanhando nos passeios turísticos mais tradicionais de Salvador e ficando em casa enquanto eu me divertia na rua, finalmente topou uma programação mais participativa. Negociar os trâmites dessa empreitada, porém, não foi nada fácil.

Meu namorado sentia-se, de alguma forma, intimidado pela minha família. Os motivos eram incompreendidos por mim. Meus tios sempre foram muito solícitos e acolhedores. Minha prima, bom, vocês já conhecem o jeitão extrovertido dela. Sempre que trazia alguém para curtir a festa, o espírito inclusivo prevalecia no ambiente e o apartamento virava uma grande pousada. No entanto, por mais que explicasse, ele achava que todos o olhavam de um jeito diferente.

O estilo musical também era uma pedra no sapato. O apelo popular e as letras fáceis do axé eram recebidos com nariz torcido. Aliás, tudo o que soasse fútil demais ou sem conteúdo era tratado assim. Nada contra os intelectuais de plantão, mas sou um pouco impaciente com pessoas de mente fechada. Ninguém vai brincar o carnaval pensando em discutir os rumos da sociedade moderna, certo? Tudo em seu tempo. Nunca deixei de ir a shows ou baladas eletrônicas com ele, por exemplo. Ceder espaço para conhecer ou vivenciar novas situações jamais foi um problema para mim. Esse era o meu principal argumento para balancear a nossa relação.

No fim, decidimos ficar em um hotel próximo à minha moradia. Os blocos seriam intercalados com os camarotes e dias de descanso, além da promessa de que quando um quisesse, o outro também iria embora. O objetivo era bem claro: finalmente poderia afirmar que estava curtindo “no meu território”, ao lado da pessoa que amava.

Obviamente, a receita desandou. No primeiro dia, Leonardo pouco se enturmou. Estava emburrado e nem percorremos a metade do circuito para que batesse o pé pedindo a nossa saída. Na sexta-feira, sequer se deu ao trabalho de vestir o abadá. Discutimos e acabei brincando sozinho.

O que vivi nos dias seguintes, basicamente, foi uma grande campanha para solucionar uma crise amorosa. Pedi um pouco de tolerância aos amigos (que também se esforçavam para não acha-lo um chato mimado), desisti de sair no sábado e fiquei fazendo-lhe companhia. Esclareci o meu ponto de vista e em resposta escutei que sempre o jogava para escanteio. Havia ali um estranho poder de sugar os meus argumentos e transforma-los de um jeito que enchesse o meu peito de culpa.

No domingo, nova tentativa. A área onde estávamos, atrás do trio elétrico, estava lotada. Não sabia avaliar o motivo, mas as pessoas estavam mais “alteradas” do que o normal, mesmo percebendo que se tratava de dois homens abraçados. A uma mulher, que insistia no pedido de um “beijo triplo”, fui ríspido ao afirmar que o nosso namoro era levado a sério. A réplica, naquela ocasião cheia de humor ácido, ficou cravada na minha memória desde então:

- Ah não! Amar é uma perda de tempo! Curtam a vida!

Bastante irritado, meu parceiro saiu, dizendo que iria comprar alguma bebida e “respirar” um pouco. O breve passeio demorou horas e cheguei a pensar que ele estivesse perdido. Pedi a Marcela que me ajudasse a procura-lo e quando finamente voltamos ao ponto de encontro, notei que ela estava com lágrimas nos olhos. Sem resposta para o interrogatório que se seguiu acerca do seu estado, não consegui esconder a preocupação.

Alguns minutos depois, ressurgiu inquieto. Afirmou estar angustiado com o aperto da multidão e pediu para irmos, desdenhando a presença da minha prima. Ela, bastante compreensiva, disse que poderíamos adiantar, uma vez que não estava sozinha. Fiquei com a pulga atrás da orelha, claro, mas decidi respeitar o seu silêncio.

O almoço agendado pelos meus tios na segunda-feira não acalmou os ânimos. Aproveitei a primeira brecha e pedi para conversar com Marcela no seu quarto. Inexplicavelmente, a fúria repentina do meu acompanhante impediu qualquer possibilidade de contato, como se antevisse um problema para si. Ao som de “intrometida”, “interesseira” e outros xingamentos mútuos, a briga culminou no derradeiro momento em que meu tio convidou Leonardo a se retirar. Foi a gota d’água da fracassada viagem.

Anos depois, quando tudo aquilo ficou no passado, a verdade se revelou. À procura do indesejado cunhado, como ela chegou a nomeá-lo no início, Marcela o encontrou flertando com outra pessoa do lado de fora do bloco. Acuada com as diversas ameaças verbais que recebeu, ela preferiu não me contar. Sabia que o namoro significava muito para mim e torcia para que eu tirasse as minhas próprias conclusões. No dia seguinte ao ocorrido, tentou me dar uma dica que fosse, mas só a intenção já causara um imenso alvoroço, além de uma briga entre os parentes.

O fim foi um alívio para todos. Não era uma troca, e talvez nunca tenha sido. A paixão às vezes cega e o nosso relacionamento se abastecia de entrega e mais entrega da minha parte. Toda vez que penso nos erros da nossa trajetória, me lembro desse carnaval. Demorei outros quatro anos desde o famoso episódio para captar que não havia respeito e que os sentimentos citados lá em cima era um caso de acompanhamento médico. Venci as turbulências que a situação causou na minha dinâmica familiar e me trabalhei para reatar amizades esquecidas.

Foi um processo de reconstrução de estima exaustivo e prolongado. A lição, creio, foi aprendida. Ainda assim, de tempos em tempos volto a enxergar aquela garota na minha frente, festejando como se não houvesse amanhã: “Amar é uma perda de tempo!”.

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A Arte da Sinceridade (ou, #PerdeuAugusto):

“Amar é uma perda de tempo?”, me peguei aéreo olhando para a tela desligada do computador. Dez anos depois, livre de conflitos a dois, amarras afetuosas e colecionando experiências casuais, lá estava eu, vivendo um pesadelo de carnaval ainda maior, possivelmente com graves consequências depois do surgimento daquele vídeo. Minha intimidade tinha sido violada muito além do que poderia imaginar. De que valera a filosofia do não comprometimento? Seria tarde demais?

Percebi que alguém tentava girar a maçaneta e escutei uma batida. Guardei rapidamente o pen drive na gaveta e me apressei em abrir a porta:

- Ju?

- Oi Guto! O pessoal da recepção me disse que você queria falar comigo. Porque trancou a fechadura?

- Foi mal, nem tinha percebido. Resolveu tudo lá na casa da sua mãe?

- Sim, finalmente! Já encontramos uma inquilina e vamos alugar com toda a mobília.

- Que bom, um problema a menos!

- O Guga me disse que você esteve lá na sexta. Obrigado por interromper o seu feriado por isso.

- Que nada, não precisa agradecer. Não fui todos os dias porque Marcela apareceu, tive que dividir as atenções – menti (em partes).

- Sem problemas. Mas o que queria falar?

Cogitei preparar o terreno para a grande novidade que ela iria escutar, mas seria errado de minha parte. Não era um dever meu:

- Nada demais. Só pra gente trocar uma ideia sobre o andamento dos projetos – desconversei.

- Hum... – seu olhar já denotava alguma desconfiança – É só isso mesmo?

“Será que ela já sabe?”, hesitei em prosseguir:

- Ué, por quê?

- Sei lá. Tô te achando meio abatido.

- Cansaço – insisti – Não tenho mais idade para acompanhar a energia da minha prima quando ela vem...

Consegui arrancar uma risada sua e desfazer qualquer suspeita. Combinamos uma reunião no fim da tarde para debater alguns prazos de entrega e voltamos aos nossos afazeres. No caso, ela, porque eu estava obstinado em solucionar outras questões. A primeira era de cunho investigativo. Adriano me enviou aquele material com um possível propósito, e eu precisava entender qual. Ganhar às minhas custas? Desestabilizar-me?

Peguei o celular, abri o Imagine e digitei uma mensagem sem titubear:

-“@Guto22 diz: Você já tem a minha atenção. O que quer? Dinheiro? Vamos resolver isso...”.

Não podia arriscar o vazamento daquelas imagens. Sequer considerava a possibilidade de ter que explicar para meio mundo de gente o que tinha acontecido. Família, amigos, funcionários... Era muita coisa em jogo.

O segundo imbróglio: alertar Gustavo. Era tudo muito recente e talvez fosse melhor deixar os últimos acontecimentos esfriarem, mas tinha urgência em diagnosticar sua possível ligação com um dos membros da Liga do Mal. Isso, infelizmente, não podia esperar.

Na hora do almoço, desci correndo para comprar um sanduíche nos arredores, e logo voltei para a empresa. A mente em ebulição durante boa parte da manhã precisava focar no trabalho pela tarde. Aproveitaria a calmaria do horário para acelerar o que podia. Assim que retornei para a minha sala, levei um grande susto com uma súbita presença numa das poltronas:

- Guga?

- Oi Guto – ele parecia tímido – O pessoal disse que você tinha saído para fazer um lanche e logo voltava. Resolvi te esperar aqui, desculpe a intromissão.

- Não precisa dessa formalidade, a porta está sempre aberta – ponderei um instante sem saber se aquilo tinha soado mal.

- Queria bater um papo contigo.

Olhei para fora e notei algumas pessoas transitando pela firma. Prevendo o assunto, desci as persianas do gabinete, fato raro no meu cotidiano exposto pelas paredes de vidro:

- Preciso te contar algo também. Apesar de toda a confusão...

- Deixa eu começar, certo? – me atropelou, agoniado – Só escuta o que tenho a dizer.

Sentei-me na cadeira atrás da mesa, respeitando o pedido, quieto. Do outro lado, Gustavo olhava fixamente para o chão, como se repassasse um roteiro mentalmente. Após um breve comedimento, retomou:

- Isso é muito injusto. O modo como descobriu, o jeito como veio se declarar pra mim... Fiquei muito confuso, velho. Não era pra ter acontecido nada disso!

- Eu sei. Não foi intencional.

- Não fala nada. Por favor, ainda não... – obrigou-me a recuar.

Ele levantou e, bastante ansioso, começou a tentar raciocinar uma linha narrativa:

- Abri minha vida porque sempre senti que você era alguém bacana, receptivo, um grande parceiro mesmo. Digo, ainda enxergo um cara especial, espero que perdure. Mas havia a atração, era impossível negar isso e... Puta merda, eu tentei falar isso inúmeras vezes! Sempre tinha um empecilho ou acontecimento que me impedia de externar essa declaração. Quando finalmente eu consegui me fazer escutar, recebi um banho de água fria!

O relato tinha um tom ora pesaroso, ora nervoso em querer ser compreendido:

- Por mais que fosse difícil pra mim, os seus argumentos eram infalíveis. Tem esse passado amoroso estranho e misterioso, a nossa relação quase familiar, seu problema em querer se comprometer... Eu compreendi, juro que levei a sério o seu ponto de vista. Foi você que alardeou sobre a minha juventude, que essa fase passava voando e que era hora de aproveitar.

O seu gesticular desenfreado e afobado continha uma dose de angústia:

- Eu quase morri acidentalmente por não conseguir chamar sua atenção, achando que não sabia interpretar os sinais! Passei semanas escutando da minha psicóloga o quão ridículo isso poderia ser, e é mesmo! Ficar dependendo de alguém para ser feliz é um grande equívoco, e você deve saber bem disso! Mas beleza, eu aprendi, e passei a evoluir e me permitir.

À medida que recapitulava nosso complicado histórico, sua voz começou a se acalmar:

- Fiquei sem reação no momento do beijo lá no Rio, porque já tinha ficado com o Flávio. Quando veio falar dos seus sentimentos, eu já estava nutrindo outros por ele, e me senti um filho da puta da pior espécie por estar fazendo isso.

Fiquei cabisbaixo, avaliando a minha irresponsabilidade.

- Sei que fui rude na ocasião, mas foi você quem abriu o caminho para eu seguir em frente, e torcia por isso. Só queria vivenciar e aproveitar algo novo, Guto. Tinha medo do que minha mãe iria achar ou do que minha irmã iria pensar, e finalmente joguei todos esses medos para o alto!

Seus olhos ficaram marejados, e voltou a se sentar, exausto:

- Sei que ele é seu amigo e funcionário da empresa, mas isso deveria ser um ponto a favor, certo? Afinal, nunca daria certo entre a gente, como você mesmo disse. Não fiz nada por escrotidão ou revanchismo, te considero demais para agir assim. Mergulhei de cabeça porque ele é incrível, paciente, carinhoso... – enxugou uma lágrima insistente – Só quero uma chance para ser feliz, poxa!

Um silêncio abismal se formou entre nós, enquanto eu travava os dentes para não acompanha-lo no choro. Quando finalmente consegui me recompor, tomei a iniciativa:

- Você tem razão. Não sei bem o que dizer além de pedir desculpas. Estou me julgando a pessoa mais idiota do mundo.

- Soube que vocês conversaram e sei o que está sentindo. Como ele disse, estamos nos conhecendo e queremos que funcione. Mas não posso continuar sem algum tipo de apoio seu.

Meus lábios voltaram a tremer, e me levantei antes que fosse perceptível demais:

- Vem aqui...

Ele caminhou ligeiramente em minha direção e me deu um longo e forte abraço. Um gesto demorado, que parecia se certificar de que a nossa admiração e confiança não estavam perdidas, e um sempre poderia contar com o outro:

-Se aquele loiro ousar te tratar mal, a gente coloca mais um nome na parede de vidro, tá? – brinquei.

Pela primeira vez naquela breve reunião, ele sorriu e me agradeceu. De fato, precisávamos seguir em frente. Gustavo, aprendendo, errando e acertando numa relação; Eu, permitindo-me novos ares. O exacerbado senso de proteção e fraternidade seguramente seria um empecilho em um possível namoro com o irmão da minha sócia, e o desabafo me fez enxergar isso com mais clareza. A amizade era mais saudável para os dois.

Continuamos a conversar sobre outros temas, principalmente do nervosismo acerca do posicionamento familiar. Voltei a reiterar o meu apoio, colocando-me à disposição para uma intervenção, caso fosse necessário. Com a consciência mais leve, anunciou a sua partida, já que ainda voltaria para a universidade:

- Ah, só mais uma coisa – se aproximava da porta – Eu contei tudo pra ele, tá?

- Fica tranquilo, o Flávio já me disse – estava mais relaxado.

- Acho que você não entendeu – estava sem jeito – Contei tudo mesmo. O que os delinquentes fizeram e como anda praticando os seus conhecimentos tecnológicos...

Empalideci. Antes que pudesse imaginar o que aquilo poderia significar, ele concluiu cauteloso:

- E não fica puto comigo, ele só quer ajudar – girou a maçaneta – Amanhã a gente se vê na natação! – e saiu apressado, sem me dar uma brecha para um novo confronto.

Nem atentei ao fato de que ainda precisava falar sobre um “colega” em comum. Permaneci atônito. Por um lado, a informação era positiva. Não teria que me desgastar para contar a mesma história e escutar julgamentos de um aliado. Por outro, não queria dividir tamanha intimidade com um funcionário (querendo ou não, também o via assim) e Gustavo não tinha esse direito. “É... Preciso ter outro papo sério com o casal do momento”, lamentei, dando uma mordida no sanduíche já frio que repousava na mesa.

Evitei sair do meu escritório durante o resto da tarde. Estava disperso e atarantado. Olhava o meu celular a todo instante, aguardando uma resposta de Adriano, que prosseguia mudo. Abria a gaveta com frequência, constatando a permanência do pen drive no mesmo lugar onde deixara e pensando nas pretensões da gangue. Às vezes, me pegava olhando fixamente para o monitor, sem conseguir prosseguir com o trabalho. Definitivamente, o dia não estava sendo produtivo.

Desliguei tudo e decidi voltar para casa. Precisava espairecer e o ambiente não estava ajudando. A caminho da sala de Juliana, flagrei o seu rosto totalmente surpreso diante da prometida conversa com Flávio. “Opa, momento errado”, meus pés cortaram caminho em direção à saída, já prevendo que em breve receberia uma ligação sobre o segredo. Alertei Marta sobre outros compromissos e disse que a reunião com a equipe ficaria para o dia seguinte.

Assim que deixei o prédio e vi a luz abrindo espaço para o anoitecer, não escondi um suspiro de alívio. Abraçar as trevas poderia ser o melhor caminho para colocar as ideias em ordem. Era o que eu precisava fazer para estudar os próximos passos.

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As Cartas na Mesa (ou, Nem Tudo é o que Parece):

Joguei a chave do carro na bancada da cozinha, tirei os sapatos e me atirei no sofá. Passei alguns minutos olhando para o teto pensativo, quase vegetando. Com certo esforço, cacei o laptop em cima da mesa e voltei a conectar o pen drive. Seria masoquista demais voltar a assistir aquele ato perverso, não fosse o meu inconsciente me obrigar ir até o fim. Meus dedos seguiam indecisos sobre o teclado, mas um ato involuntário apertou o botão de início. Chegara a hora de enfrentar os meus fantasmas.

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Alcançamos o quarto e, sem a menor cerimônia, ele tirou a bermuda junto com a cueca. Movido pelo tesão, fiz o mesmo. A reprodução, ainda longínqua não captava com exatidão os diálogos, mas eu recordava perfeitamente cada frase proferida pelo meu algoz:

-“Pronto para começar a sua contagem de carnaval?” – o sorriso sedutor me cativava.

Desnudos, voltamos ao beijo intenso, deixando que nossos afagos tateassem cada pedaço de carne que encontravam pelo frente. A imagem, então, voltou-se ao cinegrafista:

- “O Carnaval mal começou e já estamos saindo no lucro. Olha só quem tá no papo...” – Júlio falava baixo para não chamar atenção, exibindo um semblante vitorioso.

O foco foi retomado rapidamente para o cenário do crime. Alexandre me olhava cheio de malícia, aguardando ansioso que eu me submetesse às suas vontades:

- “Deita aí, vamos fazer uma brincadeira gostosa...”.

Àquela altura, já tinha sido fisgado pela possibilidade de uma boa noite de sexo no primeiro dia de carnaval. Lembrei-me da sensação de visualizar o movimento da sua bunda de tamanho avantajado, no momento em que foi buscar um óleo no banheiro, após sugerir uma massagem. Depois, o ato ainda parecia inofensivo enquanto percorria lentamente as minhas costas espalhando o líquido. Foi a partir desse momento que pude vislumbrar tudo o que a droga ingerida não permitiu.

Sentado no meu lombo, o provável líder da gangue fez um sinal para que outros participantes se juntassem a ele. Também pelados, César e Cláudio entraram em cena, aproximando-se em silêncio para a lateral da cama. Com as mãos para cima, Alexandre deixou que continuassem a encenar a farsa da massagem, fazendo com que ambos descessem pelos meus braços, levando-me a ainda acreditar se tratar do meu único acompanhante. Quando os outros já se aproximavam dos meus punhos, se permitiu um novo contato. A quantidade anormal de atritos no meu corpo me assustou:

- “Que porra é essa que tá acontecendo aqui?”.

A câmera trepidante saiu da toca e se aproximou da alcova:

- “Calma cara, a gente só quer fazer uma brincadeira com você...”.

O zoom exagerado no meu rosto desvelava um pânico iminente, ainda que minha consciência estivesse se desligando rapidamente. Comecei a me debater por instinto, mas seguia imobilizado pelos outros integrantes.

- “Então quer dizer que você nunca deu o rabo? Bom, pra tudo tem uma primeira vez...”.

A felicidade vilanesca estampada no seu sorriso causava-me calafrios. Meu bumbum era apertado com força e determinação:

- “Você vai ver o quanto é gostoso, ainda vai pedir mais...”.

Recapitulei aquele momento em flashes avulsos, uma fraca memória que carecia de grande estímulo para se revelar:

- “Olha o cuzinho apertadinho que esse cara tem. Vem ver gente...”.

As imagens seguiam todas as ordens do comandante e percorriam o meu dorso com agilidade para ilustrar cada fala do opressor. A essa altura, forçando ao máximo a abertura das minhas nádegas, o óleo antes destinado a uma falsa massagem, fazia as vezes de lubrificante no meu ânus.

- “Quem vai dar umas palmadas para amaciar essa carne pra mim?...”.

O dominador instigava o bando como podia. Ao meu redor, todos impunham ereções eufóricas com o desenrolar da possibilidade de sexo forçado:

- “Opa, tapa na bunda é comigo mesmo...” – Júlio desferiu três sopapos sonoros, alternando cada um com um close no meu rosto, que se retesava a cada golpe. Uma grande vermelhidão demarcava o seu gesto na minha pele.

Enquanto a dupla dinâmica seguia segurando os meus pulsos, talvez aguardando um melhor efeito da bebida, meu carrasco se ajeitava entre as minhas coxas, impedindo que eu fechasse as pernas. A cada tentativa de penetração sem preservativo, reclamava e travava para que não completasse a invasão.

- “Relaxa, só vai doer um pouquinho...”.

As risadas sádicas dos demais repercutiam como um aviso de que não seria bem assim. Mais agressivo, situou o membro e forçou a glande novamente. Ao ultrapassar o esfíncter e vencer a barreira inicial, enfiou de uma vez. Um grito longo se seguiu, e o meu corpo começou a espernear desesperado. Desviei o olhar do monitor, angustiado com o que estava testemunhando:

- “Se não calar a boca, ele vai enfiar o pau na sua boca...”.

Um choro lamuriante se fez audível, ainda que a minha voz já soasse incompreensível. Balbuciava algum tipo de socorro como podia e Alexandre pediu que César cumprisse a sua ordem.

- “Tá louco? Ele vai morder minha pica...”.

Minha expressão não disfarçava as lágrimas e feições de dor. Estava ofegante, exausto de tentar me desvencilhar do impossível.

- “Bate com ela na cara dele então, pra ele parar de se debater...”.

Minha derrota para a droga era palpável. Os comparsas soltaram os meus braços, que já não ofereciam resistência. Assim, todos puderam se instalar melhor para aproveitar o vindouro espetáculo. César sentou-se de pernas abertas no travesseiro, encostado à cabeceira e posicionando o pênis à minha frente, ora esfregando-o no meu rosto, ora açoitando a minha bochecha:

-“Gosta disso, né? De uma boa surra de pica...”.

O operador continuava rondando o ambiente, em busca dos melhores ângulos para a sua obra atroz. Cláudio, novamente em pé, continuou batendo no meu traseiro, abrindo-a para dar passagem ao vaivém ritmado do amigo.

- “Que bundinha deliciosa você tem. Tá gostoso, tá?”.

Todos seguiam se masturbando, ávidos com a cena que estavam presenciando. A pélvis do estuprador fazia movimentos frenéticos, intercalando com passagens mais lentas sobre o meu corpo desfalecido. Seus braços contraídos em cima da cama serviam de apoio quando se inclinava para sussurrar no meu ouvido, ainda que em volume suficiente para que todos pudessem escutar:

- “Eu sei que você tava querendo, sente ele entrar todo. Caralho, que delícia...”.

Àquela altura, o som das reclamações e o tom de brincadeira deram espaço aos gemidos abafados e clima erótico. Todos evitavam o contato com o próximo, mas não escondiam certa admiração com o ato exibicionista coletivo, com exceção de Cláudio que vez ou outra também insistia numa “mão boba” nas curvas dos colegas. Analisar aquela gravação evidenciava uma clara sexualidade reprimida do grupo.

- “Vou gozar na cara dele, vem!” – César anunciou, segurando com força o meu cabelo para inclinar o meu rosto para trás.

Assim que o diretor se aproximou, o seu clímax resultou em jatos espessos de esperma, sujando uma parte do meu rosto, pescoço e orelha. A visão do gerador, arfante e sorrindo de satisfação, deu sinal verde para que os demais completassem a ação. Numa velocidade que ecoava o som das batidas violentas das nossas coxas, Alexandre tirou o pau e seguiu friccionando-o, esguichando em abundância o seu sêmen pela minha bunda logo em seguida, enquanto o seu tórax se comprimia em espasmos.

Cláudio foi o seguinte, celebrando o seu orgasmo em uivos contidos. Suado, direcionou a sua porra ao mesmo lugar onde o meu principal agressor depositara. A farta quantidade começava a escorrer pela minha coxa, e ele fez questão de usar o seu membro para misturar os fluídos, como se quisesse agradar o coligado.

Por fim, limpou a mão lambuzada no lençol e tomou a filmadora de Júlio, dando a vez para que se divertisse também. Enquanto o outro associado se masturbava com agilidade, cuidou de focalizar o estado do meu ânus, bastante lacerado e com pequenos filetes de sangue em alguns pontos:

- “Isso meus amigos, é o que a rola do Alexandre é capaz de fazer...” – arrancou novas gargalhadas dos demais.

Quando retornou à apresentação solo do cinegrafista inicial, este já se ajoelhava na cama para esporrar nas minhas costas, balançando a pica para arrancar as últimas gotas. Do outro lado, meu primeiro alvo na vingança já descansava com a cabeça apoiada nos braços, contente com o resultado da armadilha.

- “Eu filmei a putaria, vocês combinam agora pra ver quem vai vestir e deixar a putinha lá embaixo!” – Júlio se adiantou.

A câmera foi deixada no cômodo próximo à porta, e já não era possível distinguir mais nada, apenas escutar o diálogo entre os quatro.

- “Então vamos logo. Daqui a pouco ele perde os sentidos e vai ser um problema” – Cláudio alertou.

- “Será que a gente consegue outro ainda hoje?” – César contemplou as perspectivas.

- “O porteiro vai dificultar por causa do cadastro de acesso. Já foi um processo trazer esse daqui... Mas podemos tentar” – Alexandre abrandou os ânimos – “Vamos nessa que a gente ainda pega o finalzinho do bloco”.

De repente, o vídeo terminou. Uma tortura que durou cerca de trinta minutos. Meu coração seguia acelerado perante a violência a qual me submeteram. Fui tomado por uma sensação de derrota e inferioridade, que também abria espaços a novos receios e insegurança. Aquela película ordinária poderia figurar em qualquer site pornográfico e estar fazendo a alegria de milhares de mãos solitárias por aí.

Meus tios, minha prima e até meu ex-namorado poderiam ver... Era assustador. Revoltado, comecei a esmurrar as almofadas do sofá subitamente, derrubando o laptop no chão. Socava com fúria e indignação seguidas vezes, sem parar, deixando escapar um berro gutural. Meu rosto estava roxo, não conseguia evitar a ira.

Arquejante, escutei um apito no meu celular. Demorei um tempo para voltar a mim e alcancei o aparelho na mesa de centro. Era uma notificação do Imagine, destacando uma nova mensagem de um dos mais indesejados seguidores do meu perfil.

- “@Arqu.Irda diz: Como disse, só quero conversar, com calma. Meus pais estão viajando. Podemos marcar aqui numa boa, se desejar...”, li sem acreditar no teor do texto.

- Beleza, você vai provar um pouquinho da minha calma hoje... – pensei em voz alta.

Estava possesso, tinha que admitir. Sem pestanejar, peguei a chave do carro e conduzi rumo a um conhecido destino, onde minha perseguição findara na noite da festa da empresa. Dirigi em velocidade perigosa, sem me importar com a lei. Durante o breve trajeto, cheguei a me arrepender por não ter feito algo pior a César e Júlio. “Calma Augusto, ainda restam três... E eles irão sofrer!”, me deixei ser domado pela ira.

Estacionei grosseiramente, mais afastado, e segui para o edifício em questão. Anunciei a minha chegada ao porteiro e aguardei alguns minutos pela minha liberação. Nem eu saberia o que fazer ao certo, estava apenas seguindo os meus instintos de fúria. Sem ressalvas, o zelador me informou o número do apartamento e segui para o elevador.

“Ele pode estar armado, ou querendo dar o troco pela discussão na garagem”, lastimei por estar desprevenido. Deveria ter ligado para Flávio ou Gustavo, mas recordei que ambos provavelmente estariam ocupados com outros assuntos. “Maldita impulsividade!”. Movido por outra linha de raciocínio, apertei o botão de um andar inferior e decidi seguir pela escada, evitando algum ataque surpresa.

Continuei o trajeto taciturno e, nervoso, constatei que a porta já estava aberta. Pensei em desistir e retornar, mas algo em minha mente me incentivava a enfrenta-lo. “Não seria tão prudente assim tentar agredir alguém na sua residência. Os vizinhos podem ouvir e chamar a polícia...”, buscava motivos para manter o plano. Atravessei a última fronteira antes da sala de estar e o encontrei próximo a um corredor, mais apartado:

- Oi, tudo bem? – disse timidamente.

Olhei para os lados e, pelo menos na citada área, constatei que estava realmente só. À medida que me aproximava, ele se deslocava, procurando manter certa distância. Provavelmente presumia o mesmo que eu naquele encontro repentino.

- Não esperava uma visita tão imediata, mas fico feliz que tenha respondido ao meu pedido – tentou iniciar um diálogo.

- Me dê um simples motivo para eu não te encher de porrada nesse exato momento – bradei, sem paciência para criar um clima amistoso – Só um simples motivo...

- Como assim? Não recebeu o pen drive? – parecia confuso.

- Que tipo de brincadeira é essa? Você não me conhece, garoto.

- Eu... Acho que não estou entendendo.

- Recebi o seu material sim. E assisti o que os seus amiguinhos fizeram comigo.

- Mas...

- Sem desculpinhas! Não me interessa se não estava na hora – interrompi, prevendo uma tentativa de defesa – Já falei que sei da sua participação em toda essa armação. Vi que me deixou em casa depois... Pensou que vim aqui para te dar um abraço de agradecimento?

- Augusto, antes de falar algo, você por acaso abriu todas as pastas?

- Não sou filho da puta a ponto de bisbilhotar a intimidade exposta de outras pessoas.

- Tudo bem, vamos fazer assim... – ele sabia que estava lidando com um verdadeiro barril de pólvora – Vou mostrar uma coisa na televisão e depois tire as suas próprias conclusões. Pode ser?

“Que pegadinha é essa?”, sentia como se a qualquer instante um apresentador sensacionalista fosse surgir com um microfone apontado para mim. Ceder a uma negociação poderia ser perigoso, mas a firmeza da sua voz transmitia segurança em querer fazer valer um ponto de vista que eu não estava compreendendo. Concordei em silêncio, bastante intrigado. Acomodei-me no sofá e fiquei aguardando de braços cruzados. Ele fechou a porta da sala que ainda permanecia aberta desde a minha chegada e avisou que iria pegar a “tal coisa” no quarto, levando-me a cogitar algum artifício camuflado:

- Não tente fazer nada...

- Se preferir me acompanhar, fique à vontade – cortou a minha desconfiança.

Recusei a sugestão e permaneci quieto, liberando-o. Em poucos instantes, retornou com outro pen drive e conectou atrás do aparelho. Pegou o controle remoto ao lado e ligou. A mesma sequência de pastas com nomes de locais e datas surgiu na grande tela. “Então existem outras cópias”, confirmei meu temor. Selecionou a primeira, intitulada “USP – 14 de janeiro”, e me entregou o comando:

- Não tenho capacidade de ver novamente – sua mirada tinha certo pesar – Estarei na varanda, avise quando tiver terminado.

Acompanhei o seu caminhar se distanciar, sem entender aonde queria chegar com a estratégia. Seguindo as instruções passadas, apertei o play. Uma filmagem de baixa qualidade, aparentemente feita por algum celular, denunciava a figura de um Alexandre um pouco distinto, com um cabelo maior que o conhecido por mim.

- “Hoje vamos começar uma brincadeira diferente. Esses trotes da universidade já estão muito ultrapassados, e os calouros precisam de um tratamento melhor” – gargalhava, aparentemente alcoolizado.

Com um rápido movimento, o cameraman mostrou o rosto:

- “Apoiado!” – Cláudio fez um sinal positivo.

Depois de um corte abrupto, um local escuro surgiu, sem que pudesse identificar do que se tratava. Havia árvores nos arredores e um pequeno muro depredado, com tijolos aparentes. Do alto, o equipamento escondido tentava focalizar um casal se beijando, alternando carícias e conversas contidas:

- “Toma, bebe mais um pouquinho” – reconheci a voz, oferecendo um drinque para o acompanhante, cuja característica que mais chamava a minha atenção era a cabeça raspada, de fios rentes.

“Acabou de passar no vestibular”, concluí.

- “Não curto muito” – a resposta era quase inaudível.

Espreitei os olhos para tentar enxergar a pessoa, mas o aparato voltou a se esconder, descendo e arrodeando calmamente o pedaço isolado daquela parede no meio do nada. Com isso, a projeção ganhava uma visão lateral da cena, turva pela iluminação noturna e distância considerável:

- “Eu não estou me sentindo muito bem...” – o interlocutor avisou, com o rosto virado para o outro lado, como se temesse a chegada de alguém.

- “É rapidinho, vai ser gostoso, prometo” – desabotoou a calça, exibindo a sua ereção – “Vou te ensinar como faz, encosta aí...” – e impôs a pessoa a virar-se de costas.

- “Eu acho que estou bêbado...” – replicou.

- “Não tem problema, ninguém vai saber. Deixa eu tirar a sua bermuda” – forçou a vestimenta para baixo, junto com a cueca, exibindo parte da bunda – “Inclina um pouco pra frente”.

- “Vamos deixar pra outro dia, eu não tô legal”.

- “Inclina, porra, tô mandando!” – empurrou as costas do jovem para baixo.

A situação começou a ganhar contornos perigosos, deixando-me um pouco aflito. A câmera já não fazia tanta questão de se esconder. Temendo cair no chão, a possível vítima se apoiou no muro, sem saber como agir. Alexandre deu uma cusparada no pau e direcionou para o seu alvo. Na primeira investida, um grito suplicante afugentou o corpo do rapaz, obrigando o tirano a tapar a sua boca com uma das mãos, enquanto usava a outra para continuar forçando uma penetração:

- “Shhh... Calma, é assim mesmo, relaxa. Abre mais a perna e inclina o corpo pra frente, vai...”.

A presa não obedecia, mas o agressor não se dava por vencido. Olhando para a lente, chamou o cúmplice, como se pedisse ajuda para completar o trajeto sexual. Com uma risada abafada ao fundo, a imagem começou a se aproximar, tornando o par mais nítido ao espectador. Só então, o rosto de olhar lacrimejante e boca silenciada se revelou familiar:

“Adriano?”, tentei disfarçar o espanto, mas permaneci boquiaberto. Parei o vídeo rapidamente, sem querer continuar. Virei-me no sofá e olhei para trás, ainda chocado. Em pé na parte mais afastada da varanda, mas ainda perceptível, ele me encarava sério:

- É um motivo simples o suficiente para você?

(continua)

:::

Oi pessoal! Agora sim, já consigo comentar normalmente! Plutão, Drica Telles (VCMEDS), Irish, Nara M, CrisBR1 e a todos que sempre torceram pela minha história com o ruivo, o nosso muito obrigado pelo carinho! Mrs. B, obrigado pelo elogio! Espero que esteja curtindo! Nara M, cuidado com a insônia (ahahahaha)! Fico feliz que esteja acompanhando pelo wattpad também! E sim, a partir de agora, vamos enfim conhecer o outro lado da história. Chegamos ao momento das grandes revelações (hehe). Obrigado por todos os votos e comentários, e espero que tenham aproveitado o carnaval (com muita responsabilidade, é claro!). Até o próximo capítulo!

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Comentários

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Oiiiiiiiiiiiiii........ Eu não consegui comentar antes porque minha vida estava num perrengue e ainda está, mas pelo menos agora consigo respirar e comentar, pois não estou chacoalhando num ônibus. Querido meu problema é o inverso, sou fã numero 1 sono, consigo dormir em qualquer lugar e em qualquer situação, mas tua historia é foda demais e por isso acabei ficando zoadinha no trabalho, mas valeu apena 100% 🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻🙌🏻. Cara eu realmente esperava que o lado do Adriano me fizesse levemente tentar dar um olhar diferente para o rapaz, mas o que aconteceu me fez ficar mais besta e perplexa até mais do que o Augusto (mentira porque nada pode superar a visão do que a própria pessoa que viveu). Adoro o que você faz com tudo! Sou tua fã e só para constar quando vi q vc postou foi pela casa, mas não consegui ler pq não estava abrindo então corri para o wattpad. E felicidade para os dois!!!! Fico contentíssima por trocar a aliança de mão com ruivo, vocês merecem toda felicidade!!!!

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Muito bom. Acredito muito num conto que não tem vilões ou mocinhos e sim uma história de fato. 10

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Bem... To cheio de suspeitas na minha cabeça.

Nao confio muito no flavio.

acredito q pode rolar um lance futuramente do augusto com o adriano.

Não sei...rsrs só sei q ta muito bom.

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Gentes e to bege não... To a palheta de cores RGB inteira... Boy vc é foda... Depois de uma coisa dessa se vc desaparece de novo eu juro que vou te caçar igual você fez aqui no conto

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