Folhas Secas - Capítulo 13 (Antepenúltimo)

Um conto erótico de Hunno Saggie
Categoria: Homossexual
Contém 2632 palavras
Data: 16/11/2015 15:02:33
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Folhas Secas

Capítulo 13 (antepenúltimo) — O Cair de uma Folha

Semana Santa

Aqui começa realmente o andamento final dessa história, com uma personagem secundária, mas importante: Lorena. A mãe de Cristóvão, no lugar um tanto novo aqui, em seu trabalho em uma sala com um balcão de gerência de um departamento de um dos maiores shopping da região que se encontrava em São Leopoldo. Lia algumas reclamações no balcão enquanto pintava as unhas sentada numa cadeira, quando recebe aquela ligação.

“Trimm Trimm!”

“Alô? Senhora Lorena Sousa Martinelli Campos?”, indagava uma voz do outro lado da linha.

“Sum, sou eu mesma. Mas prefiro Lorena Martinelli Campos”, falava Lorena corrigido.

“Sim, desculpa senhora Lorena. Aqui quem fala é José Ribeiro da Alfa ômega Cursos”, dizia o homem categórico.

“Do cursinho do meu filho?”, expressou Lorena intrigada.

“Sim, a senhora acabou fazendo a matrícula de seu filho no início do ano, e nos deixou esse número.”, explicava o senhor.

“Entendo. Mas do que se trata? Cristóvão fez algo? Eu já falei para esse garoto...”, falava Lorena imaginando o pior, até ser interrompida.

“Senhora, não, senhora. É que seu filho tem faltas constantes aqui desde o início das aulas, umas 23, fora os períodos que saiu no meio das aulas”, revelava José abismando Lorena.

“Como?”, expressou Lorena desacreditada.

“Queríamos que se atentasse a isso, caso não soubesse, e que também estamos....”, explicava o homem.

Lorena não tinha menor interesse em planos e calendário daquele curso, o que vigorava em sua mente era que Cristóvão mentira todo esse tempo para ela, ficou definitivamente pensante e chocada. E planejando como confrontar seu filho.

“Senhora, Senhora? Senhora?”, falava ao homem insistente sem ser respondido.

*

*

*

Bem no início de seu trabalho naquela manhã, iniciava Igor com marcas da noite passada e relembrando, mas fazia questão de deixar esses pensamentos pra lá, era hora de seu trabalho, e não podia ficar com a cabeça naquelas coisas. Enquanto se preparava para ver seu cronograma para aquele dia, percebia que tinha um trabalho fisioterápico até certa hora naquela manhã. E se perguntava de Eliza, pois não falava com ela faz algum tempo, estranhamente foi procurando Eliza pelo corredor dos quartos quando para sua surpresa é chamado.

“Igor!”, chamava aquela voz grave.

Igor virou-se e percebeu quem era, era Doutor Humberto, que estranhou encontrá-lo naquele horário e naquele dia.

“Vem cá!”, chamava ele para perto de si.

“O que faz aqui, doutor?”, questionava Igor de sobressalto.

Igor se aproximava mais ao chamado do médico que sorria constantemente, então ficava diante dele naquele corredor vazio e silencioso.

“Desculpa Igor”, começava Humberto tocando no ombro de Igor. “Resolvi vir pra cá, porque chegaram uns equipamentos para meu consultório aqui e tô precisando de uma ajudinha”, pedia Humberto apontando para trás e dando as mãos.

“Tudo bem, eu tenho um tempo até a doutora Alessandra chegar”, Dizia Igor se solidarizando.

“Ótimo!”, expressou Humberto com seu estranho sorriso. “Pode ir na frente”, estranhamente Humberto abria caminho para Igor seguir.

E Igor foi seguindo para o consultório de Humberto, com ele logo atrás. Havia momentos Igor virava para olhá-lo e ele dava aquele sorriso artificial e impactante. No instante que Igor chegou, parou em frente à porta do consultório, com Humberto vindo em pouco tempo, dando um sinal para abrí-la e entrar, então Igor abriu e foi entrando.

“Que equipamentos são... “, falava Igor vendo a sala até ouvir a porta fechando bruscamente. “O quê!? “

Foi o tempo de Igor se virar e ver Humberto com um olhar e sorriso diferentes, era aterrorizador, tirava os seus tradicionais óculos e parecia limpar o rosto com a mão. Igor estava confuso apenas andava para trás ao passo que Humberto se aproximava.

“Shhhh silêncio!”, gesticulava Humberto cada vez mais perto.

“Por que trancou a porta, doutor?”, indagava Igor nervoso tentando escapar.

Então subitamente Humberto agarrou Igor colocando contra a parede, tampando sua boca.

“Eu não disse para fazer silêncio? “, sussurrou Humberto segurando as mãos de Igor atrás.

Com expressivos olhos amedrontados, Igor via-se em uma situação impotente à mercê do sinistro médico. Que parecia sorrir sem parar ao ver o medo instalado no enfermeiro. Igor queria gritar, com sua força resistia, mas achou melhor enganar Humberto e entender o que ele queria.

“Eu vou tirar a mão da sua boquinha se me prometer não gritar, OK?”, ofertava Humberto com o controle.

Suando frio, sem conseguir pensar direito, Igor apenas concordou.

“Ótimo”, murmurou Humberto satisfeito soltando a mão da boca de Igor.

“O que-que você quer comigo?”, balbuciava Igor temeroso após a liberdade da boca.

E Humberto sorriu como se fosse uma grande piada, e com seus dentes brancos de tão resplandecente, aproximou seu rosto perto do ouvido de Igor, causando mais tensão.

“Eu quero você, Igor”, Cochichou lentamente para surpresa e medo de Igor. “Sempre quis, e vou ter você querendo ou não, mas acho melhor ir querendo, vai ser melhor para você “, sussurrava fungando no pescoço trêmulo de Igor que transpirava com a tensão.

“Por quê?”, dizia Igor. “Por quê isso? Por favor, eu não quero, me deixa ir, por favor “, suplicava Igor tenso.

Cada súplica tirava uma gargalhada silenciosa de Humberto, que parou de prendê-lo com suas mãos, para prendê-lo com seu corpo, tocava nas partes de Igor contra sua vontade.

“Igor, Igor... “, repetia o médico. “Esse seu medo, esse seu corpo tenso me leva à loucura”, comentava irascível. “Mas ouça minha proposta, eu sei das mentiras aos internos daqui e como isso pode te prejudicar, se colaborar comigo, todos saímos felizes, você só precisa me deixar...”

Condicionava Humberto quando com uma mão tentava tirar o uniforme de Igor não deixando escapatória.

“Nunca!”, esbravejou Igor cuspindo no rosto de Humberto.

Com o cuspe tirando a atenção do médico, Igor sem pensar deu uma joelhada entre as pernas de Humberto, causando uma extrema dor e o fazendo agachar no chão. Era o momento de Igor fugir.

“AAAOO Desgraçado!”, gritou de dor Humberto com as mãos no saco.

Amedrontado Igor se aproximava da porta abrindo s fechadura atrapalhado para sair daquele local.

“Você é um lixo, Humberto!”, xingou Igor de costas e percebendo que atrapalhado se aproximava dele.

“Eu vou acabar com você!”, ameaçou quase caindo no chão.

“Socorroooo!”, gritou Igor finalmente abrindo a porta.

Repentinamente quase caiu pra fora enquanto Humberto dolorido e cambaleando parecia seguí-lo. Igor não olhou mais para trás de tão desesperado, correu sem rumo para se esconder ou achar qualquer lugar aberto, mas não tinha jeito, mal conseguia raciocinar, foi quando se deu conta que Humberto sabia de tudo, e podia acabar com seu trabalho, então foi no lugar onde queria ao menos ver antes que algo acontecesse.

“IIIIGOOOR”

Foi o grito ameaçador de Humberto, ecoou dando calafrios no enfermeiro fugitivo.

*

*

*

Lorena ainda pensativa, em seu trabalho, planejava ter uma conversa séria com Cristóvão. Sua cabeça estava ainda longe com o amigo repentino e suspeito de ontem, mas não esse o foco, queria saber antes o que Cristóvão fazia tanto fora do curso,tinha certeza que não era para ficar em casa, foi quando ligou para seu filho, antes do almoço.

“O que aconteceu agora?”, disse o rapaz grosseiramente.

“Cristóvão, hoje eu vou sair um pouco mais cedo, tá?”, avisava Lorena naturalmente.

“Sei, sei. Quer almoçar comigo e todo resto”, falava Cristóvão entediado.

“Não. Vou sair só no início na noite, mas ficarei para jantar com você. Então prepara tudo aí”, contava Lorena diante de um espelho.

Cristóvão estranhou no instante o jantar com a mãe, não que não jantassem juntos, mas era extremamente raro ela aparecer cedo da noite para jantar, o que ele atribuiu a semana que era uma época religiosa e cheia de feriados. Só que em sua mente, ele não queria isso, queria passar outra noite com Igor sozinhos.

“Agora a dona Lorena resolveu ser mais participativa de noite, é”, dizia Cristóvão ironicamente.

“Cristóvão, eu tenho algo muito importante pra conversar com você, só isso”, falava era seriamente.

“O quê? Fala agora!”, mandava Cristóvão.

“Não, não. Nem pensar, garoto. Jantar apenas. Tchau até de noite!”, desligou Lorena inflexiva.

Então foi assim a breve ligação, Cristóvão pensava que talvez Lorena talvez soubesse de suas visitas ao Asilo e consequentemente Igor, para seu temor. Pensou em ir ao asilo de tarde, mas não gostaria de que sua mãe chegasse inesperadamente, e já tinha ido ao asilo muito aqueles dias. No entanto, não pretendia ligar para Igor aquela hora, ele ficava sem o celular muitas horas durante seu trabalho. Esperaria até de tarde e ver no que dava, mas em sua mente, queria aproveitar o jantar com a mãe para contar tudo o que houvera com ele, e de algum modo puxá-la para não abandonar sua vó Hilda, seu objetivo no momento.

*

*

*

“Que houve? Que aconteceu?”, indagava Hilda da janela vendo Igor.

Igor entrara com tudo no quarto de Hilda, fechando a porta. Hilda se assustara com o estado de Igor, estava branco, trêmulo, suava de tão apavorado. Seu olhar efusivo desconcertava o clima, para uma situação tensa.

“Hilda, Hilda...”, balbuciava Igor tentando se acalmar.

“Por que tá assim?”, Hilda questionava andando com um bengala até Igor.

Igor sabia que seu estado poderia afetar Hilda, então ficou em silêncio por alguns minutos tentando se aclamar, respirando fundo e compassado, conseguiu raciocinar mais um pouco.

“Desculpa entrar assim aqui, mas só me veio a mente falar com você”, explicava Igor se acalmando.

“Tudo bem, mas o que te aconteceu para tá assim?”, indagava Hilda cada mais séria.

“Me desculpa Hilda, me desculpa mesmo.”, falava Igor frustrado. “Pode ser que eu não trabalhe mais aqui e não possa te ver. Mas saiba que você é uma grande amiga e sempre terá seu neto com você”, contava Igor com um semblante triste.

“Eu não tô gostando disso, não estou nada”, respondia Hilda. “Me fala por favor, o que você fez, Igor, o que você fez?”, exigia Hilda atônita.

“Hilda, eu acho que devo te contar tudo...”, suspirava Igor introspectivo. “Hilda, eu...”

Igor considerou o momento certo para contar a Hilda toda história dele e o que ele fez e também sobre Cristóvão, mas parou na hora, pois a porta se abria para surpresa dos dois e ainda mais medo de Igor.

“Lourdes?”, expressou Igor.

“O que faz aqui?”, perguntou Hilda não entendendo nada.

A mulher que já tinha sido freira uma vez, que tinha ar de severidade e era considerada por todos naquele asilo, estava se fazendo presente no quarto de Hilda. Lourdes olhou fixamente para Igor que se mostrava ainda visivelmente alterado.

“Desculpe Hilda, vim aqui para ter uma conversa com Igor.”, comunicou a dona da instalação.

“O que ele fez? Fale!”, suplicava Hilda nervosa.

“Hilda, por favor, se acalme. É só uma conversa”, dizia a senhora para a velha. “Igor, por favor, venha até minha sala”, falou ela abrindo espaço na porta.

“Igor, por favor, Igor...”, repetia Hilda em desesperada.

“Hilda, eu só vou conversar com Lourdes, eu volto, pode ter certeza”, disse Igor olhando seriamente para Lourdes.

Em sua cabeça, Igor já sabia o que viria, mas não ia desistir até contar a sua parte da história. Apenas encarava Lourdes que sempre mantinha o semblante de seriedade em seu rosto.

“Igor, por favor”, sussurrou Hilda tristemente.

Hilda suplicava e terrivelmente Igor saiu de onde estava vendo Hilda ali, que pedia uma explicação.

“Vamos”, disse Lourdes com Igor saindo do quarto.

Poderia ser o último momento de Hilda com seu enfermeiro amigo, e de Igor com sua amiga anosa, não saberiam dizer, mas apenas ficou Hilda lá, triste, por não saber nada. E Igor mais triste ainda, por não saber seu real destino. Foi assim até chegar na sala de Lourdes, onde reencontrou Humberto e para sua surpresa, Eliza também, que se encontrava cabisbaixa, nem olhava para sua cara. E passou tudo na sua cabeça, o que realmente aconteceu, para sua desgraça. Lourdes se sentou na sua cadeira com sua mesa, onde estava Humberto de um lado e Eliza de outro. Os três se olhavam mortiferamente. Igor apenas ficou de pé, se mostrando forte daquele estranho julgamento.

“Igor, você deve imaginar porque está aqui. Doutor Humberto me contou algumas coisas que me deixaram bastante surpresa “, iniciava Lourdes tirando o silêncio do local.

“Antes de mais nada senhora Lourdes, queria contar minha versão. Doutor Humberto tentou me chantagear e me assediou em seu consultório!”, acusou Igor apontando para Humberto.

“Mas que mentira desse enfermeiro, como quer que acreditemos nisso depois das mentiras e intromissões suas aos internos?”, replicava Humberto cinicamente.

Humberto sabia como deixar as coisas para seu lado, planejara tudo com cautela, fingia e agia para descontrole de Igor.

“Você é um mentiroso, chantagista e um sujeito desonesto, Doutor Humberto! eu não sou uma pessoa má e vou explicar direitinho o que fiz de errado. Não as coisas que você deve ter dito contra mim aqui. Eu nem poderia imaginar que um médico, uma profissão tão sagrada, pudesse ter gente como você, um homem deplorável “, dizia Igor indignada em seu descontrole.

“Parem os dois agora!”, interveio Lourdes calando a discussão. “Igor, o que você acabou de dizer é uma acusação grave, e Humberto tem anos de trabalho nessa instalação, enquanto você começou agora praticamente, você tem provas do que afirma?”, indagou Lourdes no comando da situação.

Igor se encontrava perdido naquela circunstância, não tinha como se defender diante da confiança que Lourdes mantinha em Humberto.

“Não, não tenho, mas..”, falava Igor perdido na situação até ser interrompido.

“Então sem mas, Igor. Eliza está aqui como testemunha que você mentiu sobre familiares de internos, como Sebastião Nogueira, Hilda Campos e Robson Neto. Você tem ciência que essa instalação não permite intromissão na vida familiar de novos internos”, disse Lourdes categórica olhando para Igor.

“eu...”, falava Eliza baixinho tomando atenção até receber um olhar de reprovação de Humberto e se calar.

Igor apenas olhou indignado para Eliza que em um relance o olhou de volta totalmente arrependida, era como se pedisse desculpas a ele.

“Sim. Eu tenho. Assim como tenho ciência que os parentes de Hilda e Robson sabem de mim e não relataram nada contra isso. Assim como eu tenho ciência de como muitos dos senhores dessa casa sofrem e são deprimidos por familiares que os simplesmente abandonam eles aqui, como se não fossem nada! “, discursava Igor totalmente incomplacente.

“Desculpa Igor, isso não é dever dos enfermeiros daqui, nem está na ética da sua profissional tal coisa, serei obrigada a te despedir da Casa de São Leopoldo “, falava Lourdes inflexiva.

“Ético? Ético? Sério que é errado ser humano e fazê-los se sentir mais alegres e sentirem que tem alguém que se importa realmente com eles? Que ética é essa? A de vocês servem a interesse de familiares e não a dos seres humanos que vivem aqui? Que deixam um médico repugnante que assedia e chantageia os outros?”, esbravejava Igor revoltado.

“Igor, você não poderá trabalhar como enfermeiro nessa região, suas atitudes não serão toleradas por corpo nenhum, terei de ser drástica. Terá seus direitos trabalhistas, mas vai ter que conviver com isso. É isso e ponto final. “, levantou-se Lourdes exasperada.

“Como quiser, mas antes quero falar com Hilda”, disse o enfermeiro corajoso.

“Não poderá chegar perto de nenhum interno daqui mais, por favor, saía!”, falava Lourdes gesticulando.

Igor totalmente transtornado deixou a sala com um olhar fulminante para Humberto que parecia se deleitar com o ocorrido, ele tinha vencido no final das contas. Eliza ficava apenas tremendo e seus olhos marejavam com tantos remorsos.

“Me Desculpa, Igor...”, sussurrou Eliza a Igor ao sair.

E Igor só a olhou seriamente, não queria saber mais da amizade com Eliza. Talvez soubesse que ela não tivesse outra alternativa, porém estava indignado demais com aquele lugar, que só pensava em Hilda e como contornar tudo. Sua vida em São Leopoldo estava ameaçada, e Cristóvão tão recente em sua vida, deixava ele mais confuso.

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Comentários

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Quantas reviravoltas nesse capitulo... Cara só pensando no encontro da Lorena com o filho agora

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