Movendo-se devagar no pesado trânsito paulistano, antes de chegar em casa, pude ainda "elucidar outro dilema" com meu estimado amigo Edu.
"Vem cá, Edu... Que estória foi essas de "caras"? Para quem mais você falou sobre a gente?"
"No final de semana, logo depois daquela segunda chupetinha que você me fez aqui no carro, lembra?.." - balancei a cabeça afirmativamente e veio um gostoso flashback daquele dia, com o sabor da pica dele em minha boca.
"...então.. Naquele final de semana, eu fui com o meu povo para Bauru. Lá, a gente foi num churrasco da minha família no sábado. Você sabe que nenhum homem da minha família presta, não é?!" - pensei comigo mesmo que, baseado no exemplo de Edu, que deveria ser o macho mais "sofisticado" do clã, o resto seria então um imenso bando de caipiras, ricos e broncos.
"No final do dia, sempre acabam ficando somente os piores...aqueles que mais aguentam bebida. A gente normalmente vai para o jardim da fazenda fumar e ficar falando sobre putaria.." - ele buzinou, um pouco impaciente com o trânsito que não avançava, mesmo com o sinal verde para nós.
"Naquele dia, quando já era noite, meu tio Rubens trouxe uma cachacinha fantástica para a gente beber. Juntou-se à nós dois primos, casados, mas putanheiros sem preço! Começamos a falar das putarias de 2015 e eu me empolguei."
"Então você contou para um tio teu e para dois primos?? Caras da tua família? Todos que devem conhecer muito bem tua esposa?? Você é louco, Du?"
"Porra, Marcão.. Você já viu o tio Rubens, não lembra?" - tentei puxar pela memória, mas a cara dele não me veio à mente.
"Ele estava no meu casamento e também foi lá em casa no ano passado. Naquele churrasco que fiz lá no quintal, quando meus pais vieram me visitar" - lembrei de quem ele estava falando. Era um coroa de uns 60 anos, ainda bem inteiro, falador e engraçado. Tomava todas e trouxe uma garrafa de pinga especial de Pirassununga.
"Cara, ele é o cara mais cafajeste que eu já vi na vida. Foi ele quem me levou num puteiro a primeira vez. Eu tinha só treze anos e ele pagou a puta pra ficar a tarde inteira comigo. Ele já comeu todas as funcionárias dele lá da fazenda. Porra, deve ter umas três amantes fixas, no mínimo. O cara não presta mesmo!"
"Pior ainda, não Edu?!"
"Não, cara. Ele acha tudo que é sacanagem normal, mas não abre a boca. Tem rabo preso em tudo que é lugar. A esposa dele é uma jararaca. Mata ele se descobre algo." - achei essa situação meio absurda, mas preferi não discutir.
"Os dois outros primos que estavam lá deixariam o Zacca parecendo uma freira, de tantas histórias que tem para contar.. Porra, além disso, nenhum deles te conhece mesmo. Fica tranquilo.."
Ok...olhei para ele e entendi um pouco mais a situação. Por curiosidade, perguntei o quê eles disseram quando ouviram a estória do Edu.
"Porra, meu tio deu risada! Foi ele quem mais me atiçou depois para tentar comer teu cu. Disse que já tinha enrabado mais de cinco caras, principalmente no tempo dele de jovem, quando não havia tanta mulher disponível. Prometi contar para ele como foi a trepada, depois de te comer. Meus primos deram risada e me chamaram de viado, mas ficaram com tesão também quando falei que você gostava de engolir porra de macho. Meu tio falou que todos os viados que ele já comeu gostaram disso também. Para ele, vocês chupam melhor que qualquer mulher"
Fingi não perceber que Edu havia me chamado de viado e que havia prometido contar tudo o quê havíamos feito hoje para seu tio...
"Ok, Edu. Se foi só para eles, está tranquilo, mas não fala para mais ninguém; OK?!"
"Porra, Marcão, tenho que te confessar que teve mais um... E te conhece..."
"Puta que pariu, Edu! Sério?!! Não acredito, porra! Quem é??"
"Caralho, eu já te falei que eu não sabia que você ia ter frescura com essas coisas... Foi sem querer.."
"Ta bom...ta bom... Mas quem mais sabe??"
Edu respirou fundo, olhou para mim e disse: "O Diego"
Naquela fração de segundo minha mente vasculhou todo o passado e as pessoas do nosso ciclo de amizade comum. Havia um grande branco em minha cabeça:
"Diego? Diego? Quem porra de Diego é esse?"
"Caralho.. O Diego da Monica!"
"Aham? Quem?"
"Porra, Marcão, aquele meu brodi que você já viu lá em casa diversas vezes. Daquele casal que foi com a gente e com nossas esposas no show da Marisa Monte" - a ficha finalmente havia caído e me causou grande surpresa.
Realmente Edu e sua esposa eram muito próximos desse casal, Diego e Monica. Porém, eu e minha esposa tínhamos pouquíssima afinidade com eles e nossos contatos foram poucos e esporádicos. Sempre através do Edu.
Para aumentar ainda mais minha surpresa, eu tinha em minha mente que esse tal de Diego era exatamente o oposto de tipos como Zacca e o tio de Edu. O cara era um poço de bondade e pureza. Era tão certinho que irritava. Quase não bebia, era super comportado e respeitoso. Era bastante rico e tinha duas filhas. Juntos formavam uma família perfeita, aparentemente sem vícios ou problemas. Pareciam ate mesmo uma "família de comercial de margarina". Tentei verificar se não havia nenhum engano em meu entendimento: "peraí, Edu. O único Diego que eu conheço é aquele cara super certinho e bonzinho que você e a tua esposa curtem... Pai das meninas que estudam com tuas filhas..."
"É ele mesmo, Marcão!"
"Ta louco, Edu?!! O cara é o maior careta.. Certinho e puro...como é que você conta uma barbaridade dessa para ele? O cara deve ter tido um ataque cardíaco!!" - Edu e sua "ingenuidade" me surpreendiam, muitas vezes.
"Cara, tenho certeza que aquilo ali é lobo em pele de cordeiro...aquele cara não me engana.. acho que ele apenas se trava demais.."
"Edu....Edu...." eu estava sem palavras...
"Você toparia dar para ele?"
"Como assim??? Porra, Edu, mal conheço o cara! Que é isso, mermao?!"
"Foi mal, Marcão... O Diego é super do bem, cara... Achei que seria legal para ele se saltar, conhecer melhor um cara como você...porra, olha só que tesão foi a tarde de hoje...tou renovado! Todo homem precisa de umas farrinhas assim..." - eu apenas olhava para aquele meu amigo "bronco" e, devo admitir, me sentia extremamente atraído por essa "simplicidade" de sua masculinidade. Apesar de sua posição profissional, de toda sua experiência internacional e de seu nível socioeconômico, Edu era um homem extremamente básico e simplista na esfera sexual... Sua origem machista e interiorana estava enraizada em seus conceitos e isso me atraía muito.. Que coisa mais louca. Segui ouvindo suas "teorias":
"O Diego vive num pique super estressado...sua empresa fatura milhões, mas ta numa baita crise. A esposa dele.. tenho certeza... deve ser daquelas que pega no pinto com nojo...tem cara que não põe pau na boca...toda recalcada.." - finalmente conseguimos atravessar a Av. Santo Amaro. Olhei para Edu e perguntei:
"OK, mas o quê eu tenho a ver com isso?!"
"Porra, Marcão... Você é meu brodi, também... O maior brodi, você sabe disso!"
"E???"
"Cara, acho que você faria um puta bem para o Diego. Se aquele cara pega uma mulher esperta, o casamento dele vai para o lixo! Ele precisa aliviar o stress e curtir um pouco mais a vida... Porra, com você seria o ideal! Sem risco...tranquilo...entre brodis... Que nem fizemos hoje.. Foi do caralho!!!"
Sorri, ainda sem palavras, mas entendendo cada vez mais a forma de pensar daquele meu "tosco" amigo.
"Ta bom, Edu...ta bom... Você é muito louco mesmo, cara.... Mas, fala aí... O que o Diego falou disso tudo?" - olhei para ele, rindo por dentro.
"Acho que ele ficou meio assustado... Ficou ainda mais branco, quando eu falei... Parecia um fantasma..." - não me contive e saltei uma gargalhada. Edu seguiu sério...
"Mas eu tenho certeza que ele toparia..o Diegao não presta também... É putanheiro que nem a gente... Vai por mim, Marcão...eu conheço cafajeste de longe..."
"Todo homem é um cafajeste, Edu..." - falei, enquanto Edu parava ao lado da minha casa.
"Pode ser, Marcão... Mas o Diego é brodi meu e precisa deixar esse lado dele sair...aquele cara tem potencial...vai por mim"
Nos despedimos e vi o carro de Edu partir.. Meu cuzinho estava muito ardido e ainda doía muito...porem que não tinha um pingo de ressentimento....realmente aquele tarde havia sido uma delícia!!!
