Era pra ser só amizade, mas... Capítulo 20 Final

Um conto erótico de Higor Gonçalves
Categoria: Homossexual
Contém 5150 palavras
Data: 05/08/2015 16:40:16

— É eu tenho sim. — Falei olhando em seus olhos.

— Pode começar a falar por favor. — Respondeu ele ainda sério.

— Vamos entrar, então conversamos.

— É vai ser melhor. — Ele se virou e entrou.

Comecei a andar e entrei no quarto, eu realmente não estava confortável com aquela situação, porém agora eu pagaria pelo meu erro em não ter contado sobre Pedro para Artur, devia ter ouvido os conselhos da Nat sobre isso, agora é encarar o meu erro e tentar repará-lo. Caminhei até a cama e me sentei ao centro, Artur porém, preferiu ficar em pé, bem de frente para mim, ver sua cara de quem não estava gostando da situação, me deixava muito nervoso, tentei pegar fôlego para começar, porém não sabia por onde.

— To esperando Higor. — Falou ele impaciente.

— To pensando por onde começar. — Respondi.

— Que tal me dizendo quem era ao telefone.

— Era o Pedro. — Respondi por fim.

— O seu irmão?? — Perguntou ele confuso.

— Não, outro Pedro, um velho conhecido. — Eu estava muito nervoso.

— E deixa eu adivinhar que esse tal Pedro foi o mesmo que te procurou ontem a tarde, certo?

— Sim, é ele mesmo.

— Ele não era só um amigo pelo jeito. — Disse Artur meio decepcionado.

— Infelizmente não, foi mais do que isso. — Respondi abaixando a cabeça, e as lágrimas vieram ao meu olhos.

— Ele foi quem escreveu aquela carta?

— Como você sabia que essa carta era sobre isso?? — Fiquei surpreso.

— Eu posso ser muito compreensivo Higor, e respeitei o fato de você não querer falar sobre aquela carta, mas eu também não sou idiota né. — Ele parecia meio irritado.

— Me desculpa.

— Eu realmente queria saber o que tinha escrito lá e sinceramente pensei que você fosse me contar, mas acho que não devo ser de confiança. — As lágrimas escorriam pelo rosto dele, foi até a janela e ficou olhando a Lua.

— Não diz besteira amor, você é a pessoa em quem eu mais confio, eu só não quis contar sobre o Pedro, por que não era mais algo importante na minha vida.

— Mas custava ter me contado?? Poxa Higor, a gente ta junto pra tudo, e é óbvio que ele ainda é importante pra você. — Aquelas palavras me acertaram parecendo navalhas.

— Não, ele não é, você que é importante pra mim, não ele, não me importo mais com ele , custa entender isso??

— Não é o que parece.

— Do que você está falando??

— Só você não percebe que ele ainda mexe com você, e isso me machuca muito. — Agora meu coração gelou.

— Você ta falando besteira, e se torturando sem motivos.

— Me diz uma coisa, se ele não fosse importante, não teria guardado aquela carta, não teria ficado mal por causa dela por dias, sim eu notei isso, e certamente não teria reagido aquela maneira no telefone. — Ele falou palavra por palavra, quase me deixando sem argumentos.

— Tenho explicações para isso. — Falei sério.

— Quero ouvir então.

— Eu guardei aquela carta, por que ele me fazia lembrar algo, uma promessa que nunca mais me apaixonaria novamente, promessa essa que eu quebrei, por que você apareceu na minha vida, e me transformou em uma pessoa boa de novo, eu guardei aquela carta por três longos anos, sem nunca lê-la novamente uma única vez, até aquela noite em que você a encontrou, quando eu a li, fiquei mal pelas lembranças dolorosas que ela me trouxe, foi uma época difícil, não fiquei daquele jeito pelo que sentia pelo Pedro e sim pela dor que ele me causou, dor essa que você curou, fazendo eu me lembrar como era bom amar e ser amado. Depois de tudo isso, eu queimei aquela carta, junto com essa fase da minha vida, mas não tenho culpa que ele veio atrás de mim, mas que eu não pretendo vê -lo, isso posso te garantir. — Artur escutou palavra por palavra.

— Nossa, com você explicando agora, consigo entender, mas não acha que toda essa mágoa faz mal, foi só um namoro adolescente que não deu certo. — Ele disse mais calmo, agora se sentando do meu lado.

— Não é tão simples quanto parece, o jeito como ele fez foi o que magoou.

— Por isso tratou ele daquela maneira ao telefone?

— Eu fiz aquilo, por que ele fez o mesmo comigo no passado, ele não só terminou comigo, Ele simplesmente fingiu que eu não existia, passou a me ignorar, e o que mais doía, era o fato que ele fez tudo isso, sem nenhuma explicação, entende. — Artur me abraçou forte.

— É claro que entendo, eu poderia saber da história toda??

— Tem certeza que quer saber?? Por que ele foi, se sabe... Especial e tals. — Perguntei preocupado.

— Tenho sim, é eu que estou com você agora, pode contar, por favor. — Já que ele insistia.

— Mas antes, vamos nos preparar para dormir. — Eu disse.

Nos levantamos e fomos fazer nossa higiene, a essa altura, todos na casa já dormiam, voltamos para o quarto, nos trocamos para deitarmos. Ficamos confortáveis na cama, eu fiquei deitado, com alguns travesseiros altos, e Artur se deitou em meu peito para ouvir a história, só deixamos a luz do Abajur ligada.

— Por onde quer que eu comece?? — Perguntei.

— Por onde achar melhor, só me faz um favor??

— Qual amor?

— Você poderia evitar os momentos mais íntimos, não gosto muito dessa parte.

— Claro amor, mas tenho uma boa notícia pra você.

— Que notícia?

— Eu e o Pedro nunca Tranzamos.

— Serio mesmo?? — Ele ficou só um pouquinho feliz kk.

— Serissimo, a gente ainda era novo e tinha medo, até por que foi tudo muito rápido, e não deu muito tempo e...

— Amor já entendi, agora pode começar a história, por que to morrendo de curiosidade.

— Ta bom. — Comecei a rir.

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3 ANOS ANTESEu não sabia explicar o que estava acontecendo comigo, sempre fui hétero, eu tinha fama de pegador e realmente era, namorei um tempo com uma guria, a Julia , e embora gostasse muito dela, não conseguia ficar só com ela e terminei, por que não queria trair ela, nunca aceitei esse tipo de coisa . Eu era bem vagabundo, porém toda essa inteligência só servia mesmo pra pegar mulher, por que eu era muito ingênuo, e praticamente sem muita personalidade, deixava os outros fazerem o que queriam comigo e assim ia. Eu tinha minha turma, como qualquer adolescente normal, esses eram : Deiziane, Leo e Pedro, todos amigos de confiança e que eu conhecia desde criança. Era amigo de todos, mas Pedro era o mais apegado a mim, vivíamos juntos, melhores amigos desde que posso me lembrar, éramos inseparáveis, o problema era que nos últimos meses, eu estava começando a ver o Pedro de uma forma diferente, digamos que um sentimento estava nascendo, algo mais forte que amizade.

Como disse anteriormente, isso era estranho para mim, pela primeira vez estava tendo atrações por um homem, era algo muito estranho para mim. Na época me abri com Nina e Leo, contei tudo a eles, que me apoiaram de uma forma impressionante. Eu estava agora com 17 anos e terminando o ensino médio, estávamos no início do ano letivo. O que era mais estranho era que Pedro também demonstrava tais sentimentos, eu podia notar isso, foi algo natural surgindo dentro de nós. Certo dia estávamos na casa dele e acabamos nos declarando, ficamos e depois se iniciou o Namoro, do qual apenas eu, ele, Nina e Leo sabíamos a respeito. Durante seis meses foi tudo muito perfeito. Certo dia estávamos eu e Pedro deitados a beira do lago, no parque da cidade.

— Pe, como imagina nossas vidas daqui a alguns anos?? — Perguntei a ele.

— Imagino, eu formado em psicologia e você em direito, vamos ter nossos próprios consultórios, vamos estar morando juntos e sendo muito felizes, por que é com você que eu quero passar o resto da minha vida. — Respondeu ele me deixando todo emocionado.

— Será que vamos conseguir??

— É claro que vamos, nada nunca vai nos separar, por que eu te amo meu pequeno .

— Eu também te amo. — Respondi.

— Sabe, sobre nossa primeira vez, eu sei que já devíamos mas... — Começou ele.

— Relaxa, eu entendo, também não estou pronto ainda. — Tentei deixar ele mais calmo.

— Obrigado por ser tão compreensível.

— Já pensou em como vamos contar para os nossos pais?? — Perguntei.

— Ainda não, sabe como minha mãe é né. — Respondeu ele.

— Sei sim.

— Mas o que importa é que eu te amo, e nunca vou te abandonar. — Aquelas palavras, ah como elas me iludiram.

Depois desse dia, foi onde tudo começou a desmoronar, e eu simplesmente sem saber de nada, ou o por que. Na manhã seguinte, peguei meu celular e mandei uma mensagem de bom dia para o Pedro, como fazíamos todas as manhãs, estranhei por não obter uma resposta. Passei o dia inteiro sem noticias do Pedro, e comecei a ficar preocupado. A noite, no colégio, nada dele aparecer, e ninguém havia visto ele ou tido notícias. Voltei para casa, onde mandei mais mensagens para ele e nada dele responder, naquela noite, praticamente nem dormi, na manhã seguinte novamente mandei mensagem e nada, comecei a ligar para ele, porém ele não atendia. Resolvi ir até a casa dele, porém ninguém me recebia, achei estranho, frequentava a casa dele desde moleque, todos me conheciam, porém ninguém me atendeu.

Foram dois dias assim, sem nenhuma notícia ou explicação, eu estava devastado, Nina e Leo tentavam me animar, dizendo que devia haver alguma explicação, que ele iria aparecer e depois iríamos rir de tudo isso, mas nada adiantou. Após esses dois dias, ele finalmente apareceu na escola, eu sai correndo dar um abraço nele, porém ele fingiu que não me viu e fez cara feia para mim. Passou a aula inteira sem olhar na minha cara, fingindo que eu não existia, eu fiquei com tanta raiva dele, e ao mesmo tempo sem saber o que fazer, meu coração apertava no peito, por que ele estava me tratando assim?? Depois de tudo que passamos, de tudo que vivemos e planejamos para o nosso futuro, eu mudei tanto por ele, como isso machucava e dóia, era algo fora do normal, nunca havia me sentido tão triste e devastado assim em minha vida.

Fui pra casa e tudo continuou na mesma, eu estava muito pra baixo, nada parecia ter sentido, era um vazio sem explicação. Aquela semana passou e eu só ficava pior ao ser ignorado por ele, não bastasse isso, ainda tinha que aturar ele ficando com outras garotas na minha frente, eu estava com tanto ódio, mas ao mesmo tempo com tanta dor, que não sabia mais o que fazer. Nina e Leo me apoiaram muito, se não fosse por eles, não sei o que teria sido de mim naquela época. Era um dia de um bom clima, um sol leve e uma boa brisa, eu estava indo pra casa, e de repente vejo ele vindo em minha direção, tive a esperança de que ele falaria comigo, pois estávamos sozinhos n a rua, porém ele passou por mim e fingiu que não me conhecia, aquilo foi a gota d'agua pra mim.

Eu estava chorando em meu quarto, minha mãe queria conversar e eu não quis me abrir com ela. Eu tentava não chorar, eu queria ser forte, esse bebê chorão, dramático por causa de amor, não era eu, eu odiava pessoas assim e agora estava me tornando uma, não, eu não ia chorar por causa de um idiota que virou a cara pra mim, sem explicação. Levantei e fui dar uma olhada na net, fiquei ali por alguns minutos, até que o meu celular tocou, e fui atender, era ele, não queria atender, mas não consegui me segurar. Peguei o celular e atendi.

— Oi. — Falei seco.

— Escuta, acho que tu ainda não entendeu que eu não quero mais papo contigo não é, então para de correr atrás de mim seu viado, não te quero mais, nunca te quis, então quando me ver na rua, finge que não me conhece, nunca mais me procura, será que eu fui claro, ou...— Desliguei o telefone antes dele terminar.

Diferente do que deveria acontecer, eu não chorei, simplesmente fiquei com raiva, ódio, e isso me fez pensar, era assim que ele queria, seria assim que ele teria. Chega de deixar as pessoas me fazerem sofrer, chega de ser um idiota, a partir de agora, nunca mais alguém iria me machucar novamente, se é pra ser um canalha, eu seria o pior de todos, me apaixonar?? Nunca mais. Os dias foram passando normalmente e eu agora estava realmente gostando desse meu novo eu, não tinha mais quaisquer problemas com a minha sexualidade e já sabia bem que gostava dos dois lados, e isso era só diversão para mim. Certa vez, meu pai havia me feito a proposta de me pagar um apartamento, caso eu entrasse na UFSC, pelos meus próprios meios, ou seja, estudando, na época eu havia negado, afinal a idéia de morar tão longe, me assustava na época e não queria ficar longe dos meus amigos, mas agora eu já tinha mudado de idéia.

— Pai, sabe aquela proposta de morar fora pra estudar, ainda ta de pé?? — Perguntei numa tarde de domingo para ele.

— É claro filho, se você quiser.

— Eu quero sim, depois que eu terminar o terceiro, quero ir correndo pra lá.

— Ta bom, mas o que te fez mudar de idéia assim tão repentinamente.

— Umas coisas aí.

E assim tudo começava, minha nova vida, Nina e Leo não gostaram muito no início, mas depois concordaram, se eu continuasse mantendo contato, e assim foi. Certo dia, uma garota que eu jamais havia visto, bateu em minha porta de casa, e me entregou um envelope com uma carta dentro, dizendo que alguém havia mandado para mim e foi embora, fiquei sem entender muita coisa, e fui para a beira da piscina, ver o conteúdo da carta.

" Oh meu lindo pequeno, eu sei que você vai me odiar tanto após ler essas palavras, me dói o coração escrever isso a você, pode me chamar de covarde por não ter tido coragem de te contar tudo pessoalmente, explicar o porquê de minhas complicadas escolhas. Como você sabe, não foi o único a descobrir coisas novas esse ano, nosso amor foi algo extraordinário para mim, principalmente pelo fato de que éramos melhores amigos desde a infância, e de repente somos dois adolescentes de 17 anos que descobrem que se amam, não foi nada fácil para nós admitir isso, porém nosso amor foi maior que isso, ficamos juntos por 6 meses, os melhores da minha vida, pode ter absoluta certeza. Eu sei que você deve estar querendo saber onde estou, e por que sumi e a duas semanas não dou noticias, mas acontece que fui contar para meus pais sobre meus sentimentos por você, e bem eles não aceitaram muito bem, e me mandaram morar com minha vó, fui embora sem me despedir, por que não queria tornar isso pior do que já está, e certamente eu não teria coragem para falar isso para você pessoalmente, eu sei que demorei para explicar o porquê da minha partida e peço desculpas, o que mais doi é saber que você deve estar me odiando agora, mas isso tudo é para o nosso bem, espero que um dia ainda possamos ficar juntos, por que sei que seu coração ainda pertence a mim, como o meu ainda pertence a você, eu te amo meu pequeno e talvez até um dia, do seu amado Pedro."

Me deu vontade de chorar, eu juro, mas por que daquelas atitudes idiotas, daquelas palavras que tanto me magoaram, por mais que ele tenha tido motivo, não podia ter me falado tudo pessoalmente, ter me explicado tudo, minha cabeça se enchia de dúvidas, por que ele foi tão covarde?? Eu jamais iria perdoá-lo, peguei aquela carta e guardei dentro de uma caixa, para me lembrar sempre do Nunca mais. Depois desse dia nunca mais eu vi o Pedro, me formei e não demorou eu me mudei, e até que chegou o dia que quebrei minha promessa, ao ver aquele loiro lindo de olhos verdes, vindo em minha direção, no dia 13 de fevereiro de 2014.

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ATUALMENTE

— Deu pra entender agora o por que da minha reação ao telefone?? — Perguntei pro Artur após terminar a história, ele ouviu tudo sem dizer uma única palavra.

— Entendi sim, não são palavras que a gente esquece fácil, pois machucam muito. — Ele respondeu.

— É essa a história que eu já devia ter te contado a muito tempo.

— E que história em, agora eu sei por que você não quer vê-lo.

— Poisé.

— Eu até entendo que o Pedro teve os motivos dele sabe, só acho que o jeito que ele encontrou para fugir disso, foi o pior possível, por que deve ter magoado muito os dois. — Disse Artur.

— Também acho, ele poderia ter me explicado a situação, eu ia entender, agora fazer o que ele fez, foi imperdoável. — Eu respondi enquanto fazia cafuné nele.

— Sabe, to me sentindo muito especial agora. — Disse Artur.

— Você sempre é, mas por que agora??

— Por que eu fui o homem que fez você quebrar a promessa e amar de novo, eu sou muito foda não é não. — Ele disse todo sorridente.

— E foda sim, o mais foda de todos os fodas do universo. — Respondi beijando ele.

— Podes me tirar uma dúvida?? — Perguntou Artur.

— Claro amor, qual é?

— Se o Pedro e você nunca tranzaram, quem foi o primeiro cara que você??

— Tem certeza que quer saber??

— Tenho.

— Digamos que o Leo nem sempre foi hétero. — Respondi.

— O Leo, mas jurava que ele não era gay. — Falou Artur incrédulo.

— E realmente não é, foi uma recaída.

— Como assim??

— Era final do ano, a gente tinha acabado de se formar, bebemos muito, mas o Leo bebeu muito mais que eu, ele ficou muito porrado, dai a gente acabou dormindo junto e rolou, eu comi ele, mas no outro dia a gente pirou, e decidiu que aquilo nunca aconteceu, foi muito traumático pra ele, por que ele realmente é hétero, a melhor parte foi que nossa amizade continuou a mesma.

— Caramba, que história mais doida. – Artur estava afinado.

— Mas como o primeiro pra quem eu dei foi você, você foi o meu especial. — Disse a ele.

— Somos para os dois então.

Conversamos mais um pouco e fomos dormir, pela primeira vez relembrar aquela história toda não me trouxe dor, mas sim alívio, por não sentir mais nada, e estar ali protegido pelo meu grandão. Acordamos no domingo e descemos para o café, o clima entre Artur e Leo era o melhor possível, eu realmente me perguntava como achei alguém tão perfeito assim. Foi mais um almoço em família e depois a tarde toda no sofá vendo tv, aqueles programas chatos de domingo, e depois um churrasco para comemorar mais um ano de vida e assim ia, até que já estava tarde da noite, todos estavam indo pra cama, estávamos na beira da piscina.

— Pai, pode ficar, preciso conversar com você. — Minha mãe me olhou com um olhar de aprovação.

— Claro. — Ele veio até mim e se sentou, Artur entrou junto com a minha mãe, eu podia jurar que ela estava escondendo ele, temendo a reação do meu pai.

— Bom pai, não sei por onde começar. — Estávamos sozinhos, esse era o momento, meu coração batia forte, foi o momento mais difícil da minha vida, até aquele momento.

— Que tal começar falando o que quer falar filhão. — Ele só me deixou mais nervoso ainda.

— Bom pai, você gostou do Artur né.

— Adorei ele, garoto maravilhoso, tem um grande futuro pela frente, mas o que tem??

— Se você soubesse alguma coisa sobre ele, ele iria continuar o mesmo garoto maravilhoso que ele é pai, não vai mudar nada.

— Higor, o que você ta querendo me dizer? — A expressão dele ficou seria agora, olhei para a Lua linda ali, com o reflexo dela no mar e pensei, é hoje que eu vou morrer.

— É que... É... — Eu não conseguia falar.

— Fala logo. — Ele disse já impaciente.

— É que eu e o Artur somos mais que amigos, ele é o meu namorado. — Falei chorando, ele ficou absolutamente sem expressão.

Se levantou e se virou para a vista deslumbrante que havia ali do nosso lado, ele não falava nada, meu medo só foi crescendo, eu jurava que a primeira reação dele, ia ser um soco ou tapa em mim, mas ele só ficava ali parado. Quebrei o silêncio.

— Pai, se você vai me bater, me chingar, eu não me importo, só não toca nele por favor, e não adianta nada do que você fizer, eu amo ele e vou estar sempre com ele, quer me bater, quebrar a minha cara...

— Cala a boca. — Respondeu ele.

— Eu não vou ficar longe dele.

— Não Higor, cala a boca e não fala bobagem, eu jamais faria isso com você, és o meu filho, e vai continuar sendo independente da sua opção sexual, então não fala besteira garoto.

— Pai é você mesmo? — Perguntei incrédulo, jamais pensei que ouviria isso dele.

— É claro, você é inteligente, boa pessoa, tem notas perfeitas, e namora um garoto excelente, maravilhoso, vem de uma excelente família, que te faz bem, te deixa Alegre, meu filho está feliz, o que mais eu deveria querer??— Isso era uma reação completamente diferente do que eu esperava.

— Caramba pai, não sei o que dizer, serio, não era essa a reação que eu esperava de você. — Respondi ainda sentado, olhando para ele.

— O que você esperava, que eu tirasse o cinto e partisse pra cima de você, e que ficasse te batendo e gritando " Vou te ensinar a ser macho " e essas baboseiras todas que esses preconceituosos idiotas fazem?? — Ele riu.

— Bem digamos que sim. — Respondi.

— Poxa filho, Agora você me magoou, eu nunca fui assim, você sabe, nunca tive preconceito. — Respondeu ele.

— Eu sei pai, mas é o que dizem, quando é com o dos outros é fácil, e eu achava que sendo o seu filho, você teria uma reação diferente.

— Pois pensou errado, como eu poderia não gostar?? Você encontrou um rapaz maravilhoso, está feliz, está indo bem na faculdade, já se tornando um homem, eu tenho é muito orgulho de você meu filho. — Eu comecei a chorar de emoção.

— Ah pai, eu te amo cara. — Corri e o abracei tão forte que ele chegou a falar.

— Também te amo filhão, mas não precisa me quebrar não. — Disse rindo.

— Pai, você já sabia né??

— A algum tempo filho, sua mãe já sabia que eu estava por dentro do assunto.

— E por que ela não me falou??

— Eu não queria que você soubesse, queria que você tivesse coragem de me contar, chegasse para mim e contasse tudo, como você fez, e mostrasse assim o quanto gosta do Artur. — Ele disse.

— A quanto tempo você sabia??

— Desde que eu fui ao seu apartamento aquele dia, não achou mesmo que tinha conseguido me enganar né filhão, já sou bem vivido.

— Por um momento realmente achei que tinha colado. — Eu ri.

— Agora vamos entrar.

— Eu pensei que a mamãe fosse esconder o Artur naquela sala.

— Que nada, só está mostrando suas fotos de bebê para ele.

— Ah essa não, por que ela sempre faz isso. — Sai correndo pra dentro de casa e meu pai estava afinado.

Foi uma conversa mais fácil do que eu poderia imaginar e agora tudo estava completo, minha felicidade estava completa e agora eu sabia o quanto fazia um juízo errado do meu pai, foi tudo tão fácil, que agora eu via o quanto o medo deixava tudo pior, que sentimento agoniante.

O último dia da viagem, segunda feira, é sempre aquele dia de despedida e tudo mais, meu pai continuava tratando eu e Artur do mesmo jeito, ainda melhor pra falar a verdade, estávamos nos despedindo e meu pai me deu altas idéia.

— Venham passar o Natal e ano novo com a gente, tragam os pais do Artur e o irmão dele e a namorada, podem trazer quem vocês quiserem, vamos fazer aquela festa. — Disse meu pai.

— É claro sogrão, eles vão adorar. — Respondeu Artur, só sentem a intimidade que já estavam.

Então ficou combinado assim, voltaríamos no natal, com a família do Artur, minha mãe fez aquele escândalo de sempre de que eu iria embora e tudo mais, meu pai me deu um abraço e disse.

— Se cuida filhão, e cuida bem do meu genro em. — Disse ele.

— Pode deixar pai, ele está em boas mãos, assim como eu.

— Eu sei disso. — Respondeu.

Artur deu partida no carro e novamente estávamos na estrada, pela primeira vez na minha vida saía daquela cidade, sem nenhum peso ou remorso, estava livre, sendo quem eu realmente sou. Pedro deve ter entendido o recado, pois não voltou a me procurar, estava muito melhor assim, embora algo me dizia que não foi a última vez que ouvi falar nele. Voltamos para nossa cidade e rotina normais, tudo voltou ao normal. Faculdade, academia e eu havia conseguido um estágio na Cassol, empresa de materiais de construção, entrei na parte de advocacia da empresa, das 13hr até as 16;30, era muito bom para mim, ajudava muito na minha faculdade, e já dava pra ter noção de como seria minha vida de advogado. Era aquela parte burocrática, de ler contratos, levar isso e aquilo para o cartório e tudo mais, era perto de casa e chegava em 15 minutos com a minha CB 300

O tempo foi passando muito rápido, eu e Artur estávamos muito felizes, já era quase final de ano, e enfrentávamos uma puxada semana de provas da faculdade, não estava fácil para ninguém, eu e Nat nos ajudavamos muito, e cada vez estávamos mais amigos, se é que isso era possível, ela ficou mais feliz que eu, por causa da aceitação do meu pai. Nessa semana de provas, eu quase não via o Artur, nos trancavamos em casa para estudar e depois quando acabava as provas, vocês já podem imaginar que matavamos e muito a saudade hahaha. As férias chegaram e junto com elas as notas, mais uma vez eu e Nat passamos, com as melhores notas da turma, Artur surpreendeu a todos e passou como o melhor aluno daquele ano, esse médico não seria um dos melhores minha gente e Natália sempre brincando " Se consultar com um cardiologista desses, tu infarta, vou me consultar todos os dias, saúde é importante sabe ", eu me acabava de rir com essa guria e William falava todo irritado " Sonha que vais ", esses dois até hoje é um vai e volta interminável. Lucas também passou com excelentes notas, ele fazia fisioterapia. Já o Thiago, não voltou a perturbar por um longo tempo, acho que aprendeu a lição.

Natal estava chegando e nossa viagem também, então estávamos arrumando tudo e eu pra variar, estava apanhando novamente pra minha mala, Dona Helena e seu Rafael já estavam prontos, pra variar só eu que não. Gus e Gabriela chegaram ao meu apartamento para viajarmos, já estavam todos ali, Dona Helena arrumou minha mala pra mim, dai a gente pode viajar haha. Eu praticamente ligava para os meus pais, quase todos os dias, então minha mãe não reclamava mais de mim. Então finalmente pegamos a estrada.

Foi aquela viagem sabe, meus pais e os do Artur se deram tão bem, que esqueceram até os filhos, já era verão, aquele calor de matar, então passamos mais tempo na praia e na piscina do que em qualquer outro lugar. Passamos a ceia de natal todos juntos, eu e meu irmão não chegamos a ter uma conversa sobre tudo que aconteceu, ele apenas disse " Vou te apoiar sempre mano, eu te amo ", e ficamos assim, ele tratava Artur muito bem, e se deu super bem com o Gus, assim como Gabi se deu com Nina, e assim foi. Era noite de ano novo, e era hora dos fogos, tudo estava perfeito, e eu acabei recebendo mais uma surpresa.

— Os fogos começaram, então já posso te dar isso. — Disse Artur, que vestia bermuda e camisão branco, assim como eu.

— Me dar o que amor?? — Perguntei curioso.

— Isso. — Ele abriu uma caixinha preta e dentro havia duas alianças de prata, que brilhavam de tão lindas, os fogos começaram a explodir, estávamos na praia e nossas famílias bem ao lado.

— Caraca grandão, por essa eu não esperava, te amo cara. — Ele colocou a aliança no meu dedo direito.

— Também te amo. — E colocou na dele.

Começamos a nos beijar e todos aplaudiram, os fogos estouravam atrás de nós, anunciando um novo ano, que seria repleto de alegrias, surpresas e muitas outras coisas, assim como 2014 foi, 2015 seria inesquecível e surpreendente, já que afinal, tudo é uma caixinha de surpresas nessa vida, assim como dois desconhecidos podem virar grandes amigos e essa amizade virar um grande amor lindo e maravilhoso, por que afinal de contas era pra ser só amizade, mas... Virou amor.

FIM.

__________________________________________________

Bom meus lindos e queridos leitores, ta ai o final da história, eu não iria continuar, mad mas já que pediram uma segunda temporada, vou fazer, só não tenho previsão pra postar ainda, mas garanto que volto o mais rápido possível, só vou dar uma descansada pra ter muitas idéias, durante esse tempo vou sentir muita falta de vocês, dos seus comentários carinhosos, e de tudo mais, espero que gostem do final, fiz com todo carinho do mundo, foi o maior capítulo que já escrevi aqui, porque lembrar desses momentos foi uma experiência perfeita e única, um abraço muito carinhoso e até a próxima, fiquem com Deus, Beijos.

Kim669 : Não foi uma conversa fácil, mas no final acabou tudo bem, meu pai foi muito compreensivo, até hoje acho que é um clone kkkkkkkk, mas é a vida, muitas surpresas. abrs.

Isztvan : Adoro fazer um suspense hahaha, não se preocupa que não vou parar de escrever não, já contei tudo que aconteceu com o Pedro, então acho que não fiquei devendo né kk, obrigado por acompanhar e até a próxima. Abrs.

Irish : Não é questão de assombrar, é o fato de que relembrar o passado é sempre chato, mas hj isso não me perturba mais não, na segunda temporada vão saber o por que. Abrs.

Maluco apaixonado : Acertou sobre meu pai, acho que já vale né hahaha, espero que goste desse tanto quanto gostou do outro. Abrs.

Jubileu : Cara não é tão simples assim, acho que agora vocês sabem o por que né, mas tudo se ajeitou. Abrs.

Ru/Ruanito : ;)

Danny Fioranzza : Isso é história para segunda temporada Danny, hahaha. Abrs.

Prireis822 : Oii pri, boa tarde, obrigado, bjs.

Bom pessoal, obrigado por acompanhar e comentar, obrigado também aqueles que não comentam, mad acompanham, vocês são incríveis pessoal e adoro muito vocês, obrigado por tudo, todos vocês são especiais e únicos no mundo, nunca esqueçam isso, e nunca deixem que falem ao contrário, todos são perfeitos do jeito que são, vou sentir falta de vocês, mas daqui a pouco eu volto, bjs.

H.g20@outlook.Com

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Comentários

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Mas gente... Me emocionei... Nem acredito que chegou ao fim... Devo dizer que de início eu achei que era ficção, mas depois de ver todo esse amor aplicado numa história, me mostrou que tu é muito foda... O que eu tenho pra descrever sobre o que eu achei disso tudo não pode ser colocado nun comentário. Parabéns e felicidades!

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Comecei a ler agora é simplismente A M E I, Please necessitamos de uma 2 temporada!!

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Mto legal =D Adorei! Seu pai mto fofo cara! Toda felicidade pra vc e o Artur <3 volte logo com a proxima temporada

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Oi Higor. Bom dia. Nossa que cap lindo maravilhoso sensancional o seu relato querido. Agora eu entendo o pq de tanta magoa do pedro ele teve uma atitude muito infantil mas fazer o que era seu destino se mudar e conhecer esse cara maravilhoso que é o artur. Fiquei feliz com a atitude do seu pai ele é um paizao mesmo. Desejo tudo de bom pra vcs e vou aguardar.andiosa a sua volta. bjos :)

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sabia que eu ia amar esse fim! foi lindo demais, chorando aqui, já to com saudades ...

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Pelos meus calculo, somando o cateto da hipotenusa, mais as variáveis de PI, elevado a decima quinta potencia com radica oito, e transição da morfo sintaxe do cotidiano da preguiça femeá não era hora de acabar o conto... Exatamente assim que fiquei, sem entender por que terminou agora se tava tão bom... Espero mais...

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Aí foi lindo, maravilhoso, perfeito é pouco pra descrever o final dessa historia (final não por que a historia de vcs continua e vai ser pra sempre), volte logo viu, já estou com saudades :( , beijos seu fofo e Felicidadeeeeeees....

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Ahhh cara vou sentir muita mas muita saldades de ti fico triste como uma historia linda dessa termina; mas tem 2!Bjs.

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Pelos Deuses!!! Eu li com o coração a mil... Cara, não poderia ter um final melhor, o teu pai realmente é "o pai". Estou ate eufórico aqui! rsrsrs O capitulo deveria se chamar perfeição! rsrsrsrs Cada detalhe foi algo esplendido! Cara, descobrir quem foi o seu primeiro foi algo sem palavras! rsrsrsr Quem diria que o Leo serio o tao... rsrsrsrs Esta mais que de parabéns por tudo, desejo tudo de bom para vocês, bjs e abrs. Ah, ja que não terá previsão para segunda temporada, vc ja pode esperar que vou te azucrinar por e-mails! rsrsrsrsrsrs

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é leitor e nao leito, essa coisa comeu o r

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Menino, sem palavras. PRIMEIRO fiquei impressionado como vc gastou seus dedinhos digitando, e esse foi o seu primeiro presente para esse seu leito. SEGUNDO: LINDO LINDO LINDO LINDO o final dessa primeira etapa, deliciosamente triste, romantico sempre temperado com umas leves pitadas de SUSPENSE, correto? Se vc acredita que vai fazer apenas a segunda temporada, vai tirando o cavalinho da chuva, pois tera que ter tudo aquilo que vc ja havia comentado, casamneto, filhos, netos e p0ode deixar eles morrerem no final, pois ja estaro bem velhinhos. Amei essa primeira jornada dessa estoria. Parabens, obrigado, e GRITA BASTANTE qdo voltar com a segunda temporada. Enorme abraço e obrigado pelo conto, OTIMOOOOO, sem palavras

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Emocionante esse final. Que paizão de ouro! Parabens! Volte com a segunda temporada sim ;) Estarei esperando.

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