Detalhezinho

Um conto erótico de APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Categoria: Heterossexual
Contém 923 palavras
Data: 23/03/2015 22:50:16
Última revisão: 03/02/2016 19:40:48
Assuntos: Heterossexual

Detalhezinho

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

Especialmente para a "Casa dos Contos".

OS DOIS AMIGOS SE ENCONTRAM NA BIROSCA do bairro onde moram. Sentam, pedem uma gelada. O papo começa.

Tapado:

- Soube que você dispensou a Sandra Gegê. Ficou maluco?

Imbecil:

- Não.

Tapado:

- Posso ao menos saber qual o motivo?

Imbecil:

- Esquece. Fica chato comentar sobre a “mina” aqui aonde a gente mora. Depois pode dar buchicho. Sem contar que a “pessoa” é nossa vizinha.

Tapado:

- Qual o quê! A nossa conversa não sairá daqui.

Imbecil:

- As paredes têm ouvidos. E olhos também.

Tapado:

- Fala sério!

Imbecil:

- Fiquei sabendo que algumas paredes são tão espertas que, além dos ouvidos e dos olhos, dispõem de boca e nariz, como se fossem a extensão dos seres humanos, ou seja, certas paredes, principalmente as de lajotas, cheiram a coisa e depois saem fofocando.

Tapado cai na gargalhada. Por um triz não derruba os copos.

Imbecil:

- Está rindo de quê?

Tapado:

- Da sua comparação as paredes. Você deveria ser comediante. Com relação a Sandra Gegê, acho que você pirou de vez. Por tudo quanto é mais sagrado. Deixar um avião daqueles... Puts!... Eu não dou uma sorte dessas. Ah, se fosse comigo...

Imbecil:

- O que você faria?

Tapado:

- Como, o que eu faria? Pô, meu! Está me tirando?

Imbecil:

- Não seja por isso. Sua oportunidade chegou. A beldade agora está livre, leve e solta.

Tapado:

- Então me “bate a pala”.

Imbecil:

- Bate o quê?

Tapado

- A pala!

Imbecil:

- Que história de pala é essa?

Tapado:

- O mesmo que fita, seu burro. Bate pra mim, me de a página da cartilha, mostre o conteúdo.

Imbecil:

- Ummmm!...

Tapado:

- Vejo que você não tem nada na cabeça. Só vento. Não saber qual o significado de pala.

Imbecil:

- Saber ou não saber, não importa. Vamos esquecer a Sandra. Melhor que fazemos.

Tapado:

- Então deixa adivinhar. Você ficou um mês com ela. Curtiu, passeou, foi, voltou... E comeu. Não comeu?

Imbecil:

- Me pareço com um canibal?

Tapado:

- Palhaço. Faço referência a ter chegado junto. Partido para o “vamos ver”.

Imbecil:

- Não, não cheguei a esse ponto. Não vi nada.

Tapado:

- Nadinha, nadinha?

Imbecil:

- Nadinha, nadinha.

Tapado:

- Vai querer me dar diploma de otário? Espia aqui na minha testa: acaso está escrito que sou trouxa? Um mulherão daqueles, com um pandeiro todo nos trinques e você não deu nenhum tapinha?

Imbecil:

- Pandeiro? Que pandeiro?

Tapado:

- Traseiro, cauda, cofrinho...

Imbecil

- Em outras palavras: bunda?

Tapado:

- Claro, bunda, seu filho de uma égua.

Imbecil:

- Sinceramente? Não me apeteceu manter algo mais sério com ela. Apesar da bela retaguarda, ou como você colocou: pandeiro. O mais acertado, sem duvida, foi a decisão que tomei: mandei catar coquinho.

Tapado se põe a remedar, na gozação, o amigo:

- “Não me apeteceu. O mais acertado, sem dúvida, foi a decisão que tomei: mandei catar coquinho”. Conta pro seu amigo aqui. O que houve, entre vocês, afinal?

Imbecil:

- Não houve absolutamente nada. Sabe o que eu gostaria de fazer agora? Mudar o rumo dessa prosa. Não quero mais falar no assunto. Caso encerrado.

Tapado:

- Ao menos pela nossa amizade, me dá o caminho das pedras...

Imbecil:

- Desista. Não existe nenhum caminho das pedras. Aliás, você não disse que iria adivinhar? Vá em frente!

Tapado:

- Ela não faz o melhor?

Imbecil:

- Melhor?

Tapado:

- É. Barba, cabelo, bigode? Só faz a barba?

Imbecil:

- Isto eu não posso precisar. Nem sabia que ela tinha barbearia.

Tapado desfere um potente soco na mesa. Derruba os copos e a garrafa que se estilhaçam de encontro ao chão de cimento. O dono da birosca vem lá de dentro, rosto carrancudo, os olhos faiscando, prontos para incendiar uma floresta inteira.

Imbecil:

- Não se preocupe seu Chiado. Eu arco com o prejuízo. Aproveita e providencia outra “ceva” pra nós, no capricho.

O vendeiro, porém é direto e não manda recado:

- Pois então paguem primeiro o prejuízo e a cerveja que eu servi. Assim evitamos problemas.

Os dois amigos metem as mãos nos bolsos ao mesmo tempo.

Imbecil:

- Essa é minha. Você patrocina a próxima.

Tapado:

- Fechado.

Nova garrafa e copos são colocados a disposição da dupla.

Tapado:

- Vamos em frente. Ela por acaso é “fria”?

Imbecil:

- Não.

Tapado:

- Se atropela com o microfone?

Imbecil:

- Passou longe...

Tapado:

-... Então devo concluir, pelas suas palavras, que ela é boa com o microfone na boca?

Imbecil:

- Você é quem está dizendo. Eu não confirmo nem desminto nada.

Tapado:

- Ah, já sei: ela não lava direito a perseguida. Com isso, a racha fede a bacalhau?

Imbecil:

- Esquece.

Tapado:

- É larga? Tem estrias? Morde o pau?

Imbecil:

- Tapado, pelo amor de Deus, vamos falar de outra coisa?

Tapado:

- Então abre o jogo.

Imbecil:

Se eu falar você me deixa em paz?

Tapado:

- Deixo. Juro.

Imbecil:

- Jura de verdade?

Tapado:

- Eu juro!

Imbecil:

- Não vale. Jure pela sua mãe.

Tapado:

- Pela minha mãe?

Imbecil:

- Sim. Quer ver ela mortinha, dentro de um caixão?

Tapado:

- Se é assim que deseja, dou o braço a torcer. Você venceu. Juro pela minha mãe. Meu pai eterno! Não acredito que estou fazendo uma coisa dessas. La vai: quero ver mamãe mortinha dentro de um caixão.

Imbecil:

- Agora eu acredito que você não baterá com a língua nos dentes.

Tapado:

- Faço qualquer coisa pra saber esse segredo da Sandrinha. Deixa de onda e abre o bico. Por que dispensou aquela gostosa, saborosa e igualmente deliciosa visão do paraíso?

Imbecil:

- Por um detalhezinho muito simples.

Tapado:

- Um detalhezinho? Que detalhezinho?! Fala logo. Canta a pedra.

Imbecil:

- Ela tem pelos na churréia.

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 62 anos, é jornalista.

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Comentários

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Eu também não fazia idéia do que era churréia. Jurava que era um sinônimo desconhecido para vagina e afins... (admita: parece). Jamais imaginaria que era a parte onde nascem os pelinhos dos dedos do pé/ mão hahahahaha. E sobre a história: realmente, pêlos na churréia, numa mulher, deve ser bem brochante.

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Se as pessoas lessem mais, e deixassem um pouco de lado os celulares de última geração; se parassem de assistir a programas bérlicos, idiotas e sem sentido; se deixassem de ver desenhos imbecis e pírficos, com certeza saberiam a definição síndia de churréia. O que me espanta, me deixa boquiaberto e babuscado, a ponto de ficar sem palavras, é descobrir que pessoas que escrevem, que fazem literatura, não saibam o que significa churréia. Pêlos na churréia, meus caros amigos Treinadorsex e I.S, eu também não sei. Estou a procura. Todavia, como gosto de sempre saber mais, e viver bem informado, fui perguntar ao Toni Ramos. Pelo carinho dos amigos em lerem meu texto, fuliscamente me dou por satisfeito. E cá entre nós: a minha simpática churréia agradece penhoradamente. PAZ!!!

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