Tara

Um conto erótico de APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Categoria: Heterossexual
Contém 798 palavras
Data: 24/03/2015 21:30:38
Última revisão: 03/02/2016 19:42:19

Tara

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

Especialmente para a "Casa dos Contos".

LUCIENE LIGA para o José Augusto, seu namorado, e, pela milésima vez, lembra a ele seu desejo antigo. Fazer sexo dentro de um carro na oficina onde ele trabalha como ajudante de pintor. Não é de hoje esse pedido vem sendo renovado quase que diariamente. A coisa rola desde que começaram a trocar beijinhos e abraços mais excitantes na garagem da casa dos pais dela.

Depois dessa longa espera, eis que finalmente surge a oportunidade. José Augusto não quer perder a chance por nada desse mundo e resolve, então, que o encontro será na próxima sexta-feira, e terá desfecho dentro de uma BMW novinha em folha que acabou de chegar para fazer o rebaixamento das rodas. O possante em questão possui teto solar, GPS, som, tevê, frigobar, computador de bordo, alarme, sensor de presença, os cambaus. Afoito, José Augusto retorna a ligação.

- Amor, pode vir para cá sem receio. Ninguém nos verá. Ainda que por acaso pinte um intruso no pedaço, estaremos o tempo todo protegidos pelos vidros fumê do automóvel. Quem estiver do lado de fora não saberá que, dentro daquele lindo ultimo tipo dois pombinhos incendiados pela febre desenfreada da paixão estarão se curtindo a mil por hora e o melhor da história, a sós.

Dezoito horas em ponto, fim do expediente. José Augusto deixa os demais funcionários tomarem banho na frente, fingindo um serviço atrasado que necessitava ser colocado em dia. Avisa ao encarregado que será o derradeiro a deixar o local, portanto, a responsabilidade de ligar o alarme e soltar os cachorros ficará a seu cargo.

Às dezoito horas e trinta minutos, não há mais viva alma na área, só ele. Seu Dodó, o vigia, chegará dentro de uma hora, o que lhe propiciará uma boa margem de tempo para aproveitar, sem maiores complicações, o encontro tanto tempo esperado com a mulher amada e, com ela, ir e voltar às nuvens, se entregando aos prazeres divinos da carne ensandecida.

Dezoito horas e cinquenta minutos cravados, Luciene pinta no pedaço e José Augusto a coloca para dentro, sem transtornos. Partem, pois, direto para os fundos da construção, onde uma BMW último tipo os aguarda. Entram se trancam e pulam para o banco de trás. Tiram as roupas, movidos pela afoiteza do momento que promete ser inesquecível. Tem inicio os amassos, que começam imediatamente. Mãozinhas aqui, mãozinhas ali, beijos, abraços, chupadas, palavras ininteligíveis ditas aos pés dos ouvidos. O clima esquenta a cada minuto que passa. Suores, linguadas, mordidas, gritinhos, ais e uis, mais suor, intenso calor, os corpos incansáveis num vai e vem incessante, entrelaçados na ardência das mais diversas posições se retorcendo em meio a jornais esquecidos pelo dono do automóvel.

Num dado momento do frenesi incontrolável, José Augusto sugere a moça um sessenta e nove. Ela topa. Em posição, e o combate segue em frente, sem melindres, sem restrições. Vidros fechados, o espaço se transforma numa fornalha. E os dois, se pilham, entrementes, como se estivessem encarcerados numa sala pequena completamente em chamas. De repente, em meio aos açoites, um por dentro do outro, numa convulsão estonteante, Luciene observa:

- Amor, sabia que a gasolina aumentou?

- O quê? Que me importa isso agora, gatinha? Se preocupe não. Prometo deixar você de tanque cheio...

- Posso continuar então com a boca na mangueira?

- Com certeza, amor. Enfia até o talo...

No instante em que José Augusto se prepara para gozar, Luciene volta à carga e torna a fazer um comentário estranho:

-... Amor, os condenados no mensalão entregaram os passaportes...

José Augusto ralha com ela, de modo carinhoso e pede que esqueça o mundo lá fora e se atenha ao que estão fazendo ali, tendo em vista o tempo que levaram para porem em prática aquele plano tresloucado.

-... Esqueça tudo, amor. Chupa desgraçada, chupa.

A moça, contudo, parece alheia a tudo e volta com o papo desconexo. Grita, espavorida:

- Amor, o mundo vai acabar dia E daí, continua chupando, não para, não para...

- Você não está preocupado? O mundo vai acabar. E agora, o que faremos?

- Amor, o que é que temos com isso? Deixa acabar. O importante é que estamos colados um no outro. Volta com a mangueira na boca.

- Estou com medo...

- Quem te falou isso, minha flor? Relaxa...

- Meu Pai do céu, que horror... O mundo vai acabar... E vai ser diaOk. Fala desgraçada, quem te falou essa besteira?

- Ninguém falou amor, ninguémEntão, foda-se. Vamos gozar juntos... Vamos, engole...

- Não dá, não dá. O mundo...

- Porra, Luciene, quem falou pra você uma besteira dessas? Fala amor, fala...

- Ninguém falou amor. Acabei de ler num pedaço de jornal que está colado bem aqui na porta do seu cu.

(*) Aparecido Raimundo de souza, 62 anos é jornalista.

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Comentários

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Hahahahahahahahahahahaha que final! E eu achando que ela queria retardar o gozo ou estivesse com nojinho de engolir hahahaha

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