Asfalto - Capítulo 14

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 5602 palavras
Data: 11/01/2016 14:04:10
Última revisão: 11/01/2016 14:05:35

– Capítulo 14 –

Em família

- Então quando ela disse sim, eu quase morri. Não me lembro de ter vivido um momento tão fantástico como aquele. Mal sabia que estava a preste a casar com um general barra-pesada. Ônus do matrimônio. – Fernando falava do seu encontro com a esposa. A família inteira estava na sala de estar, desfrutando do relaxamento da digestão do almoço. – Não teve um só dia que ela não mencionasse o seu nome, ou que não aspirasse ao dia em que ti teria nos seus braços. Assisti aos momentos de desespero, de descrença, e sempre me esforcei para ser uma coluna durante as tórridas tempestades.

- Cheguei até a ficar com ciúmes de você, mas só quando eu era uma criancinha – Ivy se manifestou.

- E isso com certeza foi há bastante tempo – Miguel apertou a bochecha da pequena.

- Claro! Claro! – Ivy balançava a cabeça em solavancos.

- Eu amo sua mãe Miguel – Fernando recebia a confirmação nos olhos do enteado. – E quero que você saiba que, eu farei todo o possível para manter-nos unidos em família.

- Obrigado Fernando – disse Miguel segurando nas mãos dele. – Vejo que você é um homem espetacular. Só pelo que fez por minha mãe, já tem minha eterna gratidão.

- É incrível como você se parece com ela – Fernando o analisou. – Eu sempre quis ter um filho, e ganhei um, com genro incluso no pacote. Quanto a você Conrado, boa sorte! Eles são pedreiras.

- Ô! Sei bem disso. – Conrado levou um tapa no ombro por esse comentário. – Ai, amor!

- É melhor ir se acostumando, quando vocês estiverem morando juntos, piora – Fernando fez piada, levando um beliscão de Silvia. – Ai, amor!

- Doeu foi? – Silvia semicerrou os olhos. – Rédea curta! Aprenda como a mamãe Miguelzinho.

- Sabe Conrado, a gente precisa revidar contra essas manifestações bélicas de mãe e filho – disse Fernando com a voz firme.

- Concordo plenamente com você – Conrado lançou um olhar malicioso.

Eles puxaram seus amores, sufocando suas bocas em um beijo urgente e esmagador. A cena não era romântica, e sim selvagem, mas Ivy babava como espectadora.

- Que lindo, são vocês quatro! – ela juntou as mãos. – Estou me sentindo órfã de carinho.

- Não seja por isso – Miguel se levantou e foi em direção à irmãzinha. –Nós podemos resolver a sua carência, rapidinho. Certo pessoal?

- Certo! – todos concordaram, avançando em cima de Ivy como corvos no milho. Os beijos pipocaram em cima dela.

***

- Sua família é um máximo – comentou Conrado para Miguel.

Os dois estavam no quarto preparado por Silvia. Miguel deitado na cama, enquanto Conrado pegava sua escova de dente, enrolado em uma toalha felpuda.

- Eles são sim – Miguel respirou fundo, cruzando os braços por trás da cabeça.

- E eu? Sou um máximo também? – Conrado se pôs sobre Miguel, com a voz insinuante.

- Você, é só um carinha meia-boca – Miguel o desafiou com o tom de voz.

- Então é isso que você pensa de mim – Conrado roçou os seus lábios nos do namorado.

- Humrrum! – Miguel balançou a cabeça, retirando apoio dos braços.

- Eu posso te provar o contrário – Conrado pressionou o seu corpo no de Miguel, apertando-o com suas coxas desnudas.

- Tenta! – Miguel ascendeu o arsenal inflamável.

Conrado arrancou sua toalha fora com rapidez, e despiu Miguel da camisa branca que ele usava, o deixando apenas com uma cueca boxer verde.

- Uau! – ele mordiscou o peito do cordeirinho. – Eu tenho que admiti; a Silvia e o pastor fizeram um ótimo trabalho.

- Que tal conferir – Miguel mordeu os lábios.

Os dois se atracaram incendiados pelo desejo, a rigidez de seus membros se chocavam em cada movimento violento dos abdomens. Conrado atolou sua mão na cueca de Miguel, explorando seu pênis e sua entrada da felicidade, enquanto este enchia suas mãos com a bunda atlética e empinada do Jadão.

- Mamãe quer saber se vocês... – Ivy entrou de uma vez no quarto, que tinha a porta destrancada, dando de cara com a bunda bronzeada de Conrado.

Os dois foram ao chão, emaranhados no lençol.

- Ai, desculpa – Ivy levou a mão à boca.

Miguel prendia o sorriso, enquanto Conrado preferia não mostrar mais a cara pelos próximos mil anos.

- É... O que você ia dizer mesmo linda – Miguel falava com a mão na boca. A vontade de gargalhar lhe vinha, como um espirro no ápice de um resfriado.

- Mamãe quer saber se vocês não querem acompanhá-la até o centro comunitário. – ela também lutava para não rir. – Mas posso dizer que vocês estão ocupados.

- Não. Diz que a gente vai – falou Miguel, enrolado no lençol, enquanto Conrado permanecia no chão, quase escondido debaixo da cama.

Os risos explodiram no quarto, quando a caçulinha saiu, também rindo baixinho.

- Só me resta o banho, depois desse flagra – Conrado estava vermelho.

- No banheiro a gente tranca a porta – Miguel o puxou rápido.

Os gemidos foram abafados pela água.

***

Fernando havia ido trabalhar no banco do qual ele era gerente, Ivy fora para sua aula de inglês, Miguel, Conrado e Silvia foram para o centro comunitário, onde essa última era voluntária.

O local era bem equipado. Lembrava uma escola. Jardins, quadra poliesportiva, piscina. Muitos jovens espalhados em diversas partes, realizando atividades que iam desde o xadrez até o artesanato.

Miguel e Conrado olhavam tudo impressionado s, guiados por Silvia em um tur.

A última parada foi um salão onde havia aulas de dança. A música era envolvente. Miguel deduziu ser salsa. Os três ficaram parados na porta de vidro olhando vários pares ensaiando passos. Uns mais aprimorados, e outros bem desengonçados. Não havia professor, pelo menos não no momento.

- Aqui a gente criou vários espaços de socialização, nos valendo da arte e do esporte. Não tratamos os jovens como pacientes, mas como alguém que precisa de oportunidade, atenção e afeto – Silvia explicava como se ministrasse uma palestra.

- Miguel?! – uma voz masculina chamou.

Os três se voltaram ao mesmo tempo, para um rapaz vestido com uma calça moletom cinza e uma regata preta.

- Caio? – Miguel se assustou com a tamanha surpresa.

Sim. O primeiro envolvimento de Miguel estava ali, sendo ameaçado de morte pelos olhos de leão de Conrado.

Miguel olhou para o rapaz, que abria um sorriso enorme para ele, sem reação. Ora, o encontro mais improvável de acontecer naquele lugar, o deixou meio que paralisado. Ele o reconhecia, apesar de sua beleza e tipo físico terem triplicado.

Após os intermináveis segundos em que o silêncio, consequente da surpresa, reinou, Caio tomou a iniciativa de puxar Miguel para um abraço apertado, que foi arrastado inertemente como que por uma onda.

- Cara, quanto tempo – Caio envolvia sua cintura. – Como você veio parar aqui?

Miguel permanecia mudo, e Conrado desejoso de arrebentar com a cara do sem-

noção.

- Vocês se conhecem? – perguntou Silvia.

- Sim... Mãe – respondeu Miguel, um pouco gago.

- Mãe?! – Caio indagou.

- Sim – Silvia abriu um sorriso. – Não é uma maravilha, Caio.

- Que loucura – Caio já desgrudado de Miguel, coçava A cabeça tentando processar as informações. – Esse mundo é realmente muito pequeno.

- Muito pequeno, é por isso que a gente tem que ter muito cuidado com o terreno onde pisamos – Conrado arrastou Miguel para o seu lado como boneco de cera. – Sou o namorado dele. – Conrado apertou com firmeza a mão de Caio, travando aquela típica disputa de esmagamento, como um macho marcando o seu território.

- Prazer Conrado – Caio mantinha-se no alto da simpatia, ao passo que o namorado de Miguel o matava demoradamente com o seu olhar fuzilante.

- O Caio é um de nossos voluntários mais ativos – Silvia tomou a iniciativa. – Ministra aulas de danças para os frequentadores do centro comunitário.

- Verdade?! – Conrado fingiu surpresa.

- É sim. A dança é uma terapia para alma.

- Uau! – Conrado revirou os olhos. – E nas horas vagas você faz o quê? Escreve livros de autoajuda?

Miguel deu cutucão disfarçadamente no namorado.

- Só perguntei por que gostei de sua “frase de efeito” – a ironia de Conrado era palpável ao ponto de cortar com uma faca.

- Seu amigo é muito divertido Miguel – Caio apontou para Conrado, rindo.

- Namorado! – Conrado corrigiu como se sua vida dependesse disso.

- Foi o que eu quis dizer – Caio havia entrado naquele velho joguinho. – Bem, vocês querem assistir uma das minhas aulas?

- Sim – disse Miguel.

- Não! – disse Conrado ao mesmo tempo.

- Vocês vão gostar – interveio Silvia.

- Você da aula de balé? – provocou Conrado.

- Nas segundas-feiras, se você tiver interesse... – Caio falava com muita tranquilidade. “Tenho interesse de afundar tua cara, palhaço”, pensou Conrado.

Os quatro entraram no salão, trazendo a atenção da turma para eles. Os alunos acenaram para Silvia como velhos conhecidos.

- Bem gente, hoje eu trouxe uns alunos novos para dançarem conosco.

- Hã! – Conrado olhou espantado para Caio.

- Conrado você me daria à honra – Caio fez uma leve inclinação.

- Quê?!

- Salsa! – Caio se virou para uma moça de cabelo ondulado que estava próxima ao som, e fez um sinal com mão.

A salsa começou a tocar. Caio veio dançando em direção a Conrado, na cadência da música envolvente, seus gestos eram precisos, sua cintura se contorcia em uma coreografia bem ensaiada.

Conrado ficou paralisado diante da proximidade do rival.

- Eu sei que você perguntou pelo balé, mas vai ver que a salsa também é um máximo – Caio o puxou subitamente pelo braço fazendo os seus abdomens malhados se chocarem.

- Ficou maluco? – Conrado tentou se desvencilhar.

Caio o levou para o ritmo da dança e os dois ficaram em uma espécie de... Bem “lutança” (luta + dança).

Silvia e Miguel não puderam conter o riso, nem a turma. A cena era hilária. Aqueles dois homenzarrões, rígidos como rocha, disputando quem seria o condutor, estavam na verdade assassinando a salsa naquela dança desengonçada.

- Você é um homem de sorte Conrado – Caio iniciou o diálogo.

- Torça para que você também seja, pois sua integridade física está correndo um grande perigo.

Caio apenas esboçou um sorriso, enquanto forçava o corpo de Conrado a entrar na cadência. Parecia que nada o tirava do eixo.

- Pela sua maneira doce e gentil de me tratar, acredito que o Miguel deve ter contado a você que...

- Rolou um beijinho insosso entre vocês no passado? – Conrado arqueou a sobrancelha esquerda. – É ele comentou algo do tipo.

- Você é muito engraçado – Caio voltou a rir. – E um péssimo dançarino – ele empurrou Conrado de leve, para o lado.

O namorado Miguel sentiu um rápido alívio por ter se desvencilhado do corpo malhado de Caio, no entanto, sua cabeça queimou quando o seus olhos capturaram a cena: Caio dançando com Miguel. Foi tudo tão rápido que este último não teve nem tempo de aceitar, na verdade ele nem teve o direito à escolha.

- Ah, não! Isso não! – Conrado marchou em direção aos dançarinos, cheio de ódio por ver as mãos grudentas de Caio deslizando pela cintura de Miguel.

- Calma meu rapaz – Silvia segurou no antebraço. – É só uma dança.

Mas Caio já estava muito ousado, explorando o corpo de Miguel com mãos vigorosas.

- Eu não vou aguentar isso! – Conrado partiu em direção aos dançarinos, explodindo de ódio diante dos corpos colados de seu namorado e do “inimigo”.

- Você mudou muito Miguel, tá frequentando academia? – perguntou Caio sem perceber que o perigo se aproximava.

- Não, imagina – Miguel ficou corado. – Acho melhor a gente para por aqui – Miguel tentou se desvencilhar do outro, mas não conseguiu.

- Ah, está tão bom – Caio sorriu. – O seu corpo está ótimo!

- É? – Conrado arrancou Miguel dos braços de Caio. – Agora vê se meu punho também está?

Conrado socou o nariz de Caio com tudo que ele tinha, fazendo-o cambalear banhado de sangue.

- Que é isso meu Deus! – Silvia levou as mãos até o rosto.

- Eu tô vazando – Conrado voltou-se para Miguel. – Mas pode ficar cuidando do seu ex- namoradinho se você quiser. – Ele saiu.

A música parou e todos ficaram assustados com o ocorrido. Aquela tarde agradável se tornara um desastre.

***

Quando Silvia e Miguel chegaram, encontraram Conrado sentado no jardim.

Miguel ainda tentou uma aproximação, enquanto sua mãe entrava no sobrado.

- Conrado...

- Não estou a fim de ouvir – ele estava de costas, e assim permaneceu.

- Mas eu não...

- Eu também não. – ele olhou nos fundos do namorado. – E se você tivesse um mínimo de respeito por mim, não ficaria se esfregando naquele idiota.

- Será que você não consegue entender.

- Entender o que Miguel?! – ele começou a gritar. – Que nessa porra eu estava pagando de palhaço?! – Conrado saiu deixando outro sozinho.

Miguel começou a chorar sentindo um nó garganta, que logo se estendeu em uma dor aguda na sua cabeça, que queimava a nuca. Sua visão ficou turva, e ele foi ao chão.

Conrado ouvindo o baque do corpo despencando no chão, e voltou rapidamente cheio de remorso e arrependimento.

- Miguel! – ele o acolheu em seus braços.

A voz de Conrado soava distante. A cabeça de Miguel parecia estar sendo esmagada por dentro, por alguma coisa que ameaçava explodir.

- A culpa foi minha. É tudo culpa minha – Conrado choramingava ao lado de Silvia. Miguel havia sido levado para dentro de casa, e permanecia desacordado, deitado em sua cama. Silvia já havia pegado o telefone para ligar para o médico, mas seu filho começou a despertar lentamente, um pouco confuso com os fatos recentes.

- O que aconteceu? – ele perguntou com a voz modorrenta.

- Você desmaiou – respondeu Silvia, um pouco trêmula. – Como está se sentindo?

Conrado o fitava com um semblante de culpa e vergonha. Miguel acariciou de leve a mão do namorado, repousada ao seu lado.

- Bem, mas um tanto zonzo. – disse Miguel. – Preciso apenas descansar um pouco, deve ser o calor.

De fato eles estavam nos dias mais quentes de verão.

Não demorou pouco e ele adormeceu, sem ainda se lembrar do ocorrido.

Conrado se posicionou ao seu lado como um cão-de-guarda. Mesmo tendo consciência do temperamento explosivo do namorado de seu filho, Silvia via ali uma demonstração mais do que suficiente de um imenso amor. Os olhos de Conrado mal piscavam, como se uma pequena distração pudesse ser fatal para o seu amor.

Silvia sentou-se ao lado de Conrado e o encarou por um instante, antes de começar a falar:

- Você é muito parecido com a Clarice.

- Eram muito amigas, não era?

- Sim – Silvia respondeu com satisfação. – Ela foi a única pessoa que acreditou em mim, quando ninguém mais o fazia.

Conrado não disse nada por alguns minutos, deixando sua concentração repousar sobre Miguel.

- Eu amo muito seu filho – Conrado disse com alegria. – Daria minha vida por ele.

- Eu acredito em você. – Silvia apertou o seu ombro. – E sei que esse amor vem de longa data.

- Como assim? – Conrado finalmente a olhou, sem entender bem o que ela dissera.

Silvia levantou-se e saiu, ficando alguns instantes fora do quarto.

- Me perdoa meu amor – Conrado apertava a mão de Miguel, beijando-a. – É que eu te amo tanto, que só a ideia de perder me soa como uma condenação à morte.

Miguel apertou a mão de Conrado levemente, adormecido.

Silvia retornou com uma moldura na mão, entregando-a para Conrado.

- O que é isso? – ele perguntou, segurando o objeto que estava voltado para baixo.

- Veja! – Silvia apontou.

Conrado desvirou o quadro, e quase teve o seu coração saltado para fora do peito. O sangue ferveu, a pele estremeceu, os olhos encharcaram diante da visão: uma foto antiga de Silvia e Clarice, sentadas em um jardim com seus filhos, em meio a um piquenique. O pequeno Conrado, só de cueca, beijava o ainda bebê Miguel, na bochecha. As mães riam diante da cena de afeto.

No mesmo instante Miguel despertou, como se tivesse sido chamado, e recebeu de Conrado o quadro com a imagem de amor eterno. Eles ficaram emocionados com a singeleza da foto, e deram um beijo selando as pazes.

- Não tem mais ninguém meu amor, é só você – Miguel sussurrou. – É melhor que ele em tudo, e tem o meu amor.

Conrado riu, beijando novamente.

À noite, tudo estava tranquilo. Os ânimos mais calmos somados aos assuntos resolvidos coroaram o excelente jantar em família, que fora temperado pelas perguntas constrangedoras de Ivy.

- Quando vocês forem ter um bebê, na barriga de quem ele vai ficar?

- Ivy?! – Silvia a repreendeu, sendo a única a não rir.

- Eu acho que o bebê vai ficar mais bem guardado na barriga do Miguel, pois eu sou muito estabanado, e posso machucá-lo. – Conrado beijou a bochecha de Miguel levando um tapa.

- Discordo! – o filho de Silvia se defendeu. – O Conrado é bem maior, então vai ter mais espaço dentro dessa barriga para uma criança.

- Se for dois, pode ficar um em cada barriga, assim eles não ficam apertados como eu no meu quarto junto com minhas bonecas. – disse Ivy.

- Concordo com Ivy – Fernando entrou na conversa.

- E eu vou cortar a língua do primeiro que der continuidade a essa história absurda. – Silvia os fez calarem. Mas a vontade dela era rir.

Os quatro puseram a mão na boca, mas não contiveram o riso.

O jantar seguiu nessa alegria toda, até a última colherada da sobremesa. Quando todos já haviam deixado à mesa, o telefone tocou, e Fernando foi atender.

- É pra você Miguel – ele chamou o enteado. – É uma tal de Christiane.

- Oi, linda – Miguel falou. – Desculpa não ter te ligado, é que... O quê?! Como assim?!

Miguel sentiu novamente a pontada na cabeça, e por alguns instantes sua visão ficou turva, ao ponto de fazê-lo perder o equilíbrio. Conrado logo veio em seu socorro, e o segurou fortemente, o mantendo de pé.

Conrado pegou o aparelho, mantendo o namorado preso pela mão, mas a ligação havia caído.

- Meu pai sofreu um acidente – Miguel explicou com a voz pesada.

- Por Deus Miguel, como isso aconteceu? – Conrado o levou para o sofá.

- Não sei... – ele começou a chorar. – A ligação estava péssima, mas parece que foi muito grave.

- Eu estou aqui com você meu amor – Conrado tentou encostar a cabeça de Miguel em seu peito.

- Precisamos voltar – Miguel ergueu-se desesperado.

- O que houve? – Silvia correu a sala.

Miguel se jogou nos braços de sua mãe, e desabou em lágrimas em seu ombro.

- O pastor Oliveira sofreu um acidente, e parece que é grave – explicou Conrado.

- Tenho que voltar mãe – Miguel anunciou.

- Claro eu entendo, meu filho – Silvia o abraçava forte. – Ah, meu amor, tudo vai terminar bem.

- Sairemos amanhã bem cedo – disse Conrado.

- Não, Conrado! – protestou Miguel. – Você acha que vou conseguir esperar tanto tempo? Eu preciso estar com ele.

- Mas Miguel já é noite – Conrado argumentou. – É perigoso pegar a estrada.

- O Conrado tem razão meu filho – disse Silvia. – Descansa, e amanhã vocês retornam.

- Como eu vou conseguir dormir com meu pai hospitalizado talvez correndo o risco de...

– ele não se aguentou. – Ele pode ter feito coisas horríveis comigo, mas ainda sim eu o amo. Se você quiser ir amanhã Conrado eu te entendo, mas eu vou hoje. Pego um ônibus, carona ou vou a pé, mas eu vou.

Miguel subiu as escadas apressado, entrou no quarto e começou a juntar suas coisas rapidamente, empurrando tudo de qualquer jeito na mala.

- Você vai embora? – perguntou Ivy entrando no quarto.

- Vou meu amor, mas assim que der eu volto novamente – Miguel deu um beijo rápido nela e voltou a juntar as coisas.

- Miguel, que doidera é essa de voltar para casa, sozinho? – Conrado entrou no quarto, ao mesmo tempo em que Ivy saía.

- Conrado, você não precisa voltar hoje, afinal tem todos os motivos para ter raiva dele, mas eu...

- Sabe do que eu tenho raiva mesmo – Conrado puxou Miguel com brutalidade fazendo seus abdomens se chocarem, e olhando no fundo dos olhos dele ele continuou: – de você não entender que se for preciso eu vou até o inferno dançar valsa com o diabo, por você. Cara não tenta mais fazer as coisas, me excluindo delas.

- Conrado... – Miguel o olhava com olhos arrependidos. Os dois deram um curto porem vigoroso beijo.

- Agora chega de sacanagem, e vamos apressar nossa partida – Conrado o soltou e começou a juntar suas coisas também.

Em dez minutos os dois desciam carregados de bagagem. Silvia os aguardava ao lado de Fernando e Ivy, ela estava com lágrimas rasas nos olhos. O início tão maravilhoso, não merecia um desfecho abrupto e trágico.

- Isso está muito longe do que planejei – Miguel se lançou nos braços da mãe. – Queria que tudo tivesse sido perfeito.

- “Tivesse”? – Silvia segurou os lados do rosto do filho e olhou fundo para ele. – Mal começamos meu amor, teremos muito tempo para estarmos juntos.

Despediram-se com muitos afagos e beijos, e partiram.

Conrado dirigiu por muito tempo até sentir sono. Queria comprar um estimulante, mas Miguel não aceitou e decidiram parar numa pequena pousada. Apesar da angústia e vontade de estar ao lado do pai, Miguel não era irresponsável.

O resto da noite passou lento e demorado. Conrado, cansado, apesar de se esforçar para ficar acordado ao lado do namorado, desmoronou em um sono pesado.

Miguel ficou em claro, chorando, pensando, tentando evitar o sentimento de culpa, que insistia em perturbá-lo.

Já eram cinco da manhã, quando ele pegou num leve sono, deitou sua cabeça sobre o peito estufado e desnudo de Conrado e ficou a mexer na correntinha com um pingente da metade da asa, que ele dividia com o namorado, até adormecer.

-... Eu sei que é cruel amorzinho, mas a gente precisa ir, já é tarde. – uma voz longe, ecoava nos ouvidos de Miguel, até que ele despertou.

- Que horas são? – Miguel se espreguiçou e por alguns instantes não se lembrava do ocorrido.

- São oito horas – respondeu Conrado. – Precisamos pegar a estrada.

- Oito?! – todas as lembranças o atropelaram. – Eu dormi demais.

- Você quase não pregou o olho – Conrado se vestia rapidamente, seu cabelo recém- molhado do banho, ainda gotejava. – Escuta: eu liguei pro meu pai, enquanto você dormia, pra saber mais sobre o pastor.

- E o que ele disse?

- Que realmente o acidente foi grave, mas que seu pai não corre risco de vida. Meu pai tentou convencê-lo de ser transferido para o nosso hospital, mas ele não aceitou, mesmo assim meu pai está dando toda atenção médica a ele.

Miguel soltava suspiros de alívio. Contudo, Conrado parecia saber de mais alguma coisa, mas por alguma razão resolveu não contar.

- Não sabe com essa notícia me trouxe alívio – Miguel começou a arrumar as coisas.

- Tenho certeza que tudo vai se ajeitar da melhor maneira possível.

Sem responder, Miguel se enfiou no chuveiro e deixou a água fria anestesiar suas emoções por alguns segundos, ficando surdo ao mundo exterior. Algumas lembranças relacionadas com o dia em que seu pai descobriu o namoro dele com Conrado, vinha em flashes, formando imagens fragmentadas, que não teriam sentido se ele não conhecesse o contexto.

Depois de um rápido café que os aguardava, eles seguiram viajem novamente.

Miguel ficou absorto, divagando sobre a existência humana, enquanto as belas paisagens passavam despercebidas ao seu interesse. O silêncio era fúnebre e a expressão de Miguel era dolorosa. Havia algo mais além da dor emocional, Conrado começava a perceber que o namorado apresentava uma leve convalescência, um abatimento que precedia a noticia do acidente do pai.

- Está se sentindo bem? – Conrado perguntou a ele, tocando-lhe a perna.

- É só um pouco de dor de cabeça. – Miguel fez uma careta de incômodo que revelava que a dor era lancinante.

- Não parece. – Conrado o olhou muito preocupado. – Tenho notado mudanças na sua expressão. Essa dor é constante, não?

- Depois eu vejo isso – Miguel falou impaciente. – Pode parecer que esteja querendo dar uma de filho perfeito, que não mantém o seu amor pelo pai acidentado, apesar de tudo que ele fez. Mas é o que sinto de verdade.

- Nunca duvidei de seus sentimentos – Conrado afirmou. – Sei que você é uma pessoa especial, e que por nada nesse mundo vou permitir que saia da minha vida. E por isso, fico preocupado com um simples arranhão que você possa sofrer.

- Eu te amo, sabia? – Miguel forçou um sorriso.

- Sabia – Conrado respondeu. – Mas não custa nada você repetir todos os dias para mim.

Miguel deu um rápido beijo no namorado, sentindo um pouco da tensão sendo retirada de suas costas.

A viajem seguiu modorrenta e cansativa. No final do percurso, só o silêncio fazia companhia aos dois. Até que em fim chegaram diante do portão da mansão.

Foram recebidos por Luciano, Júlia e Christiane, que os esperavam na sala de

estar.

- Como vai querido? – Júlia abraçou Miguel com afeto maternal.

- Ah, Miguel, que saudades – Christiane se lançou nos braços dele, com a voz embargada.

- Estou mais aliviado, Chris, com a notícia de que ele não corre nem um risco de vida – Miguel olhou para Luciano, que acabava de abraçar Conrado.

- O estado dele é estável Miguel. – Luciano tocou-lhe o ombro, como se guardasse o “porém” da história a todo custo. – Só que... – ele engoliu a seco.

- O quê? – Miguel mudou de expressão.

Os quatro ficaram em uma espécie de silencio confabulado. Miguel correu os olhos por Christiane, Conrado e Júlia, mas estes apenas abaixaram a cabeça como se não quisessem assumir a responsabilidade de algo.

- O que aconteceu? Alguém me fala, por favor?! – Miguel gritou.

- Um caminhoneiro bêbado perdeu o controle do volante, e surpreendeu seu pai, que ao desviar jogou o carro em uma ribanceira. O acidente foi muito violento Miguel – contou Christiane.

- Sim, mas ele está bem, não está? – Miguel estava desnorteado. – Não está?!

- Seu pai sofreu graves lesões na coluna vertebral – começou Luciano. – Miguel, infelizmente ele não vai mais poder andar.

Miguel ficou em silêncio, arfando.

- Quero ver ele – disse por fim.

Conrado veio em sua direção consolá-lo.

- O melhor é que... – Luciano tentou dissuadi-lo

- Quero ver ele! – Miguel gritou.

- Certo – o pai de Conrado concordou.

***

- Tem certeza que não quer que eu entre com você – Conrado estava junto com Miguel, aguardando a autorização para ver o pastor Oliveira.

- Você já pode vê-lo – anunciou a enfermeira.

- É melhor que eu entre sozinho – Miguel apertou a mão de Conrado.

- Tudo bem – Conrado entendeu as circunstâncias.

Miguel entrou no leito, e se deparou com o pai de olhos fechados, aparentemente dormia. Por uma sensação de presença, o pastor Oliveira arregalou os olhos subitamente, encontrando a cara contristada do filho a lhe encarar com doçura e dor.

- O que você está fazendo aqui? – o pai perguntou com uma voz gélida.

- Pai, eu fiquei tão...

- NÃO ME CHAMA DE PAI! – o pastor Oliveira parecia um trovão.

- Não diz isso, eu sou seu filho – Miguel chorava.

- Eu não tenho filho. O meu Miguel está morto. Morto!!!

- Eu sei que as coisas não saíram como o senhor queria...

- Vai embora! – o pastor estava nervoso. – Já conseguiu o que almejou. Eu estou inválido, condenado a uma cadeira de rodas. Deus voltou sua ira contra mim, por causa da sua imundice. – o pastor salivava como um louco.

- Não fala isso pai, eu estou aqui por que quero ajudá-lo – Miguel ia tocar o rosto do pastor.

- Não me toque com essas mãos nojentas. – o pastor fez cara de asco. – Eu não aceito ajuda de um possuído pelo demônio.

- Não vou deixar que você torture o Miguel. – Conrado se precipitou no leito.

- A aberração está completa!

- Chega de tanto veneno! – Conrado segurou Miguel nos braços, e o levou para porta.

- Sumam da minha vida. Vão para o inferno.

- Sabe pastor, Deus não precisa lançar nenhum castigo na sua vida, ser o senhor, chega até ser crueldade demais.

Os dois saíram. Miguel mal podia se manter de pé.

Na mansão, antes que alguém dissesse alguma coisa, assustados com o estado de Miguel, Conrado gesticulou que não é era a hora de falarem. Subiram para o quarto, e lá se fecharam na esperança de que o sono viesse, e arrastasse para longe a recordação daquele dia.

O céu desabou sobre a manhã seguinte. A mansão estava modorrenta, fria e triste. Só o barulho da chuva quebrava o silêncio, porém concedia um ar fúnebre ao dia.

Miguel sentia o aconchego do calor do corpo de Conrado, que emanava para o seu corpo. Os dois estavam sob uma aveludada e encorpada manta azul, abraçados em posição de conchinha, mas não haviam feito amor na noite anterior, nem pudera depois de tudo o que aconteceram, da rapidez e da intensidade dos fatos. O namorado de Conrado sentia-se destroçado, apenas arfando, e, obviamente, acordado, mirando a vidraça da janela do quarto, embaçada pelo frio, e tilintando com a chuva em diagonal, por consequência do vento.

- Adoro esse cheiro de erva doce que você tem no corpo – Conrado falou, com a voz rouca, quase num sussurro. Roçava o nariz na nuca de Miguel, arrancando-lhe alguns arrepios.

- Não estou usando nada – Miguel virou-se de frente para ele, tocando-lhe os lábios levemente.

- Eu sei – Conrado riu, acariciando o rosto dele. – É um cheiro natural. Afrodisíaco, eu diria. Olha o jeito do moleque aqui. – Conrado levou a mão de Miguel até seu pau, por dentro do short de algodão. O membro dele estava duro e muito quente.

- Já tá pensando nisso, safado – Miguel falou com a voz preguiçosa.

- Olha, eu não quero fazer pressão, mas é que nunca mais rolou, né? – Conrado fez uma cara de garoto pidão.

- É. – Miguel suspirou.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas estudando o olhar um do outro. Os olhos de mel denso mergulhavam nos diamantes azuis. Uma lágrima escorreu do olho de Miguel, que foi logo acudida pelos de Conrado. Este olhava de uma maneira que parecia querer tomar a dor de Miguel para si, e livrar seu amor daquele sofrimento.

- Você sabe que eu não vou abandoná-lo, não sabe? – Miguel falou baixinho quebrando o silêncio. – Sabe que apesar da rejeição eu vou estar ao lado dele.

Conrado não respondeu nada, nem mesmo um gesto de posicionamento ele fez.

- Eu jamais teria coragem de pedir para você carregar essa carga comigo – Miguel contornava o desenho da boca do namorado, com a ponta do indicador. – Vai ser uma tarefa árdua, nem sei se vou conseguir fazê-la... – sua voz foi empatada por um soluço.

Nesse momento de mais silêncio o rádio-relógio de Miguel alarmou sete horas. A música “O Children” de Nick Cave começou a tocar. (https://www.youtube.com/watch?v=SMv2vm6D-9w).

Conrado ainda sem dizer nada, levantou-se da cama e puxou Miguel delicadamente pela mão, ele obedeceu sem entender as pretensões do outro. Conrado segurou firme em sua cintura e começou a se movimentar, ensaiando passos de uma valsa desengonçada. O olhar era a única comunicação. Miguel, com os braços apoiados nos ombros do namorado, esforçava-se para não rir. A mão boba de Conrado começava a atacar, deslizando pelas costas de Miguel e parando no bunda, onde deu vários apertões. Miguel mordeu o lábio, e se apoiou na ponta dos pés, emoldurando sua boca na de Conrado em um beijo úmido, macio, cheio de amor e apimentado. Os dois ficaram dançando, com as bocas grudadas, sugando o máximo o sabor um do outro. Eram só eles, a chuva, e a música.

Miguel se afastou de Conrado, depois de finalizar o beijo longo com um selinho, e puxou a camisa do seu pijama, atirando para o lado, em seguida arrastou o seu shortinho para baixo, também jogando para longe. Conrado, com sua excitação visível, olhava o corpo nu de Miguel com os olhos em chama. Reaproximando-se de novo, Miguel lhe deu mais uma beijo, e se soltou, caminhando de costa até cair deitado na cama.

Conrado ficou pelado em um segundo, e se jogou sobre Miguel, chupando seus lábios, pescoço, orelha, descendo sua boca pelo peito rosado e seguindo pela barriga, até encontrar o pau de Miguel há muito tempo rijo. Os dois ficaram emdelicado, sem pressa, curtindo o sabor natural um do outro. Os gemidos eram intensos mais não altos.

Após algum tempo, Conrado virou Miguel de bruços com firmeza e se dedicou a explorar toda a extensão de sua bunda, deslizando sua língua na entradinha dele. Miguel se contorcia sentindo o calor da saliva do outro o umedecê-lo. Logo Conrado posicionou o seu pau, e começou a forçar a penetração, com cuidado, observando as reações de Miguel. Com todo o seu membro enfiado, ele encostou a barriga nas costas de Miguel, e começou a rebolar devagar, remexendo seu pau, em movimentos circulares com o quadril, deixando seus corpos bem colados; as coxas roçavam inflamadas pelo mais puro desejo, mas havia algo mais naquele sexo. Os dois pareciam estar mais conectados. Não era só o tesão, era a alma dos dois que se encontravam a flor da pele, compartilhando não só o prazer e a alegria da união, mas toda a dor e a angústia do espírito partido, do silêncio imposto. Conrado virou Miguel de frente, sem tirar o pau de dentro dele, e enrolou as pernas dele em sua cintura, na posição de “frango”. Agora podiam se olhar, podiam juntar suas lágrimas, seus sorrisos, suas vidas. Conrado se movimentava em vai-e-vem sem pressa, adiando o gozo final, esticando cada segundo em que estava dentro de Miguel, sendo acolhido pelo seu calor e sua maciez.

- Eu vou estar ao seu lado, sempre – Conrado o beijava quase sem fôlego. – Se for preciso que eu chame o pastor Oliveira de pai, eu faço. Tudo por você minha vida, porque não há nada mais importante para mim nesse mundo, do que você.

- Eu te amo Conrado – Miguel falava, sentindo sua barriga se contrair, numa sensação de prazer indescritível.

- Eu mais ainda – o pau de Conrado começava a inflar, engatilhado para ejaculação.

- Pelo destino, pela vida, por Deus. – Miguel tremia.

- Pelo amor incondicional. – Conrado respondia ao estímulo.

- Unidos para sempre.

Os dois gozaram como nunca, estremecendo-se em contrações que os levavam ao puro êxtase. Era a mais perfeita sincronia.

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No final da tarde tem mais dois capítulos de Asfalto. E lembrando, que quem ficar até o final terá uma surpresa, talvez duas. Beijos. "Meu pés se afundam na lama, mas meus olhos contemplam a estrelas" - Lord D.

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Comentários

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já tinha ouvido falar maravilhas dessa historia..estou em extse ão ler cada paragrafo dela.espero que ela tenha um final feliz.essas pontadas na cabeça do miguel esta me cheirando a coisa ruim.voce é um excelente escritor. o site estava meio decaido mas com a volta de alguns escritores como voce .nando mota e dr romantico ele deu um up.beijo meu lindo.

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Nossa como esse conto tem a capacidade xe os levar a um imaginario. Lindo a historia e anscioso para o proximo capitulo

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Não estou gostando dessas dores do Miguel,será que ele ta doente?????Agora eu quero ver o Pastor Oliveira renegando o filho depois que ele cuidar dele.Volte logo pois estou aguardando ansiosamente o proximo

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