FODIA COMIGO GEMENDO O NOME DE OUTRO

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 2762 palavras
Data: 15/09/2015 02:33:48
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

BOYS – Parte XII

Patrícia quis ir a um bar afastado do nosso bairro, longe de gente conhecida, para podermos conversar melhor. Peguei as chaves do carro de Pietro e pedi que ela me indicasse o caminho. Eu não era muito de frequentar bares e, quando o fazia, ia naqueles de perto de casa ou da escola. Minhas aulas haviam acabado na semana anterior e eu podia beber tranquilo, contanto que não exagerasse. Precisava acordar cedo no outro dia para trabalhar. Quinze minutos depois, chegávamos a um barzinho aconchegante, na orla marítima de Olinda. Pedimos uma cerveja bem gelada e isca de peixe frito para petiscar. Ela brindou à nossa amizade e sorvemos um bocado da bebida geladíssima de um único gole. Voltamos a encher nossos copos e iniciamos o papo.

A primeira coisa que ela me disse foi que estava se demitindo do posto de combustíveis. A demora seria o dono achar-lhe um substituto e eu já havia sido contratado em seu lugar. Então, aquele tinha sido o seu último dia de trabalho lá. Fiquei triste, pois esperava continuar trabalhando consigo. Explicou que a mãe havia montado uma clínica estética e de massagens, e passaria a trabalhar com ela. Já andara conversando com os seus fregueses habituais e estes haviam prometido fazer-lhe uma visita. Pediu-me para que eu não falasse a ninguém que a vira trabalhando no posto. Os vizinhos não precisariam saber da nossa viração. A mim também não interessava que descobrissem que eu me prostituía. Aí uma figura conhecida apareceu na porta do bar.

Patrícia foi a primeira a reconhecer Carlos, o amigo boy de Pietro. Acenou para ele, chamando-o à nossa mesa. Sem saber que já nos conhecíamos, nos apresentou um ao outro. Carlos apertou minha mão e sentou-se, sem demonstrar que já havíamos nos encontrado. Ela disse que eu ficaria trabalhando em seu lugar, lá no posto, e ele perguntou se eu estava ao par dos procedimentos. Falei que já tinha traçado a minha primeira cliente, mas ainda estava por fora dos preços cobrados. Ele explicou que isso variava de freguês para freguês. Eu deveria cobrar um valor mais alto aos que fossem mais assíduos. Eu achava que era justamente o contrário. Terminou pegando uma caneta e anotando num guardanapo uma tabela elementar, descrevendo uma quantia para cada modalidade de sexo. Fiquei animado ao saber o quanto eu poderia ganhar por dia, se conseguisse ao menos um cliente a cada hora.

O celular de Patrícia tocou e ela pediu-nos licença para ir atender do lado de fora do bar, pois onde estávamos não tínhamos um bom sinal. A jovem esteve alguns minutos conversando e depois veio nos dizer que havia surgido um imprevisto e teria que nos deixar. Nós nos despedimos com a promessa de voltarmos a tomar umas cervejas juntos. Carlos, à sua saída, perguntou-me se eu a conhecia há muito tempo. Não quis dizer que morávamos no mesmo prédio, então falei que a tinha encontrado naquele dia, lá no posto. Aí o cara passou a falar mal dela, o que me deixou bastante chateado. Tentei mudar de assunto várias vezes, até que finalmente consegui que ele falasse da sua própria vida.

Disse que era casado, pai de dois filhos, e que a esposa não sabia que se prostituía. Fora um dos primeiros a trabalhar no posto de combustíveis, junto com Pietro, e ambos inauguraram o rendez vous. No entanto, descobriu que as saunas davam mais dinheiro e convenceu o amigo a deixar o emprego e fazer uma parceria com ele. Antes das saunas, porém, começou se prostituindo em cinemas pornôs. Fiquei curioso. Já havia notado as duas únicas salas de projeção de filmes eróticos que ainda existiam na cidade, mas nunca me dera curiosidade de entrar em nenhuma delas. Perguntei a Carlos como ganhar dinheiro nesses ambientes. Ele pediu outra cerveja e sorveu um longo gole da boca da garrafa. Então, perguntou se eu queria conhecer um desses lugares naquela noite. Topei. Ele fez questão de pagar a conta total do bar e fomos embora.

Quem cruza as cortinas vermelho-desbotadas na entrada do Cine Mix, no Centro do Recife, numa quarta-feira, não entra desavisado. Os cartazes indicam que é dia de show de sexo explícito e espera-se encontrar de tudo. Mas um distinto casal de classe média, ela com uns 40 anos, ele com uns 45, transando no meio da plateia, é improvável. Como se o limpo invadisse o sujo, roubando a cena. Aparentemente, eles nada têm a ver com aquele mundo. Mas são os que estão mais à vontade. No palco, onde deveria estar sendo exibido algum filme, dois mascarados nus encenam um coito gay, porém percebe-se que são maus atores. Nota-se que a felação é apenas simulada, e que quase não tocam o sexo um do outro com a boca.

Carlos me mostra um cara alto e loiro, com jeito de gringo, conversando com um boy. Diz que, se eu for lá fora, o melhor carro é o dele. Antes de eu entrar no cinema pornô, havia percebido um importado com placa estranha. Vi que se tratava de um automóvel do corpo consular. E o loiro vestia roupas finíssimas, destacando-se de todos do local. No entanto, o cara circulava por todos os ambientes sujos do cinema com a desenvoltura de quem conhece muito bem o local. Flerta com um boy, com outro, cochicha ao pé do ouvido com um negro alto e forte, e finalmente parece ter escolhido. Ambos desaparecem em um dos cubículos distribuídos pelos corredores escuros do cinema.

Na escuridão da sala suja, nem a lei escapa. Num canto do cinema, nas cadeiras da ponta, dois policiais militares fardados usam a mão na mesma coreografia solitária de homens presos às sequências simuladas de masturbação dos dois mascarados do palco, frente à tela encardida. Uma cena absurda, considerando que ali eles são a representação do Estado na plateia, com todo o simbolismo que a farda significa. Absurda, mas não incomum. Pouco depois, uma dupla da Rocam aparece para pegar um lanche e fica acompanhando a cena explícita de sexo anal que se desenrola com os gays no palco.

Com o pensionato de freiras e a Igreja da Soledade ao lado, o ambiente decadente do cinema é lugar de fantasia. Lugar onde se busca o fetiche. E, em nome dele, a inversão dos papéis pode chegar a extremos inesperados. Porque faz parte do jogo o contraditório. O avesso. É o flerte com o sujo e o marginal que atrai. É a perversão como escape à vida rotineira, certinha, do relógio de ponto, sessão de DVD com os amigos aos sábados após o supermercado, almoço familiar aos domingos e sexo comportado.

Olhei para uma senhora que parecia estar acompanhando o marido. Uma mulher acompanhada de um homem só – explicou-me Carlos – só pode estar buscando uma coisa: sexo a três. Não precisa dizer nada. Nem fazer. Basta corresponder aos olhares que lhe são lançados. E nessa noite, foram muitos. Os boys já se posicionavam de forma a serem notados. Mas o casal olhava mais em nossa direção. Carlos perguntou se eu topava fazer minha iniciação ali, naquela oportunidade. Eu já estava satisfeito de sexo com Patrícia, antes de irmos ao bar, então rejeitei o programa.

Falou-me que as saunas estavam passando por uma fase ruim e ele estava muito precisado de dinheiro. Iria tentar a sorte com o casal. Tirou seu celular do bolso e me entregou. Disse que eu poderia atender, caso houvesse alguma ligação. Afirmasse que ele estava ocupado. Decerto seria uma de suas clientes e, se eu quisesse, poderia oferecer meus serviços a ela. O casal parecia ser cheio de grana. Outro dia ele pegaria o celular comigo. Entendi que ele estava querendo dizer que iria demorar e que eu poderia ir-me embora. Despedi-me do cara, desejando-lhe boa sorte, apesar de que fiquei observando de longe o que ele iria fazer para ganhar a concorrência com os outros boys dali.

Carlos caminhou diretamente para o casal, parando a meio metro da senhora. Apresentou-se e apertou primeiramente a mão do homem. Depois que apertou a mão da senhora, continuou segurando-a enquanto abria o zíper com a outra mão. Espalmou a mão da mulher e tocou nela com o cacete já ereto. Quando eu pensei que ela iria se escandalizar, a coroa apalpou-o com carinho, olhou sorridente para o marido e acenou-lhe com a cabeça, em sinal de aprovação. Os três estiveram conversando por pouco tempo, até que se levantaram juntos e entraram em uma das cabines do corredor. Os outros boys voltaram suas atenções para o sexo que se desenrolava no palco.

Agora, o que tinha sido enrabado comia o cu do outro, enquanto o punhetava ao mesmo tempo. Um dos policiais da Rocam se masturbava apressadamente, sem tirar o sanduíche da boca. O seu companheiro parecia já ter gozado, pois o pênis estava murcho e babado, saindo pelo zíper da calça. Nas cadeiras do canto, os outros policiais tinham, cada um, um boy chupando-lhes o cacete. Ambos os representantes da lei estavam sentados na poltrona, pernas bem abertas, com os rapazes ajoelhados entre elas. Achei a cena degradante. Saí dali enojado com os homens da lei.

Quando entrei no carro e já manobrava para sair do estacionamento, eis que o celular de Carlos toca. Uma tal Andreza ligava. Relutei em atender, mas finalmente o fiz. No entanto, talvez me lembrando do novo emprego de Patrícia, atendi assim: CASA DE MASSAGENS ERÓTICAS PARAÍSO, BOA NOITE? E a voz do outro lado calou por um instante, talvez averiguando se havia teclado errado o número do rapaz. Depois, com voz irritada, disse que sabia que era Carlos que estava falando e que não adiantava ele mudar o timbre da voz. Mais uma vez repeti a forma de atendimento, dizendo que ali não trabalhava nenhum Carlos. Ela perguntou para onde ligara, mesmo. Novamente fingi ser o telefone de uma casa de massagens eróticas e ela ficou interessada em saber como funcionava o local. Expliquei que atendíamos a domicílio e que as massagens se dividiam em dois grupos: as relaxantes, ideais para um fim de dia estressante de trabalho; e as eróticas, que incluíam uma cópula ao final do tratamento à base de gel.

Eu estava me divertindo com o trote. Aí ela disse que estava precisando de uma massagem anti-estressante, e perguntou quanto eu cobrava. Estanquei o carro, surpreso. Não esperava que ela continuasse o papo. Pensei em me sair, dizendo que o cara que dá esse tipo de massagem estava ocupado no momento, e só ele poderia responder sobre valores. Então ela me questionou sobre o meu trabalho na clínica. Disse-lhe que o outro aplicava as massagens e eu apenas copulava com as madames. Perguntou quanto eu cobrava pela foda e em quais tipos de sexo ela seria contemplada.

Cerca de vinte e cinco minutos depois, eu parava no estacionamento de um condomínio de classe média, no bairro de Boa Viagem, um dos mais nobres do Recife. Ainda respirei fundo ao sair do carro, achando que não devia ter ido além com o trote, mas fiquei curioso por conhecer a dona daquela voz tão carinhosa ao telefone. Olhei mais uma vez para o endereço anotado e subi pelo elevador, parando no andar indicado. Abriu-me a porta uma jovem loira muito bonita, que levou um dedo aos lábios, pedindo que eu não fizesse barulho.

Puxou-me pela mão andando nas pontas dos pés, levando-me para o quarto. Fechou a porta trás de si e finalmente olhou para mim com mais vagar. Ela pareceu ter ficado satisfeita com o que viu, pois me beijou suavemente os lábios. Estava vestida com uma camisola negra bem sensual, que eu fui tirando devagar, beijando cada parte do seu corpo à mostra. Ela gemia a cada toque dos meus lábios, até que meteu a mão entre minhas pernas e me apertou o sexo com firmeza. Parecia carente, como se não fodesse há muito tempo. Quase arrancou minha calça e cueca do corpo, deixando às vistas meu mastro avantajado. Puxou-me com urgência para a cama, sem querer saber de preliminares. Apenas esperou que eu vestisse uma camisinha, tirada às pressas do bolso, que quase não cobria nem metade do meu enorme pau, apesar de ser de número extra grande. Pediu que eu metesse logo em sua buceta melada. Não me fiz de rogado.

No entanto, quando começou a gozar, passou a sussurrar o nome de Carlos ao meu pé de ouvido. Isso me deixou constrangido, apesar de sua vulva quente me deixar muito excitado. A moça metia bem, e se contorcia em êxtase a cada orgasmo, me lanhando as costas com suas unhas afiadas. A dor me dava mais tesão, e eu socava quase com violência em sua gruta encharcada, fazendo-a delirar de prazer. Dessa vez prendi ao máximo minha vontade de ejacular, esperando que ela me oferecesse a bunda como Patrícia. Como não o fez, tive que tomar a iniciativa. Voltei-a de costas para mim e apontei a glande lambuzada do seu gozo para o seu buraquinho estreito. Ela apenas pediu para que eu não a machucasse. Suportou a entrada da cabeçorra, me ajudando a penetrá-la, arreganhando bem as nádegas com as próprias mãos. Quando entrou um pouco, empinou-se toda para facilitar o coito. Pediu que eu não gozasse até que ela conseguisse engoli-lo todo.

Eu já estava quase ejaculando, mas consegui esperar mais um pouco. Ao sentir que seu túnel estava mais escorregadio e relaxado, explodi num orgasmo intenso. Ela retirou-se do meu pau e agachou-se à minha frente, mamando-o até que não sobrou nem um restinho do meu leite. Deu quase uma gargalhada de felicidade, depois começou de repente a chorar. Caiu num pranto convulsivo, e eu sem entender nada. Depois, soluçando, pagou-me o combinado e acompanhou-me até à porta, sempre pedindo que eu fizesse silêncio.

Ela prendia os soluços com muita dificuldade. Viu que não havia ninguém nos corredores e veio comigo, só vestida de camisola, até a porta do elevador. Implorou-me para que eu apagasse o seu número do meu telefone. Prometi-lhe fazer isso mais tarde, mas ela exigiu que eu lhe desse o aparelho. Queria ter certeza de que eu não teria seu número, deletando-o ela mesma. Fiz a besteira de dar-lhe o celular de Carlos. Confundi-o com o meu, pois eram do mesmo modelo. Quando quis trocar pelo outro, ela já havia reconhecido o celular do cara. Olhou-me com cara de pavor. Perguntou o que eu estava fazendo com o celular do seu marido.

A pergunta me pegou de surpresa. Rápido, inventei que ele o havia deixado na casa de massagens, onde costumava fazer terapia relaxante ao menos uma vez por semana, para diminuir o estresse do dia a dia. Ela ficou cismada, mas parece ter engolido a explicação. Pediu que eu deixasse o aparelho, mas eu repliquei que era melhor não, pois ele iria desconfiar de alguém ter deixado seu celular em casa, já que a clínica não possuía seu endereço. Ela concordou comigo e pediu-me para levá-lo de volta. Mas pediu-me, pelo amor de Deus, que eu nunca tocasse com ninguém naquele assunto. Era a primeira vez que traía o marido e, por azar, logo com alguém que o conhecia. Fiz votos de silêncio e fui embora.

Saí do conjunto de apartamentos temendo encontrar Carlos vindo para casa. Por sorte, ele deve ter demorado lá no cinema pornô, com o casal de coroas. Pensei em como o mundo era pequeno. Jamais imaginei estar trepando com a esposa do amigo de Pietro. Qual seria sua reação, se um dia descobrisse o ocorrido? Não quis nem pensar nessa possibilidade. O cara parecia ser um sujeito muito violento. E a pobre jovem parecia nem desconfiar de que ele era um gigolô, um reles garoto de programa. Um boy, como eu. Entendi naquele momento umas frases que o rapaz havia me dito, ainda quando nos dirigíamos ao cinema. Em outras palavras: eu também deveria manter minha vida devassa no mais completo anonimato.

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“A vida de um garoto de programa é muito discreta. Ele não se permite falar com um cliente no meio da rua. Só fala se o cliente falar. Médico, advogado, zelador de hospital, cortador de cana, o peão mais bruto, todos frequentam esse tipo de ambiente. Porque a homossexualidade não está na profissão, está na cabeça do cara. Já o boy, pode ser o teu vizinho, pode morar no apartamento do lado, mas você nunca vai saber. A menos que ele próprio te diga. Nem a própria família dele sabe. Pois se a coisa vazar, é problema para o boy na certa.”

FIM DA DÉCIMA SEGUNDA PARTE

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