Gotas de Júpiter - 01x18 - Reflexões

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 1757 palavras
Data: 12/07/2015 03:08:16

Gente. Mil perdões. Estava muito enrolado com algumas coisas, além de tá sem notebook. Vou postar esse resto de temporada e estou começando a escrever uma segunda. Espero que gostem

* Esse episódio em especial segue o ponto de vista do Gustavo. Aproveitem:

Não lembro muito bem quando foi a primeira vez que eu me interessei por um homem. Na verdade estava dentro de mim aquele desejo. Agora eu recordo a primeira vez que o vi, sentado com seus lindos olhos verdes, sua postura de menino inocente e aquelas mãos brancas. Sim, tenho tara por mãos. Meu nome é Gustavo, tenho 16 e moro no sul do Brasil.

A minha história de vida é muito dura, minha mãe sempre foi abusiva comigo e nunca mostrou um rastro de carinho ou afeto. Recentemente ela faleceu e perdi tudo aquilo que tinha. Quer dizer... até conhecer a professora Elizabeth, ela sempre foi doce comigo. A verdade é que a Elizabeth é minha mãe perdida.

No colégio quando achei que tudo seria simples, ele apareceu como um furação e me tirou do chão. Thiago. Um nome, seis letras e tanto significado na minha vida. Graças ao meu escroto jeito de ser acabei decepcionando a única pessoa que esteve sempre ao meu lado. Agora cá estou eu, nas minhas férias e sozinho. Bem feito otário.

Silva: - Você está de férias meu amigo. Animo. (balançando os ombros de Gustavo)

Gustavo: - Eu quero é me enterrar num buraco e dormir durante 100 anos.

Silva: - Rapaz. Você é jovem. Deve pegar as gatinhas.

Gustavo: - Justamente essas gatinhas que estão acabando comigo.

Silva: - Eita.

O café lotou naquela tarde. Todos os meus colegas e amigos passavam lá. Ludmila, Bruno, Alison, Suzana, Kim e alguns professores também. A Barbara virou uma cliente assídua, eu fiquei com ela algumas vezes, mas não queria dar esperança de nada. Tá, você me pergunta e por que diabos você ficou com ela? E essa meu amigo, é uma pergunta que eu não sei responder.

Barbara: - Oi, Gustavo?

Gustavo: - Oi. Qual o seu pedido. (com caneta e papel na mão)

Barbara: - Um pouco de você. (risos)

Renato: - Barbarinha. Atendente. Como estão vocês?

Barbara: - Olá? Cadê a Jéssica?

Renato: - Deixando umas compras no carro. Eu quero um chá verde. Por favor.

Jéssica: - Serviçal. Graças a Deus. Faz tempo. Quero uma água tônica.

Gustavo: - Que seja. (anotando)

A noite decidi ir comer alguma coisa na praça. Eu e o Thiago sempre fazíamos isso.

Thiago: - Quer comer alguma coisa?

Gustavo: - Sim. Quero.

Thiago: - Vou querer um sanduíche de atum.

Gustavo: - Eu vou querer um...

Thiago: - Sanduíche de frango. Acertei?

Atendente: - Moço? Moço? Tá tudo bem?

Gustavo: - Desculpa. Um sanduíche de atum, por favor.

Sozinho naquela praça percebi algo. Eu que tanto fugi do amor não imaginava que seria feliz alguma vez. O Thiago era tudo para mim. E eu só o tratei mal. Não seria uma carta anônima que me faria desistir do amor da minha vida. Precisava contar para alguém. Desabafar. Terminei meu sanduíche, peguei minha bicicleta e corri.

Gustavo: (tocando a Campainha) – Vamos. Vamos. (a porta abre)

Ludmila: - Gustavo? Oi. Tá tudo bem.

Gustavo: - Eu sou apaixonado pelo Thiago.

Ludmila: - Nossa. Você... você... quer... entrar? (apontando para dentro)

Gustavo: - Com licença.

Ludmila: - Tá. Vamos do principio. Você e o Thiago. É o lance é correspondido?

Gustavo: - (balança a cabeça) – Mas, eu... eu... lasquei tudo. Logo quando apareceu aquele cartaz e todos nós ficamos preocupados. Eu recebi um bilhete dizendo que se eu ficasse ao lado dele eu seria o próximo.

Ludmila: - Nossa.

Gustavo: - Aí eu comecei aos poucos a me afastar ele. A gente ainda se via nos ensaios e em casa, mas eu o afastei. (chorando)

Ludmila: - Gustavo. (abraçando o Gustavo)

Gustavo: - Ele viajou magoado comigo. Eu não sei o que fazer.

Ludmila: - Eu não imaginava. Eu... (abraçando forte)

Gustavo: - Nem eu. É o primeiro garoto que eu fico.

Ludmila: - Vocês ficaram juntos desde quando?

Gustavo: - Um dia depois que a Marta me expulsou de casa.

Ludmila: - E o pai dele?

Gustavo: - O seu Hélio não sabe. A única que sabe agora é você.

Naquela noite dormi com a Ludmila, ou melhor, dormi na casa da Ludmila. Minha vida já tá confusa o suficiente para o meu gosto. Passamos parte do tempo conversando sobre o Thiago e a minha mãe Elizabeth. Ludmila me ajudou bastante naquele dia.

Hélio: - E como foi na casa da Ludmila?

Gustavo: - Bem. A gente conversou muito. O senhor está bem?

Hélio: - Eu tô. Muito bem na verdade.

O pai do Thiago estava tendo um romance com a minha mãe. Nossa. Será que tudo vai ser assim? Mas ela tentava ser a mais discreta possível. Até uma viagem para o interior eles fizeram juntos. Não queria atrapalhar, afinal eles mereciam ser felizes juntos. Já que eu não podia ser.

Durante as férias a gente ensaiou bastante também. A gente revezava no vocal, afinal o nosso vocalista não estava. Depois que contei o meu grande segredo para a Ludmila a gente passou a ser mais intimo. Ela me contou sobre seu namoro com o Alison e os problemas com a mãe.

Decidimos fazer a noite do cinema. Compramos DVDs e fizemos pipoca. No final da noite a Ludmila estava deitada no sofá com a cabeça no meu colo e dividimos um prato de brigadeiro.

Ludmila: - O Thiago é o teu primeiro namorado?

Gustavo: - Hum rum.

Ludmila: - E antes dele?

Gustavo: - Umas garotas da minha antiga escola, mas era para impressionar os meus amigos.

Ludmila: - Nossa. Sério. Vocês dois não parecem gays. E olha que o meu melhor amigo era a bicha suprema.

Gustavo: - O Lúcio?

Ludmila: - Sim. O Lúcio. Nossa queria tanto impedir ele de se matar.

Gustavo: (risos)

Ludmila: - Ei. Não é engraçado ok.

Gustavo: - Desculpe, mas não é isso. O Thiago pensou uma vez que eu fosse pular da ponte.

Ludmila: - Mentira. Como foi?

Gustavo: - Sabe a ponte da Boulevard? Eu sempre gostei de ver o pôr-do-sol lá. Um dia depois da aula, ele passou e me viu sentado. Cara... foi muito engraçado. Ele pulou para o outro lado e quase caiu. Eu tive que salvar ele.

Ludmila: (risos) – Nossa.

Gustavo: - E ele que acabou salvando a minha vida.

Ludmila: - Que lindo.

Gustavo: - Ele me fez ser amado. Me deu uma família.

Ludmila: - E quando o Thiago volta da Califórnia?

Gustavo: - Semana que vem.

Ludmila: - Você ama o Thiago?

Gustavo: - Amo.

Ludmila: - Você teria vergonha de andar de mãos dadas com ele?

Gustavo: - No início sim, mas ele me daria coragem para fazer isso.

Ludmila: - Já sei o que vamos fazer. (falou colocando uma colher gigante de brigadeiro na boca)

Suzana sumiu por um tempo. Descobri depois que ela passou parte das férias em terras inimigas.

Cesar: - Obrigado por vir aqui. Ele sempre fica feliz.

Suzana: - Eu adoro o Cristovão. Ele faz a gente refletir. Pensar na vida. Sempre tive tudo nas minhas mãos, uma princesa, então por um tempo eu quase me deixei sucumbir ao lado negro da força. (ela disse fazendo uma careta)

Cesar: - Sei. E o que te fez voltar a realidade?

Suzana: - Os meus amigos. E você me conta. Há quanto tempo é apaixonado pelo Thiago?

Cesar: - O que? Como... eerrr.... eu... Cristovão?

Suzana: - Claro. Esse menino é uma espoleta.

Cesar: - Ele prometeu que não ia contar para ninguém.

Suzana: - Relaxa. Seu segredo está guardado comigo. E outra, o Thi merece ser feliz. Depois de tudo o que ele passou.

Cesar: - Mas o Gustavo nunca deixaria a gente ficar junto.

Suzana: - O que tem o Gustavo?

Cesar: - Ele é o namorado do Thiago. Ou era.

Suzana tinha o poder de decifrar as pessoas. Ela olhava e sabia o que a pessoa havia feito ou sentido. Mas naquele caso o Gaydar dela havia emperrado.

Suzana: - Droga.

Cheguei na casa da avó do Lúcio e continuei o meu trabalho no concerto da cerca. Comecei a pintar cedo e terminei no inicio da tarde. Na hora do almoço ela me chamou. Peguei a camiseta e limpei um pouco do suor. Vesti e entrei na casa.

Maria: - Nossa você está bem?

Gustavo: - Sim. Trabalhar me faz esquecer os problemas.

Maria: - Isso é bom.

Gustavo: - Dona Maria. O... o.. Lúcio se assumiu com quantos anos?

Maria: - Assim que ele nasceu. (risos) – O meu neto tinha um brilho especial. Nunca precisou sair do armário. Apenas era feliz, do jeito dele.

Gustavo: - Que bom. Ele deve ter sido realmente feliz tendo a senhora como avó.

Maria: - Sabe meu filho. A família tem um poder muito grande sobre a gente. São as pessoas que estarão nessa jornada que chamamos de vida. Temos que valorizar a todos.

Aquelas palavras me deixaram dividido por causa da Elizabeth. Decidi conversar com ela sobre nós. Marcamos na praça central e compramos sorvete.

Gustavo: - Olha. Eu... queria te pedir desculpa por ter sido tão chato.

Elizabeth: - Tudo bem meu filho. Eu entendo.

Gustavo: - Eu sei que a gente começou com o pé errado. Mas eu quero fazer parte da sua vida.

Elizabeth: (chorando) – Não sabe como isso me faz feliz. (abraçando o Gustavo)

Gustavo: - E obrigado por não desistir de mim.

Elizabeth: - Amor. Eu desisti de você uma vez. E aquela foi a última. Eu sei que a Marta não levou você para orfanato nenhum. Ela me usou para ter você.

Gustavo: - Eu sei.

Elizabeth: - Eu ia te levar para um orfanato onde você teria outras oportunidades e... fracassei. E eu quero recompensar tudo isso.

Gustavo: - Estamos compensando. (sorrindo)

Passamos a tarde conversando. Falei sobre minha, meus talentos para a música e sobre muitas outras coisas.

Gustavo: - Elizabeth. Você já se apaixonou por alguém e fez algo ruim para essa pessoa?

Elizabeth: - Já. Você tá tendo algum problema com garotas?

Gustavo: - Digamos que sim. Queria fazer algo para surpreender sabe...

Elizabeth: - Faz uma serenata. Que tal? Ela vai gostar.

Gustavo: - Pode ser. Pode ser.

Naquela sexta-feira acordei antes do despertador. Tomei banho e escovei os dentes. Fui o primeiro a descer para preparar o café. O Hélio até bagunçou comigo. Íamos pegar o Thiago no aeroporto. Depois de quase 14 dias veria meu amor.

Hélio: - Será que vai demorar muito? (olhando no relógio)

Alex: - O Thiago sempre se atrasa. Que coisa.

Gustavo: - Ali. Ele está ali. (apontando para frente)

Thiago: - Oi, gente.

Hélio: - Meu filho. (abraçando Thiago)

Alex: - Finalmente. Pensei que tinham te deportado. (batendo na cabeça do Thiago)

Gustavo: (nervoso e ofegante) – Oi.

Thiago: - Oi.

Eu amo aqueles olhos verdes. Eles me fazem sentir seguro. Perdi tanto tempo tentando ser alguém que não era. Tantas lágrimas. Isso iria mudar. Eu iria mudar por causa dele.

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