a atitude é indutiva(8)

Um conto erótico de skosak
Categoria: Homossexual
Contém 1108 palavras
Data: 04/04/2015 23:50:15
Última revisão: 04/04/2015 23:54:27

No outro dia havia aula. Como olhar na cara dele? Eu estava sem nenhuma paciência para explicar algo para quem já sabia de tudo. Então me sentei na última carteira da fila. Eu estava péssimo. O dia teria uma aula de Literatura, duas de Matemática e uma de Química.

Eu dormi na de Literatura. Na de Matemática eu fui acordado pela professora, que disse:

---Lucas, vejo que você está meio distraído hoje.

Eu disse:

---Impressão sua, professora.

---Tu não tá se metendo com drogas, né, menino?

A turma inteira riu.

---Pra falar a verdade estou sim – disse, cinicamente. A senhora sabe, é difícil largar, né?

A turma ficou séria. Eu até estranhei.Marquinhos me olhava, sério. Não sabia se estava com raiva ou o que. Eu também nem ligava.

---Eu iria te chamar para resolver esse exercício de Matrizes. Só que tu parece não estar em condições.

--- Posso sim – disse eu, me levantando, meio sonolento.

Então eu fui no quadro e não só resolvi o exercício no devido rigor matemático, como também escrevi o código fonte do algoritmo matemático que resolvia qualquer problema do tipo. A professora ficou impressionada. A turma continuava séria. Acho que eu era o estranho dalí. De repente eu ouvi um forte assovio, tipo esses de platéia. Era ele. Eu, olhando mortalmente, joguei o giz para o quadro, que estava atrás de mim.

Ele foi murchando feito um balão no sol.

Eu não estava louco. A lucidez me consumia.

Então eu fui ao meu lugar. Dormi mais uma vez. Sonhei com ele. Acabou a aula e ele foi até a minha carteira me acordar.

---Amor, se meu olhar me denuncia então esse teu jeito de dormir te denuncia “tamém”.

Eu estava dormindo quase que imitando o jeito que dormíamos.

Eu, fervendo de raiva disse:

--- Eu retiro IMEDIATAMENTE a permissão de você me chamar de amor.

Ele me olhou e disse, gaguejando:

----Mas c...ara, eu não to te entendendo. Qualé?O que é que tu ouviu? Eu posso explicar qualquer coisa!!!

--- “Parça”, eu conheço a tua laia. Eu sei de tudo. Ouvi da tua boca e escutei seus pensamentos.

---Mas ouviu o que, […]

--- Desculpa, “parça”, mas eu tenho mais o que fazer.

Ele respondeu, cheio de si:

--- Como o quê? ficar pensando em mim e se doer?

Então eu disse, igualmente cheio de si:

---Não, pensar em outros – disse, com ênfase em outros. Parece que eu conheço os seus pensamentos mas você não tem conhecimento dos meus. Tolinho.

Então ele disse:

---Vish, não sabia que tu era “desses”.

---Saiba que eu penso o mesmo de você.

Eu odiei ter aquela conversa. Meus circuítos explodiram com àquela frase. Tomei a minha bicicleta da casa dele. Ele nada disse. Corri, devo ter andado uns 60 kilometros em estrada de chão. Pedalei até o sol se por. Não fiz nenhuma refeição. Parei apenas pra tomar água de rio.

Não voltei de noite. Fui extremamente egoísta aquele dia, meus pais não mereciam ter os nervos à flor da pele por causa das minhas desilusões amorosas.

Eles mandaram TODO MUNDO a procura de mim. Eu estava alguns kilômetros da minha casa, num bar desses que são tipo mercearia. Tomei pinga e estava meio “feliz”. Havia alguns outros bêbados lá também, cantamos várias canções bohemias. Cantei Mercedita em Castelhano. Alguns se impressionaram por eu cantar as músicas em Castelhano. Fruto da minha convivência com paraguaios e pela minha própria curiosidade.

Um disse:

---Esse é dos meus!!!! - levantando o copo de cerveja.

Na verdade eu sabia bem festar, apesar de ser meio introvertido, ao cair uma gota de álcool na minha boca é como combustível. Eu explodo.

Então eu vi uma moto chegando no bar. Os bêbados, conhecidos, foram averiguar o “chegante”. Eu estava sem condições de andar. A luz do farol quase me cegou.

Ele veio para perto de mim. Rodando a chave de um lado para o outro.

Era Leandro, o mecânico cabeça da bicicletaria. Ele era de confiança dos meus pais. Ele usava uma jaqueta de couro marrom, um jeans preto e botina.

Não consegui entender o que ele dizia, mas o tom de voz era de desaprovação.

Vi os cabelos encaracolados e a pele morena dele, cheia de tatuagens. Musculoso.

Confesso senti desejo.

---Minino, diga onde tu tava? Passei a noite procurando tu – disse ele, num sotaque baiano de sempre.

Não sei o que me deu. Eu então falei, piscando pra ele:

---Eu vivo triste, meu amooor me beija, mesmo que não seja beijo de amor.

Ele riu muito. Ele percebeu a graça que eu fiz. Era um trexo de um forró bem conhecido.

---Bebeste, foi? -perguntou.

Eu então disse:

---Um tiquinho só – todo “feliz”.

Ele, com cara de safado disse:

---”Mais” antis quero ti dizer minino, eu quero um beijo de lascar o cano, pois eu sou baiano, cabra beijadôo.

Eu não esperava por isso.Esperava um sermão ou algo do tipo.

Ele realmente me beijou de “lascar o cano”. Que beijo gostoso. Cheio de desejo. O cheiro dele de couro era fraco. Acho que o meu cheiro de bebida encobria qualquer coisa.

Ele foi até um jukebox velho que havia alí e botou um xote gostoso e dançamos agarradinhos.

Eu encaixei nele e por vezes quase caia de bêbado. Noutras eu sentia o volume dele roçar minha perna. E que volume, hein...Ele tinha “pegada”

E ele não tinha medo mesmo, qualquer deslise era tiro e queda hahahaha.

---Minino, isso não si faz com teu pai!

---Ah Leandro, minha situação é difícil.

---Sô teus olhos e ouvidos, ou o que tu quiser – disse ele, rindo.

Então eu expliquei tudo pra ele. A minha corda bamba, Marquinhos, e tudo mais. Aquele xote valia por mais de mil abraços.

---Mas isso é motivo pra tu fugir e vir aqui “comer água” sem avisar ninguém?

Eu não respondi nada. Apenas dançamos o xote. Depois ele disse:

---”Simbora”, bichinho! - ele disse, me chamando para ir com ele, de moto.

Eu fui. Ele ia me levar para a casa dos meus pais. Aí sim eu iria ganhar umas broncas. Mas, naquele momento eramos apenas nós dois naquela moto, no frio da madrugada. Eu indo agarradinho nele, por causa do frio e, um pouco, porque eu queria.

Chegando lá minha mãe estava de pé, de pijama, acordada.

Bem, eu ainda lembro dos meus ouvidos zunindo, de tanto que eu ouvi.

Acho que eu merecia mesmo.

---Filho, acho que algo está possuindo você -ela disse.

Eu aguentei mais aquela baboseira. Mais uma de tantas que ouvi nesses dias.

CONTINUA...

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Pessoal, o conto foi meio curto devido a minha falta de tempo. Mas na próxima vez eu prometo um mais longo, ok?

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