Time Of The Season

Um conto erótico de Ocean
Categoria: Homossexual
Contém 1186 palavras
Data: 26/01/2016 16:44:25
Assuntos:

Boa tarde gente. Depois de anos frequentando assiduamente a casa dos contos, tomei coragem para escrever meu primeiro conto. Ele vai relatar a história de dois homens que superaram as adversidades em pró do amor.

Esse capitulo será uma introdução do protagonista. No segundo, a história tomara forma. Deixem suas opiniões, sugestões e críticas nos comentários. Eles são essenciais para que eu possa melhorar como escritor e oferecer um conto cada vez melhor a cada capítulo.

Já se passava duas semanas desde o ano novo. Eu havia acabado o ensino médio ano passado e estava aproveitando as férias. Para quem não me conhece, irei me apresentar. Meu nome é Christopher, tenho 17 anos e moro em Recife, capital de Pernambuco. Sou negro (com muito orgulho por sinal), 1,70, tímido (MUITO!) e corpo rechonchudinho hahahaha. Sou um pouco acima do peso, fofinho digamos assim.

Eu procurava desesperadamente por um emprego, estágio ou qualquer coisa que me impedisse de ficar em casa. Meus planos iniciais eram terminar o ensino médio e no ano seguinte já começar a universidade. Mesmo sendo um aluno dedicado, o ensino que recebi na escola pública na qual estudava desde a 6º série não foi suficiente para que minha nota me deixasse ingressar no sonhado curso de gastronomia.

Eu cozinhava desde os meus 12 anos, minha paixão pela cozinha começou desde pequeno, quando via minhas tias e especialmente minha mãe fazerem mágicas com panelas, facas e ingredientes. Desse tempo pra cá, eu vendo cozinhando para a minha família toda e ganhando elogios das pessoas que provam da minha comida. Não há nada mais gratificante do que ver o sorriso no rosto de alguém que prova algo preparado por você, e esse sorriso, junto com meu amor pela gastronomia que me dão forças e esperança para um dia, abrir meu restaurante.

Me descobri homossexual cerca de 4 anos atrás e desde então, venho num processo de aceitação da minha sexualidade e observando o papel do gay na sociedade atual. Desde pequeno eu já tinha noção do que era racismo, minha mãe sempre fazia questão de que eu soubesse a história do meu povo e da nossa resistência e luta em prol de direitos. Eu não me considero um ativista atuante, mas seu muito do que dizia respeito a minha raça.

Agora, de volta ao começo, eu já havia procurado e inclusive mandando currículos para algumas instituições e empresas que estavam contratando. Meu maior empecilho era a falta de vagas para o Menor Aprendiz. O Brasil já enfrenta atualmente um dos piores momentos na história de sua economia, pessoas já estão perdendo seus empregos e as tais vagas praticamente sumiram dos mercados. Eu nadava contra a maré e tentava a todo custo arrumar alguma atividade que me remunerasse. Meu objetivo era: arrumar um emprego/estágio no começo ano, me matricular num cursinho, estudar durante o decorrer do ano e passar no SISU. Nesse meio tempo, juntaria dinheiro para os utensílios que eu precisaria comprar quando entrasse no curso.

Eu nunca namorei nem tive relacionamento sério com nenhum garoto. Só ficava com alguns mas de uns tempos pra cá eu não havia beijado mais ninguém. Um dos meus sonhos era encontrar um cara especial, que compartilhasse dos mesmos objetivos que eu e que quisesse formar uma família. Outro sonho meu é ser pai. Pode parecer antiquado, visto que a maioria dos jovens da minha idade só querem curtir a vida, mas eu penso bastante no amanhã. Planejamento é algo que sempre fiz no decorrer da vida.

Era cerca de 4 da tarde, eu assistia TV quando recebi uma ligação. O número não estava salvo no meu celular, estranhei de início, mas deslizei o dedo pela tela e levei o telefone a orelha.

- Alô, gostaria de falar com Christopher Silva Albuquerque por favor ? Falava uma voz suave no outro lado da linha.

- Quem fala ? Perguntei.

- É do escritório de advocacia Wachholz & Associados. Seu currículo foi selecionado pelo nosso R&H e gostaria de saber se você estaria disponível para uma entrevista amanhã pela parte da tarde.

Quase dando pulos de alegria do outro lado da linha, respondi que sim e procedi com o diálogo.

- Posso ir sim, respondi eufórico.

- Ah sim, obrigada. Por favor anote o endereço, andar e sala por favor.

Peguei um bloco de notas que milagrosamente estava exatamente ao lado do telefone e anotei todas as informações que ela me deu. Confirmei o horário, e antes de desligar, perguntei qual era o cargo que eu estava concorrendo.

- A vaga é para assistente pessoal de um membro do conselho administrativo. Ele é um homem bastante atarefado e ocupado. Precisamos de alguém que dê conta do recado e que se mostre apto a executar várias tarefas simultaneamente, disse a voz no outro lado da linha com uma dicção de dar inveja, parecia uma oradora.

Me senti desafiado na hora que ela falou isso. E na maior parte das vezes, esse sentimento me ajudava a me concentrar e dar o melhor de mim. Durante as férias de verão do 2º para o 3º ano da escola, fiz um curso de administração com foco em secretaria/almoxarifado e assistência pessoal. Na época eu me queixei com a minha mãe dizendo que eu deveria estar relaxando e me divertindo. Ela disse que a chance era única, o curso era gratuito e que ele poderia me ajudar no futuro. E não é que ela estava certa ?

Minha aparência não estava lá das melhores, então fui ao barbeiro e cortei o cabelo, voltei pra casa e fiz a barba, pelo menos o que eu chamava de barba quando na verdade era apenas uns cabelinhos que nasceram aleatoriamente na área um pouco acima do pescoço kkkkkk.

Preparei o jantar, coloquei a mesa e esperei minha mãe chegar para dar a notícia. Minha mãe tinha 40 anos, mas não aparentava porque ela se cuidava muito bem. Meu pai nos abandonou assim que eu nasci, argumentando que eu jamais seria seu filho, mesmo minha mãe dando plena certeza disso. Não o vimos desde então.

Ela tinha duas confeitarias e estava prestes a abrir uma terceira filial no outro lado da cidade. Sempre minha mãe foi meu exemplo. Ela me criou sozinho, se virou como pode para nos sustentar e depois de tantas dificuldades, seu talento com os doces está levando ela a se tornar uma empreendedora. Eu sinto muito orgulho dela, muito mesmo.

Então, Dona Fernanda chegou com uma aparência cansada mas de satisfação. Tirou uma pilha de papéis da bolsa e colocou encima da mesa. Dei uma olhada rápida e vi que era autorizações da prefeitura, uma ordem de funcionamento, alvará dos bombeiros entre outros documentos necessários para a abertura da loja.

- Fez progresso hoje ? Perguntei.

- Sim! disse ela animada. Finalmente conseguimos a autorização e em algumas semanas a cozinha estará equipada e o salão pronto para inauguração, completou ela.

Sentamos a mesa, jantamos e dei a notícia. Ela me desejou sorte, separou uma roupa " decente " pra mim, e foi dormir exausta. Cerca de 30 minutos depois, também fui pro meu quarto e me deitei, ansioso para a entrevista no dia seguinte.

Continua...

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