O Mundo Vai Nos Ouvir? VI

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 1407 palavras
Data: 08/08/2015 19:19:43

Morna e umida, a penumbra de meu quarto ainda um tanto desorganizado devido à mudança, nos acolhia como uma espectadora cumplice e imparcial. O dorso tenro e branco de Biel, ao mesmo tempo trabalhado por exercicios fisicos, brilhava à luz vaga que vinha pela janela. Uma brisa com cheiro de gasolina queimada invadiu o quarto, mexendo a cortina.

Ainda aquela bunda, aquelas coxas... Caramba, ele era farto onde devia, gemia recebendo o beijo grego, apertando o lençol nas maos, ainda molhado por dentro do enema que ele fez durante o banho. Todo liso, nao tinha pelo sequer nos dedos dos pes, os quais chupei, causando-lhe cocegas. Meu rosto gostava da pressao de suas coxas enquanto eu lhe sugava os testiculos e o penis de dezesseis centimetros; ele se contorcia, um vulto alvo em ebuliçao, sorrindo entre mordidas de labios, de olhos fechados.

- Vem, Paulo. Vem inteiro, faz comigo o que voce quiser... O que sempre quis fazer _ pediu, tremulo, prendendo-me com um golpe de pernas, ligeiro como um acrobata.

Entao eu fui, fui com uma seda velha, insuportavel. Quente, tao estreito, ele se abria devagar para mim, e o invadi com cuidado, com preocupaçao. Ele nao era virgem, sabia o que fazia e como fazia; imaginei quem tinha navegado por aquele mar quente, branco e delicioso. Teria sido o tal do Caio?

Biel acompanhava com o quadril os movimentos, numa sincronia, me olhando ora com um jeito de safado, ora com um prazer extremo, me beijando e sussurrando coisas como "voce e' otimo", "te adoro... adoro!", "sempre quis assim...". Por uns momentos estranhos, enquanto eu fechava os olhos, tinha a visao dele ali comigo por um tempo tao longo que parecia ser uma decada, mas nessa visao ele ainda tinha treze anos. Isso me assustava, era algo infame, pavoroso. Entao o abraçava com angustia, para me certificar de que tinha um homem adulto nos braços, e nao um pre-adolescente.

Acelerado, tremendo, Biel me segurou nos braços, escorregadio de suor, remexendo-se mais debaixo de mim, afinal me apertando muito forte, um gemido longo e sufocado, os olhos de longas pestanas escuras se fechando e o sorriso com covinhas se formando. Minha barriga se esquentou na viscosidade de seu esporro espalhado entre nos dois, e nas contraçoes enlouquecedoras de sua musculatura interna inundei-o com vontade, segurando seus cabelos, metendo fundo, esvaziando todo o compartimento de gozo acumulado.

- Puxa! _ ele suspirou, rindo _ Estava sem gozar hà um ano, Paulo?

Apartei-me dele devagar, limpando o suor do rosto, rindo. Deitei ao seu lado com respirando fundo.

- Nao sai com muitos caras là em BH _ respondi, refletindo.

- Isso porque, lá no fundo, voce sabia que era meu _ disse ele, deitando sobre meu peito suado _ Juro que achei que tivesse me esquecido. Que nunca mais nos encontrariamos. Foi o que Carlos disse quando voce foi embora... Fiquei tao triste, Paulo. Chorava toda noite escondido. E Carlos me prendia naquele apartamento, sabe? Foram ferias terriveis. Ele me trancava lá e ia trabalhar, levando a chave com ele. Se eu ameaçava contar aos nossos pais o que ele fazia comigo, ele retrucava jurando colocar voce na cadeia. Entao eu ficava com medo e me calava.

- Voce ficaria muito bravo se eu te dissesse que seu irmao nao vale nada? _ indaguei, acariciando-o nos cabelos umidos.

- Nao. Eu sei disso. Ele e' odiado no grupo, odiado no trabalho, em todo lugar. So' o Rui gosta dele. Sabe, foi o Rui quem quis casar, ao que parece ele sempre foi apaixonado pelo Carlos. Sei que meu irmao nao o ama, vejo isso. Esta com ele por interesse, e uma vez, quando lhe joguei isso na cara, ele me deu um tapa na frente do Caio...

- Voce e esse Caio...

- Nao tem nada _ ele sorriu _ Estava ficando com ele há alguns meses, nada serio. Fazemos um curso pre-vestibular, foi lá que o conheci. Trouxe o carinha para o Diversidade, ele sempre foi interessado e tal... Bom, claro que faziamos sexo, Paulo, voce notou que nao sou virgem... Mas ele tem preferencia por ser passivo, e eu nao curto muito ser ativo, sabe? Nao daria muito certo, foi melhor terminar...

- Voce perdeu... com quem? _ perguntei receoso.

- Com um vizinho, aos catorze anos _ respondeu, me olhando _ De nada adiantou o Carlos me segurar, meu fogo era maior. Nao ria, e' serio. O carinha tinha dezoito anos, embora jurasse ter menos. Mas vi a carteira de motorista dele um dia. Ele foi legal comigo, foi bom. Transamos algumas vezes, depois ele se mudou com a familia e perdemos o contato.

Sera que o velho ditado do "o que tem que acontecer, acontece", funcionava? Algumas coisas pareciam mesmo fadadas ao fim que se insinuava, de nada adiantava frear o curso dos acontecimentos. Nao foi comigo, acabou sendo com outro.

Biel tinha permissao dos pais para dormir fora de casa, entao pedi uma pizza e ficamos assistindo filme no quarto. De madrugada ele me acordou e quis transar de novo, dessa vez comandando tudo, cavalgando veloz, safado, fazendo seu suor pingar sobre mim, tornando nossos beijos salgados. Com quase quarenta anos, meu folego naturalmente nao era como o dele, porem ainda assim dava para aproveitar; fiquei exausto enquanto ele ria, pronto para mais uma, mais duas, numa libido exuberante. Foi dificil segura-lo.

No dia seguinte ele tinha cursinho o dia todo, e beijando-o na porta e desejando boa aula, imaginei que ele nao fosse voltar naquele dia, contudo apareceu á tardinha, com lasanhas congeladas, refrigerantes e chocolates. Beijou-me longamente, dizendo que ia passar outra noite comigo.

- O Caio esta furioso _ disse, colocando as lasanhas no forno _ Me chamou de piranha, disse que eu nao o respeitava, e ainda chamou voce de velho! Quase bati nele, Paulo. Nunca mais quero falar com aquele idiota de novo.

Perguntei se Carlos falara com ele, e Biel negou. Achei estranho. Conhecendo o cara como eu conhecia, sabia que ele nao ficaria quieto numa situaçao dessas. Devia estar tramando algo.

- Ele nao tem provas _ disse Biel, tomando o refrigerante _ Quando ele quebrou meu telefone recolhi as peças, joguei o cartao de memoria no sanitario e dei descarga. Quanto ao resto do aparelho, levei ate meu antigo colegio e descartei na lixeira de eletronicos. Foi mais garantido.

- Meu menino esperto _ sorri, puxando-o para meu colo, devorando aquela boca maravilhosa, ouvindo seu pedido de sexo_ Biel, vamos com calma com isso. Nao tenho mais vinte anos, nao.

- Eu sei que voce dà conta de mim, daddy, eu sei _ ele rebolava no meu pau duro, mordendo o labio _ Nao tenho culpa se tenho um incendio dentro de mim, Paulo. E voce e' o bombeiro.

Dei risada, abraçando-o. Foi outra noite intensa, onde dei meu melhor, e creio te-lo saciado pois ele dormiu exausto depois da segunda seguida, lavado em suor, uma expressao de satisfaçao que me orgulhava.

Marcada para as dez horas do sabado, a manifestaçao contra os folhetos homofobicos seria na Praça da Republica. Bem antes, as oito, o grupo se reuniu no escritorio de Cleiton, preparando tudo: cartazes, bandeiras, e panfletagem em prol da causa, num texto muito inclusivo feito por Vagner e que Carlos teve que aceitar. Este, alias, ficou me olhando com um jeito estranho desde que cheguei acompanhado do Biel; parecia maquinar algo em segredo, algo contra mim.

Realmente, quando tudo estava pronto para a manifestaçao, Carlos mandou todos os outros na frente, retendo por um instante Biel, eu, e o casal Vagner e Cleiton. Tomou entao a palavra.

- Paulo deve ser expulso do Diversidade _ declarou.

Indignado, Biel gritou que nao, que eu nao ia, enquanto o casal ficou surpreso, se entreolhando.

- Ele esta aqui desde o inicio, Carlos _ disse Vagner _ E' um excelente ativista. Nao vejo porque, agora, essa expulsao... Apenas porque ele esteve fora por cinco anos?

- Nao e' isso _ Carlos lançou-me um olhar sinistro _ Nao podemos manchar o nome de nosso grupo e do movimento dando acolhida a um membro indigno. Nao importa o fato de ele estar afastado da luta, isso nao. Importa o verme asqueroso que ele e', o criminoso em potencial que esse sujeito representa...

- Cala a boca! _ gritou Biel desesperado.

- Mas do que voce esta falando, Carlos? _ indagou Cleiton sem entender nada.

Ele sorriu com uma maldade cinica, com o triunfo perverso dos covardes.

- Paulo e' pedofilo, meus amigos _ anunciou.

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Valeu! :)

Opinem queridos!!

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Comentários

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Estou com um pessimo pressentimento! Mas sera que o Carlos tem razao? De repente, o Paulo eh pedofilo mesmo

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perdi a virgindade aos 12 anos e gostei

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Nem preciso dizer que estou adorando né??? Abração!

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Olá! * FASPAN, obrigada. Esta é uma luta que muito me interessa ;) *Danny Fioranzza, conseguiu baixar a musica? * Anonimos leitores, um abraço!

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