A FODA DOS SONHOS DELA

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 1853 palavras
Data: 27/10/2015 08:37:18
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

Mona está de volta – Parte final

Abriu os olhos com cuidado, para acostumá-los com a luz, mas o quarto estava na penumbra. Tentou mover os braços, mas percebeu o soro injetado na veia. Piscou os olhos, curiosa para saber onde estava. Parecia um apartamento de hospital. Conseguiu erguer a cabeça e ler o que estava escrito no lençol que a cobria. Clínica Maria Pompeu. Gelou. Voltara para o mesmo lugar de onde havia fugido. Ouviu passos no corredor e ficou tensa.

- Como vai minha paciente safadinha? Hora do banho – disse uma enfermeira loira invadindo o quarto, com uma bandeja nas mãos contendo remédios e sabonete líquido.

Mona olhou para ela, reconhecendo-a de pronto. Era a enfermeira Veruska, que cuidava dela desde quando fora internada ali para retirar um tumor no cérebro que já estava prejudicando a sua visão. Antes, passara alguns meses internada numa casa de repouso. Uma residência afastada do centro urbano, com um lindo rio ao lado. Lembrava-se de tudo, agora. Movimentou a mão, levando-a à cabeça, bem no momento em que a enfermeira acendia a luz do quarto.

- Hora de deixar a preguiça de lado e tomar um gostoso banho matinal – disse a jovem de pernas torneadas e corpanzil enorme, mas todo proporcional, voltando-se sorridente em direção à Mona. Aí derrubou, sem querer, a bandeja ao solo, ao perceber que a paciente finalmente acordara. Correu ao interfone, colado à parede, e discou um número. Afobada, anunciou:

- A paciente do quarto treze acaba de acordar. Chame imediatamente a senhora Maria Pompeu – disse desligando o aparelho assim que terminou de falar, sem esperar que alguém dissesse algo do outro lado da linha.

Correu até a paciente e perguntou como ela estava. Mona respondeu que sentia uma fome enorme - E a falta dos meus cabelos – disse ela passando a mão no couro outrora cabeludo. Estava totalmente careca, mas os pelos já despontavam em sua cabeça.

- Parece que a extirpação do tumor foi um sucesso – rebateu a enfermeira loira – mas passamos um longo tempo temerosos por você. Consegue se lembrar de como veio parar aqui?

Mona, realmente, pensava com muita clareza agora. Era casada com um lindo negrão, escritor, que a amava e era totalmente correspondido por ela. Havia um livro, com capa velha de couro, intitulado Os Contos de Mona (*), comprado num misterioso sebo, que a fazia viver fantasias sexuais quando escrevia algum poema nele. No entanto, com o decorrer do tempo, o livro foi dominando quase que totalmente a sua personalidade. Já não sabia mais o que era real ou delírio, tal a intensidade dos seus loucos sonhos extremamente sexuais. Negligenciou seu trabalho como advogada de uma empresa bem conceituada e quase já não saía mais da cama. O marido, que tinha um livro idêntico ao seu, onde se lia sempre novas histórias eróticas escritas nele, sem que ninguém soubesse quem as escreveu, passou a desconfiar que ela estava possuída. Combinaram de procurar algum terreiro de Umbanda para desvendar o mistério. Lá, uma pomba gira aconselhou-os a queimar ambos os livros, para se livrarem da possessão. Mona negou-se a queimar o seu.

Seu marido, no entanto, estava disposto a livrá-la da influência maléfica. Jogou o próprio livro na fogueira acesa no terreiro e estava decidido a queimar o que pertencia a Mona. No entanto, assim que o seu livro começou a arder em chamas, sua esposa soltou um longo grito de agonia, como se estivesse queimando junto com ele. Mona rasgou toda a roupa do corpo, com a dor e o pavor estampados no rosto, querendo livrar-se das labaredas. A pomba gira acudiu e incorporou nela, que nem sabia ser um "cavalo" para espíritos. Nunca havia ido a um terreiro e desconhecia que podia incorporar alguma entidade. A partir de então, foi dada como louca.

Passou uns tempos internada numa clínica psiquiátrica, depois foi transferida para uma clínica de repouso. Nos dias que se decorreram, ora estava agoniada com o fogo que a consumia, ora entrava em transe e demonstrava claramente estar vivendo uma fantasia sexual. Fazia gestos obscenos, dizia palavras de baixo calão, masturbava-se na vagina ou no ânus, ou em ambos, na frente de qualquer pessoa. Nos poucos momentos que parecia lúcida, atacava os enfermeiros, querendo ter sexo com eles. Até que um dia, de repente, caiu no chão frio da casa de repouso e não mais acordou.

Foi socorrida às pressas para um hospital, mas diagnosticaram coma profundo. Seu amado marido, aflito, transferiu-a para a Clínica Maria Pompeu, que acabou descobrindo um tumor que se formava no cérebro de Mona e que já estava prejudicando a sua visão. Lembrava-se claramente das conversas que ouvira perto de si, sobre a gravidade da operação. Mas não conseguia mover um só músculo do corpo. A cirurgia durou horas, mas não conseguiu tirá-la do coma. Depois disso, Mona passou a ter pesadelos sexuais terríveis, e lutava para recuperar a sua memória e sanidade mental.

Estava contando isso para a enfermeira quando a doutora invadiu o quarto. Era a cópia fiel de Lavínia, a ceguinha irmã da loira hermafrodita em seus sonhos. Mas não lhe faltava a visão, apesar de usar óculos. Deu-lhe as boas vindas ao mundo outra vez e auscultou-a com atenção. Tudo parecia ok. Perguntou como Mona se sentia e ela relatou novamente tudo o que conseguia se lembrar. Depois, perguntou pelo marido. A médica informou que ele já estava vindo. Havia telefonado para ele antes de vir à enfermaria. Assegurou que o negrão não a deixava sozinha nem por um dia. Estivera sempre ali, cuidando dela. Havia saído havia pouco tempo para resolver uma questão pessoal, mas disse que voltaria assim que recebeu o telefonema. Mona sorriu contente. Esse era realmente o jeito do seu amado. Era difícil acreditar que a tivesse abandonado.

Angelo Tomasini adentrou o quarto afobado. Abraçou-se fortemente a Mona, beijando-a por toda a face. Ela retribuiu-lhe os carinhos, até se beijarem de língua com tanta sensualidade que a médica e a enfermeira ficaram coradas. Um casal de médicos também veio logo em seguida para fazer uma série de exames. Cumprimentaram Mona efusivamente. Ela, a enfermeira com quem Mona sonhara bolinando-a. Ele, o que a estuprara e a retirara de carro, dali, em seu conturbado pesadelo. Mona sorriu de si mesma. Nem um nem outro parecia capaz de lhe fazer mal. Tudo não passara de delírios, felizmente. A equipe pediu licença ao marido para levá-la a outra sala, para fazer os exames.

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Dias depois, Mona teve alta do hospital. Angelo estava radiante, tendo-a de novo junto a ele. Despediram-se de toda a equipe médica e foram para o estacionamento. Ela sorriu, quando viu o Corsa branco com o qual havia fugido, em seus pesadelos, do hospital. Era o seu próprio carro, agora em posse do marido. Havia passado quase dois meses em coma, segundo os médicos. A caminho de casa, contou a ele as fantasias que havia vivido antes de recuperar a memória. Quando falou do estupro do enfermeiro, que jurava ter sido real, o marido corou. Meio sem jeito, disse que era difícil vê-la, após tanto tempo sem sexo, em atitudes tão eróticas. Algumas vezes, confessou tê-la usado sexualmente, às escondidas, no quarto da clínica. Fazia isso em horários que sabia que não iria aparecer ninguém para dar-lhe remédios ou comida, portanto sempre de madrugada. Tapava a câmera do quarto com uma luva cirúrgica ou um objeto qualquer, para que a central de vigilância da clínica não pudesse flagrá-lo. Mona tocou-lhe o pau por fora das calças. Estava duro. Ela sorriu maravilhada. Mas um mendigo, pedindo uns trocados num sinal de trânsito, chamou-lhe a atenção.

Era a cara do mendigo caralhudo dos seus sonhos. Acenou para ela, contente em revê-la. Mona pediu que o marido estacionasse e cumprimentou-o feliz. Conhecia-o há muito tempo. Soubera que ele tinha sido professor, e que havia perdido a família e a liberdade, por uns tempos, depois que umas alunas montaram uma armadilha contra ele. Mona havia defendido-o perante um tribunal e recuperou-lhe a liberdade e os filhos, mas ele já havia perdido a sanidade mental. Livre da prisão, passou a pedir esmolas nos arredores da residência dela, só para ter a oportunidade de agradecer o que ela fez por ele todos os dias. E estava feliz por voltar a vê-la depois de tanto tempo.

Mais adiante, Mona passou por uma sorveteria que tinha nome bem ousado. Na fachada, estava escrito “Chupódromo”, em letras garrafais. Mona sorriu, divertida. Mais uma referência para os sonhos eróticos que andara tendo. Olhou de novo para o volume entre as pernas de Angelo. Aí lembrou-se do seu livro com capa de couro, intitulado Os Contos de Mona. Pediu-o. Ele fez um movimento rápido, abrindo o porta-luvas. Retirou o volume de lá, para a felicidade de Mona. Sua caneta lindíssima, de formato bem feminino, também veio junto. Então, começou a cair uns pingos de chuva sobre o para-brisa do carro. Olhou em volta e reconheceu o lugar. O mesmo que, em seus sonhos, ficava o apartamento da hermafrodita Veruska. Lembrava-se, agora, que Lavínia era o nome da sua faxineira e cozinheira, que estava com ela desde que casara com seu amado escritor. O apartamento que fantasiara, claro, era aquele onde ela morava. Já via o prédio lá, ao longe.

Largou o livro de qualquer jeito e abriu o zíper da calça do marido, que sorriu antecipando o que estava por vir. Já estava de pau duro. Mona acariciou seu mastro e beijou-o com carinho. Um fogo veio-lhe das entranhas, mas não era aquele fogo agoniado que sentia nos delírios eróticos. Era aquela sensação que se repetia todas as vezes que fazia amor com ele. Masturbou-o com a boca, reconhecendo o gosto perfumado de frutas na sua pica, que ela tanto apreciava. Engoliu o cacete com sua garganta profunda. Ele tinha a atenção voltada ao volante, mas não ignorava nenhum movimento dela. Começou a gemer. Ela apressou os movimentos. Ele abriu mais as pernas. Ela meteu a mão na própria vagina excitada. Puxou a calcinha de lado e enfiou dois dedos, que num instante ficaram encharcados. Ele parou o carro na primeira rua erma que viu, mesmo desviando-se do caminho de casa. Depois levantou os vidros fumês, que até então estiveram abertos. Puxou-a para o colo, enfiando o pau pela abertura da calcinha. Ela gemeu excitada. Foi se encaixando no caralho enorme dele, até tê-lo todo dentro de si. Ele meteu-lhe as mãos por baixo da blusa, apalpando ambos os seios. Ela beijou-o ardentemente, antecipando o gozo que já vinha. Apressou os movimentos do coito, rebolando no pau dele. Gozaram ao mesmo tempo, num gemido uníssono, a chuva se chocando contra o para-brisa com barulho. Bem no momento em que Angelo expelia seu esperma, com força e em grande quantidade, dentro dela. Sim, aquele era um prazer delicioso e real. Mona, finalmente, estava de volta!

Tudo indicava que se aproximava uma noite de tempestades. São nessas noites que Mona se liberta em fantasias molhadas, conhecendo cada canto obscuro de uma cidade que só existe em seus devaneios.

FIM DA SÉRIE

(*) Ver o episódio "O Livro em Branco", deste autor, que abriu a série As Crônicas de Mona.

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