Folhas Secas - Capítulo 15 (Último)

Um conto erótico de Hunno Saggie
Categoria: Homossexual
Contém 2432 palavras
Data: 18/11/2015 12:16:53
Última revisão: 18/11/2015 12:30:40

Meus obrigados ao leitores que apenas lêem e aos que comentaram também: O.J Carmo, Ruanito, Geomateus, LC Pereira, Irish, Helloo, Onixy, Matt777, Dakke, Lipe*-*, R Ribeiro, s2 Dricka s2 e Targaryen. Me desculpem mesmo se esqueci alguém.

Agora algumas explanações. Talvez eu terminasse esse conto folha seca muito mais longo, mas consegui em um prólogo e 15 capítulos passar tudo o que queria. E essa história não é só um romance de dois personagens, então poderia ter terminado no capítulo 10, é mais, vai além. Espero que me entendam!

Eu também já disse na minha série anterior, que escrevo por ter uma meta, então tenho um projeto na CDC. Qual é esse projeto? Escrever 4 séries para CDC até Janeiro no máximo. Eu já terminei a primeira, que era um drama pessoal (Na Ordem do Caos) e agora estou finalizando meu romance, que é este Folhas Secas. Então desde já, tenho uma terceira estória para escrever, todas as estórias estão aqui, na minha cabeça. E essa terceira já tem um título: Um "Match" You? — Particularmente, não tenho preferências com títulos de contos em inglês, mas devido ao teor dessa história, fez-se mais que necessário. — E pretendo escrevê-la não sei quando, talvez em Dezembro ou Janeiro, vou dar uma pausa. Mas Um "Match" You é diferente de Na Ordem do Caos, assim como as dois são diferente de Folhas Secas e vice-versa. Um "Match" You? é um conto mais tenso, com alguns momentos de suspense e muito mais sexual. Todas 4 séries são diferentes de uma da outra.

Terminando minhas explicações, finalmente o conto. Boa leitura.

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Folhas Secas

Capítulo 15 (Último) — Lapso e Declínio de Uma Folha Seca

Semana Santa

A morte por afogamento é muito diferente quanto se trata de água doce ou salgada, naturalmente a pessoa não pode se debater, ela não pode falar ou se mover, fica como se fosse uma cruz que vai imergindo... A pessoa fecha a laringe como reflexo do corpo para não ar ou água, os pulmões vão se enchendo de água. A morte é com certeza muito mais certa em água doce, não leva mais de 3 minutos. Pela água ser parecida com a composição de nosso corpo, ela se diluí com os glóbulos vermelhos do sangue levando à insuficiência dos órgãos. Algo bem marcante nesse tipo de morte, é que independente de qual tipo de água, depois do desespero e dos pulmões rasgando, depois você se sente bem, um estado de paz e perde a consciência e morre. É o fim. Você afunda e emerge, e afunda novamente.

Poderia ser isso que acontecesse com Cristóvão naquela banheiro após ter se dopado com calmantes e ter sido derrubado como um elefante. Contudo, como já foi dito anteriormente, essa história vai além.

Não fazia um minuto que Cristóvão caíra no sono em sua banheira, seus pensamentos e sonhos eram sempre Igor, assim como seus medos e pesadelos. O garoto em seu caos total, não soubera lidar com tanto, quisera um fim e uma resolução rápida e eficaz. Sua última visão antes de adormecer era a luz ofuscante da lâmpada de seu banheiro, seu estado de bem estar físico na água tornava o fim tão mais propício. No entanto, seu corpo por razões físicas se deslocara a seu sono, imerso na profundeza. Podia se ver o corpo alvo e despedido do mancebo que era Cristóvão, entre águas e amarguras de forma pueril. Talvez fosse o momento e algum canto da sua mente tivesse bem e finalmente compreendido a vida e a morte. Como era seu desejo tão almejado no início de tudo isso. Só que as veredas não são por esse lado nessa história.

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Igor ainda estava no cemitério, não fazia muito tempo que Cristóvão tinha fugido dele, sentado debaixo de uma árvore quase sem folhas, entre um tapetes de folhas naquele cemitério, talvez algum guarda ou coveiro ou algum incauto o achasse uma assombração entre choros. Mas ali, para ele, naquele momento nada mais importava, se algum momento tinha dúvida do que sentia por Cristóvão, essa se dúvida se esvaiu quando seu coração se viu amarrado pelas palavras proferidas por ele. Ressoavam e o perturbavam ainda, porque estava fazendo aquilo que mais desprezava não só com Cristóvão, mas com Hilda também. Foi quando entendeu que a vida tivesse outras formas. Foi apenas vendo uma folha caindo em sua cabeça. Era leve, seca, alaranjada mesmo sob da noite. Caiu em si, como que o vento leva tudo e levou várias folhas. Como a árvore expulsa todas para sobreviver o inverno.

“Folha seca...”, sussurrou Igor choroso.

De repente toda conversa que tiveram de seu primeiro encontro diante no túmulo fez-se presente e principalmente as últimas palavras de Cristóvão: “eu quero a...”; Igor parou de se lamentar, bruscamente se levantou. Estava nervoso e buscando desesperadamente seu celular no bolso discava o número de Cristóvão ligando transtornado.

“Você ligou paradeixe seu recado após o sinal”, dizia a voz padrão da operadora.

“Cristóvão, onde você tá? Eu... Eu... Eu... DROGA!”, esbravejou Igor em um ímpeto. “Eu tenho que falar com você de verdade, eu preciso saber”, falava Igor desligando o celular.

Antes de guardar o aparelho, viu a hora, ainda faltava pouco para às 22h. Calculou que não fazia mais de 10 minutos que se fora. Precisava ser rápido, temia que Cristóvão tenha feito algo, então abruptamente olhando para os lados, correu para fora do cemitério o mais rápido possível. Encontrou-se no imponente portão daquele cemitério, em uma rua semivazia, mas correndo desesperado atrás de um táxi, não costumava pegar porque não era para sua renda, mas era a única alternativa rápida no momento, encontrando um em quarteirão, não pensou duas vezes em abordá-lo.

“Por favor, por favor, me leve o mais rápido possível ao Condomínio Leto Martins, rua Queres por favor!”, dizia Igor alterado para susto do taxista.

“Sim, senhor, mas...”, antes mesmo dizer algo Igor entravava no carro.

“Rápido!”, mandou ele sem pensar.

O taxista nada falou, apenas pisou no acelerador, mas estranhava o homem. Igor se mostrava impaciente, olhava para o celular, olhava para fora. O carro ia o mais rápido dentro limite permitido. E em quase 9 minutos de viagem, ele parecia chegar na frente da Cristóvão, onde era seu ponto final. Apenas atrapalhado, antes mesmo do carro parar já ia abrindo a porta, para mais um susto do taxista. Foi quando parou e Igor saltou para fora. E parado na frente do táxi, mexeu em sua carteira atrapalhado, não deixou o homem falar o preço. Foi logo dando seu dinheiro para cima dele.

“Toma, Toma, é tudo o que eu tenho!”, falava Igor jogando notas e fechando a carteira atrapalhado.

Então em seu recente momento irracional, correu para casa de Cristóvão. Alterado, percebeu que estava fechado. E lembrou que para sorte do destino, que estava com a chave de Cristóvão em que lhe dera com confiança, planejava devolvê-la para o jovem. E com seu estado nervoso, foi procurando entre seus bolsos, tremendo até achá-la e com um pouco mais calma, identificando qual chave era daquela porta, até conseguir abri-la. Entrou e avulso em seu olhar percorreu a casa, foi logo correndo e subindo a escada, direito para o quarto de Cristóvão. Tentou abrir pela maçaneta, vendo que a porta estava trancada. Então em seu impulso bateu e gritou.

“Cristóvão!! Está aí!?”

Para confirmar se Cristóvão estava ali consciente. Sem resposta, seu desespero se confirmou. Com chave em mãos foi tentando as chaves, mas não estava com calma para procurar, ia tentando efusivamente.

“Droga!”, suspirou ele com o chaveiro caindo no chão.

O desespero era tenaz. Pegou e voltou a tentar as chaves, até que uma finalmente abriu. E não mais, sem obstáculos adentrou ferozmente o quarto, sua visão buscou aflita Cristóvão, sem resultado. Foi então ao banheiro, a porta aberta, foi como um pulo, ele entrou naquela parte branca de azulejos do quarto e se deparou com a banheira transbordando de tanta água da torneira, o chão molhado de tão alagado e o Corpo de Cristóvão inconsciente naquela banheira, e berrou como se fosse seu último fôlego.

“CRISTÓVÃAAOO!!”

Talvez fosse destino, ou um pressentimento de Igor quando aquela folha seca decaiu em sua cabeça e trouxe todos aqueles pensamentos e sentimentos, talvez Igor tivesse tão ligado a Cristóvão que sentira o que ele sentia. Não importa, no final das contas, afinal, lá estava Igor para salvar o garoto soturno em tão pouco tempo. Pulou na água fria e molhando seus pés e como se vivesse para aquilo, tirou o corpo inconsciente de Cristóvão da banheira, em seus braços foi saindo do banheiro o mais rápido possível, em um relance de sua visão, viu frascos de calmantes na pia e entendera tudo, não havia tempo para analisar quais eram, havia uma fagulha de esperança.

“Que merda, Cristóvão! Que merda você fez!”

Falava Igor em seu lapso desespero, deitou o corpo juvenil nu no chão seco, pôs-se de joelhos ao lado, e em seu aprendizado a vida inteira, separou a água que poderia restar sob o rosto de Cristóvão. Esticou a cabeça do jovem para trás, deixando o queixo para cima e elevando o peito, tampou o nariz de Cristóvão com dois dedos e abriu bem sua boca e tomando fôlego foi colocando sua boca a dele, jogando todo ar para fora elevando o peito de Cristóvão. Repetindo sempre os mesmos movimentos exaustivamente.

“Respira Cristóvão! Respira!”

Repetia e repetia Igor desesperado quando se revezava fazendo uma parada no peito de Cristóvão com duas mãos. E repetia os mesmos procedimentos de respiração boca a boca incansavelmente até mal conseguir falar, cansado como um zumbi por alguns minutos. Mas continuava tentando.

“Coff! oss! uss!”

Tossia e expelia um pouco de água o corpo de Cristóvão ao esforço de Igor.

“Tá respirando!”

Sentiu Igor ouvindo a respiração de Cristóvão.

“ACORDA CRISTÓVÃO, ACORDA! CRISTÓVÃO ACORDA, por favor, acorda...”

Não se sabe de onde Igor tirou forças para gritar tão intensamente quanto gritou naquela vez, totalmente cansado pela respiração boca a boca que durou minutos e esperando que Cristóvão não perdesse a respiração novamente. Mal conseguindo gritar de novo e com lágrimas caindo, Igor se pôs a chorar, esperando que o amado acordasse, ao lado dele sempre. Não se sabe também se o efeito dos calmantes estava perdurando, mas toda vida e esperança de Igor e a de Cristóvão consequentemente voltará com o som de seus suspiros, abrindo os olhos lentamente, para surpresa e grande alegria de Igor que de remonte percebeu que o esforço valeu a pena. Com lágrimas caindo, sorria a visão de Cristóvão sonolento, porém acordando morosamente seus cílios recebiam as lágrimas de Igor e um sorriso plantava na face do jovem ao vê-lo mesmo ainda grogue.

“Eu, eu te amo, Igor...”

Sussurrou Cristóvão talvez não acordado ainda, mas sabia que era Igor ali.

“Eu também te amo, seu idiota! Nunca mais faça isso”

Replicou Igor emocionado vendo-o maravilhado.

E como um beijo, os dois calmamente foram tendo, entre lágrimas e sono, era visível o amor para ambos.

“Eu só tava tirando um cochilo”

Assim murmurou Cristóvão fazendo graça da situação e Igor a rir depois do leve beijo

“Eu te amo, e nunca vou te abandonar”

Declarou Igor fixamente olhos nos olhos. Era um momento pleno.

“Eu te amo.... Eu te amo...”

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*

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— E assim entre muitos doces beijos e declarações que vieram depois ainda ali, Cristóvão despido e Igor ainda bobo de tão feliz por ter salvo o amado jovem soturno, era certo que a vida era um. Os dois nunca mais se separaram, depois disso, estão juntos até a hoje. (Sorriso)

— Então acabou? É o fim?

— Depende. Depende de seu desejo ou da sua cosmovisão até. Para alguns é realmente o final, para outros um recomeço ou para quem vive, é tudo apenas uma continuação do grande ciclo da vida. Como foi para os dois, era apenas um broto crescendo...

(Dúvida)

— Muito lindas suas palavras mesmo. Mas então, Cristóvão é seu neto, não é, Senhora Hilda?

... (Silêncio)

— Sim, é meu neto. E meu antigo enfermeiro era o Igor da história, tudo realmente aconteceu.

— Imaginei... E como estão as coisas agora?

(Confusão)

— Ah, ah... Cristóvão deixou a minha filha aos prantos quando se foi para Ribeirão da Cruz com Igor, vivem juntos e se amando e conhecendo a cada dia no orfanato que Igor cresceu. Prometeram e me visitam uma ou duas vezes ao mês aqui nos sábados e Domingos.

— Hum... Interessante, Senhora Hilda.

— Ainda vai ter que esforçar muito, como Igor para estar no lugar dele, Lete. (Sorriso)

— Espero chegar. Mas tá feliz com isso tudo?

(Confusão)

— Eu... Eu...

(Entrada)

— Como está nossa folha de outono? Cheguei para levá-la para nossa consulta.

— Oi, oi Doutor! (Resfolegando)

— Olá, Lete!

(Afastamento)

(Cochichos)

— Doutor, Hilda me contava a história do neto e o antigo enfermeiro dela inteirinha, como é possível?

...

— Eu realmente não sei, Lete. Ela é interna aqui há 4 anos e está estágio severo de mal de Alzheimer. Parece lembrar só das coisas que gosta. É um caso especial.

— Tadinha, mas ela falou sobre as visi...

— (Súbito) O que vocês dois estão cochichando sobre mim ai!?

— Nada não, Hilda. (Sorrisos) Vamos para meu consultório? Lete, me ajude a colocá-la na cadeira de rodas.

— Sim, sim senhor!

(Movimentos)

— Senhora Hilda, vamos ter que colocá-la na cadeira, tudo bem?

— Tudo bem, Lete.

— Vem doutor!

(Movimentos)

— Isso, Lete. Segura firme as pernas dela que eu seguro as costas e a cabeça com cuidado... Certo, certo... Fixa bem os pés dela.

— Tudo bem, certo Doutor!

— Ótimo, vamos indo então.

(Próximo)

— Vamos, Senhora Hilda?

(Confusão)

— Ah... Ah... Vamos... Lete, Quer ouvir uma história muito especial pra mim?

(Ida)

— Que história?

— Do meu neto e um antigo enfermeiro daqui...

(Olhares)

— Senhora Hilda... A senhora já me contou essa história.

(Confusão)

— Anh... Contei?

— Sim, foi agora a pouco, a senhora não lembra?

(Confusão)

— Eu... Eu... Que dia é hoje, doutor?

— Hoje é Domingo de manhã, Dona Hilda.

— Domingo? Mas... Mas... Mas meu... (Confusão) Lete, eu já disse sobre meu neto Cristóvão e Igor estão pretendendo adotar uma criança? (Sorriso)

— Não, não disse, Senhora Hilda.

— Foi num Domingo que eles vieram aqui felizes que nem só...

(Passos)

Fim.

« E das Lembranças se fez o júbilo da vida. E das dores, o Esquecimento. »

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E se me perguntassem se acho o final dessa história feliz ou triste, eu responderia: Ambos. Ou nenhum dois dois. Talvez mais audacioso, dissesse ser um final real. Mas essa história não é minha, como já foi dito, Folhas Secas não se trata apenas de um romance entre dois personagens, essa história é mais além, essa história é de Hilda.

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Comentários

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Esse final da Hilda me deixou tão pensativo. Já havia notado em outros capítulos que alguém contava a história... E esse final me fez pensar que ela talvez estivesse em um delirium, ela estava no asilo no final há quatro anos, mas quando lia os outros contos, me parecia que estava mais tempo... Nossa, altas suposiçõessobre as duas ultimas partes, só pensava nisso https://www.youtube.com/watch?v=mUKQ00Xoc3o

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