Prisão sem grade - Capítulo 4 (Segunda Temporada)

Um conto erótico de Allana Prado
Categoria: Homossexual
Contém 2991 palavras
Data: 07/05/2015 10:57:08

(Victor)

-Victor, tô falando contigo.

Voltei meus olhos perdidos observando o nada para a realidade em que estava agora. Nem sabia quanto tempo eu tinha apagado total da conversa, mas pelo tom de voz da minha noiva, eu sabia que foi por muito tempo.

-Tô ouvindo, Karina.

-Não parece. Quando eu falei que a gente precisava sair pra algum lugar eu não me referia a comer no shopping.

-A gente tá junto, não era isso que você queria?

-Deixa pra lá... Como andam as coisas no projeto que você está desenvolvendo com meu pai?

- Andam bem, seu pai me deu bastante liberdade pra criar e dispensar o que eu não acho que vale a pena. No geral acho que vai dar certo.

-Eu já sabia, você é o máximo.

Ele falou se juntando mais a mim. Karina era uma moça muito bonita, filha e única herdeira de um famoso empresário, que também era meu chefe. Já nos conhecíamos antes de eu terminar meu namoro, mas nunca tinha rolado nada. Eu só tinha olhos pro Bernardo, ela era só mais uma que ás vezes eu percebia que dava em cima de mim, e eu gentilmente dispensava. Com o rompimento veio a minha tristeza e a dor que eu tentava disfarçar nas horas de trabalho, ela em uma das muitas visitas que fazia ao pai acabou percebendo isso e assim começamos a nos aproximar. Aquela morena linda acabou se tornando um bote salva vidas ao qual eu me agarrei pra não afundar, e quando a maré baixou, eu me vi na situação que estou hoje. Noivo e sem amor nenhum.

Não sabia mais quando tempo ia agüentar levando aquela vida de hétero comprometido e prestes a se casar. Era broxante até pensar nisso. Tentava ver pelo lado de que se levasse isso adiante ia ter a família que eu sempre sonhei, e que o Bernardo nunca ia conseguir me dar, ter filhos e dar continuidade ao sangue que corria em minhas veias. Mas sempre que colocava a cabeça no travesseiro, depois de um sexo broxante e nada satisfatório com minha noiva, eu queria tê-lo ali comigo.

Ficamos o resto da tarde no shopping, comemos ali e fizemos algumas compras. Pessoas passavam por nós e nos víamos como um casal normal, sem problema e que se amava muito, era essa a imagem que deixávamos transparecer, mas na verdade só eu sabia o que se passava dentro de mim. Eu era gay, disso não tinha mais duvidas ou vergonha em assumir, mas, no entanto, estava noivo de uma mulher. Me sentia preso dentro de mim mesmo. Uma prisão com muitas grades e que me impediam de fugir.

No dia seguinte apareceu uma criatura que só ela era capaz de me alegrar e me tirar dos pensamentos ruins, minha irmã. Logo depois que o Bernardo foi embora do apartamento, ela ficou uma fera comigo por ter deixado que isso acontecesse e até parou de vir me visitar por alguns meses. Acho que aquela li amava o Bêh na mesma proporção que eu.

O único problema era que ela e Karina não se davam muito bem, sempre que se encontravam havia um enfrentamento entre as duas, por diversas vezes elas quase chegaram as vias de fato no chão da minha sala, o que certamente não era bom pra mim.

-Viiictor!

Ela me cumprimentou com seu jeito costumeiro. Saltitando me deu um beijo, um abraço apertado e entrou. Nesse mesmo instante a Karina estava saindo do quarto onde havíamos passando a noite. Em seu lindo corpo tinha uma camisola de seda vermelha, que eu mim chamou tanto a atenção quanto ter uma televisão ligada passando um documentário sobre coalas. Não gosto de coalas.

-Não sabia que ela vinha hoje.

Karina falou em seu tom de desprezo, ela não gostava da minha irmã e o sentimento era recíproco. Tentava não culpar minha irmã e muito menos a Karina por isso. Eu não também não gostaria de saber que meu irmão não estava feliz vivendo a vida que vivia. Ou até mesmo saber que existe uma pessoa torcendo pra que seu novo relacionamento acabe como minha irmã já tinha feito varias vezes.

-Olha aqui, “ela” tem nome. “Ela” é irmã do seu noivo, e “ela” não liga nenhum pouco pra você. – Retrucou minha irmã daquele jeito dela.

-Victor...

Nesse momento as duas me olharam esperando que eu tomasse um partido e escolhesse qual lado iria ficar. Não ia entrar nessa, mulheres são malucas.

-Será que dá pra vocês pelo menos uma vez na vida se entenderem? As duas são importantes pra mim.

-Tudo bem, vou mostrar que sou a adulta da história e vou embora pra minha casa. Mas fique sabendo que se você não aprender a me respeitar, assim que eu me casar com o Victor você não põe mais os pés na minha casa. – Karina falou insolente

-E é por isso que esse casamento não vai acontecer, meu amor. Sabe, eu preferia mil vezes o antigo relacionamento do meu irmão. Era tão bem recebida, e sem contar que era bem mais freqüentado esse ambiente. – Minha irmã respondeu.

-Quem é era ela, Victor?

Dei uma olhada pra Larissa agradecendo sarcasticamente por ela ter tocado nesse assunto. Embora a pergunta tenha sido pra mim, foi minha irmã que resolveu responder.

-Uma pessoa muito... Muito gente boa mesmo, nós nos dávamos super bem. E eu tenho certeza que o Victor ainda ama essa pessoa.

-Larissa. – A repreendi

- Chega, eu vou embora. Não preciso ficar ouvindo desaforo dessa aí que não tem modos algum.

-Seus dias estão contados, fofa!

Minha irmã disse antes de ver a Karina saindo pela porta ainda de camisola, sorte que seu carro estava na garagem do apartamento, e naquele horário ela não encontraria ninguém no elevador.

- Me promete que assim que você voltar com o Bêh, e precisar dispensá-la vai me avisar pra eu dar um telefonema a ela? – Ela me perguntou animada

-Quem disse que eu vou voltar com ele?

-Vic, todo mundo sabe disso. Só vocês dois que não.

-Tá bom então. – Queria acreditar mais que tudo nas palavras dela. - Eai como andam as coisas por lá? – Perguntei me referindo aos meus pais.

-Na mesma de sempre, né. Mas eles sentem sua falta, esses dias a mamãe me perguntou como você estava. Se já tinha se formado, se estava trabalhando e se estava bonitão ainda. Mostrei aquela foto que tiramos na formatura e ela quase se desmanchou na minha frente, mas resistiu e acho que foi chorar no quarto. Ela ainda se preocupa contigo, todas as semanas me pergunta se meus amigos estão bem, quando na verdade eu sei que ela está se referindo somente a você.

-E o pai?

-Ah esse é durão, você sabe como.

-Eles sabem que eu estou noivo? – Perguntei.

-Deixei “escapar” um dia desses no jantar sobre sua noiva ser uma insuportável. Eles ficaram surpresos, mas disfarçaram bem. Achei que depois disso eles iam tentar se aproximar, já que aos olhos deles você virou “normal”.

-Você acha que eu seria mal recebido se fizesse uma visita? Chegasse lá sem avisar.

Há tempos estava projetando essa viajem, mas nunca consegui tomar coragem suficiente pra isso. Queria os ver, já que fazia anos que isso não acontecia. Queria ver a casa que eu nasci e cresci, e também poder entrar no meu antigo quarto cheio de posters de mulheres semi-nuas outra vez. Ri com aquela lembrança.

-E pra que você vai se submeter a isso de novo? Eu não pagaria pra ver um filme ruim duas vezes.

-Tenho saudades daquela casinha, do meu quarto e das coisas que deixei lá... Tenho saudades da minha família.

-Eu tô aqui, Victor.

-Não é o bastante, desculpa, mas não é. Parece que depois dele nada é mais o bastante pra mim, tá sempre falando um pedaço. E a falta dos meus pais se fez mais presente agora, sabe!?

-Heey, não fica assim.

A abracei o mais forte que pude, e assim ela permaneceu até que eu pudesse me acalmar. Achei que já tinha superado o fato de não ter mais meus pais por perto sempre que eu precisasse mesmo eles estando vivos, mas não. A mistura de sentimentos fez com que eu desabasse outra vez, eu estava me tornando um frouxo por sempre estar daquele jeito. Mas eu não via como ser de outra forma, tudo era muito complicado demais.

A noite ela praticamente me obrigou a sair com ela, dizia que sem minha companhia não tinha graça, mas duvidava que eu fosse tão divertido assim. Deixei que ela escolhesse o lugar, pois todos os lugares que conhecia estavam cheios de memórias do meu antigo relacionamento. Ela, como sempre, tratou de escolher o lugar mais movimentado e badalado da cidade, luxo pra ela era essencial. No caminho todo, ela foi me falando das vantagens que aquele lugar possuía e que já tinha ouvido falar que só pessoas bonitas o frequentavam, como se isso fosse parâmetro pra definir um estabelecimento.

Pediu uns drinks coloridos que me causavam enjôos de tão doces, e começou a tagarelar novamente como sempre. Tinha que reconhecer que ela sabia disfarçar e fingir que a situação não estava tão ruim assim.

- Sabe, eu tô precisando beijar na boca. Faz tanto tempo que não saio com ninguém. - Ela disse do nada como seu eu fosse uma amiguinha dela.

-Eu também estou.

Respondi a ela acompanhando seu olhar e analisando o ambiente. O bar estava lotado de gente, sem exceção, todos estavam se divertindo. Tão diferente de mim.

Lá pelas tantas da madrugada eu já estava quase bêbado pelos líquidos terrivelmente doces, mas com um teor alcoólico alto, que minha irmã me empurrava. Ela recentemente tinha começado a flertar como um moreno do sorriso bonito, poderia ser a bebida falando, mas o cara era verdadeiramente um gato. Comecei a procurar minha futura investida também, poderia culpar a bebida, ou o clima romântico que aquele ambiente tinha se transformado. Mas o fato que eu estava cansado de ser o cara fiel, que escova os dentes todos os dias antes de dormir, que ainda pensa no ex, e que não fazia nada de errado. Eu precisava mais que tudo viver, precisava reviver algo dentro de mim que á muito tempo estava morta. Estava noivo sim, mas que se dane o mundo.

Com determinação e ávido a experimentar novos sabores, eu atravessei toda a extensão do bar e fui atrás de uma loira que eu já tinha percebido que me olhava. Na verdade eu sabia que não seria nada agradável, mas estava disposto a fazer isso só pela emoção e adrenalina de errar pelo menos uma vez na vida.

-Oi, tudo bem?

Cheguei oferecendo um dos drinks que peguei na minha mesa a ela. Lancei um olhar que eu sabia que surtiria efeito, mulheres são tão previsíveis. Com alguns minutos de conversa acabei descobrindo que ela tinha a mesma idade que eu e que se chamava Luciana, não que eu me importasse muito.

-Gostei muito de te conhecer, Lu.

Falei bem próximo ao ouvido dela com a voz mais baixa e rouca que o normal. Minha mão na sua nuca a puxava pra mais perto, sabia que estava na hora de agir e confesso que minha vontade tinha diminuído drasticamente. Em uma fração de segundos, quase sem tempo pra ela ou eu pensar muito, a puxei pra mim e a beijei intensamente.

O beijo com mulher sem duvidas era muito diferente do beijo com homem, por mais que a mulher gostasse de violência, não sabia se esse era o caso da minha nova amiga, nunca iria ter o atrito e certa brutalidade que se tem com um homem. Seus lábios eram macios e o interior da sua boca tinha um gosto bem gostoso. Minhas mãos agarravam a cintura dela pra que ela não tivesse chances de escapar, mas pelo que eu estava sentido, esse também não era seu desejo. A beijava com calma e determinação aproveitando o momento que com certeza seria único.

Quando a larguei, ela tinha em si um olhar perdido e satisfeito, era bom saber que eu ainda era bom, era bom saber que ainda conseguia impressionar. Sua boca, e provavelmente a minha também, estava toda borrada de batom e eu, por um segundo, sorri por lembrar que por anos eu não precisei me preocupar com isso. Depois do beijo não tínhamos mais o que fazer, sabia que ela esperava mais, mas infelizmente eu só iria até ali. Já tinha sido tudo muito patético demais. Me despedi dela com um aceno de mão e me virei pra voltar.

Quando dei meia volta vislumbrei uma figura me olhando, era o Lucas, amigo do Bernardo. Ele tinha visto aquilo que acabara de acontecer. Droga!

Sem chances de ignorar e fingir que não o vi, fui até ele pra tentar disfarçar que não tinha ficado surpreso. Lembrei-me que ele trabalhava com algo relacionado e divulgação de baladas, algo do tipo, e que podia ser fácil o encontrar nesses tipos de lugares. Que sorte a minha!

-Eai, Victor, que surpresa. Tá se divertindo? – Ele com certeza foi sarcástico.

-Não conta nada pro Bernardo. - Pedi logo, era por isso que eu tinha ido falar com ele

-Até onde eu sei vocês não estão mais juntos e não deve mais satisfação a ele.

Ele tinha razão. Mas só de pensar que o Bêh poderia ficar sabendo daquilo que tinha acontecido, eu não ficava bem, ainda me preocupava muito com ele.

-Não quero que ele sofra...

-Prefiro que ele sofra agora e depois passe, do que ficar a vida inteira sofrendo por isso.

-Eu... Eu ainda o amo e tenho esperanças. – Confessei, embora acho que não fosse novidade.

-Se ainda o amasse não estaria aqui feito um idiota... O Bêh precisa seguir com a vida dele, assim como você tá fazendo com a sua, não acha? Olha só Victor, eu sou o melhor amigo do Bernardo e, claro, que sempre vou tomar partido dele, acho que essa história foi longe demais e não vejo a hora dessa situação se resolver... Vocês foram longe demais!

Desisti de falar com ele, virei as costas e voltei pra minha mesa, seria melhor ter ficado em casa mesmo.

-Viado, o que foi aquilo? De longe dava pra ver que você não tava gostando. A bicha resolveu dispirocar, virar hétera e pegar mais mulheres, foi?

Minha irmã parecia nervosa, seu breve flerte com o cara parecia ter chegado ao fim só pra me dar broca. Como se fosse ela a mais velha ali.

-Me deixa, Larissa. Tá tudo bagunçado... Eu não sei mais o que fazer. Isso foi uma coisa estúpida, eu sei, mas eu queria jogar tudo pro alto e esquecer sabe. Eu já não sei mais o que eu faço.

-Se você tá sofrendo tanto assim, porque não resolve sua vida e vai atrás dele?

-Eu já fui... No dia da formatura. Não resisti, falei que o amava ainda, mas ele parece que não sente mais nada. Estava disposto largar tudo se ele dissesse que ainda sentia algo, mas ele ficou quieto. Apesar do beijo, ele foi tão frio comigo.

-Victor, todo mundo sabe que o sol vai nascer daqui umas horas e todo mundo sabe que o Bernardo ainda te ama. Só não está com você pelas suas atitudes e pela mocréia que você insiste em chamar de noiva, a culpa é toda sua... Agora para de agir feito um idiota que eu não tenho paciência pra bicha fresca.

Engraçado como todo mundo, mesmo que indiretamente, me culpava pelo que tinha acontecido. Saia como o vilão e o Bernardo com a vítima, mas eu sabia que não era bem assim. A única coisa que fiz de errado foi não ter dado mais atenção no nosso namoro. Mas fui eu que liguei diversas vezes, fui eu que mandei inúmeras mensagens correndo atrás. Daí quando eu resolvi aceitar e desistir, me culparam de ser um fraco e fazer tudo errado. Mas de uma coisa eu tinha certeza, resolveria aquela situação complicada em que se encontrava e iria o reconquistar, nem que fosse a ultima coisa que eu faria na vida.

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Faz um tempinho que escrevi esse capítulo e já nem me lembrava direito dos detalhes. Victor tá noivo, saindo com mulheres alheias mesmo falando que é gay, e ainda por cima quer o Bernardo de volta... É isso mesmo produção??? Para que tá feio, bicha!!!

Ghiar: Se você achou o Victor perdido naquele outro capítulo, o que você me diz desse então? Kkkk então, a história dele estar noivo é meio complicada... Se ele ama uma pessoa e acha que essa pessoa também o ama, porque não ir atrás dela né? Mais pra frente acho que vai ficar mais clara essa “situação complicada” que ele falou.

LipM: Tá curto né amor!? Alguns, principalmente os primeiros, vão ser mais curtos mesmo por motivos de... Me faltou imaginação kkkk. Com o decorrer irão aumentando, mas creio eu que é melhor deixar com a sensação de “Queria ler mais” do que “Que capítulo grande, vou dormir” kkkk. Sobre triangulo amoroso... vai ter quadrado amoroso kkkkk só não posso te dizer com quem. Beijos

Geomateus: Opaa, apareceu mais um que acompanhava a primeira temporada. Obrigada por acompanhar.

Esperança: Obrigada por acompanhar. Torce por Bernardo e Victor ou quer que apareça outras pessoas na vida deles? Kkkk. Beijosss.

Ferdinand: Bernardo e Lucas??? Será? Aaah Jesus!! Socorro!!! Lucas é um fofo né? Quem sabe. Eu ia amar.

Cintiacenteno: Tô com medo do que você vai achar depois desse capítulo kkkk pra quem já odiava o Victor, depois dessas atitudes, vai ficar ainda mais difícil de engolir né Kkkk calma que agora parece que ele vai mudar e ir atrás do Bêh, que sabe você goste dele depois disso kkk

Martines: Como assim?? Kkk Bernardo viajar e deixar o Victor sofrendo? Poxa já vi que você é mais um que não torce pelo casal kkk estou triste. Muito triste. Kkkk Beijosss.

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Comentários

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#EsperoQueEleTomeUmaAtitudeAgora...SeNãoVouDarMeiaHoraDeTapaNaCaraDeleKkkkkkkkk

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Bom dia menina.. É realmente o Victor está perdido... mais ele precisa se encontra o mais rápido possível porque o Bernardo não vai ficar esperando a vida toda. O primeiro passo a ser dado e terminar com esse noivado. Bjos

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