Thithi et moi, amis à jamais! Capítulo 21

Um conto erótico de Antoine G
Categoria: Homossexual
Contém 4474 palavras
Data: 11/02/2015 11:28:32

Bom diaaaaa!!

Meus amores, um milhão de desculpas! Eu sofri um acidente de carro e quebrei uma perna e fraturei três costelas, eu estou todo remendado. Kkk Não conseguia nem pegar no computador, por isso não deu nem para eu avisar. Agora já estou um pouquinho melhor, por isso voltemos à nossa história. [Obs. Perdi meu carrinho, pense numa pessoa triste! :( :( ]

Muito obrigado a todos pelos comentários! Mas caramba, o que mais tem é gente me crucificando. Kkkk CALMA, minha gente! Sosseguem a periquita! Tudo vai se arranjar nesse capítulo.

Ah, eu contei para o Thi e ele leu TODOS os capítulos, ele amou vocês. Está se sentindo a última bolacha do pacote. Vê se pode? Olhem a saia justa que vocês me deixaram? Kkkkkk

Bom....

Talys: Sou Kardecista, sim! Eu sei, hoje eu entendo isso, mas, parafraseando o Plutão, quando desespero bate na nossa porta a razão sai voando pela janela. Beijoooooo

cintiacenteno: Seja muiiiiiiiiito bem-vinda, minha linda!

Rafagyn: Cara, eu tento interagir. Não teria graça eu escrever a minha história aqui e não conversar um pouquinho com vocês, né? Ah, muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito obrigado pelo IDIOTA! Kkkkkk Abraço

M/A: Pois é, foi curtinho mesmo, mas esse está bem “porrudo”! kkkk Abraço

ale.blm: Fica chateado com “eu”, não! Foi um momento muito difícil, mas tudo vai se arranjar. Espera (ou melhor lê) pra ti ver. Beijo

Plutão: kkkk Sem problemas! Pode falar em português comigo! Cara, que legal! Você também é espiritualista? Que massa! Repito o que falei para o Talys: acho muito linda a filosofia da Umbanda! Nossa, me emocionei com teu comentário, eu peço também que todos os espíritos de luz possam estar guiando teus caminhos. Obs. tu e o Talys foram os únicos que me compreenderam. \o/ Abraço e um mega beijo.

Boaaaaa leituraaaaa!!!

*************

Eu fiquei assim pelo restante dos dias que se seguiram depois daquele dia. Não falava com ninguém, não comia, não saia da cama, eu só chorava. Meus pais estavam muito preocupados. Eu já havia feito mais duas sessões de quimio. Eu emagreci demais. Eu mesmo não me reconhecia mais, meu rosto ficou pontudo, olhos fundos, sem cabelo, parecia um mutante de filme de terror macabro. Em uma segunda-feira, eu recebi a visita de uma pessoa, quando eu a vi meu coração ficou do tamaninho de um grão de arroz. O choro foi inevitável.

- Oi, meu amor! – Disse minha tia ao entrar no meu quarto.

- Oi, tia! – Eu falava chorando.

Eu não sabia por que eu chorava, mas as lágrimas eram inevitáveis.

- Como tu estás?

- Nada bem, tia!

- Oooo meu amor... Olha a titia veio até aqui te buscar para dar um passeio.

- Ah, não tia, não quero sair daqui, não!

- Vem, meu anjo, vai ser bom pra ti. Tu não vais deixar sua titia linda de morrer aqui plantada te esperando, vai? – Ela falava limpando minhas lágrimas

- Ai, tá, tá bom! Onde vamos?

- Qual o lugar que o senhor mais gosta?

- Ixi, não sei! Qual?

- A Fortaleza, oras! Vem vamos fazer um piquenique. A Titia aqui já arrumou tudo.

- Tá, a senhora poderia chamar minha mãe, ela vai me ajudar a me vestir.

- Tudo bem!

Minha tia saiu e minha maman logo entrou toda feliz por que minha tia conseguiu me arrancar de casa.

- Vem, chéri, vamos te arrumar.

Ela me ajudou a tomar banho e a me vestir, eu já não fazia mais nada sozinho, sempre tinha que ter alguém, no caso minha maman ou meu papa, para me ajudar. Ela me arrumou rapidinho e então minha tia e eu partimos rumo à Fortaleza.

Nós sentamos debaixo da arvore onde a Jujuba e o Thi me acharam desacordado. Aquilo me incomodou, mas eu nada falei. Minha tia estendeu uma toalha e pegou uma sesta que tinha frutas e mais algumas coisinhas completamente saudáveis.

- E então, meu amor, como tu estas?

- Assim – Falei apontando para o meu corpo.

- Eu não estou falando do teu corpo, eu estou falando disso aqui – Ela falou colocando a mão no meu coração.

- Não sei, tia!

- Meu amor, eu sei que tu estás sofrendo, tua mãe me conta tudo. Eu sei que não está nada bem.

- Eu pensava que era o certo, tia!

- Meu amor, afastar a pessoa que você mais ama nunca vai ser a atitude certa.

- Como ele está?

- Ele vive trancado no quarto, não sai mais para lugar nenhum, não vai mais à universidade, ele só come por que eu levo comida para ele, senão ele já teria até definhado.

- Ele estava morrendo junto comigo, Tia! Eu não queria isso pra ele, eu via ele sofrendo, ele chorava pelos cantos da casa. – Eu falava tentando chorar, mas não havia mais lágrimas nos meus olhos.

- Meu amor, ele te ama. Hoje, eu sei disso por que eu estou vendo todo o sofrimento dele, eu nunca pensei que meu filho te amasse tanto assim.

- Eu também o amo, Tia. Não está sendo nada fácil pra mim também.

- Eu sei disso!

- Mas Tia, e se eu morrer? E se eu deixasse ele aqui sozinho? Ele ficaria sem chão, sem norte, sem nada. Eu tenho medo do que ele possa fazer. Ele está sofrendo assim só por que estamos separados, agora imagine quando...

- Não, Antoine! Isso não vai acontecer!

- Eu acho até engraçado como as pessoas tentam evitar essa hipótese, mas ela está aqui, Tia, ela está junto de mim todos os dias. Olhe pra mim, me diga, a senhora viu alguma melhora depois que eu comecei a fazer a quimio? Não, não existe melhora, eu estou morrendo aos poucos, todos sabem disso mas ninguém quer acreditar.

- Não fala assim, Antoine – ela falava chorando - tu não sabes o quanto isso nos machuca.

- Eu sei que machuca, Tia, mas eu preciso falar. Vocês precisam saber que isso pode acontecer – suspirei e falei baixinho – que isso vai acontecer.

- Meu amor, olha só, tenta conversar com ele.

- Não, Tia! Sem chances disso acontecer!

- Meu amor, quem está falando é a mãe dele, eu não aguento ver meu filho sofrer daquele jeito, assim como eu também não aguento te ver sofrer assim. Vocês são meus filhotes, lembra? Eu prefiro que ele sofra ao teu lado, apesar de eu não considerar isso um sofrimento e sim uma prova do tamanho do amor que ele sente por ti, do que ele sofrer do jeito que ele está agora. Antoine, meu filho está morto por dentro, ele está só esperando a morte levar o corpo.

Aquelas palavras me tocaram profundamente, até por que eu também estava assim. Depois dessa conversa nós esquecemos o assunto “Thithi e eu”, nós conversamos sobre várias coisas, no final da tarde ela me deixou em casa. Ao sair, ela me deu um beijo no rosto e disse:

- Pensa em tudo o que a Titia te disse, tá?

- Unrum, pode deixar!

Mal ela sabe que o que ela me disse não saiu mais da minha cabeça. Eu sentei à mesa com minha família, algo que eu não fazia há muito tempo. Eu fingi estar comendo, pois eu não tinha a mínima fome.

Depois do “jantar”, eu subi para o meu quarto. Fiquei deitado na minha cama olhando para o teto e pensando em tudo o que minha tia tinha me dito. Eu acabei pegando no sono.

No outro dia, eu teria que ir ao hospital para receber mais uma sessão de quimio. Eu me levantei com muita dificuldade, tomei meu banho e me vesti. Dessa vez eu fiz tudo sozinho, eu estava cansado de ter que depender dos outros. Eu não era médico, mas também não precisava ser para reparar que aquela porcaria de quimio não estava fazendo efeito algum além de me matar mais rápido. Meu corpo estava deformado, eu estava muito magro, com muitas manchas.

Depois que eu já estava pronto, eu comecei a sangrar pela boca e pelo nariz eu me desesperei e comecei a gritar.

- Maman! Maman! Maman! Au secours (socorro)! Maman! Man… - Eu não aguentei mais gritar e cai na cama com muita dor no meu corpo.

Quando minha mãe chegou ela me viu deitado e veio correndo me ajudar. Ela viu que eu estava coberto de sague e saiu correndo chamando meu papa. Ela gritava desesperada, ela acabou acordando meus irmãos eles logo começaram a chorar, Guillaume gritava pedindo para eu não morrer, ele gritava falando que me amava. Aquela manhã eu nunca vou esquecer, ela está marcada a ferro e fogo na minha mente.

Foi uma gritaria que não tinha fim, meu papa era o mais calmo ele veio até meu quarto e me carregou até o carro. Ele me colocou deitado no banco de trás, minha maman logo entrou se ficou ao meu lado. Ele também entrou e saiu desesperado pelas ruas de Macapá. Quando nós chegamos no hospital ele foi procurando o doutor Bruno. Ele logo o encontrou.

- DOUTOR, POR FAVOR, POR TUDO O QUE É MAIS SAGRADO PARA O SENHOR, CURE MEU FILHO, NÃO DEIXE ELE MORRER – Ele falava gritando e chorando ao mesmo tempo.

- Acalme-se seu Carlos, o que aconteceu?

Até então ele não tinha me visto, quando ele me viu na cadeira de rodas ele olhou e disse.

- Ah, não, isso não!

Ele saiu correndo pelo hospital pedindo para que uma enfermeira cuidasse de mim. Ela me pegou e me levou para um quarto e lá ela fez todo o procedimento que o doutor Bruno tinha lhe orientado. Quando eu já não estava mais sangrando ela me levou para uma sala e me colocou naquelas maquinas grandes que leem todo o nosso corpo. Quando ela me deitou na maca, eu senti meu corpo tremer e o sangramento retornou e retornou com muito mais força, dessa vez eu apaguei.

Quando eu acordei eu estava em uma sala com vários equipamentos, e tinha vários tubos conectados em mim.

- Maman? Papa? – Eu achava que estava gritando mas minha voz saía fina e baixinha.

Uma enfermeira que foi verificar como eu estava se assustou ao me ver acordado e saiu chamando o médico e minha família. Quando o médico entrou ele nem falou nada, ele foi logo me examinando.

- Que bom que você acordou, Antoine!

- Oi, doutor! O que aconteceu?

- Seu organismo não respondeu ao tratamento, ao invés da doença ser retardada, ela evoluiu – Era isso que eu gostava no doutor Bruno, ele nunca mentia para mim, ele sempre me falava a verdade – Você está na UTI, você está aqui há dois meses, Antoine.

- Dois meses? – Eu disse assustado, pois para mim pareciam minutos.

- Sim, dois meses. Nós precisamos fazer um transplante o mais rápido possível. Na verdade, nós te mantemos dormindo por todo esse tempo, nós precisávamos que seu corpo se recuperasse para que assim nós pudéssemos fazer o transplante.

- Antoine? Antoine? – Eu ouvia meu papa vindo correndo gritando no corredor.

Ele não podia entrar, mas ficou me observando pelo vidro do quarto. Eu acenei fracamente para ele e eu percebi que ele tinha começado a chorar.

- Antoine, eu preciso ir agora, você vai ter que ficar aqui sozinho, tudo bem? Você ainda não pode receber visitas.

- Tudo bem, doutor!

Eu fiquei sozinho naquele quarto por um bom tempo, então eu percebi algo estranho. A janela de vidro do quarto começou a encher. Primeiro chegaram minha maman e meus irmãos, meu papa já estava lá quando eles chegaram, depois começaram a chegar meus colegas da universidade, a Jujuba e a Loh logo chegaram também, elas estavam chorando muito, aquele pequeno corredor foi enchendo cada vez mais, até meus professores estavam ali, tinha gente de outras turmas, gente que eu sempre ajudava, mas somente uma pessoa se destacou no meio de toda aquela gente. ELE estava lá, ele me olhava e sorria e chorava ao mesmo tempo.

Aquele corredor já estava apertado, o doutor Bruno entrou no quarto e veio falar comigo.

- Você sabe o que essas pessoas vieram fazer aqui?

- Não!

- Todos eles são candidatos a doadores. Eles começarão a fazer a seleção para ver quem é compatível com você.

Eu não consegui falar nada, eu só consegui chorar, como aquela gente toda tinha vindo ao hospital só para me ajudar, só para me manter vivo.

- Sabe quem organizou tudo isso?

- Quem?

- Você não tem nenhuma ideia?

- Maman e Papa?

- Não! Errou feio! – Ele disse sorrindo – Ele – o médico falou apontando para o Thithi.

- Não! Não, foi ele! – falei incrédulo.

- Foi ele, sim! Eu avisei a vocês para não deixarem essa doença acabar com a relação de vocês. Mas quem disse que o senhor me escutou?

Ele acenou para mim lá de fora e eu acenei pra ele também, eu vi aquele sorriso lindo estampado no rosto dele, aquele sorriso era muito melhor que qualquer uma das várias drogas que eu tomei durante a quimio.

- Antoine, eu vou fazer algo que o hospital não me permite fazer, mas eu vou fazer.

- O que o senhor vai fazer?

- Você verá!

Dizendo isso ele saiu do meu quarto. Não me disse mais nada, simplesmente virou as costas e foi embora.

Depois de um bom tempo a janela de vidro começou a esvaziar, as pessoas iam saindo e me dando tchau. As únicas pessoas que ficaram foi a Loh, a Jujuba e minha família. Nem o Thi tinha ficado ali.

Depois de um bom tempo eu vi o doutor Bruno entrando novamente no meu quarto, ele vinha de cabeça baixa. Quando ele chegou perto de mim meu coração quase sai pela boca, a maquinazinha que controlava os batimentos cardíacos ficou maluca. Era ele. Ele estava na minha frente, me olhando.

Ele pegou na minha mão e ficou me encarando.

- Nunca mais faça uma burrice dessas, viu? Nunca mais! Eu disse que eu não ia te abandonar, eu vou até o inferno se tu estiveres lá. Se tu ainda não entendeste eu vou repetir: tu és a minha vida, sem ti eu não tenho ar, não tenho força, não tenho nada. Meu alicerce vai ser sempre tu. Não me importa se tu estas doente ou não, eu sempre vou te amar, sempre. E enquanto eu viver, eu não vou deixar tu morreres.

Eu já estava chorando, eu não conseguia controlar. Só olhando nos olhos dele que eu pude perceber o quanto ele me fez falta. O quanto eu dependia dele para viver. Se ele dependia de mim, eu também dependia dele.

- Não chora, amor – ele falou secando minhas lágrimas – Je t’aime! Je t’aime à jamais!

- Je t’aime aussi!

- Ele se aproximou e me beijou, bom tecnicamente não foi um beijo, pois ele estava de máscara, mas aquilo foi o suficiente para encher meu peito de vontade de viver.

Eu olhei para o lado e vi que meus pais estavam boquiabertos com a cena, eu não sei como eles não fizeram escândalo pelo fato de o doutor Bruno ter deixado somente o Thi entrar. Eles continuaram olhando vítreos.

- Thi, meus pais viram tudo.

- E?

- E, que eles não são bobos, eles devem ter entendido tudo.

- Se tu quiseres eu conto tudo para eles.

- Thi...

- Amor, ninguém vai nos separar, NINGUÉM, entendeu? Eu vou conversar com eles, eu vou pedir ajuda para a minha mãe.

O doutor Bruno entrou no meu quarto e disse que o Thi teria que sair, antes que alguém descobrisse. Ele me deu mais um beijo e saiu. O doutor Bruno o acompanhou e depois voltou.

- Antoine, precisamos conversar.

- Tudo bem!

- Bom, eu vou ser bem sincero com você, ok?

- O senhor sempre é sincero comigo. Obrigado por ser!

- De nada – ele corou – Bom, a primeira quimioterapia não deu certo, então nós decidimos tentar novamente, no entanto, agora serão outras drogas. Você só poderá fazer o transplante depois que você finalizar a quimio. Ela precisa destruir todas as células malignas do seu corpo, seu corpo precisa estar preparado para receber uma nova medula.

- Mas outra quimio? Eu não sei se aguento, doutor.

- Essa é a nossa última chance, Antoine. Não desista agora, já falta bem pouco.

- Eu não sei!

- Eu vou conversar com seus pais, ok? Vou ver o que eles falam, daqui a alguns dias você poderá ir para um quarto normal.

- Tudo bem!

- Enquanto isso pense sobre o assunto. Eu não vou deixar você desistir tão facilmente.

- Eu posso lhe fazer uma pergunta?

- Claro que pode!

- Mas é meio pessoal.

- Manda ver. – Ele falou sorrindo.

- Por que o senhor insiste tanto em me salvar? E por que o senhor fez o Thi entrar aqui?

- Bom, ai são duas perguntas, mas sem problemas – ele riu – bom, a primeira pergunta a resposta é simples, eu sou médico, é meu dever salvar você. Já a segunda é um pouquinho complicada, eu ajudei vocês a se entenderem, vocês se entenderam, não foi?

- Acho que sim – Eu disse sorrindo

- Que bom! Bom, eu ajudei vocês por que vocês lembram a mim e ao meu companheiro quando nós tínhamos mais ou menos a idade de vocês. Nós também passamos por uma grave doença, eu passei na verdade, e eu fiz a mesma burrada que você fez. Sabe, as vezes é bom a gente deixar as pessoas tomarem as próprias decisões, a gente não pode decidir o que é melhor para a pessoa, só ela sabe o que é melhor para ela. Foi por isso que eu disse que vocês precisavam passar por essa doença sem que ela estragasse a relação de vocês. Eu já sabia o que ia acontecer.

- E o senhor só me fala isso agora? – Eu falei sorrindo

- Foi mal – ele sorriu também - Bom, mas que bom que vocês se reconciliaram, meu parceiro e eu só nos reencontramos depois de muitos anos. Que bom que eu pude fazer com que a história de vocês tomasse outro rumo. – Ele realmente estava feliz com aquilo.

- Muito obrigado, doutor! Muito obrigado por tudo, por ser um ótimo médico e por estar sendo um ótimo amigo.

- Não me agradeça, não! Eu fiz de coração, pode ter certeza. Bom, mas agora eu preciso ir, mais tarde passo para ver como você está, ok?

- Ok

Eu percebi que meus pais não estavam mais na janela de vidro, lá só estavam a Jujuba e a Loh que ficavam me olhando e sorrindo. Eu acenei para elas e elas começaram a mandar um monte de beijinhos.

Depois de muito tempo naquela cama eu consegui dormir. No outro dia eu acordei com alguém pegando nas minhas mãos. Eu abri os olhos e vi quem era.

- Maman?

- Oui, chéri! Tu vas bien? (tudo bem ?)

- Oui !

- Meu amor, por que você não me contou antes?

Eu tentei cobrir o rosto com vergonha, mas não consegui.

- Antoine, não precisa ter vergonha de mim, chéri. Je suis ta maman ! (eu sou tua mãe)

- Maman, me desculpe, mas é que não é fácil pra mim falar essas coisas pra senhora.

- Chéri, assim como a Joaná, eu sempre desconfiei, mas foi uma surpresa e tanto para ton père. Eu desconfiei mais ainda quando eu vi como o Thithi ficou depois que tu deixaste ele sozinho lá na tua casa.

- Ele está chateado?

- Quem?

- O papa, maman!

- O momento não permite ele se sentir assim, mas ele não aceitou muito bem. Mas tu conheces ele, depois ele aceita. Não se preocupe com isso. Maman está do seu lado, d’accord?

- Merci, maman! – Falei chorando.

Ela se abaixou e me deu um beijo na testa, como o Thi ela me beijou com a mascara.

- Chéri, eu tenho que ir, é a vez do seu papa entrar aqui. Não se assuste, fale com ele normalmente.

Ela saiu e não demorou muito meu pai entrou.

- Oi bebe!

- Oi, papa! – Falei tentando me esconder ao máximo, eu não aguentaria ver o olhar de desaprovação no rosto de quem eu amava.

- Tudo bem? Como tu estás te sentindo?

- Tô bem! – Eu falava sem olhar pra ele.

- Antoine, olha pra mim.

Eu me virei relutante e olhei nos olhos dele.

- Meu filho, por que? Por que isso?

- Eu não tenho resposta para essa pergunta, papa. – Eu falei olhando para o chão – Aconteceu. Vem acontecendo desde quando éramos crianças.

- Eu sei! Eu sempre soube, mas eu não queria acreditar, preferi vendar meus olhos.

- É pelo visto todo mundo sabia e somente o Thi e eu não sabíamos o que sentíamos.

- Por que tu dizes isso?

- Por que nós estamos juntos há alguns meses, papa. Nós começamos a ficar juntos e logo essa doença chegou.

- Mas ele estava morando contigo, né? Então quer dizer... – ele parou um pouco – quer dizer que já rolou.

- Não quero falar sobre isso, papa.

- Só me responde, filho.

- Já! Já rolou!

- Ai, meu Deus! – Ele falou colocando as mãos na cabeça – A Joana me disse que vocês se amam. Que ele sofreu muito. Eu via ele sofrendo, mas não imaginava que seria por isso. Eu pensava que era só por que ele te tinha como um irmão.

- Papa, ele sofre mais do que qualquer pessoa. Foi ele quem acompanhou tudo desde do início, se não fosse por ele, eu não estaria aqui. Era ele quem cuidava de mim enquanto vocês estavam fora.

- Filho, eu não concordo isso – Ele falou me olhando

Eu senti meu coração apertar, o que eu mais temia estava acontecendo, ele ia me renegar, ia deixar de ser meu papa, ia deixar de me amar. Eu comecei a chorar, eu não controlava mais o choro, quando ele vinha, ele saia sem minha permissão.

- Ei, não chora, ele falou acariciando minha mão.

- Se o senhor não quiser vir mais aqui eu vou entender. – Falei olhando para o chão.

- Ei, bebe, eu não disse que não viria mais aqui. Eu nunca ia te abandonar, meu filho. Nunca! Mesmo que tu estivesses saudável, eu ainda sim continuaria sendo teu papa. Nada vai mudar entre nós. Eu te amo, e sempre vou te amar.

Naquele momento eu tive certeza que eu tinha a melhor família do mundo. Eu sempre lia ou ouvia algumas histórias dos pais renegando seus filhos, mas comigo não foi assim. Não sei se foi por que eles descobriram enquanto eu estava doente, mas minha família me aceitou como eu sou.

- Mas...

- Meu filho, eu não concordar não significa que eu não vá aceitar. Bom, eu vou pelo menos tentar. Mas se vocês são felizes juntos, o que eu posso fazer? A vida é tua, eu só sou teu pai. Eu não posso controlar tua vida. Mas bem que o papa preferiria uma menina. – Ele falou sorrindo.

- Je t’aime, papa!

- Je t’aime aussi, mon petit.

Meu pai teve que sair para que minha irmã pudesse entrar, ela entrou e já veio chorando e me abraçando.

- Anne, tu... não... podes... me... abraçar assim! – Eu falei tentando respirar.

- Ai, desculpa! Mas é que eu tive tanto medo, mano. Eu pensava que eu ia te perder.

Como eu era o irmão mais velho, eu sempre cuidei dos meus irmãos, sempre que eles tinham algum problema eles primeiro falavam comigo, depois nós conversávamos com nossos pais. Sempre fomos muito amigos, muito próximos. Quando eu resolvi sair de casa eles sofreram muito, mas aos poucos foram se acostumando.

- Ei, eu estou aqui, não estou? Eu não vou morrer! – Eu tentei passar toda a segurança que eu não tinha, as únicas pessoas que eu mentia falando que eu ia viver eram meus irmãos. Para as outras pessoas eu fazia questão de deixar bem claro que a morte poderia bater à porta a qualquer momento.

- Eu sei! Desculpa! Mas como tu estas te sentindo?

- Tô bem. Com um pouco de dor, mas estou bem. – Falei com um sorriso amarelo.

Depois que minha irmã saiu ninguém mais pôde entrar. Meu irmão, como ele era muito pequeno ainda, o doutor Bruno não permitiu a entrada dele. Nem a Jujuba e nem a Loh puderam entrar, eu só as via na janela de vidro.

Eu passei mais alguns dias ali, somente no inicio da outra semana eu fui para o quarto. Quando os enfermeiros me levaram, eu não vi ninguém nos corredores, mas assim que eu entrei no quarto estava todo mundo lá. Jujuba, Loh, meus pais, meus irmãos, tia Joana e tio Paulo (pai do Thi, acho que eu nunca falei dele, né?), e claro ELE.

Todos abriram espaço para que os enfermeiros pudessem me colocar na cama. Depois, todos vieram falar comigo, me abraçaram da melhor forma possível. A Jujuba chorava feito uma louca, mas eu entendia o que ela sentia. Eu praticamente era a família dela aqui na minha cidade.

Depois que todo mundo falou comigo o Thi falou alguma coisa no ouvido da minha maman e ela disse.

- Meus amores, vamos sair um pouquinho. Acho que meus filhos precisam conversar.

Meu pai me olhou e sorriu, eu pensava que ele não iria sair, mas ele acompanhou minha maman.

- Amor, - ele já começa a chorar - eu senti muita saudade de ti. – Ele falava acariciando minha mão.

- Eu também senti de ti.

- Nunca mais faz isso com a gente. Eu fui um idiota em te deixar ir, eu precisava ter lutado. Quando eu cheguei aqui no hospital e a Loh me viu, ela me contou todo o plano idiota de vocês. Por que tu fizeste isso comigo?

- Por que eu te via morrer junto comigo. Eu não estava mais aguentando te ver daquele jeito, a cada dia tu morrias um pouquinho.

- Eu morri muito mais rápido longe de ti! Eu não vou mais sair de perto de ti!

- Eu não quero que saia. Sabe, tia Joana foi conversar comigo há alguns dias, ela me levou para um passeio!

- Que bom! – Ele falou sem entender o motivo de eu ter falado aquilo.

- Ela conversou comigo, Thi. Ela me falou como tu estavas. Ela me pediu para conversar contigo, eu não queria, mas o doutor Bruno me fez mudar de ideia. Eu nunca quis me separar de ti, mas eu achava que era a coisa certa a se fazer. Quando eu te vi sentando na beirada da porta, no dia em que eu fui embora, eu senti que parte do meu coração tinha ficado naquela casa, e eu não fazia a mínima questão de tentar recuperar.

- Eu vou lá todos os dias, às vezes eu deito na cama tentando lembrar de nós. Vamos voltar pra lá?

- Não, Thi. Eu preciso ficar em casa. Por mais que eu não queira, eu preciso ficar lá. Lá, minha mãe está sempre por perto.

- Mas em casa eu sempre estaria por perto também.

- Eu sei, amor, mas tenta me entender, tudo bem?

- Tudo! Mas eu vou lá todos os dias, pode ter certeza!

- Eu já sabia disso – falei sorrindo

- Eu queria deitar aí contigo.

- Acho que não seria uma boa ideia, amor.

- Por que?

- Tu ainda perguntas, Thi? Olha como eu estou!

Eu já estava melhor, mas ainda estava muito debilitado.

- Ah! – Ele ficou meio triste.

- Meninos, infelizmente vou ter que separar vocês, o horário de visitas acabou.

- Eu posso ficar como acompanhante? – O Thi perguntou.

- Não sei, você terá que perguntar para os pais dele.

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Comentários

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Aí gente n tem. Como n chora né chorei aqui iqual a um bb vc é um guerreiro cara por supera isso e tá contando essa linda historis pra nos thiago é outro guerreiro q teve sebre e tá sempré com vc ele te ama muito mesmo viu q massa tá massa sua história tchau deixa eu ir para o próximo capítulo por q eu to longe viu kkj bjs

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Tmb chorei novamente. Muito linda essa história.

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Choro me veio do início ao fim...

suspiros... Forte meu velho muito forte!

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Choro me veio do início ao fim...

suspiros... Forte meu velho muito forte!

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Parabêns pelo conto, ele muito bom, Parabêns para você é um Guerreiro, pois passa por tudo isso e consegui vence não é muito fácil e não tem como não chorar com sua história e Thiago também é um Guerreiro por não te abondonar, pois tenho certeza que muitos iriam desisti deixando a pessoa pior do que ela tava e eu acho que qualquer no seu lugar faria mesmo forma que fosse fez para que Thiago não sofre-se com toda a situação.

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Oxi to com olhos cheios de lágrimas, q amor mais lindo! Olha depois disso q ele fez, nunca mais pense em largar o Thiago me entendeu né? Pq se vc pensar nisso, juro q pego o primeiro avião e te procuro em Macapá tdinha so para te da um belo puxão de orelha viu!!rsrsrs. Poxa cara melhoras para vc viu, q seus ferimentos se sarem logo ta! Abração para vc e o Thiago

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Ah, que bom que se reconciliaram, que a razão voltou a contrabalançar as emoções! Sei que já recuperaste e que estás bom, mas aguardo ansioso o capítulo em que postarás a tua vitória sobre este doença nefasta.Muitas felicidades a todos e um beijo carinhoso ao casal,

Plutão

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Ôôô melhoras logo aí dos machucados.Fiquei tão triste no capitulo anterior que nem comentei rsrs o de hj foi simplesmente perfeito,ñ só por vc ii o Thi terem se entendido a presença dos teus amigos ii a compreensão dos teus pais é algo muito lindo. Rs é o Thi tem muitos fãs \o/

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Vocês são muito fofos... Amo já rsrs... Imagino a barra que tu passaste... Meus olhos se encheram aqui... Bjos...

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Que lindo olhos cheios de lagrimas. Pede para o Thiago falar pelo menos desses últimos capítulo desde quando você resolveu ficar sem ele ate como foi a conversa com sua família.

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Chorei de novo aqui. kkk. Finalmente tudo resolvido entre vocês. Melhoras pra ti. É até engraçado, é você contando a história e mesmo assim ficamos aflito com o que esta acontecendo, mesmo sabendo que no final, você estará aqui conosco, rsrs. KKK Melhoras pra ti, do seu acidente : (. Dinadaaaaaaaaa. Abraço 10.

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