Thithi et moi, amis à jamais! Capítulo 22

Um conto erótico de Antoine G
Categoria: Homossexual
Contém 4443 palavras
Data: 13/02/2015 22:39:43

Rafagyn: Obrigado, Rafa! Já estou melhorando, mas ainda estou todo enfaixado, isso me impede de publicar com mais regularidade aqui. 😢😢😢 Beijo, beijo!

M/A: Cara, eu falei com ele, mas ele disse que por enquanto ele não quer escrever, não! Ele prefere ler a história sob o meu ponto de vista para depois ele escrever o dele. Não sei se ele vai escrever algo, quem sabe, né? Abraço!

Talys: Obrigadoooooooo!!! O Thi está todo bobo com os elogios de vocês! Kkkk Beijin

mille***: Senti sua falta mesmo, minha princesa! Pois é, o problema é que ele sabe agora dos fãs dele. Ele me persegue o dia INTEIRO com essa história de fã. Kkkkkk Beijuuu 😍😍

Plutão: Obrigadoooooooo!! Mega beijo pra ti!

ale.blm: kkkkk Ai, meu Deus, fiquei com medo agora! Tem muita coisa aí pela frente, acho que meu caixão vai ser encomendado em breve. Kkkkkk Beijuuuu 😚😚

€$: Seia bem-vindo! Obrigadooooo! Taí, a palavra que resume tudo: GUERREIROS! Nós já enfrentamos muita coisa para podermos ficar juntos. Fico muito feliz em poder emocionar, não somente a ti, mas a todos. Mega abraço!

Gente, muito obrigado por todo o carinho de vocês, já sinto que vocês fazem parte da minha história, assim como vocês esperam a publicação de um novo capítulo, eu fico no aguardo para ler os comentários de vocês. Estou simplesmente AMANDOOOO tudo isso. Ah, o Thi mandou um mega/super/ultra/power beijo para vocês. Ele também está acompanhando os comentários de vocês.

Ah, mil desculpas, eu sei que não estou publicando os capítulos como eu havia prometido, mas é que eu estou fazendo um tratamento para eu me recuperar mais rápido, pois vocês sabem que professor não pode adoecer, né? Mas podem ter certeza que eu NÃO vou para de publicar. Beijo em todos!

Boa leitura!!

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O Thi saiu do quarto e logo voltou, ele veio até mim e disse.

- O titio não deixou, ele disse que ele vai passar a noite aqui contigo. – Ele falava triste.

- Ei, calma, eu sabia que eles não deixariam, mas em breve eu já estarei em casa, aí tu vais lá me ver.

- Mas eu queria muito ficar aqui contigo, amor.

- Thi, deixa meu pai ficar aqui, ele também está sofrendo. Era ele quem passava a maior parte do tempo me observando pela janela do quarto da UTI.

- Tudo bem! – Ele veio e me deu um selinho.

Enquanto o Thi estava me beijando meu pai entra no quarto.

- Ó, não! Eu não quero ver isso! – Ele falou cobrindo o rosto.

- Des-des-desculpa, tio!

- Tá, tá, tu já podes ir Thithi. – Disse meu pai.

O Thi saiu do quarto que nem um raio me deixando a sós com meu pai.

- Não precisava falar assim com ele, papa!

Ele me olhou com uma cara séria, eu acho que ele só estava “calmo” pelo fato de eu estar doente, se não com certeza a coisa teria sido bem diferente.

- Desculpa! – Eu disse.

- Filhote, eu te peço que não faça isso na minha frente, eu não lido tão bem quanto a Ange e a Joana.

- Tudo bem, papa. Desculpa!

- Olha o que eu trouxe pra gente. – Ele falou tirando algo do bolso.

Ele abriu uma caixinha e tirou as cartas de um baralho de lá.

- Mentira?

- Vamos jogar? – Ele disse sorrindo.

- Claro!

Ele sentou na ponta da cama e nós começamos a jogar. Enquanto nós jogávamos ele ia me perguntando como as coisas aconteceram entre o Thi e eu. Eu, pela milésima vez, contei toda a história. Nós nos divertimos muito nessa noite. É muito engraçado como nos momentos de dor, as coisas mais simples da vida fazem a gente se sentir muito feliz. Jogar baralho com meu pai foi uma das melhores coisas que me aconteceu desde que eu descobri a doença.

Eu acabei adormecendo conversando e relembrando minha infância com meu pai. Ao acordar na manhã seguinte, o doutor Bruno já estava no meu quarto. Ele conversava baixinho com meu pai, talvez para não me acordar.

- E aí, campeão? – perguntou o doutor assim que percebeu que eu estava acordado– como se sente?

- Estou bem! Só estou sentindo uma dor entranha na cabeça.

- Efeito colateral dos remédios, não se preocupe. Ah, amanhã você receberá alta, na segunda-feira começam as novas seções de quimio, tudo bem?

- Eu não sei se quero fazer!

- Como é que é, Antoine? – Meu pai interrompeu a conversa.

- Papa, o senhor viu como eu fiquei da última vez que eu fiz o tratamento. Eu não quero me sentir tão mal novamente.

- Meu filho, tu vais fazer esse tratamento, é a nossa última tentativa.

- Eu não quero fazer!

- Antoine, tua mãe e eu não vamos aguentar te ver morrer sem tentarmos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Tu vais fazer! Assunto encerrado!

- Mas, papa...

- Antoine, a decisão já foi tomada, tu vais fazer e acabou! (agora vocês entendem de onde eu tirei tanta teimosia)

Ele saiu do quarto e o doutor Bruno ficou me olhando.

- Antoine, o que foi que eu te disse?

- Que não era para eu desistir.

- Isso mesmo, você não pode desistir. Você realmente quer ver as pessoas que você mais ama sofrerem?

- Não, mas será que eles não percebem que eu também estou sofrendo. Eu não quero virar um inválido novamente, eu não quero ter que depender dos outros até para me vestir. Essa quimio tira o restinho de vida que eu tenho.

- Não, dessa vez vai ser diferente. Você ficou daquela maneira pelo fato do seu organismo não responder bem as drogas.

- E quem lhe garante que ele vai responder bem a essas novas?

- Infelizmente eu não posso te dar certeza que teu organismo vai aceitar o tratamento, mas Antoine, pensa em como essas pessoas vão ficar ao te ver desistindo da vida.

- Doutor, eu não quero ir morrendo aos poucos, se é para morrer que isso aconteça o mais rápido possível. – Eu falava sem chorar, sem demonstrar nenhum sentimento, eu já estava cansado de lutar por algo que me mataria de qualquer maneira.

- Antoine, a sua doença está evoluindo de maneira muito rápida, eu já lhe disse isso, você precisa fazer o tratamento o mais rápido possível. Pense bastante, amanhã quando eu vir te dar alta eu quero saber a resposta, ok?

- Unrum.

Ele saiu do quarto e me deixou sozinho com meus pensamentos. Será que eles não entendiam que eu só não queria mais sofrer? Será que eles não entendiam que meu sangue estava podre e que a quimio só iria retardar a minha morte? Será que eles só pensavam neles? E eu? Como eu ficava? Teria que depender de todos? Teria que ver todos me olhando com pena? Teria que ver a cada dia as pessoas que eu mais amo temerem a minha morte? Eles não entendiam que isso já estava acontecendo? Por que? Por que comigo? O que eu tinha feito de tão grave para merecer tudo isso? Por que eu não poderia somente aproveitar minha juventude ao lado da pessoa que eu amo assim como todos os outros jovens? Por que eu tinha que passar por algo que estava me matando e mantando as pessoas ao meu redor? Essas perguntas eram frequentes na minha cabeça, eu não pensava em mais nada, eu só queria fechar os olhos e esquecer todo aquele sofrimento. Não queria mais ver ninguém chorando por mim. No inicio da doença eu fiquei tão feliz em perceber o quão eu era amado pelas pessoas, mas agora esse amor estava me matando mais rápido do que a própria doença.

Eu passei a tarde inteira sozinho, o que eu achei estranho por que minha maman jamais me deixaria aqui sozinho. Passei a tarde inteira com essas perguntas indo e vindo na minha cabeça. Nunca encontrei resposta para nenhuma delas. Eu não sabia que horas eram, não tinha nem certeza se já era de tarde mesmo, o único relógio que tinha no quarto estava parado. Depois de muito tempo alguém bate na porta.

- Posso entrar? - Thi falou colocando a cabeça na porta.

- Claro que pode! – Falei sorrindo.

- Tu ficas muito mais bonito sorrindo. – Ele disse sorrindo também.

Fazia tanto tempo que eu não via ele sorrindo que eu pensava já ter até esquecido o quão bonito era o sorriso dele. Nos últimos meses eu só via as pessoas chorando, ninguém sorria mais. A tensão tomava conta de todos, nem meu irmão casula brincava dentro de casa.

- Eu também estava com saudade do teu sorriso.

- Nós precisamos conversar, Antoine. – Ele falou mudando totalmente sua expressão.

- Conversar? Sobre o quê?

- Sobre a quimioterapia. – Ele falou sério e sem rodeios.

- Eu não quero conversar sobre isso! Eu já tomei minha decisão!

- Antoine, nós passamos a tarde inteira conversando com o doutor Bruno...

- Aaah, tá explicado por que todo mundo sumiu daqui de repente. – Falei o interrompendo.

- Meu amor, nós só queremos o teu bem.

- Será, Thi? Se querem tanto meu bem por que vocês querem me forçar a sofrer novamente? Não perceberam o que aquela quimio fez comigo?

- Mas agora será diferente, o doutor Bruno explicou tudo pra gente.

- Não, não vai ser! Ele me disse que não tem certeza. E se meu organismo recusar o tratamento novamente? EU VOU VIRAR UM ENCOSTO PARA TODOS, EU VOU TER QUE DEPENDER DE TODOS, - eu falava em um tom mais elevado – EU... Eu... eu... eu vou morrer, Thi! Será que é tão difícil entender isso?

- Tu não vais morrer - ele falou vindo me abraçar – eu não vou deixar isso acontecer, eu não posso te perder – Ele já estava chorando.

- Amor, eu não queria isso, mas eu prefiro que isso aconteça do que ficar retardando o inevitável.

- Por favor, faz esse tratamento, por mim! Por favor!

- Thi, eu não quero fazer. Eu tenho medo de passar por tudo aquilo de novo. Acha que foi fácil chegar aqui sagrando, sem poder fazer nada. Vendo meus pais desesperados. Meu pai chegou aqui desnorteado, ele gritava no meio do hospital, isso tudo me mata cada vez mais rápido.

- Nós fazemos tudo isso por que te amamos. Se fosse preciso nós faríamos tudo novamente, todos nós sabemos o que é bom ou não para nós, Antoine. Ninguém precisa que tu tomes essa decisão por nós, se for para sofrer nós queremos sofrer tentando até a última alternativa, nós não queremos sofrer tendo que te ver... te ver...

- Morrendo! Pode falar, amor! Morrendo, é isso que eu estou!

- NÃO! – Ele gritou – tu não vais morrer. Tu vais fazer esse tratamento.

- Não vou, Thi!

Ele colocou a testa dele na minha, eu podia sentir a respiração dele descontrolada, eu também sentia as lágrimas dele caindo no meu rosto.

- Por favor, faz isso por mim. Eu vou pra tua casa, eu vou cuidar de ti durante todo esse processo. Tu não vais depender dos outros, só de mim. Não adianta querer me afastar, dessa vez eu fico contigo até o fim.

- Amor...

Não terminei a frase, ele me beijou. Fazia tanto tempo que eu não sentia a boca dele na minha, tinha esquecido o sabor do beijo dele. Era um beijo de puro desespero.

- Por favor, por mim. Eu não vou saber te perder.

- Thi, eu não sei.

- Amor, eu vou ficar contigo. Nós já acertamos tudo, eu vou me mudar para a tua casa, a Tata vai colocar uma cama de solteiro no teu quarto para eu ficar lá.

- Meu pai não vai aceitar isso.

- Ele já aceitou.

- Não, Thi! Eu quero que tu tenhas a tua vida de volta, eu não quero que tu fiques preso a mim.

- Será que é tão difícil entender que eu não vou ter minha vida de volta enquanto tu não estiveres saudável? – Ele falava com as últimas forças que ele tinha, a voz saiu tão baixinha que eu quase não compreendi o que ele falava.

- Thi....

- Por favor, sou eu quem está te pedindo, por favor, eu preciso de ti, eu preciso de ti aqui, do meu lado. Essa é a nossa última chance de ficarmos juntos, não desperdiça ela se não nosso amor não vai servir para nada.

Essa conversa eu lembro como se fosse hoje, as palavras dele tocaram na parte mais profunda da minha alma. Eu precisava dele também, eu não queria morrer, mas para mim, naquele momento, era algo inevitável.

- Eu vou pensar! – Foi a única coisa que eu respondi.

O Thi me deixou sozinho no quarto, ele tinha que ir pra casa, pois eles já estavam arrumando as coisas para ele passar uma temporada na casa da minha mãe. No tempo em que eu fiquei sozinho eu pensei em tudo o que ele disse. Uma pessoa normal teria aceitado no mesmo momento, mas não era uma pessoa normal, era EU. Eu já estava cansado de ver todo mundo com pena de mim, todo mundo sofrendo por mim. Eu mesmo já não aguentava mais sofrer.

Quando uma pessoa chega no estágio que eu cheguei, ela não tem mais nenhuma perspectiva de vida. Pra ela a vida já acabou, já devia ter acabado no meu caso. Vocês não imaginam como é difícil passar por uma quimioterapia, no meu caso, pelo menos é essa a impressão que eu tenho quando eu converso com outras pessoas que já tiveram câncer, ela foi mais forte. Meu organismo ficou muito fragilizado, eu não conseguia fazer quase nada sozinho. O médico passou vários remédios alternativos para reduzir os efeitos colaterais da quimio, mas nenhum deles tiveram um bom resultado no meu organismo. Eu brinco falando que eu tenho o sangue podre, mas no fundo, no fundo é verdade, pois se ele não fosse eu não teria sofrido tanto com quimio.

Enquanto eu estava sozinho, eu pensei muito. Não chegava em nenhuma conclusão, é muito difícil ver as pessoas que tu amas sofrerem ao teu lado, por tua causa, e tu não poderes fazer nada. Eu me sentia impotente, me sentia vencido pela doença. No entanto, algumas palavras do Thi não saiam da minha cabeça: “Será que é tão difícil entender que eu não vou ter minha vida de volta enquanto tu não estiveres saudável?”, “Por favor, sou eu quem está te pedindo, por favor, eu preciso de ti, eu preciso de ti aqui, do meu lado. Essa é a nossa última chance de ficarmos juntos, não desperdiça ela se não nosso amor não vai servir para nada”.

Eu ficava ouvindo a voz dele dentro da minha cabeça, eu sabia que eu tinha que ficar por ele, com ele. Meu coração pedia para eu ficar, para eu lutar por ele, mas minha mente e meu corpo pediam para eu desistir, já já a doença me venceria, eu poderia descansar, poderia deixar de sofrer. Eu sempre tive uma vida feliz, não tinha muitos amigos, tinha vários colegas, de fato, mas AMIGOS eram poucos, porém os que eu tinha eram o suficiente para garantir a felicidade de uma pessoa. Minha família sempre foi muito unida, sempre me amaram incondicionalmente, e por isso mesmo era muito difícil vê-los como estavam. Eu não via mais ninguém sorrir, não via mais ninguém tirar brincadeiras bobas, agora todo mundo só chorava e murmurava pelos cantos pensando que eu não estava vendo nada. O bom de se ter um câncer é que nós ficamos mais sensíveis as coisas simples da vida, a gente aprende a observar a vida, as pessoas, a natureza, os animais e aprende sobretudo a aprender com eles.

Deixamos de ser mesquinhos e egoístas, passamos a olhar o mundo que está ao nosso redor com olhos muito mais dóceis, muito mais maduros. Olhos estes que sofreram e que viram pessoas sofrerem. O mundo nos cerca em câmera lenta, parece que ele para para que nós possamos aproveitar o máximo dele antes de partirmos para outros planos.

Eu nunca tive medo da morte, eu sempre achei a morte algo belo. A passagem de uma vida terrena para uma vida espiritual, isso me encantava. No entanto, ouvir aquelas palavras do Thi me fizeram, pela primeira vez na vida, temer a morte, eu não tinha medo da morte propriamente, mas sim das consequências que ela traria. Eu não suportaria vê-lo sofrer, vê-lo se perder por eu ter partido. Não aguentaria ver todas as pessoas que eu amava sofrerem por mim. EU estava em uma encruzilhada. A única certeza que eu tinha era que eu não queria que ninguém sofresse mais por mim, mas se eu continuasse vivo eles sofreriam e se eu morresse eles também sofreriam. O Thi... era ao coração dele que o meu estava conectado, e essa conexão me implorava para viver, para aproveitar ao máximo a vida que poderíamos ter juntos.

Eu não podia partir, não ainda, não! Eu precisava viver! Mas e se a quimio não funcionasse? E se meu organismo não aceitar as drogas? Elas só retardariam o sofrimento de todos nós. Mas essa era a nossa última chance, era a última chance que me permitia amar o Thi. Ele já fez demais por mim, sempre ao meu lado, mesmo eu tentando poupar o sofrimento dele, ele insistia em se ferir mais profundamente possível. É isso que chamamos de amor: se sacrificar pela pessoa que amamos. Se ele queria sofrer ao meu lado, junto comigo, eu não poderia fazer mais nada. Eu precisava dele mais do que nunca naquele momento, sem o Thi eu jamais teria passado por essa fase, a fase mais difícil da minha vida.

Eu amava aquele cara, amava como jamais amei/amarei alguém na vida. Eu não me lembro de nenhuma fase da vida em que não estivéssemos juntos. Foram as palavras dele que me fizerem enxotar o medo. Ele me salvou.

Eu fiquei muito tempo sozinho no quarto, a Jujuba chegou às 19h no meu quarto. Era ela quem iria dormir comigo, mas assim que ela chegou eu apaguei com o efeito dos remédios que a enfermeira tinha acabado de me dar. Fazia tanto tempo que eu não falava com a Ju, eu estava com muitas saudades dela, mas eu só pude vê-la por alguns instantes, logo meus olhos estavam pesados demais para continuarem abertos.

No outro dia o doutor Bruno chegou muito cedo no meu quarto.

- Bom dia! E aí, Antoine? Tudo bem?

Eu ainda estava acordando.

- Bom dia! Tudo sim, doutor!

- Bom, hoje você já pode ir pra casa.

- Que bom, não via a hora de sair daqui.

- Mas, você sabe que você vai ter que retornar aqui, não é? Sua quimio já está marcada.

- Eu sei, doutor! Eu vou fazer!

- Que bom que você mudou de ideia.

- Eu já não acho tão bom assim. Para falar a verdade eu não estou fazendo isso por mim, sabe? Por mim eu já teria desistido há muito tempo. Para quê lutar contra o inevitável?

- Antoine, eu já falei pra você que a maioria dos pacientes se recuperam.

- E se eu não estiver na “maioria”.

- Eu acho que vou marcar uma consulta com o psicólogo para você.

- Agora além de ter câncer, o senhor acha que eu estou doido?

- Doido eu não sei! – Ele falou rindo - mas talvez um pouco depressivo, isso é muito comum em pessoas que estão passando pela mesma fase que você.

- Bom, não adianta eu falar não mesmo, não é? Vão me forçar a fazer essa porcaria de consulta a qualquer custo.

- Isso mesmo, rapaz! – Ele falou rindo da minha cara.

- Onde estão meus pais, eu quero ir embora daqui o mais rápido possível.

- Nos vemos na terça, viu? – Ele falou rindo de mim e saindo do quarto.

- Oi, amigo! – Falou a Jujuba com uma carinha alegre.

- Oi, Ju!

- Nossa, eu estava morrendo de saudade de ti, eu passei a noite toda te olhando, só para ter certeza que tu estavas aqui. – Ela falou tentando segurar o choro.

- Eu também estava morrendo de saúde de ti, mãe! – Falei caindo no choro, eu realmente estava com o coração apertado de tanta saudade da minha amiga.

- Pela primeira vez eu fiquei feliz em ser chamada assim. Mas, sabe, eu não sou mãe, não! Eu não previ isso.

- Não tem problema, tu ainda continuas sendo minha mãe Jujuba.

- Bom dia, filhote! – Disse meu pai ao entrar no quarto.

- Bom dia, papa!

- Que carinhas de choro são essas? Aconteceu alguma coisa?

- Não, papa!

- Contem-me a verdade!

- Não foi nada, tio! É só que nós não nos falávamos há muito tempo.

- Ah, entendi! Bom, mas vamos pra casa?

- Ai, é o que eu mais quero! Oooo lugarzinho de...

- Menino, olha a boca! – Me repreendeu meu papa – Vem, vamos tomar banho., o Thithi já está lá embaixo esperando por nós.

- Bem que ele poderia ter vindo aqui, eu tomaria banho com ele. – Falei rindo tentando provocar meu pai.

- Nem nos teus sonhos, Antoine! Ele vai dormir no teu quarto, SÓ ISSO!

- Como se desse para eu fazer OUTRAS coisas, não é?

- Vamos logo, moleque, entra nesse banheiro. – Falou ele fingindo que estava com raiva.

- Papa, o tio Paulo já sabe de tudo?

- Não, ninguém contou para ele, tu sabes como ele é. Vamos deixar as coisas se acalmarem e depois nós contamos.

- Por mim tudo bem!

Eu tomei meu banho com a ajuda do meu pai e depois de uns 30min eu já estava indo para a minha casa. Assim que eu cheguei lá eu me deparei com todos os meus colegas da universidade, todos os meus familiares, era tanta gente que eu demorei bastante tempo para falar com todos. Confesso que eu achei meio exagerado fazer tudo isso, mas estava todo mundo se esforçando para demonstrar felicidade, eu ainda estava meio fragilizado e depois de ter cumprimentado todo mundo eu dei um jeitinho de fugir de lá. Não aguentava mais todo mundo falando que iria dar tudo certo, que eu era muito jovem e que eu poderia sair dessa. A última coisa que eu precisava naquele momento era da piedade das pessoas.

- Oi! Fugiu da festa foi, mocinho? – Perguntou o Thi ao entrar no meu quarto

Meu quarto estava bem pequeno agora, pois tinha uma cama de casal, que era a minha, e uma de solteiro, que era a do Thi. Eu sinceramente não sabia o motivo de ter aquela de solteiro no meu quarto, talvez seria uma exigência do meu papa.

- Oi! É, eu vim me deitar um pouco.

- O que foi, tu não gostaste da festa?

- Claro que gostei, amor! Eu só não estou 100% ainda, eu quero me deitar um pouco. Pede desculpa lá para o pessoal, tá?

- Eu sei que tu não gostaste, eu te conheço o suficiente para perceber isso.

- Amor, eu já disse que eu gostei. Desculpa se eu não demonstrei, mas é que eu estou meio que preocupado com as novas sessões de quimio, eu não sei se isso vai dar certo.

- Vai dar certo, sim! Eu estou contigo agora, nós vamos vencer isso. NÓS, ouviu?

Eu somente sorri para ele. Ele ficou me olhando e depois de alguns minutos resolveu se deitar comigo. Eu coloquei minha cabeça no peito dele e ficamos assim, ninguém falava nada, não havia necessidade de se falar, a única coisa que ambos queriam era a presença do outro. Só de estarmos juntos já era o suficiente, precisávamos um do outro de uma forma inexplicável. Pode até parecer loucura minha, mas quando a gente ama uma pessoa, às vezes, as palavras não são necessárias para nós nos comunicarmos.

Foi assim, só sentindo ele ali, que eu adormeci. Quando eu acordei o Thi ainda estava dormindo, fazia muito tempo que eu não me sentia tão bem. Fazia muito tempo que eu não dormia tão bem.

Eu percebi que a casa estava em silêncio e resolvi descer até a cozinha, pois por incrível que pareça eu estava com fome, e acreditem, sentir fome era uma vitória imensa. Quando eu cheguei na cozinha, maman estava fazendo alguma coisa.

- Salut, maman!

- Salut, mon petit!

- O que a senhora está fazendo ai?

- Une soupe (uma sopa), para ti jantar.

- Une soupe, maman ? A senhora sabe que eu não gosto disso !

- Mas vai ter que comer, Antoine! Foram ordens do doutor Bruno.

- Eca! Até perdi a fome!

- Tu estás com fome, chéri? Cool! O que tu queres comer?

- Eu quero comer comida de verdade, nada de sopa e nada de comida de hospital, comida de gente normal.

- Oooo neném, eu vou ligar para o seu medico, se ele liberar eu te dou.

- Merci, maman! – Falei contente, pois fazia bastante tempo que eu não comia nada NORMAL, pois quando eu não estava no soro, eu comia aquelas comidas “deliciosas” de hospital.

Ela pegou o telefone e foi ligar para o meu médico, ele deve ter passado várias instruções para ela, pois ela demorou bastante.

- Ele liberou, Antoine! – Maman voltou toda alegre – mas ele disse que tem que ser tudo bem simples, sem temperos fortes, pois tu precisas ir te acostumando aos poucos.

- Tudo bem! Não sendo sopa já fico feliz!

- Sabe, chéri, hoje eu percebi como vocês se amam?

- Vocês quem, maman? – Perguntei sem entender nada.

- O Thithi e tu, é claro!

- Como assim?

- Eu vi como vocês estavam no quarto, eu fui chamar vocês para se despedirem dos amigos de vocês, mas quando eu cheguei dans ta chambre (no teu quarto), eu encontrei vocês dormindo. Aquela foi uma cena muito bonita, tu estavas sorrindo. E agora acorda com esse brilho dans les yeux (nos olhos) e com fome. Agora eu sei como foi uma burrice muito grande ter deixado ele lá naquela casa.

- Pois é, maman, eu pensava que estava evitando nosso sofrimento, eu não percebia que eu só iria piorar as coisas.

- Chéri, ton papa ainda não aceita a relação de vocês, mas eu tenho certeza que ele vai aceitar, ele só precisa de um tempinho.

- Maman, pra quê aquela cama no meu quarto?

- Ordens de ton père (teu pai).

- Eu sabia!

- Mas não se preocupe com isso, já já a gente dá um jeitinho de tirá-la de lá.

- Je t’aime, maman! O que seria de mim sem a senhora?

- Oh, chéri, je t’aime aussi! E eu não faço nada demais. Sabe, logo no inicio eu não entendia muito bem, mas depois que a Joaná conversou avec moi (comigo) e depois de ver vocês lá em cima, eu percebi o quanto vocês se amam. Pode contar com a maman.

- Com as mamanS, por que a tia Joana também nos apoia.

- Mas essa Joaná, ainda tenta te roubar de mim? – Ela falou rindo.

Nossa como era bom poder conversar com maman e poder vê-la sorrir.

- Maman, ela já roubou faz bastante tempo, e não fale nada por que a senhora também roubou o Thi dela.

- C’est vrai! (verdade) – Ela falou limpando as lágrimas de tanto que ela estava rindo.

- Nossa, reunião na cozinha e ninguém me chama? – Falou o Thi descendo as escadas

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Comentários

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Eu sei.q o.conto tá no capítulo.119 e eu.to no vinte e pouco kk mais eu Vo cometa.até.chega.lá em cima.kk por q menino q conto é.esse q história linda é essa.Amei.Amei Amei.bjs deixa.eu ir para o próximo capítulo

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Antoine, tu és um dos caras mais fortes que conheci! Parabéns!!

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Olá, venho acompanhando seu conto desde - Je t’aime aussi, mon petit.ontem(hahaha) e fiquei meio temeroso em ler no princípio mais aos poucos o conto foi me cativando... Parabéns para vocês dois e realmente o Thi é um amor de pessoa...Beijossss pra vocês...😉😘

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Oxi mano cada cap e mais fofura da parte de vcs! Aew mano esta melhorando? Espero q seu enfermeiro particular estaja cuidando bem de vc ( e quase óbvio q sim né? ) beijão para vcs dois!

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Haaaaaa, tudo bem, eu entendo, mas não para de postar não, senão eu saio aqui de Goiás para ir até ai te dar uns cascudos em você e no Thi, rsrsrrs. Mas melhoras mesmo, tomara que se recupere logo :p. è inevitável não chorar lendo seu conto, em minha "família" já tivemos 3 pessoas com câncer, uma infelizmente não conseguiu ;(, por mais que queiramos repassar confiança para pessoa, é difícil de mais para nós, ver o que ela passou e querer não demonstra que está triste é paia. Mas ainda bem que essa fase já assou e é só alegria SQN, mas continua, acampando sempre. Abração e beijos pra você e o Thi. OBRIGADOOOOOOOOOOOOOOOOOO, LEMBROU DE MIM LOGO NO 1º COMENTÁRIO.

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Obrigado pela recepção e de nada, conto-história de vocês é otimo como sempre e não precisa pedir desculpa, pois você tem muitas outras coisas para fazer como o Thiago, Família, Amigos, Saúde e etc... Eu acho que você postando até o "fim" já está bom e também mega abraços para você e para o Thiago.

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Esse conto é um dos melhores do CDC . Chorei lendo.

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vcs são muito fofos eo Thi é um amor! Beijinho pros dois seus lindos

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