CIDADE DOS DESEJOS - CAPÍTULO 2 - FASCÍNIO

Um conto erótico de Renato
Categoria: Homossexual
Contém 1845 palavras
Data: 24/02/2016 00:29:43
Última revisão: 24/02/2016 00:39:12

[AOS LEITORES]: ESTE É O SEGUNDO CAPÍTULO DO CONTO “CIDADE DOS DESEJOS”. VOCÊ PODE CONFERIR O CAPÍTULO ANTERIOR ATRAVÉS DO PERFIL DO AUTOR.

CAPÍTULO DOIS – FASCÍNIO

1

A primeira semana na capital foi realmente difícil. De um lado, minha inexperiência em relação a vida urbana e suas exigências. Do outro, a floração de um desejo ardente e pecaminoso por meu próprio pai. A primeira questão acabou se resolvendo com o passar do tempo: Eduardo e eu saímos quase todos os dias, e a medida em que conhecia novas avenidas, esquinas e edifícios, a estranheza da cidade ia se ajustando diante de meus olhos. Para o segundo problema não encontrei solução.

Eu sabia que meu corpo estava se transformando em função dos hormônios. A adolescência estava se inflamando em mim, e resistir a esses impulsos não era uma opção. Ainda assim, fui surpreendido pelo repentino interesse que passei a sentir por Eduardo. Sim, era estranho; e sim, parecia errado. Mas certas coisas estão além de nossa compreensão ou de nosso controle. Cada abraço que recebia de meu pai fazia estremecer o corpo e saltar o coração. Passei a observá-lo insistentemente, como se algum campo de força magnética atraísse meu olhar em sua direção.

Percebi que minha admiração por Eduardo havia ultrapassado os limites da normalidade quando ele começou a protagonizar meus sonhos. Geralmente, eram sonhos densos, carregados. Neles, Eduardo vinha se deitar comigo no fim do dia. Ele aparecia sempre nu, com um sorriso enigmático no rosto e o corpo recém-banhado, ainda respingando. Eu o abraçava e tentava tocar seus lábios com os meus, mas quando o beijo se encaminhava para o sucesso ele simplesmente desviava o rosto e me empurrava para fora da cama, fazendo-me despertar envergonhado. Por mais embaraçosos que esses sonhos pudessem parecer, sempre acordava excitado, com o pau latejando. Muitas vezes, percebia que tinha ejaculado durante o sono.

Certa vez, um desses sonhos estranhos me fez despertar – assustado - no meio da madrugada. O quarto estava quente, mesmo com a janela aberta. Levantei-me coberto de suor e caminhei silenciosamente até a cozinha, tentando não produzir ruídos que pudessem tirar Eduardo de seu sono. Abri a geladeira e me servi de água gelada. Mais calmo, caminhei de volta para o quarto, o sonho já se apagando lentamente e transformando-se em uma memória distante. Distraído, fui pego de surpresa ao constatar que a porta do quarto de Eduardo estava aberta. Caminhei até lá, tentando não emitir som algum e, do umbral, me deparei com a visão mais excitante que havia tido até então.

Ele estava dormindo, esticado de barriga para cima sobre a cama de casal. Seu rosto pendia para o lado, enquanto seu braço direito se projetava para fora da cama. O lençol estava caído no chão, evidenciando o corpo descoberto de Eduardo. As pernas abertas eram um convite ao paraíso, e a cueca boxer não era capaz de esconder o volume que se projetava visivelmente por além do tecido. Meus olhos se estagnaram ali, na região da virilha. A julgar pelo que estava vendo, Eduardo possuía um dote impressionante: o pau estava meio teso, e ainda assim parecia enorme. Permaneci imóvel na soleira da porta e, quando finalmente pude me libertar daquela hipnose de excitação, percebi que meu pai estava acordado, encarando-me de volta.

Entrei em pânico, gaguejei um pouco e finalmente perguntei se ele estava acordado. Ele se mexeu, espreguiçou-se alongando os braços para cima e respondeu que o calor não o deixava dormir direito. Depois ele perguntou o que eu estava fazendo ali, parado àquela hora da noite. “Você precisa de algo, meu filho? ”. Tentei improvisar, gaguejando outra vez antes de finalmente responder que estava procurando por inseticidas ou raquetes de choque. “Meu quarto está infestado de pernilongos, pai. Me desculpe, não quis acordá-lo”. Seu rosto pareceu duvidar de minha alegação, mas ele não hesitou: levantou-se um pouco trôpego e apanhou um daqueles repelentes de tomada, entregando-me logo em seguida. Totalmente envergonhado – e sem saber se ele havia engolido aquela mentira, me despedi e voltei para o quarto. Em momento algum não ouvi sequer um bater de asas. “Nenhum mosquito aqui, idiota”, disse a mim mesmo antes de dormir.

2

Embora estivesse acordado desde as seis da manhã, não saí da cama antes das dez, quando finalmente comecei a ouvir os passos de Eduardo caminhando pela casa, indo até a cozinha para preparar o café. Minha vontade era de permanecer ali, enrolado no mais puro constrangimento. A noite anterior havia sido uma catástrofe e eu não sabia dizer se meu pai desconfiara ou não de alguma coisa. Quanto tempo demorei a perceber que ele estava me observando de volta? Foram poucas as vezes em que desejei voltar no tempo e modificar o passado, e aquela era uma dessas ocasiões.

Concluí que o melhor a fazer era me levantar e agir normalmente, então vesti uma camisa de mangas curtas e saí do quarto. Da cozinha, Eduardo gritou e convidou-me para a primeira refeição do dia. Ele estava enchendo a garrafa térmica com o café que havia acabado de preparar, enquanto pães, biscoitos e frutas repousavam sobre a mesa, esperando para serem devorados. Eu me sentei, apanhando um dos pães: embora não estivesse com fome, quis transparecer naturalidade. Eduardo se juntou a mim logo em seguida, trazendo a garrafa fumegante consigo. Ele me serviu.

Um silêncio medonho tomou conta da cozinha. Minha mente insistia na ideia de que talvez Eduardo estivesse suspeitado de minhas atitudes: abraços apertados demais e olhares desejosos (até mesmo durante a noite). O que aconteceria se ele sequer imaginasse que seu próprio filho o cobiçava em segredo? Nada de bom, imaginei. Exatamente por isso pedi a todos os deuses que aquilo não se concretizasse. Seria o fim dos meus sonhos na capital – e o fim da proximidade que existia entre meu pai e eu.

Dez minutos. Esse foi o tempo durante o qual a casa permaneceu muda. O nervosismo me consumia: não sabia se era conveniente puxar um assunto qualquer ou esperar até que ele o fizesse. Para o meu alívio, foi Eduardo quem falou primeiro. “Como foi a noite? Dormiu bem? ” Perguntou-me. Menti, dizendo que havia apagado. Quando ele questionou sobre os pernilongos que me perturbaram durante a madrugada, fui evasivo. Respondi que o repelente havia ajudado. “Depois que o coloquei na tomada, os mosquitos desapareceram”. Devolvi a pergunta a ele como tentativa de esquiva e, embora não parecesse convencido, Eduardo deixou o assunto morrer, começando a falar sobre os planos que tinha para aquela tarde.

3

Terminei o lanche matinal e comecei a lavar a louça, tentando retribuir toda aquela hospitalidade. O telefone tocou nesse momento. Eduardo se retirou para atender e eu permaneci distraído, ocupando-me de algo que me afastasse de pensamentos pecaminosos. Foi então que ouvi a voz sussurrante de meu pai ecoando pela casa. “Não posso! Meu filho ainda está na cidade”, disse ele misteriosamente. Entrei em estado de alerta, tentando captar maiores detalhes daquela conversa.

O som da água se chocando contra os pratos formava uma barreira acústica que me impedia de ouvir com clareza. Obviamente eu não deveria estar bisbilhotando aquela conversa, então não quis agir de forma suspeita – não podia simplesmente desligar a torneira e silenciar meu único álibi. Permaneci atento, tentando filtrar os sons que vinham do quarto de Eduardo para entender melhor todo o contexto daquela estranha chamada telefônica. Apenas fragmentos desconexos chegaram aos meus ouvidos.

“Eu vou dar um jeito.... só mais algumas semanas... saudades também.... não faria isso... me escuta”. A conversa parecia mais uma discussão que qualquer outra coisa. Uma última frase, porém, fez-me estremecer: “Te amo”, ouvi meu pai dizer antes de encerrar a chamada. Embora infinitas possibilidades pudessem justificar aquela ocorrência, pareceu-me difícil imaginar algo plausível. O mais lógico seria aceitar a ideia de um novo relacionamento. Mas porquê Eduardo não me contou que conhecera outra mulher? Talvez ele se sentisse culpado por ter que seguir em frente, fragmentando ainda mais meu núcleo familiar. Seja como for, senti um incômodo terrível ao pensar nele beijando outra mulher. Algo dentro de mim se sentia no direito de possuí-lo, ainda que de forma platônica.

Terminei de organizar os pratos, copos e talheres e então sequei minhas mãos trêmulas. A voz de Eduardo sussurrando promessas de amor para a sua nova pretendente continuava ecoando em minha cabeça. Decidi investigá-la a qualquer custo. Se ele estava com alguém seria simplesmente impossível enterrar todas as evidências deste relacionamento. Em algum lugar daquela casa deveria existir alguma foto dos dois juntos; em algum bar daquela cidade alguém certamente o teria visto com ela – meu pai mentiroso e sua namorada sem caráter não conseguiriam esconder a verdade de mim.

Perguntar diretamente à Eduardo não era uma opção por dois motivos: primeiro, eu já o havia questionado antes, e se ele não quis responder na ocasião, não responderia agora; segundo, eu temia que as suspeitas dele a meu respeito (se é que elas existiam) se confirmassem. Imaginem que cena triste, um filho depravado se apaixona pelo próprio pai e protagoniza crises ridículas de ciúmes. Deprimente. Eu o investigaria sozinho, revirando o quarto durante sua eventual ausência ou interrogando o balconista do bar que ele frequentava.

Saí da cozinha e caminhei até a sala, onde Eduardo assistia à canais esportivos. Sentei-me no sofá e fingi interesse pela reprise dos melhores momentos do campeonato estadual de futebol. Vez ou outra lançava um olhar furtivo em direção a meu pai, que transparecia total serenidade. Enquanto gols se repetiam aos montes na TV, eu pensava em uma maneira de ter acesso ao quarto de Eduardo sem que ele percebesse. Ideias promissoras só começaram a surgir quando me lembrei da vulnerabilidade dele em relação ao álcool.

“Pai, o que acha de voltarmos ao bar do seu amigo Adilson esta noite?”, perguntei. Ele pareceu intrigado, e então expliquei que queria mais tempo entre pai e filho, para fortalecer a relação. A isso Eduardo respondeu que estava inteiramente a minha disposição, dentro ou fora de casa. Tentei improvisar. “Eu entendo isso, e agradeço. Mas gostaria que você começasse a me enxergar como adulto... como homem. Quero poder tomar um copo de cerveja com meu pai, e não venha me dizer que sou menor de idade, pois isso não é desculpa. Não seria meu primeiro copo”.

Percebendo um apelo juvenil em meu pedido, Eduardo concordou, mas não sem antes hesitar e contra argumentar. Tentei parecer maduro o suficiente para encarar a empreitada, e a estratégia funcionou. Meu pai se mostrou empolgado, percebendo talvez que o mundo começava a mudar para seu filho – aquele deveria ser um momento especial; ver seu garoto crescer e assumir suas próprias responsabilidades. Alheio a tudo isso, sorri satisfeito. Se meu plano funcionasse, Eduardo voltaria para casa completamente alterado e sonolento, e eu teria acesso a seu quarto, onde segredos sigilosos aguardavam por uma revelação.

[NOTA DO AUTOR]: O PRESENTE CONTO É FICTÍCIO. ELE FOI SUBDIVIDO EM CINCO CAPÍTULOS QUE ESTÃO SENDO PUBLICADOS SEMANALMENTE. O TERCEIRO CAPÍTULO - LUXÚRIA - SERÁ PUBLICADO NO DIA 02 DE MARÇO DE 2016. SE VOCÊ ESTÁ GOSTANDO DA HISTÓRIA, DEIXE SEU COMENTÁRIO!

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Comentários

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É isso? Ñ vai mais postar? Tomara q esteja td bem, vc parece organizado, sl. De qq jeito, o conto está ficando ótimo, espero q possa terminar.

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falta vc escrever o resto conto o conto ta exceelente continua

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Será que a continuação virá em março de 2017?

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leiam meus 2 primeiros contos vocês irão gostar

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Não entendo esses contistas que escrevem bem, começam um conto ótimo e simplesmente abandonam tudo!

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muito bom seu conto leia meu primeiro conto uma chupada bem gostosa na sua piroca

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Meu, tô curtindo esse relato! E tô ansioso pela continuação! Abraço!

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Perfeito! Estou ansioso pela continuação. Um abraço!

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Muito Bom! Parabéns. Realmente sei muito bem como são esses sentimentos. Dá uma olhada na minha pagina, vivo um relacionamento com o meu pai há 5 anos. Acho que vc vai gostar de conhecer como tudo aconteceu. Abraço.

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