UMA PROPOSTA MUITO INDECENTE

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 1864 palavras
Data: 16/12/2015 10:20:12
Última revisão: 16/12/2015 12:44:44
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 27

- Então, de que lado vosmecê está, Sr. João Paes?

O jovem olhou primeiro para todos aqueles homens sisudos que estavam à mesa, antes de encarar o anfitrião. Bernardo Vieira fizera a pergunta de chofre, quando todos saboreavam tapioca com suco de manga, além de uns deliciosos pães de milho servidos pessoalmente por Catarina Leitão, que parecia recomposta dos últimos acontecimentos. Ninguém dormira ainda, alertas por temer novos ataques. Fossem de quilombolas ou de recifenses, com quem estavam em guerra havia poucos dias. O moço respondeu finalmente:

- Estou do meu lado, Sr. Vieira. E o meu lado não concorda com essa guerra que estourou há pouco.

- Soube que o engenho dos Barreto serviu de resistência contra os holandeses, anos atrás. Devo pensar que o filho não tem os mesmos brios do pai? - perguntou um dos homens sentados à mesa.

- É bem verdade que meu pai combateu os galegos e ajudou na sua expulsão. Mas, a que preço? Ainda hoje o Engenho Velho está desativado, pois ficou imprestável e destruído durante a tal resistência. E não houve ninguém que nos ajudasse, ao menos, a reconstruir suas paredes castigadas por balas de carabinas e tiros de canhões - respondeu o jovem - E, além dos prejuízos com a nossa lavoura destruída, tivemos que bancar dos nossos próprios bolsos a construção de um novo engenho.

- Então, vosmecês também tiveram que pedir dinheiro emprestado aos malditos mascates, para poder construir outro engenho? - perguntou Bernardo Vieira, sob o olhar curioso dos homens.

- Sim. Passamos muito tempo endividados, mas graças a Deus conseguimos honrar nossos compromissos com os credores.

- Mas vosmecê há de concordar que esses empréstimos dos malditos comerciantes do Recife são com juros exorbitantes, não? - perguntou alguém na mesa.

- Sim, terei de concordar. Mas minha família sempre foi de honrar seus compromissos. Não teríamos pegado o dinheiro se não achássemos que poderíamos pagar, mesmo a troco de muito sacrifício - respondeu João.

- Vosmecê está nos chamando de caloteiros, Sr. Paes Barreto? - Bernardo Vieira imprimiu um tom irritado na voz.

- Perdoe-me a franqueza, mas não sei outro nome para definir quem não paga suas dívidas sob qualquer pretexto que não seja a falta de dinheiro, senhores. Ademais, eu fiquei responsável pelo velho engenho que não produz mais nada. Para subsistir e dar de comer aos poucos escravos que não fugiram, tive que virar comerciante.

- E o que vosmecê vende, exatamente, Sr. Paes Barreto? - dessa vez a pergunta saiu da boca de Catarina Leitão, que sentara à mesa depois de servir a todos.

- Vendo galinhas, vendo utensílios de palha confeccionados pelas escravas que ficaram comigo, importo roupas da Europa... Vendo também perfumes à base de flores desta terra, que não são encontrados semelhantes no Velho Mundo. Mas confesso que, sem a ajuda do escravo livre que está quase sempre comigo, eu não conseguiria tanta clientela. Ele é sempre justo no preço e todas as freguesas gostam e confiam nele - finalizou o moço.

Catarina Leitão olhou fixamente para o jovem. Estava encantada pela sua simplicidade sincera que lhe fazia parecer arrogante. Ajudara a salvar a vida do seu filho e depois a própria vida dela, mas parecia não querer nada em troca disso. Ia perguntar-lhe algo mais, porém foi interrompida pelo marido:

- Quer dizer que não podemos contar com vosmecê para combater os nossos inimigos, não é meu jovem?

- Eles não são meus inimigos, senhor. Então, estarei neutro nessa guerra.

Bernardo Vieira de Melo não gostou da resposta do rapaz. Esperava contar com tão bom combatente a seu favor. Os outros homens, quase todos com jeito de fidalgos, voltaram suas atenções para o desjejum, alguns elogiando o sabor da tapioca e a doçura do suco de manga. Então o anfitrião foi grosso:

- Se o senhor já terminou de alimentar-se, gostaria que nos deixasse a sós. Precisamos traçar as nossas estratégias contra os nossos inimigos e ficaríamos incomodados com vosmecê nos escutando.

- Venha comigo. Eu lhe farei companhia enquanto o senhor meu marido resolve suas pendengas. Ademais, vosmecê ainda espera o negro que foi em busca do meu filho... - apressou-se Catarina a camuflar a rudeza do anfitrião para com o jovem. João Paes não escondeu no rosto que ficara chateado. Pela segunda vez estava sendo destratado por Bernardo Vieira. Mesmo assim, ofereceu o braço para Catarina, que saiu sorridente da sala, amparada pelo rapaz.

Mostrou parte das terras e a senzala ao jovem, conversando amenidades, até que foi direto ao ponto:

- Percebi que minha nora, Ana de Faria, tem grande apreço por sua pessoa. E que o jovem também lhe corresponde a delicadeza. Devo pensar que já foram amantes antes dela assumir compromisso de matrimônio com meu filho?

João Paes foi pego de surpresa pela pergunta. Engasgou-se e tossiu várias vezes antes de responder:

- Não, senhora - mentiu - eu vi a a senhora Ana de Faria apenas algumas vezes no Engenho Pindobas, quando lá estive para oferecer minhas quinquilharias. E sempre tive respeito pela sua pessoa.

- Vocês não me enganam. Estive observando os dois. E mesmo antes de ela casar com meu filho, já tinha fama de ser rebelde e de andar de rabo arrebitado para um jovem das bandas de lá - rebateu Catarina, muito séria - E todos da Vila de Olinda criticam seu jeito despojado de se vestir, comparando-se às escravas. Essa mulher nunca foi digna do meu filho. Eu sempre soube disso.

- A senhora me desculpe, mas não sei de nada que desabone a conduta da sinhazinha Ana.

- Pare de ser fingido para comigo - irritou-se a megera - Eu percebo muito bem que vosmecê tem interesse nela. Então, eu tenho uma proposta para lhe fazer...

- E qual seria? - espantou-se o jovem.

Catarina Leitão esteve pensativa, antes de responder. Ainda não estava segura do que ia propor a João Paes. No entanto, adquiriu uma pose decidida e mandou ver:

- Se é verdade que nunca teve intimidades com a minha nora, vosmecê pode ter hoje a oportunidade de desfrutar do seu jovem corpo. Mas, para isso, é importante que o senhor seja uma pessoa muito discreta.

- Eu não estou entendendo, senhora - João realmente achava que a mulher estava mais divagando do que falando com ele.

Nova pausa para pensar e Catarina continuou:

- A verdade é que meu filho não vem cumprindo com suas obrigações de esposo para com essa jovem. Ouvi dizer que ela até anda procurando escravas para suas noites insones, principalmente quando o marido está ausente. E meu esposo está ansioso para que ela nos dê um neto para calar a boca de muita gente na Vila. Então, eu proponho um trato com vosmecê...

Catarina continuava reticente. Ainda não tinha certeza de que pudesse contar com o jovem para o plano que tinha em mente. Mesmo assim, resolveu arriscar.

- Eu facilito para que o senhor tenha uma noite de fartura de sexo com a minha nora. Até pagarei para que vosmecê tenha esse prazer. Mas só verá a cor do meu dinheiro se ela engravidar e parir um menino. Não nos interessa uma criança do sexo feminino. Meu filho tem que ser visto por esse povo como um verdadeiro varão.

João parecia não acreditar na proposta que acabara de receber. Olhou bem para a mulher, querendo ver traços de loucura nos olhos dela. Perguntou, finalmente:

- E como a senhora tem a certeza de que a sinhazinha se prestará a trair seu marido, além de aceitar tão constrangedor acordo? Ela não me parece uma mulher desse tipo de comportamento.

- Ela é uma prostituta ordinária - rosnou Catarina - e quanto a ela aceitar ou não deitar com vosmecê, deixe isso por minha conta. Eu saberei convencê-la. Por bem ou por mal.

João Paes Barreto estava começando a ficar excitado com aquela conversa. Quisera ele que a amada aceitasse fazer sexo consigo. Desde que se separaram, não conseguira esquecê-la. Bateu várias punhetas em sua intenção. Se ela topasse o proposto, seria capaz de raptá-la dali, pois o consentimento ato sexual tornaria claro que não amava o marido. Por isso, quis ouvir o que a megera tinha mais a dizer.

- O senhor inventa uma desculpa qualquer para ficar por aqui, mesmo quando meu filho vier com o seu preto. Eu cuidarei de mantê-lo longe da esposa. Quando a noite cair, enviarei uma escrava com um pote de suco. Será o meu sinal para que vá ao quarto da minha nora. Tome o suco todinho, na presença da escrava e elogie o seu sabor, mas não aceite outra porção. Quando ela se retirar, vosmecê arrodeia a residência. A porta de trás estará apenas encostada. Entre e suba silenciosamente a escada. O quarto dela fica à direita e também estará com a porta entreaberta. No entanto, o senhor deverá se retirar antes que os escravos acordem pela manhã, para irem para a lavoura.

*******************

A noite começou escura, sem Lua. João Paes quase não conseguia conter a ansiedade de ter sua amada - que não vira durante todo o dia - novamente, em seus braços. Mtumba não havia regressado com o marido de Ana de Faria. E ele gostaria muito de poder se aconselhar com o velho amigo. Essa história estava deixando-o muito desconfiado. Esmola grande, cego desconfia - pensava ele. Mas, quando não viu mais nenhuma movimentação no engenho, arrodeou a casa grande. Antes, porém, deu uma olhada pelas frestas da madeira da janela que dava para a sala. Os homens que haviam vindo com o fidalgo estavam espalhados pelo recinto, deitados no chão. Todos com suas armas ao alcance das mãos. Bernardo Vieira não estava entre eles. Decerto estaria no quarto com a esposa.

Fizera como D. Catarina lhe recomendara e tomara o suco oferecido por uma negra jovem, quase uma criança. Depois deu um tempo, antes de sair da senzala, onde estava arranchado. Quando subia a escada que dava para o segundo piso, sentiu-se tonto de repente. Parou, respirou fundo e continuou esgueirando-se na escuridão. Logo encontrou o quarto de Ana de Faria. A jovem estava totalmente despida e deitada na cama. Ressonava forte, como se estivesse num pesado sono. João aproximou-se e tapou suavemente sua boca. Não queria que ela acordasse assustada e gritasse. Mas a moça nem se mexeu.

Sacudiu-a de leve, tentando acordá-la. Nada. Não era possível que estivesse fingindo dormir. Tentou trancar a porta trás de si mas esta não tinha chave na fechadura. Encostou-a bem e ficou observando aquele belo e apetitoso corpo, iluminado por um raio de lua que vinha de uma fresta da janela. O pau pulsava. Doía de tão duro que estava. Tirou toda a roupa. No entanto, sentiu nova vertigem quando abaixou-se para se livrar das calças. Respirou fundo, várias vezes, mas a tontura não passou. No entanto, as pernas abertas de Ana eram muito convidativas. Chamou a amada, baixinho, ao seu ouvido. Nada dela responder. Continuava roncando alto.

Então, ele apressou-se a subir na cama e posicionar-se entre as coxas dela. Quando apontou o pau para a vagina da jovem, sua cabeça rodopiou mais forte. Tentou levantar-se, mas caiu sobre o corpo da amada. Estava quase perdendo os sentidos quando viu a porta do quarto abrir-se devagar. Vislumbrou primeiro D. Catarina. Ela estava seguida de um homem totalmente nu. Antes de conseguir saber de quem se tratava, o jovem finalmente apagou.

FIM DA VIGÉSIMA SÉTIMA PARTE

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Comentários

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Quero ver onde isso vai dar que velha mais maquiavelica

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