Minha Primeira Paixão - parte 2

Um conto erótico de Ahygo C. T’vilerrã
Categoria: Homossexual
Contém 2259 palavras
Data: 10/02/2016 00:13:49
Última revisão: 24/04/2016 17:56:10

Assim que entramos eu não olhei para ninguém mais alem dos meus amigos. Portanto, não percebi o tal guri adentrar a sala junto com todos nós. A gente ria de tudo naquele dia, nem consigo acreditar que ninguém perguntou se estávamos passando mau.

— Oi, gente... — o professor soltou com nervosismo. Seu cabelo nem foi peteado, nem sequer tinha a possibilidade de ter sido tocado. Ele tinha a pele um pouco mais clara que a minha, com roupas velhas e simples, feito aqueles filmes em que aparecem os nerds e coisa e tal, era tão igual a qualquer outra pessoa adulta que leciona, só que mais nervoso e aparentando ser inexperiente. O que seria um prato cheio para o pessoal. — Sou o professor Lauvo, — ele escreveu sem jeito no quadro negro. — de Mendonça... — todo mundo riu do nome dele, mas eu me segurei.

Fomos cada um para sua mesa e nos sentamos. Nós sentamos perto do fundão. O que para quem conhece o “sistema interno de qualificação e ordenamento de alunos em classe”, significa que não somos os melhores nem os piores da turma, só os mais debilóides (e isso não se aplica a todas as escolas! hji). Os guris tinham conversado bastante, depois que descobriram que o segundo e o terceiro períodos seriam com a tal professora nova todo mundo ficou muito empolgado. E eu? Não estava nem aí, não sou o tipo de cara que faz tanto alvoroço só por causa de alguma coisa assim (mesmo quando se trata de um cara que chame muito a minha atenção).

Lembro que Tuco estava mais alegre em conseguir desconsertar o professor novo naquela aula. Todos sempre riam quando o professor fazia alguma coisa errada e o Tuco dizia desculpa como se realmente estivesse se sentindo culpado ou só fingia não ter feito nada. Desgostei dessa brincadeira quando o professor sentou na cadeira em falso e caiu fazendo um barulho alto. Todo mundo riu mais ainda depois disso. Eu ia me levantar para ajudá-lo quando vi que uma guria já tava fazendo isso primeiro. O nome dela era Tamires ou quase isso, não lembro direito. Mas sei que ela também parecia não estar gostando.

Tamires é morena na cor do cabelo, tem pele meio clara e os olhos verdes chamam atenção. Ela sempre se vestiu bem, mas sem provocar tanto. Ela voltou para o seu lugar encarando feio todo mundo, quando o sinal tocou e tivemos que ver o “brinquedo” novo do meu amigo sair com a cara raivosa e segurando de qualquer jeito os seus livros, eu ouvi ele fazer que pena...!, e ainda gritar para o professor: “Gostei do senhor, viu!”. Mas todos os guris (ou quase todos na verdade) gritaram mesmo quando se deram de conta da mulher parada na porta.

Com um ar de Xena, A Princesa Guerreira, suas roupas mais pareciam saídas de um brechó de caridade da igreja evangélica. Ela tinha um par de óculos no rosto pendendo no pescoço e sapatilhas simples mas que faziam um som estranho como se fossem saltos altos. Quando ela entrou meus amigos suspiraram de felicidade. Ela usava uma saia indo ate o pouco depois das batatas da perna e uma blusa que escondia ate o queixo (quase isso na verdade). Seus livros foram largados em cima da mesa fazendo um baque surdo, ela era simples, mas sabia o que fazia. Loura e bonita, de um jeito original e modesto, estava sem maquiagem; com o cabelo num coque ela era alta, com salto talvez fosse mais, mas não deu muito tempo a qualquer brincadeira e já foi apagando o quadro negro (e claro, seu bumbum ficou mexendo de um jeito que fez quase olhar). Mas não liguei pra isso, olhei a minha volta e quase todo mundo estava quieto olhando-a diretamente como se fossem babar sobre os cadernos. Eu apenas fui ate a minha mochila em baixo da mesa e peguei um caderno.

— Sou a nova professora de Português. Meu nome é Paula Kalli e espero que nos daremos muito bem daqui para a frente. — ela sorriu pondo os óculos. Os olhos excitados a buscavam compulsivamente feito lobos e coiotes caçando sua presa. — Onde foi que vocês pararam com o outro professor...? — professora Paula perguntou na frente da turma com as mãos juntas em concha enfrente ao corpo.

— Aqui, óh... — disse uma guria ao lado de Tamires. Seu nome era Carla Fagundes, uma antiga ficante minha que não quis me namorar (ela nem queria ficar comigo, só ficou porque insisti quase beijando ela forçado)...

— Huum... sim... — a professora disse. Jonas estava hipnotizado ao meu lado olhando para o bumbum dela.

— Olha só isso cara... — Jonas falou enquanto que eu marcava o nome da nova professora no meu caderno por costume. — Vê se não dá vontade de agarrar...? — ele perguntou mordendo os lábios. E eu o olhei pensando que ele estava exagerando (burro eu por não saber o porque pensei isso... jhji), e fitei a professora e concordei com ele que ela era bonita, mas quando disse que não era pra tanto que ela não era TANTO, ele me interrompeu. — Como ela é gostosa, né...?

— É, é... — disse apenas. E encarei o meu caderno sem graça por não pensar igual a ele, pelo menos não em tudo.

O segundo e o terceiro tempos passaram voando de uma forma que ate me impressionei. E quando a professora nova saiu da sala os guris quase foram junto querendo seguir ela! Ri um pouco vendo eles fazerem isso. Jonas saiu pra ver a namorada e quando voltou eu ainda tava fechando o caderno terminando de escrever as ultimas coisas do conteúdo passado. Tinha me atrasado um pouco conversando com o Jonas e fazendo palhaçadas.

Me levantei procurando por meu amigo sabendo que ele tinha voltado. Quando o encontrei indo em direção ao fundo, para falar com uma garota, a Carla. Ele queria que eu tentasse de novo com ela, porque achava que fazíamos um casal bonito, tipo que combina sei lá. E depois veio ate a minha mesa pra falar comigo. Eu fui-me ate ele fingindo que iria dar um tapa na cara dele pelo que fez, mas ele foi mais rápido que eu se esquivando e me dando um tapa na cabeça. Pra logo depois segurar a minha cabeça pelo pescoço e disse:

— Olha ali, cara. Ela disse que gostou do beijo de vocês e que quer de novo.... — ele falou rápido mas baixinho no meu ouvido.

Eu a fitei e sabia que ela já sabia que eu tava olhando também. Carla estava juntando suas coisas e deixando tudo em baixo da mesa. E saiu andando pela porta. Mas algo fez eu olhar de novo para o fundo, talvez tenha sido o quão escuro o fundo da sala conseguia ficar sem ninguém lá ou talvez tenha sido outra coisa. de toda forma, percebi que tinha alguém lá, uma pessoa que ficara lá sozinho e sem amigos. O guri que eu havia visto mais sedo, ele tava sozinho no fundo lendo um livro da Sara Gruen, “Água para Elefantes” (lembro bem disso). Achei um pouco interessante isso, mas as palavras do Jonas me fizeram repensar no que eu estava fazendo.

— Cara, Felipe... — ele já tinha me soltado, mas ainda estava pensando. — A Carla ta te dando mole cara... vai lá e aproveita...! — ele falou olhando para a porta. E eu olhei também, pensei no que ele disse e olhei para o guri. Não queria pensar nele, e considerar as palavras do Jonas. — Quer saber, deixa pra lá. Depois só não vem reclamar pra mim depois, hein! — ele saiu revirando os olhos pra mim. E eu concordei querendo que ele me esperasse. Ele não me esperou e eu corri para alcançá-lo, me atirei sob as suas costas e o fiz de cavalinho, dizendo:

— Raiô, Silver!! — segurei nele pelo pescoço fazendo força pra corrermos, — Vamo, vamo, pangaré! — gritei apontando para a saída dos corredores em direção ao refeitório.

— Que quié, hein... — ele gritou rindo do que estávamos fazendo. Eu rindo junto fiz com que ele corresse um pouco mais. E depois dei um pulo descendo das costas dele, e paramos na porta encontrando os outros guris.

Pedro fez cara de quem não entendeu o motivo das nossas risadas (mais parecia mesmo que ele não gostou), e Paulo veio tossindo falando como se estivéssemos nos pegando. E ainda soltou uma indireta como se fossemos namoradinhos que ficam “montando um em cima do outro...” Jonas e eu rimos do que ele falou, eu pensando que fosse brincadeira, mas meu amigo disse:

— Ai, amor, ele nos descobriu! — Jonas veio me abraçando por trás e depois segurando no meu braço. Tuco e Vice ficaram nos olhando, mas depois entraram na brincadeira também. — Vem paixão, vamos comer que eu to com fome... — ele saiu me puxando. Eu fiquei super vermelho com o que ele tava fazendo. Mas não me importei.

— Olha só o mais novo casalzinho do colégio que passa...! — Tuco riu da gente sentado com uma maçã e um copo de suco. E todos os outros riram ao seu lado também. — Será que depois tu pode me emprestar ele...?

— Não sei, sou muito ciumento! — Jonas disse pegando sua maçã e eu um copo de suco, fomos os dois juntos (e já tínhamos nos soltado) para a mesa onde os guris estavam. — Né, amor... — ele piscou pra mim quando eu sorri empurrando ele com o braço.

— Mas eu tava falando com o Felipe...! — Tuco disse rindo. Ele mastigou mais um pedaço da maçã e piscou pro Jonas. E eu ri feito um retardado junto dos outros, principalmente da cara sem graça que ele fez. — Ele tem uma bunda mais bonita que a tua.

— Há-há... E desde quando tu já visse a minha bunda?! — eu falei sem pestanejar, me inclinei erguendo uma sobrancelha e rindo ao mesmo tempo.

Todo mundo riu do que eu disse e olhou para o Tuco esperando uma resposta, mas ele não disse nada. Apenas disse “Não sei...” e desconversou, mas os outros guris maliciaram um pouco e ficaram soltando risadinhas. Mas todos também nem questionaram, ficaram falando sobre o quinto período que seria vazio e por isso iríamos embora mais sedo. Então resolveríamos aproveitar para ir na casa do Jonas. E eu concordei, pensei em toda a minha vida, no meu dia, na situação sem graça que aconteceu no primeiro tempo com o professor. E em seguida no que Jonas disse sobre a Carla.

O quarto tempo passou voando, com a aula “interessante” do professor Augusto Cesar de Matemática. Depois, na hora da nossa saída, ao final daquela aula, Carla veio ate o meu lugar pra conversar comigo e disse que tinha gostado mesmo do meu beijo e aquela coisa toda. Então eu pedi pra ela que me esperasse e fui com ela pra uma área mais distante, ao lado da parede dos banheiros e lá nos beijamos de novo. Só que desta vez foi mais rápido que antes porque o Jonas nos interrompeu me procurando e dizendo que estavam me esperando, quer dizer, os guris.

— Owh, desculpa, desculpa... — ele falou se virando como se estivéssemos pelados.

— Não, tudo bem. — Carla falou sem vontade e pegando sua bolsa para ir embora e ajeitou a cara e a roupa pra não parecer que tinha ficado com alguém.

— Meu irmão, mas o que foi isso...? — ele disse quase fazendo um escândalo ao meu lado. Como se eu tivesse feito o gol que marcou o ponto decisivo nos 45 do segundo tempo.

Quando apareceu Camila no seu outro lado e perguntou do que falávamos e ele se saiu dizendo que era só besteira. E eu fiquei rindo da cara que ele fez por quase ter sido pego nos seus comentários. E fomos para a saída para irmos embora.

Depois daquilo, as semanas pareceram se arrastar como quem não quer nada. Um mês tinha se completado e eu já tinha deixado a Carla de lado, soube ate que ela começou a namorar com alguém, um cara do terceiro ano. E nós estávamos no primeiro (eu sei, sou meio burrinho e por isso que rodei um ano na sétima e atrasei um ano ihj), porem desejo as melhores coisas aos dois; bem, depois disso, o Jonas começou a me falar de uma tal amiga da namorada dele. E não nego que ela parecia ser uma garota legal, hoje teria gostado de passar a minha vida toda com ela se não fosse o fato de eu gostar de tudo o que ela também gosta numa pessoa (sexualmente falando).

E também comecei a fazer amizade com outros guris: Orácio Ignaldo um guri novo que entrou na escola em abril passou a ser nosso amigo; Leonardo e Giliard (irmãos gêmeos, os melhores da turma, os primeiros REALMENTE inteligente a andar com nós), que mudaram de turma vindo do turno da tarde por motivos pessoais e da família deles. E também teve a irmã mais nova do Vice que começou a falar comigo e já somos quase “melhores amigos”.

Tudo estava normal, eu pensava, ate saber que a guria que o Jonas queria me empurrar estava na nossa turma. E eu fiquei meio encucado, porque pelo menos quatro outras gurias tinham entrado na nossa turma e isso fora as outras 20 (tirando a Carla, claro que já estava namorando) que eu nem sabia nada. Quer dizer, poderia ser qualquer uma.

Então só me concentrei nas aulas e pensei em fazer amizade com outras mais pessoas, de outras turmas e também porque não com o guri que vivia sozinho na sala. E mudar isso, quem sabe.

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Comentários

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Muito obrigado O garoto... :) sim, eu visitarei e irei ler seu conto! :D

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Oi Hugo! Parabéns pelo seu texto maravilhoso

gostaria de convidar você a ler o meu conto: Será que os príncipes transam?

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