Folhas Secas - Capítulo 1

Um conto erótico de Hunno Saggie
Categoria: Homossexual
Contém 2647 palavras
Data: 05/11/2015 12:03:04
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Obrigado pelos comentários e leitores, mas quero explicar já disse uma vez que estava bastante prolífico, então escrevo muito, o caso Prólogo era porque era uma estória com início, meio e fim. Eu não conseguiria dividí-la. Mas como a Estória está começando agora, tô tentando seguir o conselho de vocês e diminuir o tamanho, não escrevi como queria o primeiro capítulo, talvez escreva e poste o segundo ainda hoje mesmo só para complementar e não se sentirem tão confusos na estória. Espero que gostem~ Replicando Comentários ~

Ru/Ruanito: Entendi. Vou diminuir como disse. De qualquer modo, valeu o/

onixy: o/² Ah, esse capítulo eu fiz de 7 páginas no Word dessa vez, tá?

Irish: (gostei do nickname) Eu não tenho tanta experiência em terceira pessoa não, mas já escrevi algumas coisas. Acredito que dê uma abrangência melhor da estória sob várias perspectivas, não vemos só o que um personagem vê, talvez. Será o caso do meu conto...

Hello: Ah, que chato. Espero conseguir esclarecer melhor com os capítulos.

S2DrikaS2: Obrigado!

Geomateus: Obrigado!²

O.J. Carmo: Eu sinceramente não sei se vai fluir com a estória em si, mas tô me esforçando na melhoria da minha escrita.

LC..Pereira: 10 pra ti também.

Vamos ao conto!

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Folhas Secas

Capítulo 1 – Visitas para Morte.

— Sente-se, quero lhe contar uma história.

— Uma história?

— Sim, uma história muito especial.

— Que tipo de história seria?

— Uma história sobre a vida.

— A Vida?

— Sim, a vida e suas fases, a vida e a morte.

— Tudo bem, quero ouví-la.

— (sorriso) Então não vai poder me interromper ou perguntar nada enquanto estou contando, em hipótese alguma, tudo bem?

— (Risos) Certo, pode começar.

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Março.

Essa história começa com um funeral. Um funeral de um senhor muito especial, seu nome? Sebastião Nogueira Santos, faleceu aos seus 78 anos. Residente da prestigiada Casa de Repouso de São Leopoldo das Graças. Morreu na madrugada anterior, em seu quarto. Sebastião era idoso senil que fazia exercícios, sempre esportivo para manter um pouco de saúde em sua velhice. Porém, essa história não é sobre Sebastião. É sobre pessoas que ele estavam presente ali, em seu nublado enterro vespertino e frio, típica tarde de outono no cemitério mais nobre da cidade, com um paisagismo de encantar até os mais modernos jovens urbanos. Lápides de mármore, granito, jade, outras de vidro, outras de cristais até. Tinha um Campo esverdeado e extenso, até onde olhos chegassem, e árvores de Cerejeiras, outros apenas de Ipês, suas folhas estavam secas, caindo aos montes no chão, deixando os galhos despidos e vazios, era a vida se desmanchando em outono prenunciando o inverno.

“E a Bíblia nos diz que o homem veio do pó, e ao pó voltará, como todos os filhos de Deus. É com grande tristeza e amor, de seus amigos e familiares, que Sebastião, um verdadeiro Matusalém, fiel ao nosso senhor, espirituoso por quem oramos em nosso mais inócuo amor, está partindo, que seja em paz e com toda glória de Deus”.

O padre fazia sua oração e discursava em frente de sua cova para os ali presentes.

Seus poucos parentes, seu filho já adulto que tomava conta de seu dinheiro, os seus netos com sua nora, seus parentes distantes, amigos empresários da cidade, vizinhos, pessoas importantes e prestigiados. Em especial seu filho Marcelo, parecia lacrimejar sob os óculos escuro, mas não chegava perto do caixão do pai.

“De que ele morreu mesmo?”, perguntava na surdina a mais indiscreta.

“Teve um infarto na madrugada de ontem”, respondeu o desconhecido ao lado.

“O filho deve tá bem triste pelo jeito”, comentava a jovem vizinha ingenuamente.

“Que nada, pra jogar o pai no asilo até morrer? Duvido!”, cochichava a velha senhora escondida entre os presentes.

Dos convidados e presentes do funeral do velho Sebastião, estavam realmente, havia um grupo especial, talvez o mais importante nos últimos momentos de seu vida. O pessoal que cuidou dele na Casa de Repouso de São Leopoldo das Graças, esses sim mantinham carinho e humanidade pelo falecido, em especial Igor, a quem o anoso se apegara, o jovem técnico de enfermagem de seus 24 anos, estava profundamente com a repentina morte, chorava silenciosa em um canto mais afastado dos outros junto com seus colegas de trabalho.

“Eu ainda não consigo acreditar, Eliza”, balbuciava Igor olhando para o caixão cheio de coroas de flores. “Ontem mesmo antes de terminar meu turno, fiz uma massagem nos pés do Sebastião, parecia tão vívido, agora tá ali, morto.”, lamentava inconformado a sua amiga e colega do lado.

“Eu sei, Igor. Eu sei...”, sussurrava Eliza com a voz turva. “Ele faleceu no meu turno, ele tava dormindo, quando voltei para o quarto para mudá-lo de posição, ele não dava sinais vitais algum”, Relatava Eliza tristemente ao amigo. “Eu não sabia que esse trabalho seria ainda tão difícil lidar com a morte”.

“Eu sei como é difícil”, disse Igor com uma lágrima escorrendo em seu rosto. “É porque é nosso trabalho ser humano”, comentou por fim. “Eu não sei como vou lidar se mais uma vida abandonada se for...”

“Que Deus conforte essa alma”, desejou Eliza fazendo o sinal da cruz.

As palavras cochichadas de Igor estranhavam Eliza, que por sua vez não o conhecia totalmente ainda, sabia do apreço e apego pelos idosos de seu trabalho, Eliza apesar de triste e em luto, compreendia e via que por dentro estava destruído como se fosse um parente com grande afeto do ancião falecido, e isso a instigava a saber mais. Igor por sua vez, abatido, encontrava-se desolado, tentava não pensar, apenas sentia. E era isso que o tornava mais imprudente.

“Seu Sebastião... “

Após o padre terminar seu trabalho, os convidados foram dar a última despedida e lhe guardar com flores antes de ser enterrado, cada um que se aproximando de cada vez, seu filho junto da família ficaram um tempo a mais na frente do caixão, o nobre homem cochichava algo e jogava uma rosa branca em seguida, e foi assim até o filho de Sebastião agradecer a visita dos presentes. Inclusive do corpo médico do asilo de seu falecido pai.

“Muito obrigado por vocês terem cuidado de meu pai”, disse o homem com pesar nas palavras, mas difícil identificação de seu rosto por cauda do óculos.

“De nada, senhor Marcelo”, respondeu Eliza educadamente apertando a mão do homem.

“É, nada”, respondeu Igor friamente com as palavras.

Igor se afastou para não ter que cumprimentar o filho de Sebastião, que nem ligou para indelicadeza do jovem, Igor sentia uma tremenda ojeriza com a situação, não queria participar, olhava com indignação para o homem cumprimentando e agradecendo todos.

“Pra quê isso? “, Indagou Eliza percebendo a atitude grosseira de Igor e o cutucando.

“Eu não tenho que fazer parte desse teatro”, resmungou Igor no ouvido de Eliza. “Tenho asco desse homem”, finalizou Igor revoltado.

“Mas é filho do Seu Sebastião... “, murmurou Eliza surpresa com o estado de Igor.

“Filho ou não, só sei que esse Marcelo abandonou o pai quase perto da morte e nunca fez questão de visitar, de fazê-lo se sentir amado, de fazer parte de uma família naquela idade. Deve tá bem feliz com a herança que herdou agora, lágrimas de crocodilo isso sim!”, Igor expulsava toda sua raiva e revolta em murmúrios que só Eliza poderia ouvir e julgar calada.

De fato, Marcelo, filho de Sebastião acabara de herdar uma fortuna e todos seus negócios legalmente com a morte do pai, se houve um pingo de luto, espargiu-se com o ouro.

“Mas Igor, você como enfermeiro não pode ficar fazendo esses julgamentos ou falando essas coisas da família, vai que a chefia saiba, vai dá feio pra ti.”, explicava Eliza precavendo o amigo dizendo em seu ouvido.

“Eu sei, eu sei, Eliza. Só não consigo me deixar de me envolver tanto.”, Igor cochichava olhando vagamente, era um vazio ao olhar o túmulo de Seu Sebastião, já recebendo as terras do coveiro.

Percebendo que o funeral estava terminando, e Sebastião finalmente sendo enterrado à 7 palmos de terra no chão, Igor tinha que fazer sua última despedida, segurava uma rosa vermelha especialmente para ocasião.

“Eliza, me espera aqui. Vou me despedir”, avisou Igor de sobressalto e seguindo para o túmulo, ao passo que Eliza apenas concordou.

Igor se pôs de cócoras frente ao túmulo, teve uma visão decadente, via um caixão cheio de flores de um velho senhor que sofrera, de fato, estava morto. Igor ainda não consegui acreditar, mas aquela visão lhe trazia um estranho temor, congelava a alma, passou a lembrar de momentos juntos, lamentando como a vida era injusta com ambos. Lágrimas teimavam de cair de seu semblante tristonho, e junto delas sentia um forte remorso.

“Seu Sebastião...”, sussurrou o jovem. “Eu não sei se o que fiz foi certo, no fundo sentia que estava tudo bem ao ver que o senhor parecia menos triste, mas ainda assim uma parte de mim se sente culpada. Sou culpado por ser humano. “, confessou Igor segurando a rosa e a fitando junto de seu túmulo. “Seja onde o senhor estiver, espero que agora esteja mais feliz, me perdoe”, ele deu um sorriso confrangido. “Adeus Seu Sebastião”.

Igor jogou sua rosa vermelha, junto de suas brilhantes lágrimas no túmulo do defunto, onde a terra iria o cobrir e comê-lo, terra que o coveiro jogava lentamente e Igor apenas olhava fixo para aquele buraco fúnebre.

“Igor!”, chamava Eliza docemente atrás dele. “Temos de ir, só tínhamos uma hora para vir, e demoramos, temos que voltar para o trabalho”, avisou Elisa se curvando e tocando seu ombro.

“Certo.”, murmurou Igor concordando.

Ao se levantar de sua posição, limpou as lágrimas de seu rosto com a manga de sua roupa social. E por um instante, poderia ver além, alguns metros à frente, atrás de uma árvore seca, uma pessoa, um vulto estranho, que olhava incessantemente, mas ao perceber sua presença, sucumbira por detrás da árvore desaparecendo em um relance, algo que deixou Igor paralisado e pensativo.

“Igor?”, Eliza o segurava pelo braço chamando-o. “Vamos!?”, sugeriu ela percebendo que o amigo prestava atenção agora e o puxando.

“Oh sim, vamos.”, Igor suspirou e foi embora sendo puxado por Eliza, mas em seus passos trôpegos, e muito mais pensativo.

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“Puta merda...”, arfava uma voz por detrás de uma árvore.

O que era o vulto visto por Igor? Ou melhor, quem? Nada menos que o segundo personagem dessa história, Cristóvão. O garoto com seus recentes 19 anos, um tanto problemático e confuso, de hábitos estranhos. Cristóvão eventualmente estava à espreita naquele funeral, sua mente pérfida parecia planejar algo, mas parecia temer algo, não gostava nenhum pouco da situação de ser descoberto e expulso, era o que ele supunha. Parecia abraçado no caule daquela árvore, observando tudo de longe, algo ali lhe fazia se sentir bem, era agradável ao seu ego. Tentava ao máximo não chamar atenção deixando seu corpo fora de alcance, revezando com sua cabeça para olhar adiante.

“É um cheiro bom...”, suspirava Cristóvão ao sentir uma fria ventania vendo aquelas pessoas de preto se dispersando naquela tarde. “Tem cheiro de morte”.

Cristóvão entrava em um estado de orgasmo com a situação, um orgasmo pessoal, algo que só ele poderia ter naquele momento. Mas não estava feliz sentindo isso, e era por isso que sentia aquele prazer funéreo, era isso que Cristóvão almejava.

Seu olhar se fixava no túmulo de Sebastião, era esse o foco, desejava que todos se fossem logo, tinha uma pressão intransigente. Porém, foi o que lembrou o que tinha que fazer. Pegou seu celular no bolso, e tomou todo cuidado para não ser percebido de novo, mas ao ligar a câmera, deparou-se que o cara que tinha levantando o olhar para ele estava ainda ali, um pouco distante, mas mirava sua visão para a árvore. Rapidamente Cristóvão tirou umas fotos do túmulo, dos coveiros e do pouco pessoal que ainda restara, e depois analisou.

“Ei, quem é você? Algum parente ou paparazzi?”, uma voz indagava tocando o ombro de Cristóvão por trás pegando-o no flagra.

“Ooh!”, expressou Cristóvão assustado sentindo o toque atrás dele e a pergunta exigente.

“Vai responder ou não, rapaz?”, O homem de voz imperativa exigia com uma cara séria.

Parecia bravo, mas só estava curioso, não queria impor medo, pois era divertido, para o estranho. Cristóvão se virando, tentou manter a calma, e começou a analisar o estranho. Estava com uma roupa bem formal digna de luto, constatou que não se tratava de algum segurança. O que lhe deu convicção de conseguir passar por aquela situação com o estranho o encarando, fazendo Cristóvão dá um cínico sorriso e levantar as mãos.

“Não sou nenhum dos dois”, respondeu Cristóvão objetivo olhando olhos nos olhos. “Tô aqui só pra ver o morto, bem... Morto.”, suspirou revelando dando um breve sorriso.

Por um momento o estranho o homem o encarou, não parecia se dar bem com a atitude de Cristóvão de ousar o olhar com a mesma efervescência que ele e ainda ter audácia de confrontá-lo, era uma guerra de egos e esperteza.

“Ahaha tá Certo então.”, disse o estranho descontraído para espanto de Cristóvão e tocando em seu ombro novamente. “E tirando foto pra quê? “, questionou ele apontando para o celular na mão de Cristóvão.

“Ah isso!?”, indagou Cristóvão mostrando a tela. “É só pra guardar de lembrança”, sorriu debochado.

“Tá certo rapaz, só cuidado que aqui pode ter gente, incluindo mortos que não curtem isso”, respondeu o estranho cochichando em seu ouvido e indo para o lugar onde estava o túmulo de Sebastião.

“Pode deixar”, replicou piscando.

Cristóvão não gostou nada do estranho, algo nele o incomodava, mas estava aliviado por ter se safado com sua lábia, não estava mais escondido atrás da árvore, mas ficou próximo, agora com uma visão melhor, onde pôde observar o estranho indo a encontro de algumas pessoas familiar a ele, uma delas era quem o percebeu. Resolveu esperar alguns minutos até o lugar estar todo disperso, principalmente quando aquele grupo fosse embora. Passado alguns minutos, percebendo que não tinha mais ninguém por perto, logo anoiteceria. Cristóvão seguiu finalmente até então o mirado túmulo. Pôs-se de frente, ficou de cócoras e visualizou a terra batida que era bem recente, ficou a analisar e refletir por alguns minutos diante do morto. Demonstrava uma profunda tristeza quando olhava para baixo.

“Ei, velhinho...”, iniciou de súbito .“Você não me conhece e nem eu te conheço”, falava Cristóvão ofegante. “Você é o número 9, Sebastião, certo?”, dizia ele olhando para lápide.

Cristóvão estava avulso, parecia desconcertado com algo, respirava e expirava constantemente, e voltava seu olhar para terra e a lápide.

“Olha eu falando com um morto”, Cristóvão ria. “Quer dizer, com ninguém. Devo tá parecendo um louco “, arquejando enquanto olhava para os lados. “Mas no fundo queria conversar com a morte...” suspirou ele. “Espero não ter que esperar a morte até sua idade, se não... Se não... Eu vou ter que trazer a morte até a mim”, disse Cristóvão sorrindo estranhamente enquanto fazia impulso para se levantar.

Tocou a frígida lápide de granito, e a apreciou em cada detalhe, até lembrar de algo e voltar a sua posição anterior.

“Tenho que tirar umas fotos, Sebastião”, disse Cristóvão tirando o celular do bolso e fotografando o recente túmulo em seus mínimos detalhes. “Parece que ficaram boas, olha!”, dizia o garoto mostrando a tela do celular para lápide, seguidamente as viu e guardou o aparelho novamente no bolso. “Seu Sebastião, eu não trouxe flores, mas peguei uma folha caída de uma árvore ali, acho que serve“, disse o jovem apontando para longe e tirando algo do bolso. “Então é para você”, ofereceu ao túmulo colocando aquela folha amarelada delicadamente em cima da terra.

No exato momento suas mãos tocaram a terra do defunto, e se sujaram. O que deixou Cristóvão encantando e prontamente aproximou suas mãos sujas de sua face e aspirou o exótico odor da terra de um cemitério.

“É, a morte deve ser encantadora.”

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Comentários

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Muito bom , bem exótico , esse texto me lembrou um pouco do "nico filho de hades" do livro "os herois do olimpo" que por incrivel que pareça é gay e no final da série ele fica com um dos filhos de apolo que tem tecnicas medicinais . eles são mt parecidos :D adorei <3 por isso eu amo os livro do rick riordan kkkk . Ai tu me pergunta , quem te perguntou ? . kkkk , desculpe-me quando eu começo a falar eu me empolgo não paro de falar kkk . Beijo de sangue e fogo de um targaryen .

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Foi um texto fúnebre e leve, uma boa morte deve ser assim?!

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Tá muito bom. Gostei da aura quase sombria do final :)

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