Uma História da Noite

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Contém 8540 palavras
Data: 23/05/2015 11:56:28
Assuntos: Gay, Homossexual

Se naquele momento parasse de falar, olhasse bem para o rosto daquela garota que sorria oferecida, e analisasse a situação, ele não demoraria nem um segundo para concluir que não estava afim dela, não sentia nenhum desejo, nenhum tesão por ela, claro, a questão é que inegavelmente ela era bonita, era o tipo de garota que os seus amigos diriam que era uma mulher para ele, que seus pais se orgulhariam quando fossem apresentados, ou que quando fosse famoso no mundo todo pelo esporte que praticava todos concordariam que combinava com ela, ou seja, ela era quem os outros queriam que ele gostasse, mas ele não gostava.

No entanto, Pedro não parou para analisar. Ele não era desses que tentavam esmiuçar cada sentimento e para compreende-lo, um por um. Só fazia no impulso, só agia sem pensar e era por isso que correspondia ao sorriso da loirinha no balcão de atendimento da academia que ele freqüentava, e ela dizia que então tudo bem, podia ir com ele sim, sabendo que o lugar para onde iriam era um motel, mesmo que nenhum dos dois tenha usado a palavra motel, ficava sempre algo de subentendido. Mas mais tarde naquela noite não foram a lugar nenhum aqueles dois, e a razão de não terem ido aconteceu um segundo depois de Geovana, a loirinha no balcão, ter dito aquela frase sobre querer ir com ele – a porta da frente se abriu e um rapaz novo entrou na academia, um rapaz que visivelmente não costumava fazer exercícios até então, mas era magro naquela medida certa que algumas pessoas tem sem esforço e chamava a atenção por ser muito, muito bonito, baixinho parecia ter acabado de sair da puberdade, pele branca levemente bronzeada pelo sol, era uma pele mais morena que a de Pedro, e os cachos pretos. "Que lindos que ficavam nele aqueles cachos", pensou claramente Geovana quando o rapaz se aproximava do balcão. Pedro só olhava para ele, pelo seu rosto, difícil até dizer o que ele pensava.

O tímido garoto olhou para os dois quando disse oi, e Geovana respondeu, mas Pedro não, calado, voltou-se para ele, os dois rapazes olharam-se por um esticado instante, um gigantesco instante, em que olhos de duas pessoas conversam e parecem duas fontes de luz dançando uma com a outra, e o novato de academia não teve tempo de conter seus olhos que logo em seguida delinearam o corpo de Pedro, que havia há pouco terminado uma sessão de treino e estava num intervalo para voltar logo, Pedro tinha uma pele tão branca que seus braços assim expostos na regata mostravam as veias verdes saltadas sobre músculos grandes e arredondados, difícil dizer se estavam inchados pelo exercício ou se eram assim naturalmente, mais difícil ainda dizer qual das duas opções o garoto preferia que fosse a verdadeira. Cortado o cabelo a máquina, apenas uma raiz de loiro escuro sobre sua cabeça, os olhos de um verde intenso, pantanoso, lábios de um vermelho que podia apostar, era o mesmo vermelho dos seus mamilos, embora não os pudesse ver, a marca deles sob a camisa despertava um arrepio que vinha lá do mais fundo, do mais secreto do seu corpo, mas Pedro não respondeu ao seu oi. E Geovana viu na tela do computador o nome dele antes de dizer:

– Murilo, eu vi aqui que você fez a inscrição ontem, certo? Bom, como você está começando hoje eu vou te deixar com o nosso personal para iniciantes, Lauro, pode vir aqui?

Quando Lauro se aproximou todo sorridente Pedro na mesma hora percebeu o que realmente o personal trainer não estava fazendo questão de esconder, a mesma coisa que os olhos caçadores de Pedro notaram que havia em Murilo mas não fizeram nada a respeito, Pedro, acostumado a caçar somente em outros campos; mas já Lauro, mais experiente em descobrir ouro nas ruínas, tratou de atacar, ele já apertou a mão de Murilo e puxou um assunto com ele, fazendo um leve elogio como "E você lá precisa de academia, já tá bom demais assim, moleque", enquanto dizia para Geovana que agora podia deixar por sua conta e guiava o garoto novo para um dos cantos onde estavam as esteiras, Pedro, acompanhou-os com os olhos e percebeu que Lauro repousou a mão nas costas de Murilo enquanto o levava e por um instante encurvou o corpo e admirou a bunda do seu novo aluno, depois se voltando para trás olhou para Pedro e sorrindo apontou com os olhos para aquela bundinha que Pedro também havia reparado, era linda, como o seu dono.

– Mas então, voltando ao nosso assunto – Geovana o fez voltar a olhar para ela, e seu sorriso de safada voltou a se estampar naquela cara. – As onze e meia eu fecho a academia, você me espera no estacionamento?

– Sim, sim, eu te espero – ele disse, meio distante. – Mas agora tenho que voltar para o treino.

Pedro treinava boxe naquela academia, não que quisesse se profissionalizar nesse esporte, só ficara fascinado na primeira vez\ em que veio a essa academia e vira uma luta assim de perto, queria fazer parte daquilo, queria ser forte como aqueles caras, queria sentir que era capaz de socar alguém que o desrespeitasse, não que costumassem fazer isso, mas ele sentia em algum fundo da alma que um dia, um dia descobririam que havia algo que Pedro escondia sob camadas e camadas de medo ou vergonha; e ele queria ser capaz de revidar quando esse dia chegasse.

Mas no caminho para os fundos da academia onde ele e seu treinador estavam focados no seu treinamento (de manhã e de tarde Pedro treinava junto com os demais alunos da academia, mas a noite já era o único aluno pois estava muito mais avançado que os demais, e só perderia tempo se continuasse o mesmo treinamento que os outros) ele não pode deixar de olhar para os dois ali ao lado, nas esteiras, Murilo e Lauro, e Lauro que era seu colega, quando o viu passar fingiu que dava tapas na bunda do garoto, que por estar correndo de costas para eles na esteira não percebia nada disso, e por isso Lauro esperava que Pedro risse da brincadeira, mas ele não fez, entrou na sua parte da academia sem esboçar nenhuma reação.

E enquanto treinava socos e chutes, ficava imaginando as conversas que Lauro estava tendo com Murilo. Sabia que Lauro de vez em quando pegava meninos também, não chegava a ser segredo porque ele nunca se esforçou em esconder que passava noites com alguns alunos, tinha esposa, pegava as mulheres da academia, e de vez em quando saía dali levando no seu carro um ou outro cliente, no dia seguinte evitava olhar no rosto desse garoto, o que deixava o rapaz desconfortável, alguns simplesmente entendiam e seguiam em frente, outros, tentavam a todo custo chamar de volta a atenção de Lauro, e havia ainda a terceira opção, aqueles que começavam a se tornar quase obsessivos, até que um dia, simplesmente paravam de ir para a academia. Pedro suspeitava que Lauro os cercava na rua e batia neles para que dessem o fora, mas não sabia se isso acontecia mesmo ou não.

E depois do treino, sentado de frente para o seu treinador, na beira do ringue em que acabaram de treinar, com uma toalha nos ombros cada um, conversavam enquanto deixavam os músculos esfriarem um pouco.

– Escuta, Pedro, você precisa ficar mais atento na hora da luta, em alguns momentos parecia que você nem estava lá, eu conseguia antecipar todos os seus golpes e se você não melhorar nesse ponto nunca vai conseguir subir num nível como meu por exemplo.

– É verdade, me desculpa. Não sei o que tá acontecendo, não consigo tirar uma coisa da cabeça.

Bruno, seu professor, era um homem de trinta e dois anos, não podia ser muito mais velho que isso já que dava aula num esporte violento e que exigia um esforço físico gigantesco, mas mesmo sendo tão novo transmitia uma maturidade que Pedro sempre admirou.

– Com "uma coisa" você quer dizer "uma mulher", acertei? – falou, rindo.

Errou muito feio, Pedro pensou em dizer, mas preferiu ficar calado, na verdade era o contrário, se fosse uma mulher não chegaria nem a ser um problema, afinal, mulheres nunca foram algo que precisasse se preocupar, em cada esquina uma se lançava aos seus braços, até as mais velhas que as vezes cruzavam com ele na rua lançavam aqueles olhares de que estão disponíveis, e ele nunca negou nada a nenhuma delas, mas também nunca teve um relacionamento sério, nunca nenhuma lhe fez desejar uma segunda noite de sexo, quem diria então um relacionamento de meses, anos, pensava que isso era coisa da sua idade, que com vinte e dois anos é assim mesmo, ficar com todas e não se prender a ninguém, mas nenhuma delas fizera com que sua cabeça desse giros confusos como estava tendo agorinha pouco, enquanto lutava com Bruno e pensava em Murilo, nenhuma delas conseguia fazer seu pau endurecer logo assim de cara, só de olhar para ela, mas Murilo fez, o que deixou Pedro com medo, que é isso de ficar excitado olhando para um homem? Que é isso de ficar pensando em outro homem? De não gostar do jeito que Lauro agia com outro homem? Porra, pensar essas coisas é que não o estava deixando lutar como deveria.

– Não é bem isso – respondeu, imaginando o que Bruno diria se soubesse a verdade.

– Bom, mas eu sei que esse tipo de distração só acontece por outra pessoa – a frase foi dita com uma certeza que fez Pedro olhar para seu professor com a sensação de que ele havia descoberto tudo e estivesse desconfiando até dos segredos mais íntimos, como por exemplo as vezes em Pedro tinha vontade de apertar naquela opção dos sites pornôs que tinham vídeos entre homens, mas não apertava, a consciência pesaria demais, assim como não aceitara o "oi" de Murilo, a consciência pesaria demais se desse corda à tentação. Mas Bruno não olhava para ele, havia deitado no ringue e fitava o teto da academia.

– Só sei que agora não tenho tempo para nada disso, preciso me concentrar no treinamento – por alguma razão meio difícil de explicar aquele hobby um pouco despretensioso que era boxe foi tomando espaço na sua vida, logo se tornando a coisa mais importante do seu dia, das suas semanas, e queria, queria muito um dia se tornar o maior lutador da história, queria não ter pontos fracos nem correr o risco de ser golpeado, talvez fosse seguir o caminho que Bruno, se tornar instrutor, não pensava muito nesse futuro mais distante, o que tinha certeza que queria era ficar cada vez melhor no esporte.

– Como se você pudesse. Estava tão distraído que eu podia ter te derrubado no primeiro golpe. É assim mesmo, enquanto não agradar o teu amiguinho, ele não vai deixar nenhum espaço no teu cérebro para se concentrar em outras coisas.

Amiguinho? Murilo era o amiguinho? Os pelos do braço arrepiaram só de pensar.

– Amiguinho? – perguntou, um fiozinho de medo na voz.

Bruno respondeu a pergunta segurando com força o próprio pau por cima da calça e sorrindo, ainda bem que era uma conversa de homens. – O amiguinho, o meu eu chamo de Bruninho Comilão. Você precisa sempre estar satisfeito para poder se concentrar, seja na fome, na sede, ou no tesão, um lutador só precisa ficar em abstinência um dia antes da luta, não a vida inteira. Se eu fosse você, seguia em frente, tá solteiro aí, vai perder o quê?

Pedro tinha quase certeza de que Bruno estava dizendo tudo aquilo sabendo no que ele estava pensando, mas não tinha como saber, não tinha como seu professor sequer imaginar que havia um aluno novo lá na outra parte da academia, não tinha como seu professor desconfiar que as vezes Pedro tinha pensamentos estranhos, que ele guardava para si, mas nunca foram daquele jeito, com aquela intensidade, e para alguém que estava ali a poucos metros. Preferiu pensar que provavelmente seu professor ainda pensava que se tratava de uma garota e quando Pedro disse que não era bem isso era porque não era bem um relacionamento com uma garota, era mais uma foda mesmo, só podia ser isso. Pedro não dava motivos para os outros sequer suporem que ele gostava de qualquer coisa que não fosse isso. Confiava na sua discrição.

– Bom, mas isso não é parte do treinamento, é só a dica de um amigo – o professor disse, levantando-se – E por hoje é isso mesmo, eu preciso ir que a patroa me espera em casa. – acertou pequenos tapas no ombro do seu aluno mais dedicado. – Amanhã nos vemos, rapaz.

E agora sozinho foi a vez de Pedro se deitar naquele ringue. Com o suor sua pele cheirava forte a ele mesmo. Será que Murilo gostaria do cheiro dele? A maneira com que o olhou quando disse "oi", talvez Murilo também gostasse, e Lauro havia percebido isso, droga, Lauro sabia como agir, não tinha medo, não construía muros, só fazia o que queria e quando ia dormir não tinha nada que o castigasse, eram amigos de academia, Pedro e Lauro, e já ouvira várias histórias contadas por ele de viadinhos que davam tão bem que chegava a gozar quatro cinco vezes numa noite, e Pedro demonstrava um pouco de reprovação quando na verdade o tesão no seu corpo se incendiava feito querosene no sol quente do deserto, moleques que chupavam melhor que qualquer mulher, que cavalgavam enfurecidamente, que ficavam de quatro na cama, se oferecendo e esperando que Lauro enfiasse tudo de uma vez só, e ele enfiava, e ele os satisfazia, apagava o fogo deles nem que para isso chovesse oceanos de gozo para dentro das suas bundas.

Imaginou por um segundo Lauro fazendo todas essas coisas com Murilo e isso o enojou. Murilo não era como os outros, Murilo não deveria ficar com Lauro e depois ser rejeitado no dia seguinte. Se tivesse respondido ao oi de Murilo, se tivesse começado uma conversa com ele, talvez agora Murilo não ouvisse a conversa sedutora de Lauro, não caísse de amores pelo personal gostosão, Pedro devia ter feito alguma coisa naquela hora. Droga. Agora já era tarde, já deviam ter ido embora, já deviam estar transando no carro de Lauro. Droga. Seu pau babava e umedecia a calça, mas como ela era preta nem dava para perceber. Levantou-se para ir embora pensando nessas coisas todas, na chance que perdeu, mas sem saber se teria coragem de agarrá-la, de abraçar a tentação que quase sempre ele preferia nem pensar. O que faria se tivesse mais uma chan –

E o pensamento se cortou porque ele trombou em Murilo assim que saiu da sua parte da academia, e foi daquelas trombadas bem dadas mesmo, daquelas que você sente o corpo todo do outro, e Murilo para não cair para trás se segurou nos músculos superiores dos seus braços, mas o suor quase fez com que escorregasse suas mãos e caísse, coisa que não aconteceu porque Pedro o agarrou firme pelo braço e o puxou de volta, quase um abraço. E os dois se encontraram outra vez, juntos outra vez, o que ele estava pensando mesmo um segundo antes disso acontecer? Agora era a hora da verdade.

Murilo se afastou meio constrangido. O primeiro instinto de Pedro foi de não falar nada com ele de novo, como foi antes, ou pior, cerrar o punho e mirar um soco na cara dele enquanto grita "Tá me tirando, viado? Que levar uma na cara?!", a reação que estava acostumado a ter, quem passa a vida tentando se esconder acaba até esquecendo como é que se revela, mas ele foi mais esperto que seu instinto e abriu um sorriso simpático para o garoto.

– Opa, cuidado, Murilo – queria deixar claro que lembrava o nome dele, não tirara o nome dele da cabeça, para dizer a verdade. – Se você trombar em alguns grandalhões daqui eles passam por cima sem nem te ver... – ficou muito feliz por ter conseguido soltar uma piada, torcia para que isso tivesse apagado qualquer primeira impressão que Murilo tivesse dele.

E Murilo riu dela, o que deixou Pedro tremendo um pouco de alegria.

– Está perdido? – perguntou, tinha que olhar um pouquinho para baixo para falar com ele, e se concentrar em olhar apenas nos seus olhos, não nos cachos do cabelo, não no contorno dos lábios, não mais pra baixo.

– Eu estava procurando o banheiro, queria trocar de camisa para ir embora...

– Pode vir comigo, eu estava indo para lá também. – estendeu a mão. – Ah, me chamo Pedro, viu?

Murilo apertou, repetiu seu nome mesmo sabendo que Pedro já o sabia, e seguiu na direção que Pedro ia. Pedro esperava que ele desse apenas um toque na sua mão, mas ele a apertou, e o lutador nem lembrava quando foi a última vez que alguém apertou sua mão, normalmente pareceria um ato tão formal, tão impessoal, mas ali, entre eles, recebeu um significado totalmente novo, talvez pela maneira que se olhavam enquanto suas mãos se apertavam.

A academia estava bem mais vazia naquela hora, faltava pouco para que desse a hora de fechar, somente mais uns dois caras treinavam e os funcionários foram lá para dentro tomar um café e bater cartão, Pedro gostou de não ter visto Lauro por perto.

– Mas você vai só trocar de camisa, por que não toma banho também? Dá tempo ainda, eu mesmo vou tomar.

Um ouvido despreparado não perceberia, mas Pedro estava muito atento e notou que houve uma pequena hesitação até que a resposta chegasse:

– É que o Lauro, o cara que estava me ajudando, disse que podia me levar para casa, pelo menos agora na primeira noite. Depois eu vou estar mais forte para lutar contra assaltantes, palavras dele – Murilo disse essa segunda parte num tom um pouco mais descontraído, como se isso fizesse que a primeira parte sumisse, mas não sumiu, Pedro não a apagou, Lauro já estava preparando terreno, já estava a um passo de conseguir o que queria e isso incomodou o lutador, e Murilo percebeu isso, por isso quando continuou a falar voltou a usar uma voz mais contida, quase tímida: – E como ele já deve estar lá fora... me esperando... acho que não dá tempo de tomar banho...

– Esse Lauro não perde tempo mesmo.

– O quê?

– Nada não.

No banheiro, Pedro foi tirando a roupa e se dirigiu totalmente nu para baixo de uma das duchas, assim sem nenhum constrangimento, ele sabia das suas qualidades, todas elas, e naquele momento queria mesmo que Murilo soubesse também, que olhasse para ele dentro daquele banheiro, que visse ele do jeito que estava querendo ver desde que se encontraram pela primeira vez no balcão da academia, não havia porta na cabine que Pedro gostava de usar, ficava completamente exposto, pelado na frente de Murilo, testando o garoto, e Murilo fingiu (muito mau ator que era) que não olhou para ele e tirou a mochila que tinha nas costas, daquelas estilo saco, e a pos sobre a pia do banheiro, uma pia comprida cheia de torneiras bem abaixo de um espelho igualmente longo de onde podia olhar Pedro ainda, ali atrás, molhando seu corpo esculpido, definido, depilado, mais bonito que qualquer retrato que Murilo sequer pensasse em desenhar de um nu masculino, ainda mais porque a maioria dos nus masculinos tinha pênis muito pequenos, o que não era o caso. Abriu a mochila e tirou de lá a camisa que iria vestir, quando tira a camisa que estava vestindo e mostra sua barriga, seu peito, assim sem definição ele era mais desejável que a maioria, não, mais desejável que todos os garotos que Pedro já viu andando por aquela academia ou qualquer outra.

E se agora ainda houvesse em Murilo alguma dúvida do que Pedro estava querendo com ele, o lutador trataria de acabar com ela de uma vez por todas. Se havia uma coisa que ele sempre fazia, era ouvir os conselhos de Bruno, e estava só seguindo mais um deles, nada de abstinência, nada de distrações.

– Cara eu vou ter que insistir, toma um banho aqui, você vai só suar em uma camisa limpa. A água tá boa demais.

Murilo levantou os olhos para o espelho, Pedro o flagrou naquele momento porque também estava olhando para ele pelo espelho. Pra que fingir a essa altura? Calças de academia não escondem ereções.

– É que... eu até gostaria – os olhares a faiscar, a queimar, a explodir em nucleares luminescências. – Mas ele deve estar me esperando... eu disse que já estava indo...

– Mas em que bairro você mora?

Ele respondeu, e nem importou a resposta, sinceramente não importasse o nome do bairro a resposta que Pedro diria seria a mesma:

– Ih, mas esse bairro fica bem na contramão para o Lauro, são quase duas viagens. Para mim fica melhor. Eu posso mandar uma mensagem para ele, sabe, pra que não fique te esperando, aí você pode ficar e tomar um banho bem sossegado, depois eu te levo para casa, sempre tenho um capacete reserva ali no meu armário. Se você quiser, claro.

Havia dado a sua cartada, havia saído da sua área de conforto, havia dançado tango com a tentação, agora já não dependia dele, tudo que poderia vir a acontecer dependia só de Murilo, e Pedro esperava que a resposta fosse aquela que levasse a uma noite memorável. Pegou o sabonete e enquanto se esfregava esperava que o outro dissesse alguma coisa, mais que ansiosamente.

Murilo disse um "não sei..." realmente confuso com a situação, embora, não tivesse certeza da intenção de Lauro (mas desconfiasse, e muito), ele tinha certeza da intenção de Pedro, caso contrário do boxeador não falaria aquelas coisas para ele enquanto ensaboava o próprio pau ali na sua frente, mesmo mole era comprido e um pouco voltado para frente, dando a entender que ficava muito maior quando duro, e para tirar a espuma, Pedro o massageava e parecia se masturbar. Sorrindo. E Murilo também não era uma criança, era um rapaz, tinha hormônios, tinha desejos, gay assumido, sentira uma atração por Lauro assim como por Pedro, claro que sim, eles eram, cada um a sua maneira, lindos, não os conhecia o bastante para saber se havia algo além de atração física por qualquer um dos dois, mas se chegara num momento de impasse como esse parecia ser, escolher entre Lauro e Pedro, a resposta veio de lugar nenhum, ou melhor, de todos os lugares, com clareza, com lucidez: escolhia Pedro.

E o primeiro "não sei" se transformou de repente num, "quer dizer, tudo bem então" para alegria de Pedro, que não sabia se saía debaixo daquela ducha e ia lá para abraçá-lo para apertá-lo, para ajudá-lo a tirar logo aquela calça que não deixava que visse completamente o corpo do rapaz ou ficava ali e esperava que Murilo viesse, ele parecia tão ingênuo, não dava para dizer até onde podia ir sem assustá-lo, sem chocá-lo, mas o que ele não podia esconder era o pau que já endurecia cada vez mais, sem controle.

Mas Pedro tomou sua decisão, aquele jogo de sedução estava gostoso demais para interrompe-lo assim, tão depressa, então ele saiu de debaixo da água e veio se aproximando, molhado, criando sua trilha no piso do banheiro, ensaboado, a espuma branca tampando algumas partes do seu corpo mas revelando outras, aquelas outras que nem se fosse toda a espuma do mundo conseguiria esconder. Parou diante dele, Murilo atônito, sem saber o que dizer, o que fazer, onde por as mãos, onde por os olhos – seria novo nisso também? – e frente a frente nenhum deles fez nada por alguns segundos, até que Pedro sorriu e disse:

– Meu celular, está atrás de você.

Murilo entendeu e saiu da frente, era brincadeira, claro, Pedro não estava nem aí para o celular, só queria ver as reações de Murilo, a maneira que ele também reagia ao seu corpo, ao seu cheiro, a sua proximidade, sua presença. Os dois sentiam a mesma eletricidade um pelo outro e sabiam um das sensações do outro, não sabiam como sabiam, mas sabiam. E Murilo viu enquanto ele pegava no celular e imaginou que ele estivesse mandando uma mensagem para Lauro como disse que faria, depois seus olhos viajaram pelas costas do jovem lutador, costas fortes, musculosas, algumas marcas de lutas por ali, mas nenhuma marca na bunda de Pedro, perfeita, maravilhosa, capaz de despertar um desejo até mesmo em alguém passivo como Murilo.

E, claro, não tinha como saber que Pedro não estava mandando mensagem coisa nenhuma, só remexia em algumas opções do aparelho para dar a impressão de que digitava. Lauro merecia aprender uma lição, Pedro pensou, deixando o celular outra vez no bolso da sua calça ali jogada na pia e percebendo pelo espelho que Murilo estava admirando o seu corpo.

– Você não vai tirar a sua roupa e entrar na ducha também? – perguntou sorrindo e quando Murilo começou a tirar a calça ele se virou para acompanhar frente a frente, calmamente, enquanto Murilo tirava a calça, ficando só de cueca, e Pedro esperou que ele a tirasse também, mas ele não tirou, e isso abriu um intervalo para que mais uma vez um pensamento intruso entrasse na cabeça de Pedro e ele se lembrasse que ali era um cara que ele estava admirando sem roupa, um homem e que ele queria que tirasse logo aquela cueca e ficasse nuzinho de uma vez. Porra. Murilo definitivamente não era como a maioria dos caras, o que ele sentia por Murilo era bem diferente do que sentia pelos seus amigos, até os mais chegados, que ele tratava como se fossem irmãos, Murilo lhe causava um desejo erótico mesmo, um desejo carnal, mas não somente isso, era difícil de explicar.

– Tira a cueca.

– Tô com vergonha.

– Vergonha de quê? Você tá me vendo pelado, eu quero te ver também. – respondeu sorrindo, quase não acreditou que aquelas palavras saíram mesmo da sua boca.

– É que... – não queria dizer que a razão de estar com vergonha era porque estava excitado, o pau tão duro que estaria mais que óbvio o quanto ele gostava de homens, o que não era a primeira impressão que queria passar na sua entrada na academia. Talvez Pedro tenha entendido mesmo assim, porque foi até ele, o corpo grudado ao dele, maior que o dele, molhando-o com a sua água e sendo molhado pelo seu fino suor e não ligou e o arrastou para debaixo da ducha consigo, encharcando de vez os dois, e o virou de costas, recostado na parede, beijou seu ombro, lambeu suas costas foi descendo e com os dentes abaixando sua cueca, Murilo olhava para trás e sorria vendo nos olhos do lutador o tesão que ele também sentia, delicia de olhos verdes que ele tinha, delicia de língua que ele tinha, de corpo, de jeito, de tudo. E Pedro enquanto isso levantou seu pé e tirou a cueca dele de vez, lançando-a longe, depois subiu outra vez, bebeu a água das suas coxas, da sua bunda, e Murilo arfava agora os dois estavam completamente excitados, ao limite, e quando Pedro se levantou outra vez seu pau ameaçou entrar no reguinho do outro, ele era maior, cheirava de cima o cabelo de Murilo, seus cachos quando molhados eram tão macios, segurou seu quadril com firmeza mas quando estava prestes a enfiar ouviu batidas na porta.

Era Geovana quem batia, para dizer que estava quase na hora de fechar, e Pedro baixou a cabeça de olhos fechados, só de pensar que teriam que interromper o que estavam fazendo fez com que ele quisesse jogar uma pedra naquela porta para expulsa-la de lá. Silêncio. Ela voltou a falar do outro lado:

– Vocês já estão saindo?

Murilo virou-se para cima e olhou nos olhos de Pedro, que falou baixo só para ele "Espera" e depois gritou: "A gente já vai, Geovana!". Só para afastá-la de lá e voltou a apertar seu corpo no do garoto, mas agora foi a vez de Murilo fazê-los parar, ele se afastou:

– É melhor a gente ir, né? Ela tá com pressa de fechar, pode entrar aqui para nos apressar...

Saiu de debaixo da ducha e Pedro saiu com ele, o pegou pelas costas, beijou seu pescoço "Ela não vai entrar não...", mas Murilo foi irredutível, e já começou a se enxugar.

– Sério mesmo, você vai ter coragem de me deixar assim? – o pau duro à frente do corpo, babando.

Murilo sorriu para ele. – Não posso fazer nada.

– Filho da mãe – brincou, contemplando os últimos segundos da nudez de Murilo, que já se vestia. Iria caminhar até a porta mas foi impedido por Pedro que o puxou de volta pelo braço. – Você vai embora comigo, certo?

– Não é a melhor hora para você ter dúvida disso. Nem sei onde passa ônibus por aqui. E o Lauro já foi, com certeza.

– Não fala dele, não.

– Ah sim, desculpa. Agora vai se vestir, a gente tem que ir.

– Sim senhor.

Desligaram a ducha, terminaram de se vestir, recobraram o ar, e saíram. Geovana havia voltado para o balcão, ela comentou se já podiam ir, e só então Pedro se lembrou que antes havia dito que a levaria para algum motel ou qualquer coisa assim,

– Hum, me desculpa, mas eu vou levar o carinha novo embora. Ouvi dizer que os assaltantes por aqui são craques em artes marciais – ele falou enquanto pegava os capacetes, brincando com o que Lauro havia dito para Murilo antes, e por isso que o próprio Murilo sorria e fazia um gesto de desaprovação com a cabeça, coisa feia ficar zombando do que Murilo lhe contara com tanta inocência.

– O quê? Mas você disse... – ele já não estava mais ali, haviam acabado de sair conversando como se fossem amigos de longa data. E ela pensou: "Quando esses dois tiveram tempo de ficar tão amiguinhos?". Sorte dela morar ali perto, azar dela que não teria um passeio até o motel mais próximo.

E falavam sobre como havia sido tosco o filme que saíra no cinema no verão passado, concordavam em tantas coisas, não digo que esqueceram o que estavam fazendo ali no banheiro agora há pouco, porque isso era difícil de esquecer, quando se olhavam a lembrança do outro nu, do outro quente, do outro excitado vinha com força total.

E no estacionamento seguiam até o lado direito onde estava a moto de Pedro, e só quando chegaram lá foi que viram no outro oposto do pátio, o único carro que ainda não havia ido embora, o carro de Lauro, e ele em pé recostado na porta do veículo, com um rosto nada contente. Pararam de conversar, um silêncio sepulcral. No meio do caminho entre a moto e o carro havia um poste de lâmpada branca e sua luz formava um circulo perfeito no chão.

– Por que ele ficou? – Murilo perguntou para Pedro enquanto Lauro atravessava o estacionamento vazio para tirar satisfação, seus passos estraçalhando o silêncio.

– Não se preocupa, eu falo com ele. Fica aqui.

Pedro se afastou. Ele e o personal trainer se encontraram no centro do estacionamento, exatamente abaixo daquela pálida luz do poste que encheu suas feições de sombras.

– O que você pensa que está fazendo, cara? – Lauro perguntou. – Sou eu que vou levar ele para casa.

– Qual é, Lauro? ele quer ir comigo, tu pega todo mundo nessa academia, vai levar a Geovana em casa, ela está ali disponível. Quebra essa pra mim.

– E desde quando tu curte uma bundinha?

– Não interessa, porra. Só fica com a Geovana.

– Tô cansado de comer a Geovana, e você sabe que eu sempre prefiro carne fresca – fez uma pausa, olhou para Murilo por cima do ombro de Pedro. – Principalmente quando a carne é tão suculenta desse jeito.

Lauro tinha um físico mais magro que o de Pedro, por ser mais alto talvez, mas também era tão definido quanto ele, a profissão exigia isso, e o cabelo loiro era mais uma das semelhanças entre os dois, sendo que Lauro preferia deixar crescer bem mais, tratava cuidadosamente, penteava num estilo difícil de imitar, e que as vezes só deixava um de seus olhos à mostra, um olho castanho claro que nunca demonstrava sentimentos reais, somente vaidade, desejo sexual, narcisismo.

– Escuta, ele e eu já conversamos, quase ficamos ali no banheiro, não dá pra parar agora. Fica com a Geovana, cara, por favor. Essa noite só.

Sabia que Lauro poderia voltar atrás agora que soube que já haviam quase transado, já havia comentado com Pedro que não gostava de ficar com rapazes que naquele mesmo dia já tivessem sequer beijado outro. E nem se ele não voltasse atrás, aquela conversa iria se prolongar por horas, mas Pedro não abriria mão daquela noite com o rapazinho.

– Ahh, o que eu não faço pelos amigos? Olha, vai lá, quando o apostador é novo ele tem prioridade, tu nunca comeu um moleque e é só por isso que eu to liberando esse rabinho pra tu comer primeiro, mas depois ele não me escapa.

"Isso é o que você pensa" a frase quase quase escapou dos seus lábios, mas se conteve a tempo. Por que ele ficava com essas crises de ciúme? não era uma transa de uma noite que ele queria? não era só para deixar de pensar em Murilo? Se concentrar no treinamento, na luta? Pedro não podia esquecer quem os outros queriam que ele fosse, um lutador, um campeão, um macho que os outros machos se orgulhariam de admirar. Aquilo era só por uma noite. Uma noite em que ele saciaria seus desejos, e só isso.

Lauro estendeu a mão. Pedro ia apertá-la e quase o fez, mas Lauro a tirou antes, era só um toquinho, como os caras ali da academia costumavam fazer. Só quem apertava sua mão era Murilo.

Seguiram cada um na sua direção. Lauro entrou na academia outra vez para convidar Geovana para ir com ele, coisa que ela certamente aceitaria e os dois voltariam para o estacionamento depois que ela fechasse tudo. E Pedro voltou para perto de Murilo, ajudou-o a por o capacete.

– Algum problema?

– Problema, não. Mas eu tenho uma dúvida.

Murilo ergueu um pouco a sobrancelha esquerda. Charmoso, isso.

– Você precisa mesmo ir agora embora? São onze horas ainda...

Ele abriu um sorriso aliviado por saber que essa era a dúvida, pensou por um instante se Pedro não estava em dúvida sobre aquilo que estavam fazendo ali.

– Acho que não precisa ser agora. Mas no máximo até uma hora eu preciso voltar...

– Beleza, então dá tempo – disse subindo na moto, e enquanto Murilo também subia ali na garupa, Pedro notou que as portas metálicas da academia se fechavam, uma por uma. A moto partiu dali.

– Dá tempo do quê? – Murilo gritou.

– O quê? Não dá para te ouvir.

– Dá tempo do quê?!

– De eu te levar pra minha casa. Segura aí.

As ruas desertas e imersas na escuridão da noite pareciam eternamente um túnel escuro por onde a moto atravessava com todos os seus cavalos de potência, faróis iluminavam o caminho mas não eram o bastante para tirar a sensação de que na escuridão olhos se escondiam e acompanhavam aqueles dois sobre a motocicleta, o rapaz na garupa abraçado ao corpo do rapaz que dirigia, e aqueles olhos escondidos não gostavam nada do que viam, não gostavam de saber que há pessoas que não se escondem por trás de moitas na noite, que preferem viver suas próprias vidas sem se preocupar com o inferno dos outros. Pedro, por essa noite, faria o que quisesse e o que mais desejava. Murilo, por essa noite, esqueceria do mundo e se deixaria levar para onde o piloto daquela moto quisesse que eles fossem.

– Mi casa, su casa – disse, apontando para a porta da frente enquanto os dois entravam. Era uma casa bonita, Murilo pensou, mas nem reparou nos detalhes, porque assim que passou pela entrada, foi agarrado por um beijo de Pedro, um beijo de língua daqueles tão intensos que o empurrou para trás, e ele foi praticamente lançado de costas na parede, Pedro pressionando o seu corpo, Murilo podia sentir facilmente o pau duro do outro contra a sua barriga, sem parar o beijo ele segurou aquele pau por cima da calça mesmo, fez um carinho, apertou. Pedro arfou e disse: – Você não faz idéia de como eu tava esperando isso.

– A gente se viu pela primeira vez não faz nem quatro horas.

– Quieto e me beija.

Ali na parede havia um quadro daqueles de paisagem da época em que a mãe de Pedro ainda swe preocupava em decorar a casa, não era um quadro muito querido nem dos mais bonitos, mas isso não tem nada a ver com o fato de que quando Pedro ergueu o corpo de Murilo, tirando os seus pés do chão para poder beijar o seu pescoço, o garoto pressionado na parede tenha esticado os braços de olhos fechados curtindo o que estavam fazendo e não percebeu o quadro, batendo nele e o derrubando. O som de vidro se espatifando fez com que os dois parassem.

Pedro olhou para ele, pos o dedo indicador sobre os lábios para que ficasse quietinho, o pegou pela mão e o levou para o quarto, um segundo antes da luz do quarto do seu pai se acender ali no corredor. Trancou a porta a chave e jogou o menino deitado na cama, tirou a camisa e saltou para cima dele na mesma hora.

– Desculpa pelo quadro.

– Tira a roupa.

– Pedro, sério, me descul –

– Aquele quadro era um lixo, agora tira essa roupa se não eu vou te deixar pelado com os meus dentes.

Murilo foi tirando a camisa, mas por estar deitado foi meio difícil e a gola ficou presa na sua cabeça, mas Pedro, com uma pressa que nunca sentira antes, puxou com tudo a camisa do menino, jogando-a depois no chão ao lado da cama e voltou a beijar aquela boca macia. Gostava quando ficavam assim, os dois sem camisa, pele na pele, um friozinho gostoso. Segurou-o pelos cachos, deu uma puxadinha, Murilo em resposta mordiscou seu lábio, o pau deu um pinote lá embaixo.

Pedro se ergueu, sentado na cama, tirou a própria calça levando consigo a cueca e se abaixou para tirar a calça de Murilo também, o garoto não vestira cueca depois do banho na academia, safado. Beijou suas coxas, subiu em cima dele, quase um 69 e lambeu aquelas pernas. Tinha um tesão em pernas, descobrira agora. Nunca havia feito nada parecido com nenhuma mulher, mas ali estava tão gostoso que seu corpo todo descarregava choques elétricos. Murilo dobrou um pouquinho os joelhos deixando as pernas ainda mais disponíveis, e Pedro foi desbravando com seu rosto a parte interna das coxas, havia pelos, mas não eram muitos, e era uma sensação diferente a língua correndo por sobre os pelos, uma sensação boa também. E enquanto isso, do outro lado, Murilo tomou aquele pau que ele vinha admirando e o chupou, enfiou tudo lentamente na boca, sentindo perfeitamente os músculos do corpo de Pedro se contorcendo em cima dele, a cabeça de Murilo estava entre as pernas do lutador, na altura dos olhos podia ver o saco, o iniciozinho da bunda e a grandiosidade das coxas.

– Porra, Isso tá muito gostoso, ahh – as palavras lhe foram roubadas quando o seu pau se acolheu por inteiro na boca de Murilo, provavelmente a cabeça estava lá na garganta do menino, tesão só de pensar. Voltou a beijar, lamber e apertar aquelas coxas.

Queria gozar com aquela chupada, mas ao mesmo tempo também queria provar mais coisas, já havia se ajeitado para alcançar com a língua o reguinho de Murilo, mas naquela posição não conseguia aproveita-lo muito bem, e por isso ele se levantou na cama outra vez, olhou para o outro, que sorria feito um anjinho, impossível esquecer que aquele anjinho até há pouco estava numa chupada tão gostosa que seu pau parecia latejar.

– Que que você tá fazendo comigo, hein garoto?

E como se adivinhasse o que se passava pela cabeça do lutador, Murilo se virou, de costas para cima, as pernas para o alto, revelando melhor ainda sua bunda e destacando aquelas coxas que tiravam Pedro do sério. E por isso mesmo Pedro foi descendo aos poucos por aquele corpo, para aproveita-lo melhor, se ajeitou entre as pernas dele e foi beijando-o, lambendo-o, da altura da nuca e descendo, costas, leves mordidas, bunda, agora sim podia sentir aquela bunda, apertava-a com as duas mãos, lambia as nádegas, beijava a entradinha do cu, passava saborosamente seu queixo de alto a baixo no rego. Com a cara afundada naquela bunda, ele esticou a mão e alcançou os cachinhos que puxou para trás. Murilo gemeu gostoso.

Da gaveta ao lado, Pedro tirou uma camisinha, antes de meter naquele garoto, admirava-o mais uma vez, era como a perfeição que ele sempre sonhou em encontrar numa cama, a sua disposição. Nunca, uma mulher de costas lhe pareceu nem perto de ser tão bonita quando Murilo lhe parecia agora. Seu corpo todo parecia gritar que esse era o certo para ele, que era realmente disso que ele gostava, de homens, de um homem, mais especificamente, aquele homem. Não fosse quem era, seria tão mais feliz. Mas preferiu deixar os pensamentos de lado e subiu em Murilo, o pau brincando com o rego fechado, atravessando-o e voltando, feito um barco fantasma de parque de diversões, e sussurrou no ouvido do Murilo:

– Você quer?

– Quero, por favor, mete esse pau gostoso em mim, acaba com o meu cu, Pedro.

Porra, um rapazinho tímido como ele, na cama se mostrava outra pessoa, como se agora os dois dividissem um segredo. Murilo sabia que o melhor lutador da academia, estava adorando ter uma noite com outro cara. Pedro sabia que o garoto de fala tranqüila, calminha, virava um leão selvagem quando tirava a roupa.

O pau foi entrando, e para surpresa de Pedro, Murilo foi levando o próprio corpo para trás, puxando o pau para dentro de si, dava para sentir claramente o momento em que ele passava pela mais estreita porta para encontrar do outro lado o calor úmido do moleque, suas narinas se dilataram na hora, o cheiro de Murilo inebriando-o. Segurou-o pelos cachos outra vez, agora Murilo estava quase de quatro, a bunda bem arrebitada mas a cabeça no travesseiro, e Pedro esticou o corpo ficando de joelhos na cama, admirando seu pau a desbravar aquela carne, aquele corpo. E Murilo de boca entreaberta, gemendo, gostando. Nunca ninguém demonstrou que estava gostando tanto de fazer sexo com ele quanto aquele garoto estava, os gritos exagerados das mulheres com quem saíra, os gemidos agudos, os urrinhos desafinados, nada parecia mais autentico que a boca entreaberta de Murilo, que deveria estar sentindo uma dor lacerante, mas mesmo assim deixava que ele seguisse em frente, que ele voltasse a enfiar o pau todo lá no fundo, e depois tirar outra vez, e enfiar, e tirar repetindo o mesmo espetáculo do qual não se cansava nunca.

Quando trocaram de posição, Pedro ficou sentado na cama, a camisinha praticamente invisível, somente o anel dela se podia enxergar, e Murilo se encaixou nele, frente a frente, as mãos nos ombros de Pedro, descendo pelo seu tórax enquanto o pau invadia-o lá embaixo. Os dedos brincando com os mamilos vermelhíssimos do lutador, depois, Murilo pegou os braços de Pedro, um por um e enquanto o pau ia aos poucos entrando, ele beijava os músculos definidos, de cima a baixo, com carinho, com luxuria, no braço direito deu uma leve mordida e depois uma chupada mais profunda, como se quisesse arrancar um pedaço de Pedro e levar consigo, e Pedro abriu um meio-sorriso excitado ao ver aquela cena ali na sua frente. E se olhavam nos olhos e havia tesão acumulado de eras que não poderia ser gasto todo naquela noite, nem que se esforçassem do jeito que estavam se esforçando. O pau entrou todo e Murilo saltou para a boca de Pedro, um beijo feroz de deixar lábios inchados, com o pau enfiado por completo aquele beijo parecia mais profundo, mais intimo dos dois. Pedro sentiu isso, Murilo também. E depois do beijo, se afastaram alguns centímetros e Murilo começou a subir e descer, e logo estava saltando naquela pica, sem nenhum medo de se machucar, ia e voltava tão rápido e forte que Pedro sentia seu pau ficar mais quente pelo atrito, e gostava e os cachos iam e vinham a cada pulo de Murilo, como se estivesse cavalgando um cavalo dos mais ariscos e indomáveis, sem sela ou cabresto.

– Como você é gostoso, Murilo... – falou, arfando, num momento em que Murilo havia sentado completamente nele e rebolava a bunda para sentir muito bem o pau lá dentro, tocando nas paredes do seu corpo.

E como resposta a sua frase, Pedro recebeu um tapa na cara. O rosto ficou virado para o lado, não pela dor do tapa, mas por não estar preparado para isso. ele, que sempre treinou tanto para não se deixar bater, agora gostou da sensação daquele garoto batendo, daquela intimidade louca, daquele prazer que não precisava guardar mais só para si mesmo. Depois se virou e Murilo sorria aquele mesmo sorriso simpático de quando se viram pela primeira vez e ele disse oi.

– Seu tarado – tapa.

– Seu tesudo – tapa.

– Seu safado – tapa.

O rosto esquerdo de Pedro bem vermelho e ele não parava de listar qualidades sacanas para o outro, mesmo sabendo que receberia um tapa na mesma hora. "Isso, me bate, me bate. Eu gosto quando você me bate!" e Murilo voltou a quicar no pau, o próprio garoto estava quase gozando com aquilo tudo, e a cama já não mais rangia, berrava, gritava, se esperneava contra a parede do quarto, um baque tão forte que talvez todos os outros quadros da casa caíssem com o tremor das paredes, ou a fundação da casa desabasse, ou a cidade inteira ou o mundo inteiro explodiria a partir daqueles dois átomos em colisão na sua explosiva bomba de prazer sobre aquela cama.

Murilo abriu a boca na hora de gozar, um urro lá do fundo da garganta e o pau de Pedro dentro dele sentiu o momento em que o corpo todo tremeu, apertando-o ali dentro de um jeito gostoso de sentir e o gozo veio vindo, vindo, vindo, até dispara-lo direto na barriga branca e cheia de gominhos do boxeador.

Por um instante, Murilo pensou que talvez ele não tivesse gostado de sentir o gozo de outro cara assim no seu corpo, mas Pedro tirou o pau de dentro dele, puxou a camisinha fora e ao se tocar por dois segundos liberou seu gozo também, dessa vez na barriga de Murilo, como se fosse uma guerrinha de pistolas d'água, e depois soltou dos cachos do cabelo de Murilo e os dois deitaram na cama.

– Porra, isso foi bom demais – Pedro falou.

– Nem me fale – Murilo estava sem ar. – Que horas são?

Na tela do celular a sentença: uma e quarenta da manhã.

Não tiveram tempo nem de descansar um pouco e relaxar assim um ao lado do outro, conversando feito dois bobinhos satisfeitos, precisavam ir, Murilo tinha que estar em casa. Se vestiram depressa e saíram do quarto e da casa, sem nem dar atenção ao fato da luz do quarto do pai de Pedro ainda estar acesa no corredor.

Na rua dessa vez, a sensação de que olhos estavam por trás das sombras já não assustava mais. Haviam gozado um com o outro, uma alegria muito maior do que a de quem observa na escuridão com ares de juiz e júri.

Quando Pedro o deixou na frente de casa, ajudou outra vez Murilo a tirar o capacete, aqueles cachos não ajudavam muito nesse sentido.

– Meu, cara, me desculpa por não ter te trazido no horário certo, você pode ter problemas agora.

– Mas valeu a pena – Murilo cortou, sorrindo.

– Safado.

– Olhaaa – fez um sinal com a mão, como se fosse dar um tapa, no que Pedro rapidamente repôs o seu próprio capacete para se proteger. Os dois trocaram telefones e depois se despediram e Murilo esperou que a moto dobrasse a esquina para entrar em casa.

Ao acender a luz da sala, a frase intimidadora veio da poltrona na sua direção como um dardo envenenado:

– Quem era aquele na moto?

Seu pai estava acordado, claro. Não perdia a chance de vigiar a sua vida para ter certeza de que Murilo não estivesse fazendo nada que desagradasse seus costumes.

– Um cara da academia. Eu saí tarde e ele me deu carona.

– É bom mesmo que seja só isso, Murilo, se eu souber que você está fazendo alguma nojeira por lá, você sabe que eu vou nesse lugar e acabo com essa brincadeira, não sabe?

Ignorando-o, Murilo se dirigiu calmamente até o quarto e soltou um "boa noite" antes de fechar a porta. Não se sentia vitima de nada, nem do pai, nem do jeito que as coisas são, nem da intolerância ou da cabeça fechada de certas pessoas, Murilo só sentia que ser feliz é amar, e que se seu jeito de amar era esse, lutaria por ele sem nenhuma reserva.

***

No dia seguinte, Pedro acordou de um sonho delicioso com tanto bom humor quanto nem lembrava quando foi a última vez que sentira. Havia dormido pelado, para ajudar a lembrar de como havia sido a noite anterior. e tentanto estragar sua manhã, ao pegar o celular para ver as horas encontrou uma mensagem de Lauro. "E aí, como o viadinho fode? Não vejo a hora de comer também aquela bunda gostosa."

Apagou a mensagem na mesma hora, e ainda que a tivesse deixado irritado, não foi o bastante para tirar o seu bom humor, mandou uma mensagem para Murilo mesmo sabendo que na noite anterior dissera a si mesmo que seria coisa de uma noite só. Mas não podia ser, não seria o mesmo sem aquele outro. De repente, sabia a razão de ter treinado tanto boxe, do que tinha medo a vida toda, e já não tinha mais.

Esse era o momento, e nunca se sentiu tão certo de que esse era ele de verdade e que aquele outro era seu e seria sempre seu. E isso o deixava feliz. Encontrou a si mesmo e não tinha porque temer ninguém, se envergonhar de nada. Murilo respondeu sua mensagem e foi o começo de uma longa conversa intima por mensagem e áudio, cheia de risos, intimidade, companheirismo.foi quando soube que Murilo fazia faculdade de artes, foi quando percebeu que queria fazer faculdade de educação física na mesma universidade que ele, foi quando descobriu que o pai de Murilo era um homofóbico de primeira linha e talvez o seu também fosse, nunca parou para se perguntar, e cada vez mais proibido mais doce e mais vontade de voltar a encontrar Murilo o quanto antes possível, dizia nas mensagens, ouvia isso nas mensagens. Ainda nu na sua cama, Murilo também nu lá na outra cama. O sol entrava pela janela e aquecia tudo.

Lauro nunca teria aquele garoto, tanto Pedro quanto Murilo sabiam que ninguém mais tocaria em nenhum deles, estavam guardados um ao outro, desde a noite anterior, e para sempre.

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Comentários

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Parabéns pelo conto. Continue assim. E por favor não divida o conto por desejo dos leitores. Faça do seu jeito. Como achar o necessário. O importante não é se o conto é longo e pequeno. O importante é ser um bom conto.

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Estou lendo todos os seus contos, na minha opinião os melhores da casa

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Belíssimo relato Vc escreve maravilhosamente. Só que te aconselharia. A dividir as historias, elas ficam muito longas e cansativas. Te convido a lereus contos. Basta clicar no meu nick. Parabéns s. Voltarei para ler os demais

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Assim, você pode escrever uma continuação ta bom?! Eu iria adorar. 👏👏🙏🙏😘

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Definitivamente o melhor q eu já li.

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Defintivamente o melhoooor q eu já li.

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