Porque não se pode acreditar no amor. Primeira parte.

Um conto erótico de Taciturno
Categoria: Homossexual
Contém 1442 palavras
Data: 16/11/2015 12:24:32
Última revisão: 16/11/2015 14:19:11
Assuntos: Gay, Homossexual

Porque não se pode acreditar no amor.

Fumaça de cigarro. Outra tragada, e outra. Mais fumaça cinzenta espeça é espirada dos orifícios, boca e narinas expelem uma nuvem efêmera que se dissolve no ar rapidamente. O casarão antigo do outro lado da avenida, com telhados vermelhos, cercada por muros altos feitos da mesma matéria que a casa, com uma exterioridade grotesca: azulejos marrons escuro e alguns caules de trepadeiras caindo para fora tentavam de forma vulgar e pueril reproduzir um muro natural, como daquelas velharias americanas de revistas ou cinema. Alan, furtivamente acompanha observando o entra-e-sai dos moradores e pessoas que trabalham naquela residência, olhar atento; conta quantos segundos se desenvoltura os seguranças entre abrir e fechar o portão. Com muita acuidade espera o momento certo para agir. Acocado entre duas árvores, Alan, naquele fim de tarde, com sua pele morena escura, seria imperceptível, se não fosse Matias e Fagner que estavam logo próximo a ele. Ninguém naquele quarteirão notaria sua presença ali.

Um carro com vidros escuros opaco, anda pela alameda do jardim em direção à rua e para, o portão é aberto pelos seguranças da casa, o carro sai e faz a curva à esquerda na rua, liga o sinal de alerta, e anda pela principal até entra em outra rua em direção ao centro. “Isso, abandone o navio”. Pensou Alan. Outro carro branco com placa GCL-8564 vem na rua pela direita, e curva em direção ao casarão. Matias dobra o pescoço e fita Alan preocupado, mas Alan sem dizer nenhuma palavra, assenti, e em um movimento abrupto solta o cigarro da mão e corre em direção ao portão. Os outros o acompanha. Próximos, o segurança Rodrigo, pede para que o carro abaixe o vidro, e antes de pedir os convites e as identidades, saca a arma ao perceberem três crioulos correndo em direção a casa, porém as rajadas abafadas dos disparos cortam o ar e acertam Rodrigo entre os olhos, um fino spray de sangue jorra do minúsculo furo do crânio, o segundo segurança na cadeira demora a sacar a pistola e alvejado na garganta e no peito, cai em seguida inerte no chão. “Eles caíram fácil. Matias, pegue-os e esconda-os naqueles arbustos ali, seremos rápidos agora, vamos buscar o pacote e sair daqui antes que mais alguém saiba. ” Disse Alan olhando friamente em direção ao carro branco.

O carro segue em direção a alameda enquanto Fagner fecha o portão de ferro. Ele observa se alguma possível testemunha desventurada, tem ordens de disparar com sua arma em qualquer homem, mulher e criança. O carro estacionado, Alan olha em direção ao casarão, agora dentro da propriedade consegue observar com repugnância e inveja a beleza do casarão que de longe, entre as árvores, não parecia ser tão grande. Rapidamente ele se absorve nas lembranças da sua infância pobre e desmerecida na favela, com o pai alcoólatra batendo em suas costas com um bambu velho e desgastado o humilhando: “Seu merda, eu deveria ter lhe matado, obrigado sua mãe a ter lhe dado para os cachorros comerem, seu porco sujo”. Lembrava das amargas injúrias do pai, comparando com a vida poderia ter tido se caso tivesse tanto dinheiro como os donos daquele enorme patrimônio, e por isso sentia ainda mais raiva daqueles que moravam ali, sentia como se a riqueza deles fosse culpada por seus problemas. “Esses riquinhos de merda nos devem dinheiro. ” Pensou.

Na casa, uma festa acontecia, Overture to egmont tocava ao fundo, Alan não conhecia que música era aquela, nunca tinha a escutado, e, no entanto, sentia o seu sangue ficar mais rápido e uma sensação turva que fazia-o apertar ainda mais as sobrancelhas e franzir as pestanas. Ao dar a volta, ele aproximava das entradas ao fundo, quando uma mulher tresloucada de bêbada gritava ao ser arrastada para fora por um homem vestido de terno escuro, a mulher gritava e sacudia-se tentando desvencilhar-se das mãos firmes do homem, o homem, calado; arrastava a loira bêbada sossegadamente em direção a piscina, ao chegar próxima à beira o homem segurou-a forte e disse: “Você está suja e fedendo, agora tome um banho! ”. Empurrou a loira dentro da piscina, uma contida explosão de água dos espasmos expulsava generosas quantidades de água, humilhada, a loira soltou alguns gritos entre risos: ‘vai se foder, você não sabe o que é foder de verdade seu brocha’ – gritava. Alan, observou o homem entrando dentro da casa pelo mesmo caminho, olhou em seus olhos e quando ambos se entreolharam, o crioulo apertou o cabo da arma em sua mão atrás das costas, o homem vestido de terno desceu o olhar e entrou à festa. Parecia não ter notado-o escondido, relaxou. Agora bastava encontrar a encomenda e sair dali o mais rápido possível.

Adiantou-se já estava ali a mais de cinco minutos e nada da encomenda, entrou pela festa, observou alguns homens o olhando de soslaio, mas nada o infortunou, afinal; suas roupas não estavam tão sujas e sua aparência poderia ser subjugada a de um reles mordomo. As mulheres ignoravam sua presença ali dento, e era exatamente com essa alternativa que ele poderia adentrar a festa e procurar a encomenda entre os convidados sem fazer suspeita, ninguém ali repararia demasiado em um crioulo, não sabiam o que se passava. São um bando de hienas pomposas e racistas do caralho. Pensava Alan. O barulho impertinente no seu estômago, ali a frente estava em uma mesa bem vistosa uma copiosa refeição, a ceia estava posta de maneira triunfante, era como se ali estivesse rolando um concurso gastronômico, várias unidades de pratos de todos os tipos e cores, Alan imaginou ter visto um animal vivo entre os pratos, mas era imaginação. Sabia que os ricos comiam coisas de muitos nomes estranhos, mas animais vivos. Já era demais. Ele olhava para os convidados, nenhum deles era quem procurava, começou a sentir medo, estava passando do prazo e logo o carro branco estacionado lá fora o deixaria, e Alan teria que arcar com a responsabilidade de ter falhado na sua parte, e ele sabia o que aconteceria com ele. “Eu estou fodido, vamos, apareça, droga”. Disse entre os dentes.

Já pensando em voltar, ele observa uma mulher, que parentava ser uma empregada pelas roupas que usava, subir as escadas, levando em uma travessa alguns apelativos que pegara na mesa, instintivamente Alan acompanhou a mulher. Ao subir as escadas, a provável empregada não estava no corredor a sua frente, tinha dado uma volta a uns nove metros à direita. Seguiu, estava ela conversando com alguém, Alan, olhou rapidamente e a mulher estava em frente a uma porta trancada. Escutou a conversa. “Vamos Pedro Henrique, sua mãe quer que você desça. ” “Não vou descer! Não quero descer! Quantas vezes eu vou ter que dizer isso a você e a ela! ”. Respondeu a pessoa no quarto. “Oh Pedrinho, pelo menos coma alguma coisa, você não almoçou nada, vai ficar doente, abra a porta, eu trouxe algo para você comer. ” A porta se abriu, Alan escutou um trinco abrindo. “Roza você é mesmo um anjo. Obrigado. ” “Que isso Pedro, tome um banho, saia do quarto e desça...”. Barulho da porta sendo trancada. “Obrigado pela comida Roza, mas não vou descer, você sabe disso, pode agora me deixar sozinho? ” “Tudo bem. ”. A empregada voltava para o andar de baixo, Alan, rapidamente se esconde entra no quarto próximo, era um banheiro da casa, escutou quando os passos de Roza sessaram ao final da escada, era agora. Precisava ser rápido ou o plano...

Bah! Bah! Murros na porta! “Para! Não adianta bater, eu não vou descer! ” Bah! Bah! Bah! Incessáveis murros. “Vá embora! Para de bater na porta do meu quarto! ”. Silêncio, um barulho abafado: Pufft! A porta abriu, Alan entrou com a arma – que estava com o silenciador – apontando para o garoto. Amotinado um grupo de carne branca assustada olhava atônito o crioulo ameaçador. “Ei, seu filho da puta de merda! Enfim te encontrei, você queria me foder seu bosta?!”. “Não, eu... eu... ” gaguejava o garoto na cama. “Cala a boca, levanta a sua bunda dessa cama, você vai vim comigo, e sem fazer barulho, ou te mato! Entendeu? ”. Alan se aproxima de Pedro. O garoto sem reação não faz força. Alan segurou o braço dele, puxou-o para que ficasse erguido, em pé; Alan apoiou o braço do garoto nas costas fazendo uma chave de braço com a mão esquerda, e arma nas costas com a mão direita: “Se gritar morrer! Entendeu?! Hein!? Responda Porra! ” “Sim... eu... não fiz nada, por favor. ” “Vamos, temos que sair daqui, e torça para não aparecer ninguém, senão eu mato qualquer um que aparecer, para de tremer essas pernas e anda.”

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Taciturno a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Queria não tá tão cansado pare ler esse conto melhor. Gostei, a narrativa esse clima policial>>>10

0 0
Foto de perfil genérica

Ah, obrigado. Tem muitos erros gramáticos, mas vou tentar corrigir na próxima.

0 0
Este comentário não está disponível