CORAÇÃO DE TITÂNIO - 2

Um conto erótico de Leon
Categoria: Homossexual
Contém 2503 palavras
Data: 03/09/2015 11:10:51
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

CORAÇÃO DE TITÂNIO - 2

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Se eu fechasse os olhos, conseguia sentir o cheiro dele. Não era tão forte, nem tão doce... marcante! Me amaldiçoava por não ter dado um abraço nele antes de ir embora. Poder desfrutar do aroma que insistia em exalar dele!

Xavier e eu passamos muito tempo juntos, antes de eu voltar pra casa e me trancar no quarto.

Discutimos meu horário e chegamos ao acordo de eu trabalhar das nove da manhã até à uma da tarde, e das sete e meia da noite até às onze. O final de semana era livre, contanto que eu estivesse sempre atento para algum imprevisto no restaurante. Era um horário muito bom e fácil de ser cumprido, considerando que eu era um gerente. Os horário que eu não estava no restaurante, seria cobrido pela balconista, que cuidaria de tudo e depois relataria o que ocorreu a mim.

Então falamos do salário. Ao ver o valor que seria pago a mim, quase engasguei com a água. Era três vezes o valor que eu imaginava!

Xavier preparou o contrato que dizia que o primeiro mês era experimental, onde eu não poderia ser mandado embora até espirar. Caso ele gostasse do meu serviço, poderia fazer outro contrato ou assinar minha carteira de trabalho.

-Obrigado! -foi a única coisa que consegui dizer à Xavier, ainda encarando-o horrorizado com o cheque e uma cópia do contrato em mãos.

Ele sorriu a mim, seus grandes olhos de duas cores brilhando em contentamento. A primeira vez que via emoções reais permearem seu rosto.

Meu pau pulsava descontrolado em minha cueca, cada vez que eu pensava em Xavier e naquele sorriso.

Deus! Foi a coisa mais esquisita do mundo pra mim ter de admitir a mim mesmo que estava sentindo atração física por outro homem.

Eu não era viado! Sofrer com preconceito? Jamais me submeteria a tal coisa!

Mas ao imaginar os lábios de Xavier envolverem totalmente meu pau, esqueci de preconceitos descabidos e de hipocrisia alheia.

Me masturbei loucamente, pensando naquele guri! Meu membro tão duro que doía.

Gozei chamando o nome dele e, quando o efeito arrebatador do orgasmo passou, me senti sujo. Queria jogar ácido na minha cabeça por ter pensado tais coisas.

Adormeci inclinado a não pensar mais em Xavier!

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Noves horas da manhã, em ponto, eu estava no restaurante. Alguns cozinheiros já estavam lá havia tempos, preparando alguns molhos e picando alguns ingredientes pros pratos.

Fui diretamente ao cômodo reservado pra mim e me troquei, colocando o terno e os sapatos.

Ao olhar no espelho, vi que não tinha ficado mau. Estava bem bonito!

O terno pareceu realçar o que eu tinha de melhor. Meu corpo ficou mais gostoso, meus olhos escuros pareceram bem mais sombrios e sedutores. Até meus cabelos castanhos claros estavam bem destacados, apesar de estarem um pouco grandes. Passara da data de cortá-los.

Não me deixei ficar nervoso por estar prestes a fazer algo que eu não tinha ideia de como fazer... trabalhar!

Passei a manhã toda cumprimentando e sorrindo pra todos. Perguntei aos cozinheiros se precisavam de ajuda ou se faltava algo para preparar seus pratos. O mesmo fiz com faxineiros e empregados em geral.

Todos sorriam, agradeciam e negavam. Talvez ninguém quisesse realmente dar trabalho no meu primeiro dia. Eu devolvia o sorriso e completava com um "Se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em me chamar!"

Na hora do almoço, fiquei perambulando pelo restaurante pra ter certeza que estava tudo nos conformes. Sorria para cada cliente que me olhava e eles sorriam. Alguns me ignoravam e eu achei melhor assim.

Muitos garçons iam e viam e eu ficava atento caso algum deles quisesse falar algo comigo ou caso algum deles derrubasse algo. Estaria pronto para ajudar.

Elogiei a faxineira pela excelente limpeza do banheiro e ele se derreteu toda com meu sorriso.

Ser gerente era um serviço muito fácil de se fazer, além de ser divertido... o meu, ao menos, era. Era quase como um hobby que paga bem.

-Senhor, estamos com falta de batatas para fazermos fritas. -um cozinheiro me comunicou numa das minhas andanças.

Perguntei se algo mais faltava e no mesmo instante liguei pra um dos fornecedores. Alguns minutos depois eu estava nos fundos recebendo as mercadorias e levando-as pra cozinha.

Não parei pra descansar um minuto, mas também não precisei. Me sentia... necessário ali. Ninguém me criticava, pareciam gostar da minha presença. Me senti feliz!

Olhei na agenda pra ver se havia algo mais pra ser feito e li que havia algumas anotações dizendo coisas sobre pagar contas de luz e chamar o encanador devido a um vazamento de água no banheiro.

Fiz uma nota mental para comunicar isso à Xavier.

Xavier...

Eu não havia me permitido pensar nele desde a noite passada.

A agenda, infelizmente, não havia o número de celular dele, então fui até a balconista e perguntei. Claro, antes de tudo, me certifiquei se ela estava bem e se precisava de alguma ajuda. Ela negou, sorrindo largamente, e me passou o número de Xavier.

Antes de ligar para ele, vi que havia várias chamadas perdidas de Érica e também da minha mãe. As duas queriam saber onde eu estava e por que faltara ao almoço.

Suspirando pensei na dor de cabeça que iria arrumar com as duas. Érica, por terminar aquele maldito namoro. Marli, por ter arrumado um emprego que ela com certeza consideraria inferior pra mim.

Espantei esse assunto pra longe e digitei o número de Xavier. Meu coração disparou assustadoramente quando começou a chamar.

Ele atendeu no quarto toque.

-Alô. -sua voz grave me fez tremer.

-Xavier, aqui é o Leon. -pigareei. -A agenda diz que precisamos pagar a conta de luz e chamar um encanador por causa do vazamento no banheiro. O encanador eu dou um jeito. Conheço alguns que fazem um trabalho bom! Mas não sei aonde as contas estão e não me sinto à vontade em mexer no seu escritório, então se você puder vir pra cá e me mostrá-las, eu mesmo pago.

-Pode deixar que logo estou aí, Leon! -ele disse meu nome, como se o saboreasse e desligou antes de ouvir meu suspiro com seu tom de voz.

Minhas mãos tremiam de nervosismo quando coloquei o celular no bolso. Que diabos estava acontecendo comigo?! Eu tinha que espantar aquele homem da minha cabeça! Ele era meu chefe...

Xavier era dono do local, mas aparentava ser tão jovem. Talvez eu perguntasse a ele como era possível alguém tão novo ser dono de um restaurante daquele porte.

Virei-me para ir em direção à cozinha e checar se estava tudo bem, mas sufoquei um grito de pavor ao ver Xavier escorado no batente da porta me encarando. O grito ficou preso em minha garganta e quase morri sufocado.

Os olhos azul e castanho de Xavier pareciam saltar faíscas em minha direção. Tinha uma espécie de diversão neles e uma coisa à mais... excitação?

Impossível!

Ele estava vestido como se estivesse indo pra uma balada. Calça jeans bem justa, camisa de botão vinho e um tênis que combinava com a calça.

-O.oi! -gaguejei.

Não fazia nem um minuto que nos falamos! Como podia ele estar ali tão depressa?

Ele se aproximou devagar, olhando-me detalhadamente.

-Tenho que dizer que estou impressionado.

-Impressionado? -respirei. -Como o quê?

-Com você! -ele sorriu, me puxando para o andar de cima, aonde ficava a sala dele e alguns outros cômodos.

Sentou-se na sua cadeira e eu sentei na cadeira à frente de sua mesa. Como no dia anterior, quando decidimos o meu contrato de trabalho.

-Como está o primeiro dia? -ele quis saber.

-Ah, tá sendo muito bom. -sorri, sem jeito. -Aliás, como chegou aqui tão depressa?

Ele riu baixinho.

-Não cheguei. Eu já estava aqui desde às nove.

-Já estava aqui? Como não vi você? Por que ninguém me avisou?

-Queria ver como você se saía sozinho. -Xavier balançou a cabeça. -Fiquei escondido pelos cantos e tirei minhas próprias conclusões.

-Oh! Hum, será que fui bem mesmo?

O olhar dele se suavizou.

-Todos adoraram você, Leon. Normalmente os cozinheiros não são muito amáveis, muito menos os garçons... acho que você os conquistou.

Tive que soltar uma risada aliviada.

-Obrigado! Esse emprego é o primeiro que tenho e tava com bastante medo de fazer merda. -admiti.

-O primeiro emprego? -ele riu. -Uau! Tem vinte e oito, certo?

-Sim.

-Nunca trabalhou? Sério?

-É! Uma longa história.

Fiz uma pausa.

-Mas e você? Tem quantos anos?

Ele se recostou na cadeira, como se tivesse levado um baque com minha pergunta.

-Tenho vinte. -ele disse, rouco.

-Sei que posso estar sendo evasivo demais de comentar isso, mas você é bem novo pra administrar um restaurante desse porte.

A pergunta pairou no ar. Ele suspirou e colocou os cotovelos na mesa, se aproximando de mim.

-É uma herança dos meus pais. -disse, sem nenhuma emoção. -Tive que me virar desde cedo. Estudar, trabalhar. Faculdade, trabalho. Cuidar do restaurante foi difícil no começo, mas logo peguei o jeito e a confiança dos funcionários. Se todos recebem os salários no dia certo, não há tantas reclamações.

Fiquei meio receioso de perguntar, mas me vi falando.

-Seus pais estão... -deixei a frase inacabada no ar.

-Mortos! -ele completou pra mim.

Meu coração pareceu levar um soco com o tom de voz dele.

-Xavier, eu sinto muito. -disse, com a voz rouca. -Não queria tocar nesse assunto. Me desculpe...

-Tudo bem. -ele deu de ombros. -Já passou! Vida que segue.

Levantei, totalmente envergonhado.

-Vou voltar ao meu trabalho. -disse. -Ver se precisam de algo ou se posso ajudar a fazer alguma coisa.

-Você está com fome? -ele questionou, como se nem tivesse me ouvido.

-Bem, sim.

-Almoça comigo?

Pisquei surpreso com aquela pergunta à queima roupa e acenti devagar.

-Mas não terá problema por causa do meu horário? Eu só posso almoçar depois da uma da tarde.

-Não se preocupe com isso. Vi que passamos o dia sem muitas agitações. Depois cuidamos do resto.

Ele levantou-se caminhando para fora da sala. Virou-se e viu que eu não havia me mexido. Sua testa se franziu.

-Vem, Leon! Estou morrendo de fome e aposto que você também.

O segui até o restaurante com um sorriso de orelha a orelha. Apesar de ter bastante movimento, sentamos em uma mesinha de dois lugares, afastada da multidão. Fiz questão de não incomodar nenhum garçom, então eu mesmo fui até a cozinha e pedi nosso almoço. Xavier e eu ficamos escolhendo nossos pratos, mas acabamos com o especial do dia: alaminuta, além de porções extras de batata-frita e lasanha.

Os cozinheiros me olharam maliciosamente quando comentei que iria almoçar com Xavier e começaram a preparar nossos pratos com risadinhas. Como não havia o que fazer, ri e voltei pra mesa esperando ficar pronto.

Xavier encontrou meu olhar assim que comecei a caminhar na sua direção. Ele rapidamente mudou sua posição de extremamente relaxado e descontraído para tenso e na defensiva. Não deixei escapar esses movimentos, mas não comentei.

-O que vamos tomar? -questionei, quando sentei na minha cadeira, em frente a ele.

Xavier me encarou longamente, com seus olhos coloridos totalmente nebulosos.

-Vinho. -disse. Sua mão pairava à frente de sua boca, escondendo seus lábios com seus dedos. Com o dedo indicador ele movia seu lábio inferior... ele parecia fazer muito isso, provavelmente porque estava pensando em algo sério.

Ele chamou um garçom que passava ali e fez seu pedido de bebida... um vinho tinto que, com certeza, eu jamais decoraria o nome. Xavier ainda especificou que ele trouxesse nossos pratos quando ficassem prontos. O garçom acentiu e se retirou.

-Eu poderia buscar. -repliquei.

Ele negou com a cabeça e a inclinou levemente pro lado.

-Quero você aqui. -ele disse, rouco.

Soltei um longo suspiro de prazer ao ouvir aquilo.

-Também quero ficar aqui. -disse, também rouco.

Meu corpo começou ficar quente. Tão quente que o terno ficou quase insuportável de se usar. Os olhos bicolores de Xavier pareciam dois tornados prontos para me engolir.

-E aquela mulher de ontem?

O tom frio dele me deixou confuso. A mudança de comportamento dele me fez franzir a testa.

-O que tem ela?

-Sua namorada?

-Ex. -disse.

-Ela está nos processando, sabia?

Arregalei os olhos.

-Processando? Por quê?

-Ela alega "humilhação pública". Nem sabia que isso dava processo.

Ele então soltou uma risada.

-Com o número de testemunhas que tenho contra ela, é bem capaz de ELA ter que pagar alguma indenização pra mim.

Sorri bem de leve. Érica bem que merecia.

-Então... -ele começou. -Por que terminou com ela?

Travei de repente, lembrando-me que eu ainda era namorado de Érica. Na minha cabeça já estava tudo acabado, mas na dela não.

-Ela era muito chata. -falei, simplesmente. -Não nos dávamos bem. Ela não combinava nem um pouco comigo.

Omiti o fato de estar ainda namorando, porque não seria por muito tempo. À tarde mesmo eu acabaria com aquilo.

Xavier me encarou longamente antes de falar novamente.

-Ela com certeza não combinava. -disse somente.

Então um silêncio pairou sobre nós e procurei não olhar na direção dele, porque toda vez que fazia isso ele estava lá... me encarando de volta. Vigiando cada movimento meu, tomando notas cuidadosas do meu comportamento e fisionomia.

Minhas bochechas avermelharam e meu coração disparou. Eu era um covarde por não encará-lo de volta! Confrontá-lo!

Mas não fiz nada.

Quando nossos almoços chegaram, soltei um suspiro aliviado. Assim poderia me concentrar no que comia e teria desculpa de não olhá-lo.

O vinho parecia barro e a comida parecia cerragem descendo pela minha garganta. O peso do olhar dele me fazia quase passar mal.

Que diabos estava acontecendo comigo?!

-As contas estão na minha gaveta à direita, assim como o dinheiro. Chame o encanador, pague as contas e vá pra casa. -Xavier me assustou, levantando-se antes de terminar de comer. -Te vejo às sete e meia.

Olhei no relógio e vi que faltava muito para uma da tarde, o horário que eu estaria dispensado.

-Mas ainda não está no meu horár...

-Faça isso! -ele me cortou com uma voz grave bem acentuada. -Chame o encanador pra estar aqui a primeira hora da tarde e pague as contas de tarde, se quiser. Apenas vá embora!

Levantei meio assustado e corri até o escritório dele e recolhi as contas e o dinheiro. Liguei pro encanador, do meu carro, e saí dali o mais rápido que consegui.

Fiquei remoendo aquilo em minha cabeça, tentando entender que infernos tinha acontecido. Ele pareceu estar tão bravo e confuso...

Suspirei. Xavier era muito complicado.

Dirigi tentando não dar muita ênfase ao assunto. Iria enlouquecer se o fizesse.

Ao estacionar em frente a minha casa, soltei um praguejo alto de incredulidade ao ver minha mãe e Érica esperando por mim na porta da frente.

As duas, me encarando como predadoras!

Inferno!

Eu estava com o maldito terno! Não adiantava dar desculpas... teria que contar a verdade. Toda a porra da verdade!

...

*Oi!

Outro capítulo. Me esforcei e vim rapidinho postá-lo pra vocês! Quero agradecer aos comentários e aos votos! Obrigado pelo incentivo!*

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Comentários

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Eita lasquera!!! Manda essa mulher e a sua mãe pro inferno, quanto ao Xavier, conte a verdade a ele, senão sua mãe pode fazer isso por você e vai ser muito pior!!!! 👏😍💓

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muito bom.

a sua escrita ta fluindo

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Amando o novo conto! E adoraria que desse uma olhada em algum dos meus se pudesse!

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Eu li seu conto todinho ontem e estou esperando o resto... perfeito, parabéns e não demora rsrs

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Uau eu to me impressionando por esse conto,vou ate por nos favoritos pra acompanhar td dia,parabéns e continue...

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