Dois Príncipes e uma História - Cap 04

Um conto erótico de Bernardo
Categoria: Homossexual
Contém 2468 palavras
Data: 20/12/2015 15:58:06

Aquele fatídico dia eu acordei com os olhos inchados, minha cabeça doía, ainda estava meio grogue por causa dos remédios que tomei. Por alguns segundos ainda estava perdido, eu queria ter ficado assim por dias, semanas... eu não sentia absolutamente nada mas logo o efeito passou e como um bombardeio de pensamentos tudo veio a tona... Hoje eu teria que enterrar meus dois irmãos.

Naquele domingo acordei meio grogue eu estava deitado no peito de alguém, mas o quarto estava muito escuro para identificar, foi quando eu sinto aquele cheiro que só ele tem. Eu estava dormindo com o Felipe... Porra eu estava dormindo em cima do Felipe... Seus braços fortes me envolviam, sua mão direita estava no meu cabelo enquanto a esquerda estava em minhas costas. Aos poucos minha visão foi clareando e pude ver o quanto era lindo aquele garoto dormindo. Ele parecia um anjo de tão lindo. Fui tentando entender como acabamos naquela posição, eu lembrava de ter chego em casa, lembrei das risadas mas também lembrei que eu chorei, só não lembrava o porque.

Acabei dormindo novamente, pois ainda eram 5 da manhã, quando acordei estava sozinho na cama. Fiquei naquele impasse se Felipe dormiu comigo ou se tudo foi um sonho... até que senti seu cheiro no meu travesseiro. Eu lembrava quase nada do que aconteceu e eu achava melhor assim. Levantei e tomei uma ducha para despertar, graças a Deus não estava de ressaca. Quando cheguei a sala Felipe estava assistindo Bob Esponja, logo que ele me viu mudou de canal, alegando que não tinha nada de bom na TV. Eu não me aguentei comecei a zoar ele, no fim das contas ele deu o braço a torcer e disse que adorava aquele desenho.

- Pega seu café lá na cozinha e vem assistir comigo Bê...- Eu não aguentei e acabei me rendendo. Corri pra cozinha e lá tinha bolo, pão de queijo, suco, frutas achei fofo da parte dele.

- Nossa Lipe quem mais vai vir tomar café aqui? - eu perguntei sentando ao seu lado.

- Ah eu não sabia ao certo do que você gostava...então peguei um pouco de tudo - ele disse sem tirar os olhos da TV.

- Eu gosto de tudo... Obrigada. - Seus olhos se desviaram para os meus, estavam mais brilhantes que o normal, ele apenas sorriu.

Ficamos em silêncio até o fim do desenho, ele fingia estar concentrado no desenho e eu fingia estar concentrado naquele bolo de chocolate (mentira eu amo bolo nega maluca).

- Bê você sabe que o que precisar pode contar comigo não sabe? - Assim que o desenho acaba ele puxa assunto.

Deixei o prato na mesinha de centro e respondi - Claro que sei Lipe, nos conhecemos há tão pouco tempo mas parece que nos conhecemos a anos...

- Cara não fica bravo, mas eu liguei pra Luiza hoje cedo, fiquei preocupado com você ontem... eu não sabia sobre seus irmãos...ela me disse que você nunca toca nesse assunto...- Eu vejo que ele fica um pouco nervoso e seu rosto fica vermelho.

Assim que ele terminou a frase me lembrei do dia anterior o porquê eu estava chorando. - Eu não falo disso com ninguém... Felipe não me leve a mal, eu adoro sua amizade, mas eu não quero falar sobre isso... pelo menos não por agora...

- Claro me desculpe pela intromissão, é que fiquei tão mal de te ver sofrendo ontem, espero que um dia você fique a vontade comigo e possa se abrir, guardar as coisas faz mal pra gente Bê. - ele fala sorrindo sem graça.

Repensei essa frase, foi a mesma que meu psicólogo utilizava nas minhas visitas. Eu tinha que sair daquela conversa imediatamente, eu não estava pronto pra contar o que realmente aconteceu aquele dia, talvez um dia mas hoje não.

- Cara vou estudar minha prova de Bioquímica é amanhã...- Eu disse levantando e me espreguiçando.

- Eu vou pra casa dos meus pais hoje... tu não ta afim de ir lá não? - Eu precisava ficar longe do Lipe, eu estava me apaixonando por ele e eu não podia, eu namorava a Luiza a quase 3 anos, estava muito confuso precisava pensar no que eu estava fazendo.

- Posso não cara, deixa um abraço pra eles, mas essa prova vai ser de matar.

- Então tá mano, qualquer coisa me liga que eu te busco, sua caminhonete ta sem gasolina.

- Eu devia estar muito bêbado mesmo pra deixar você dirigir minha bebê, fala que ela está inteira por favor! - Falei com os olhos arregalados.

Ele pega a chave do seu carro (ah naquela época ele tinha um Civic branco).

- Eiii me respeita que eu dirijo melhor que você seu muleque! - ele para na porta e emenda - Serio qualquer coisa me ligue! Bom domingo!

Resumindo meu domingo foi uma merda, quase não consegui me concentrar para estudar, Luiza viajou com as suas primas para Porto Alegre e só voltava na outra semana e Felipe simplesmente sumiu. Estava começando a me arrepender de não ter aceitado seu convite. Meu almoço eu repeti o que sobrou do café da manhã e acabei dormindo a tarde toda. Acordei com uma ligação do Fê, atendi todo sorridente porém ninguém falava nada do outro lado da linha, muitas risadas um barulho como se fosse uma festa sei lá, pensei comigo "Ué será que ele ligou sem querer?" falo alô mais uma vez até que escuto uma voz feminina dizendo "Calma Fê que fogo é esse?" e me toco que aqueles barulhos eram de beijos. Eles deveriam estar em algum bar sei lá e ainda na mó agarração.

Nossa naquela hora me bateu uma raiva tão grande que desliguei o celular. Fiquei num ciúme daquela biscate agarrando meu homem kkkkk. Eu não poderia sentir raiva ou ciúme, Felipe não era nada meu mas naquele momento eu estava possesso. Peguei minha caminhonete e fui num barzinho lá perto de casa jantar, estava morto de raiva e raiva me deixa com fome. Umas 3 garotas chegaram em minha mesa tentando puxar assunto, dei fora em todas, não estava muito pra jogar conversa fora.

Voltei pra casa perto das 11 da noite e nada do Felipe chegar. Liguei meu celular e só tinha uma mensagem da Luiza me dando boa noite, confesso fiquei super decepcionado. Respondi a mensagem com outro boa noite e fui dormir. Felipe não dormiu em casa, sua cama estava feita. Aquilo me deu um embrulho no estomago, coisa que eu não sabia descrever. Me arrumei e fui pra faculdade, fiz a prova a qual fui meia boca e resolvi ficar no turno da noite estudando com alguns colegas. Não falei nem vi o Felipe aquele dia, na terça ele ainda não tinha voltado pra casa, resolvi mandar um bom dia pra ele, ele respondeu um bom dia super seco e não falou mais nada.

Quarta era véspera de feriado, resolvi viajar para Brasília ver meus pais e buscar o resto de minhas coisas que estavam lá. Fui a faculdade só na parte da manhã pois meu voo era as 15h, não avisei para Luiza e nem para Felipe, pois não iria adiantar nada ela estava em outra cidade e ele estava sumido.

Tem coisa melhor que você estar chateado e receber um abraço de seus pais? Ambos me aguardavam no portão de desembarque, fazia quase três meses que havia mudado de Brasília, mas parecia que havia anos que não voltava lá, tinha me esquecido até daquele calorzinho típico da região centro oeste, fomos direto para um restaurante jantar. Como tinha feito escala em São Paulo minha viagem demorou a beça. É engraçado como as coisas mudam, nosso jantar foi muito divertido, meus pais perguntavam sobre a nova cidade, sobre minhas amizades, sobre meu curso, o porquê de Luiza não ter me acompanhado na viagem.

- Ih pai, nossa vida lá é muito corrida, a Lu está em um congresso em Porto Alegre, mas ela mandou um beijão pra vocês.- Eu me desculpo e não falo mais nada sobre ela. Não queria admitir mas meu namoro com a Luiza não ia bem.

Minha mãe comenta algo que me deixa um tanto surpreso, Rafael meu primo de Goiânia passaria esse fim de semana lá em casa. Deixa eu conta um causo pra vocês, depois dos meus irmãos Rafael era o cara que eu mais gostava no mundo, ele vivia lá em casa. Ele tem a mesma idade de Diego, era aquela festa quando ele chegava. Então em um lindo dia ele vem e me beija, porra eu tinha 15 anos, nunca tinha beijado ninguém nem mesmo garota, foi um choque e tanto porque puta que pariu eu gostei demais daquele beijo, mas ai no fim do beijo o idiota me empurra e me dá um soco no olho. Dizendo que não era viado, aquilo me subiu o sangue, dei outro soco nele e disse pra nunca mais ele aparecer na minha frente. Nós nunca mais nos falamos, exceto no dia do enterro onde ele apenas me deu um abraço. Voltando a história fiquei feliz mas receoso, não sabia como me comportar na frente dele. Afinal o que pensaria ele de mim agora que estava virando "viado".

Fomos pra casa e não recebi nenhuma mensagem de Felipe, estava muito cansado da viagem e logo dormi. Acordo perto das 10 da manhã, Rafael estava à mesa terminando de tomar café da manhã. Ele estava lindo, olhos castanhos esverdeados cabelo escuro, alto, meio bronzeado, ele era muito parecido com Diego, tanto que quando eu o vi senti um frio na espinha uma coisa esquisita, não tão forte como quando via Felipe, mas era algo difícil de colocar em palavras.

- E ai cara quanto tempo muleque!- ele diz vindo em minha direção - Vai embora e nem me avisa né?

Eu fiquei totalmente sem reação, fazia mais de 4 anos que não nos falávamos, mas o abracei e puta que pariu como ele estava gostoso!

- É que foi tudo muito rápido Rafa, quando dei por mim já tava lá...

- Cê sumiu, ai o tio disse que você passou em medicina... Parabéns!

"E você como ta lá em Goiânia? - Perguntei curioso.

Meu pai entra na conversa e diz - Poxa filhão que mancada esqueci de te falar o Rafa ta mudando aqui para Brasília. Olhei pra ele surpreso e sorri

- Legal pode ficar com meu quarto, só volto pra cá talvez daqui uns 5 anos.

- É seu pai está me convencendo, mas fiquei meio assim né... vai que você queira voltar não sei... - ele diz meio envergonhado, eu já imaginava que ele iria mudar pra cá, pois ele estava se formando em direito e já tinha uma vaga garantida no escritório de meu pai.

Rafael não tocou no nome dos garotos e eu agradeci por isso, passamos um dia agradável, fomos até o Lago, até tinha esquecido de Felipe (mentira kkkkk). Eu vi o quanto às vezes somos imaturos, por causa de uma grande besteira fiquei anos sem falar com o Rafa.

Jantamos em casa mesmo e na hora de dormir ele foi dormir no meu quarto onde tinha uma cama de casal e uma de solteiro. Eu sentia falta daquele lugarzinho, me trazia tantas lembranças boas, era como se fosse um deja vu. Tomei banho no meu quarto e ele no banheiro social, terminei primeiro e deitei na minha cama, logo ele entra e fica me olhando da porta.

- Porra cara senti falta disso aqui, eles fazem falta né?. Eu suspiro e balanço a cabeça concordando. -Eu preciso te pedir desculpa Bernardo, eu não estava aqui quando vocês mais precisavam de mim... Tudo por causa de uma besteira cara... - Dito isso ele vem me abraça e começa a chorar. - Po velho desculpa mesmo!

No começo não dizia nada apenas o abraçava, tinha certeza de que se falasse algo eu choraria também. Depois de muitos minutos eu me afasto dele e limpo suas lágrimas.

- Fael já passou, eu também fui muito orgulhoso com você, eu não te dava brecha também... mas você sempre foi meu melhor amigo cara! - ele abriu um sorriso tão lindo que fiquei viajando.

- Se eu te perguntar uma coisa você me responde?- ele deita na cama ao meu lado. Eu disse sim e logo ele solta - A briga que seus irmãos tiveram aquele dia com seus pais é por que eles contaram sobre aquilo?

Respiro fundo mais uma vez e concordo com a cabeça.

- Foda velho eu amava aqueles dois como irmãos... não consigo aceitar isso, Diego era muito estourado, seu pai até hoje se culpa pela morte deles.

- E eu não sei cara? Eu tive certa responsabilidade nisso eu joguei toda a culpa no meu pai e não me orgulho disso...- digo cabisbaixo meus olhos já transbordavam

- Porra Brother bora esquecer isso e vamos dormir amanhã a gente pega estrada cedo - Fiquei meio sem entender aquilo e disse como? - Amanhã a gente vai descer uns paredões, faz tempo que não saio pra acampar!

Quando éramos mais novos sempre fazíamos escaladas, acampamentos essa era a melhor parte de ter irmãos mais velhos. - Serio mesmo cara? Nossa tem anos que não volto lá.

E assim aconteceu, acordamos cedinho na sexta a cidade era mais ou menos uns 200 km de lá, chegamos e montamos acampamento, apesar de ainda ser 10 da manhã, estava um calor terrível, tomamos um banho de cachoeira e fiquei babando no corpo do Rafa, só não era mais gostoso que Felipe e só de pensar nele senti uma pontada no coração, onde será que ele anda meu Deus? Será que já voltou pra casa? E porque não me procurou mais? Só sai desse devaneio quando Rafa me jogou água, perguntando se eu estava dormindo. E com isso começamos a brincar como duas crianças, eu estava curtindo demais aquele passeio. Almoçamos e fomos escalar, Rafa me fez várias perguntas sobre meu namoro com Luiza.

- Cara como tu viaja e não fala pra sua namorada?- ele diz.

- Pow Rafa é complicado, ela viajou com as primas dela e só me contou um dia antes, sei lá ultimamente meu namoro anda meio largado sabe?- Eu disse passando a corda de segurança pra ele.

- Mas você não mudou pra Porto Alegre por causa dela? - achei um pouco estranho seu interesse no meu namoro.

- Na verdade é Pelotas... e não cara, mudei porque encontrei em Luiza uma amiga, sei lá tipo eu amo ela, ela me ajudou muito, mas tem umas coisas me assombrando ultimamente e sei lá acho que to gostando de outra pessoa.

A cara que ele fez foi muito engraçada, tipo épica.

- Mano essa menina tem que ser muito gostosa, porque já vi uma foto e sua namorada com todo respeito é muito gata!

Eu soquei seu braço e começamos uma lutinha besta de garotos. - Não é ela... é ele...- eu falo já ofegante.

-O QUÊ?

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Comentários

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Muito boa essa história. Apesar de ficar tenso com o que aconteceu com os irmãos e o que "causou" a tragédia. Quero mais! rsrs

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Adorei! Felipe é tão sem noção, nem liga se os outros estão preocupados com ele! Quero ver a reação do Rafael agr! Abs!!

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RSSSSSSSSSSSSSSS. EXCELENTE. PUBICA LOGO A PRÓXIMA PARTE.

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