Royals - Capítulo 2: Do it Again

Um conto erótico de M.Sardothien
Categoria: Homossexual
Contém 2510 palavras
Data: 27/07/2015 01:11:12
Última revisão: 27/07/2015 16:21:08

Era mais um dia de rotina, as tarefas eram faculdade, trabalho, estudar e escrever. Depois de ter dormido em uma banheira na festa do dia anterior, dormir no sofá não foi algo que ajudou a rigidez nos músculos, e isso só dificultaria o seu dia.

Ele levantou com o corpo reclamando. Forçou-se a se espreguiçar e estalar o pescoço, foi até a cozinha e colocou pó de café na cafeteira e a ligou. Andou até o banheiro e ficou se olhando no espelho por mais ou menos cinco minutos. Ray havia levantado, mas sua mente ainda dormia e ele estava fazendo as coisas no automático. Somente quando a água quente caiu sobre seu rosto que seu corpo e mente começaram a trabalhar juntos. Ele fazia uma lista mental do que teria de fazer depois da faculdade e antes do trabalho. Saiu do banho e enrolou a toalha na cintura, passou desodorante e escovou os dentes. Secou o cabelo com aquele secador velho da avó que tinha provavelmente mil anos e cheirava à queimado, subiu para seu quarto, vestiu uma calça jeans e uma camisa xadrez de flanela azul e preto, desceu e tomou café puro com um bolinho de mirtilo.

A rotina era algo que andava pesando psicologicamente para Ray, tudo que ele fazia exalava mesmice. Suas roupas eram iguais, todo dia banhos matinais, café com bolinho de mirtílo, o céu da mesma cor, as mesmas tarefas. Tudo muito datado. Até quando ele tentava se aventurar parecia algo forçado, ele não fazia nada que já não tivesse criado uma tonelada de expectativas sobre, até então, o que poderia ser diferente já não tinha graça. Já havia pensado em se mudar para alguma cidade grande como New York ou Los Angeles, mas sua condição financeira não era algo que ajudasse em seus sonhos.

Ele calçou os sapatos, vestiu o casaco, pegou as chaves do carro e foi para a aula.

Ao chegar na sala sentou em seu lugar habitual. Ele sempre chegava mais cedo para se sentar ali e odiava quando se sentavam lá antes dele. Ele sempre gostou de sentar a frente. A primeira aula era de Ficção. A professora era a Senhora Charleston, uma mulher que arrastava seu saltos enquanto andava, adora usar conjuntos floridos e sempre estava com as meias desfiadas. Ray a achava muito gentil, ela havia o ajudado a sair da sua zona de conforto em sua escrita. Ele sempre escrevia em primeira pessoa porque sempre se conectava com o personagem e passava suas próprias experiências, mas a Senhora Charleston dizia que se ele sempre fizesse isso todos seus personagens acabariam ficando iguais. No começo ele achou desconfortável a mudança de escrita e várias vezes se pegava escrevendo em primeira pessoa no meio do texto, mas com o tempo foi se adaptando.

As aulas passaram rápido e tudo que ele conseguiu foi mais trabalhos de casa, e já tinha toneladas para fazer. Ele precisaria dar um tempo em sua vida irresponsável para lidar com a realidade.

Após o último tempo ele foi até estacionamento na universidade e pegou sua bolsa carteiro com o uniforme de trabalho -que basicamente era composto por um avental preto-, e foi andando para a livraria/cafeteria. Ray sempre deixava o carro no estacionamento da universidade, porque onde ele trabalhava havia apenas três vagas na frente do estabelecimento e elas sempre estavam ocupadas. Entrou na livraria e logo avistou Brianna no balcão do café, ela estava lendo algo. O balcão onde servia café era na parte da frente da loja, e ao lado havia algumas mesinhas, logos depois do balcão se encontravam fileiras de enormes estantes com cada seção separada. Sempre trocava seu posto com Brianna, ás vezes ele ficava cuidando da cafeteria e ás vezes cuidava da livraria. Na semana anterior havia três funcionários, mas Finn o antigo ajudante havia se demitido e dono da loja Sr. Robbinson colocara anúncios da vaga no jornal.

-Hey Ray!!! - chamou Brianna - Preciso de um super favor seu.

-Diga - Ele respondeu colocando o avental preto com o logo da loja, que era uma xicara de café e a fumaça que saía dela eram palavras.

-Hoje tenho uma consulta no ginecologista - Ela colocou a mão em frente a boca e falou sussurrando a última parte -Preciso que fique no meu lugar, e também que treine o novo garoto.

-Ficar no seu lugar está ok, mas sobre treinar o novo garoto eu não sei, porque eu sou péssimo para ensinar coisas.

-Ele já vai chegar, tudo que você tem que fazer é dar o avental para ele, mostrar o lugar e mandar ele colocar os novos livros que chegaram nas prateleiras. Só isso. Parece difícil?

-Acho que não - disse ele meio duvidoso.

-Estou saindo agora, já deixei tudo limpo. -Brianna falou tirando o avental e colocando sua bolsa de colo no ombro. Ela rapidamente se olhou na máquina de inox que fazia cappuccino e soltou seus cabelos ruivos que estavam presos em um rabo de cavalo -Muito obrigada por segurar a barra, fico te devendo essa.

-Sem problemas, você já ficou no meu lugar várias vezes. Vai nessa - Ray falou indo para trás do balcão. Brianna sorriu agradecida e saiu da loja.

Ray pensou que ele mesmo podia arrumar os novos livros, porque era meio complicado arrumar os livros em suas devidas prateleiras. Tinha que ser por gênero, autor e editora. Mas ele não podia sair dali. Talvez em vez de ensinar ao novo garoto como organizar os livros, ele poderia ensiná-lo a mexer nas máquinas de café - o que mais cedo ou mais tarde ele teria que aprender.

Ouviu-se o sininho da porta. Um rapaz alto de pele muito clara, olhos azuis e cabelo preto entrou. Usava calças jeans com alguns rasgos no joelho, uma camiseta vinho de manga cumprida, um casaco cinza e All Star azul marinho. Ele caminhou até o balcão onde Ray estava abaixado arrumando os sacos de café. O garoto pigarreou. Ray levantou subitamente e bateu a cabeça na quina do balcão. -Argh!!! - praguejou. -Sim? O que deseja? - ele perguntou massageando o ponto onde havia batido. Sentia a cabeça latejar.

-Sou o novo ajudante. É meu primeiro dia - o garoto responde rindo. Ray se perguntou se era dele que o outro ria.

-Ah. Fui informado sobre você. Vou te instruir sobre o que fazer ok? - ele disse. -Aliás, prazer, sou Raymond. -ele estendeu a mão para um cumprimento.

-Matthew - o garoto apertou a mão de Ray. Sua mão estava gelada. - Mas pode me chamar de Matt -o sotaque britânico soava em seu falar.

-Pode me chamar de Ray -ele retribuiu. Pegou o avental debaixo do balcão que ele havia separado anteriormente. -Tome vista isto -ele deu a peça para o garoto, que logo a vestiu.

-Ficou um pouco pequeno -Matt disse.

-É que você é alto. Até então nunca tivemos alguém tão alto trabalhando aqui. Acho que o Sr. Robbinson tem algo contra pessoas altas. Não sei o que fez, mas fez ele mudar de ideia - Ray sorriu para Matt.

-O que você vai me ensinar? - Matt perguntou.

-Vamos começar com a organização das estantes ok?

-Ok.

-Venha comigo - Ray fez um movimento com a mão para que Matt o acompanhasse e o outro o seguiu. Ele o levou até o estoque, e lá pegou duas caixas pesadas e deu para Matt segurar, ele também pegou duas caixas e foi para um dos corredores cheios de estantes.

-Você deve colocar os livros de acordo com os gêneros de cada estante ok? E se nessa estante tiver livros do mesmo autor, coloque ele junto e na ordem alfabética -Ray apontou para os adesivos que continham em cada estante, informando os gêneros. - Esse corredor aqui só tem infanto juvenil, jovem adulto e novo adulto. Caso não saiba o gênero só de olhar a capa, no verso da folha de rosto sempre tem. Entendeu? -ele olhou para o outro.

-Sim, mas o que é uma folha de rosto? - Matt perguntou com uma expressão confusa.

-Geralmente é a segunda ou a terceira página do livro. Nela há várias informações - Ele pegou um exemplar em uma prateleira e mostrou para Matt.

-Não sei se vou saber distinguir o gênero de cada livro só pela capa, então isso vai ser de grande ajuda - disse Matt lendo a folha de rosto do livro que Ray o mostrara.

-Não se preocupe, com o tempo você aprende á fazer isso - disse Ray se abaixando e abrindo todas a caixas.

-Eu nem sou muito de ler, mas sempre gostei do cheiro de livros e sempre admirei estantes cheias deles. Minha mãe gostava muito de ler e livros me fazem lembrar dela. Isso aqui é o máximo - Matt falou olhando e volta todas as estantes.

-Não vai achar tão legal quando tiver que limpar todas elas - Ray olhou para Matt e arqueou uma sobrancelha, e logo em seguida riu. Ele começou a colocar livros nos braços de Matt. -Mas sobre ler, eu gosto muito. Na verdade, é uma obsessão. Meus pais sempre me apoiaram e minha vó também.

-Eu li o básico - Matt começou a organizar os livros.

-Deixa eu adivinhar... Harry Potter, The Catcher in the Rye, Nancy Drew, e algo de Sydney Sheldon? - perguntou.

-Só Harry Potter e Catcher in the Rye - respondeu Matt. - E alguns outros é claro.

-Hmm o básico mesmo. Mas então, você entendeu o deve ser feito né? Preciso voltar para a cafeteria. Não posso deixar lá sem ninguém - Ray deu mais alguns livros para Matt segurar.

-Entendi sim - disse o outro.

-Qualquer dúvida é só me perguntar, ok? - ele disse.

-Ok - Matt respondeu. E ele voltou para a cafeteria. Por sorte não havia ninguém.

O tempo passou rápido. Já era quatro da tarde e Ray não tinha almoçado, sua barriga já reclamava. Geralmente ele deixava Brianna sozinha e saía por meia hora para comer, mas ela não estava e ele não podia deixar Matt -que era inexperiente- sozinho na loja. Ele pegou um croissant do aquecedor que ficava no balcão e mordeu sem muita expectativa, já que tudo ali tinha gosto de massinha de modelar. O café era ótimo, mas os acompanhamentos não.

Ele pegou um exemplar de Wuthering Heights (Morro dos Ventos Uivantes) que alguém havia deixado em uma mesa e começou a ler. Este era um livro que ele já lera, mas era fascinado pelo romance entre Heathcliff e Catherine, e a forma como era a evolução dos personagens com o decorrer da estória.

-Tem mais alguma coisa pra fazer? Já acabei de arrumar todos os livros - Matt falou saindo de um dos corredores.

-Por enquanto não - Ray parou de ler e ergueu os olhos para Matt. -Olha, uma coisa que você tem que saber é que depois que arrumamos tudo aqui, geralmente nós ficamos sem fazer nada, até porque depois que está tudo limpo raramente tem algo a ser feito. Então quando chegamos a primeira coisa é limpar a cafeteria e as máquinas, passar pano no chão, uma vez por semana tirar o pó das estantes, tirar o lixo e etc... Vai ter dias que você tem que chegar um pouco mais cedo para receber a mercadoria ok? - o outro assentiu. -Eu nunca posso chegar mais cedo porque eu faço faculdade. Entendido?

-Entendido - Matt respondeu.

-Ah e mais uma coisa. Quando o Sr. Robbinson estiver aqui, você tem que arrumar algo para fazer. Ele detesta quando a gente fica parado sem fazer nada. Mas ele raramente vem aqui então...

-Ok. Então agora posso ficar sem fazer nada?

-Sim, pode - ele sorriu e voltou a ler o livro, Matt sentou em uma das mesinhas e ficou mexendo no celular.

As horas passaram rápido enquanto Ray lia. Na loja só havia ele e Matt, e os dois estavam em silêncio, mas aparentemente entediados com suas distrações.

-Que horas a loja fecha? - Matt falou quebrando o silêncio.

-Ás oito. Por quê? Já quer ir embora? - Ray perguntou.

-Não, eu só queria saber - Matt disse puxando um fio solto do avental.

-Uma curiosidade. Você é britânico né?

-Sim, de Glasgow. Me mudei pra cá três dias atrás.

-E por quê decidiu vir pra cá? - Ray questionou.

-É muito clichê dizer que vim atrás do sonho americano? - Matt sorriu colocando as mãos atrás da cabeça e cruzando as pernas esticadas, ficando numa posição relaxada.

-Infelizmente é. Mas você veio procurar aqui no Alasca? Onde não há nada?

-Sim, meio doido né?

-Totalmente... Você podia ter ido para Los Angeles, New York, Chigago, Boston ou qualquer outro estado, mas veio pra cá que é o estado mais escassamente povoado dos Estados Unidos - Ray falou descrente.

-Minha cabeça não funciona normalmente - o outro sorriu.

-É, acho que não - Ray concordou. - E onde você está morando?

-Em uma pousada barata. Por enquanto - Matt acrescentou. - Quando me estabilizar quero alugar um flet ou algo assim.

-Por aqui é um pouco difícil, e quando tem é caro. Em Anchourage tem muitos quartos para alugar. Inclusive eu estou alugando um.

-Sério? E quanto você está cobrando?

-Trezentos e cinquenta doláres por mês. Não quero colocar muito caro porque eu meio que preciso da grana. A casa era da minha avó, é antiga e precisa de alguns concertos.

-É um preço razoável, isso não da nem um semana que pago na pousada.

-Eu sei. Coloquei o anúncio no jornal, mas até o momento ninguém se interessou.

-E se eu disser que estou interessado? - Matt ajeitou a postura na cadeira.

-Sério? - Ray franziu o cenho.

-Sim, acho que seria ótimo.

-Bom, você pode ir conhecer.

-Pode ser hoje?

-Hmm hoje não dá, tenho algumas coisas a fazer quando fechar a loja. Que aliás, é daqui a quinze minutos. - Ray mentiu sobre estar ocupado após o expediente. Na verdade ele iria pra casa para fazer uma faxina, e assim poder mostrar o lugar. -Mas amanhã com certeza. Te dou o endereço e você pode ir de manhã. Posso faltar a aula - ele disse se levantando e tirando alguns pratos e xícaras do balcão e das mesinhas. Matt o ajudava.

-Por mim tudo bem - o outro respondeu sorrindo.

Depois de limparem tudo, Ray escreveu em um papel o endereço de casa e deu para Matt. Eles tiraram seus aventais e guardaram em baixo do balcão do café. Quem geralmente fechava a loja era Brianna, mas quando ela não estava, Ray usava uma chave reserva que ficava guardada no estoque. Ele trancou a porta de vidro da livraria.

-Então amanhã? - Matt perguntou.

-Sim, amanhã. Você pode ir à partir das nove - Ray respondeu e o outro assentiu.

-Então até logo - Matthew estendeu a mão para se despedir.

-Até- Ray apertou a mão de Matt e cada um foi para um lado.

Ray foi andando até o estacionamento da universidade pegar o carro para ir pra casa.

Pia Mia - Do It Again

Esse capítulo, na minha opinião, está consideravelmente melhor... Espero ter conquistado vocês de alguma forma. O próximo capítulo sai ainda hoje, aí vocês podem me dizer se devo continuar ou não.

Realmente espero que estejam gostando, o comentário de vocês é fundamental para que eu continue. Até breve!

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