Rumo ao Desconhecido - Parte 3

Um conto erótico de Lucas Henrique
Categoria: Homossexual
Contém 2365 palavras
Data: 04/01/2015 23:29:16
Última revisão: 05/01/2015 00:50:35

Capítulo 3 – “I Was Gonna Cancel”

- Acordou com o canto do galo meu filho? – Disse meu pai rindo com uma caneca de café na mão.

- Não Alberto, eu ainda estou dormindo na cama... Esse aqui é meu espírito. – Disse ríspido, odeio acordar cedo. Felipe e Janaína que estavam na cozinha com ele começaram a rir.

- Estou vendo que alguém não gosta de acordar cedo!

- E eu que alguém é muito inteligente.

- Mas que filho mal educado o senhor foi arrumar hein pai. Além de mal educado é viado! Hahaha – Disse Felipe gargalhando.

- E você está morrendo de ciúmes do viado aqui né! Já saquei esse seu jogo estúpido e quer saber de uma coisa? Nem me importo com isso! Sei que o Alberto está feliz comigo aqui e mesmo não sendo o melhor pai do mundo é o meu pai. E você pode falar o que bem entender de mim, isso nunca vai mudar! Aceite e supere!

Depois que eu disse isso todos ficaram em silêncio. Felipe me olhava com ódio.

- Quem você pensa que é? Não preciso ter ciúmes de uma criatura escrota como você! Meu pai nunca te quis, vivia dizendo que um viado não era filho dele. – Fui em direção a ele e dei um soco com toda a força na cara dele, que caiu da cadeira.

- Me desculpa Jana, você é uma pessoa super bacana e tem me tratado tão bem desde que eu cheguei, mas eu não vou ficar parado e ser alvo de crítica apenas pela minha orientação sexual. Vocês não me conhecem, não levo desaforo pra casa, ainda por cima de um caipira metido a playboy, se me der licença...

Só olhei pro Alberto e voltei para o meu quarto... Minha mãe iria com mais alguém pra Rússia e Alberto teria que fazer uma longa viagem de volta pra minha casa!

Não queria ter feito aquilo, mas se no meu primeiro dia ali já foi desse jeito imagina o resto? Com certeza é melhor eu ir embora daqui e esquecer essas pessoas. Estava colocando minhas roupas de volta na mala quando alguém bateu na porta. Sabia que era o Alberto.

- Pode entrar Alberto. – Ele estava sério, olhou minha mala em cima da cama e perguntou:

- O que é tudo isso?

- Minhas coisas, eu estou arrumando pra ir embora daqui.

- Embora? Mas você acabou de chegar!

- Mais um motivo, assim ao menos você não tem o desprazer de ficar mais um minuto com um viado escroto como eu dentro da sua casa!

- Lucas! Eu nunca disse isso, se te trouxe é por que eu quero que fique comigo esse tempo. Eu entendo que você esteja com raiva pelo que o Felipe disse, mas... – Interrompi já me exaltando.

- Não Alberto, não entende mesmo! Onde você estava quando eu mais precisei? Passei minha infância toda esperando pelo carinho do meu pai, mas ela já passou e eu aprendi a conviver com isso... Você já fez suas escolhas há muito tempo atrás, eu nem deveria ter vindo pra cá. – Ele ficou parado me olhando e parecia segurar o choro.

- Por favor Lucas! – Ele disse baixinho.

- Eu vou ligar pra minha mãe e avisar que eu vou voltar pra casa.

- Eu prometo que dou um jeito no Felipe, ninguém aqui vai te destratar... Nunca mais! Sei que não fui um bom pai pra você, nem ao mesmo fui um pai. Mas eu quero mudar isso, quero te mostrar que posso ser um bom pai.

- Porque você quer tanto criar laços comigo hein? Nunca nem ligou pra mim e agora tudo isso.

- Nunca me senti preparado para ser pai, não queria essa responsabilidade então acabei me afastando de você, mas quando me casei com a Jana e conheci o Felipe eu aprendi a ser um pai e gosto disso! Sempre tentei me reaproximar, mas você nunca abriu nenhuma brecha e quando eu descobri que... – Ele travou nessa parte.

- Que eu sou gay, continua que eu me interessei no discurso.

- Não é um discurso, poxa eu estou sendo sincero.

- Continua logo cara, o gay aqui sou eu! – Disse impaciente. Alberto riu um pouco e continuou.

- Quando eu descobri que você é gay eu fiquei decepcionado, eu queria te criar como um homem, ter netos...

- Mesmo eu sendo gay poderia te dar netos e sou um homem! Quem bateu naquele caipira playboy agorinha? Senti o nariz dele quebrando na minha mão. Hahaha.

- Lucas isso é sério. Você realmente o machucou e até estão levando ele pra cidade agora mesmo!

- Sinceramente: Me senti vingado, não me arrependo e faria de novo. Mas eu quero que continue o discurso.

- Tá certo. Eu fiquei decepcionado e com vergonha, não queria ter um filho assim, mas aconteceram algumas coisas com nossa família e eu percebi que não é vergonha nenhuma você ser gay. Desde então eu venho me aproximando aos poucos, já fui a sua casa mais vezes e agora consegui te trazer pra cá. Só te peço mais uma chance, eu posso ser o pai que você sempre quis, me dê essa chance meu filho!

- Ok, eu vou ligar pra minha mãe e conversar com ela. Mas antes eu quero saber que coisas foram essas que te fizeram mudar a opinião sobre minha orientação sexual. Anda, fala logo.

- Isso... é que... eu...

- Não me enrola.

- Por enquanto eu prefiro não falar nesse assunto, mas você vai ficar?

- Não sei, preciso pensar um pouco e sair dessa casa... – Disse me levantando da cama, passando por ele e abrindo a porta. – Vou andar um pouco por ai.

- Claro que não! É perigoso andar sozinho pela fazenda, os empregados não te conhecem e você pode se perder! – Ele veio atrás de mim falando algo, mas não prestei atenção.

Saí pelos fundos da casa e peguei duas rosas brancas no jardim da Jana e corri ouvindo Alberto gritar pra eu ter cuidado. Corri por aquele campo com todas as minhas forças, só parei quando vi um estábulo enorme. Andei em direção a ele e quando entrei lá vi muitos cavalos, todos em suas baias...

Um cavalo negro me chamou a atenção e eu fui pra perto dele. Estava com medo de tocar nele e sei lá, ele me machucar mas quando toquei em sua cabeça ele fez um barulho e eu continuei a fazer carinho nele. O pelo era muito macio e estava cheiroso. Fiquei um tempão fazendo carinho no cavalo, quando cansei eu vi mais no fundo um monte de feno e fui me sentar lá. Peguei meu celular e liguei pra minha mãe, mas a ligação estava muito ruim, então deixei pra ligar quando chegasse na casa que o sinal deveria ser melhor. Abri minha playlist de músicas e coloquei no aleatório. Começou a tocar uma música da Kylie Minogue, se chama I Was Gonna Cancel... Enquanto ouvia peguei as rosas do chão e senti o cheiro, aqueles versos significaram muito pra mim naquele momento.

“I was gonna cancel

Then I looked into the sky

Knew the badness won't prevent the sun to shine

I was gonna cancel

Then took a sec to realise

All the disappointment that would trail behind”

“Eu estava pra cancelar

Então eu olhei para o céu

Percebi que a maldade não impedirá que o sol brilhe

Eu estava pra cancelar

Então levei um segundo para pensar

Em toda a decepção que viria como consequência”

Já estava cantando junto de olhos fechados quando senti meu corpo ser puxado pra frente com força. Era o cara que estava com o Felipe ontem e que me chamou de viado. Assim de tão perto ele ficava ainda mais forte! Ele me perguntou irritado:

- Quem é você e o que está fazendo aqui? – Como assim quem sou eu?

- Ei me solta! Sabe muito bem quem eu sou, estava até me xingando ontem com o Felipe! – Ele me soltou e olhou confuso.

- Hã? Passei o dia todo cuidando desses cavalos, nem vi o Felipe... Você o conhece?

- Infelizmente, mas para o jogo. Eu sei que eu te vi ontem com o Felipe e até me xingaram!

- Já disse que não estava com o Felipe! Quem é você? – Perguntou irritado.

- Ai meu Deus! Chamo-me Lucas e sou filho do Alberto, satisfeito?! – Vi ele ficar pálido na hora.

- O filho caçula do patrão?

- Exatamente, mas o caçula está errado! Sou o filho único dele.

- Olha cara, me desculpa! Se o seu Alberto descobrir que eu te tratei assim é capaz dele me colocar na rua. – Disse nervoso.

- Fica tranquilo, ele me falou que eu não podia sair sozinho por que os empregados não me conhecem e poderia dar mal entendido.

- Como o que aconteceu agora. – Ele estava visivelmente sem graça, e eu achei tão fofo isso.

- Pois é!

- Mas cara, não era eu que estava com o Felipe!

- Claro que é!

- Não é não, você viu alguma tatuagem no braço do tal cara?

- Não, ele estava de camisa regata e é igual a você!

- É o meu irmão que estava com ele, não eu.

- Você tem um irmão gêmeo?

- Sim, sou mais forte que ele e meu cabelo é mais curto, fora isso somos iguais então você viu ele e não eu!

- Não sabia que tinham gêmeos por aqui... – Disse olhando bem pra ele. Ele é alto, muito forte, branco dos olhos e cabelos cor de mel, deveria ter uns 22 anos e simplesmente um tesão! Estava usando uma calça jeans surrada com uma botina velha, uma blusa de botão xadrez meio aberta. Fui tirado dos meus pensamentos com o som do riso dele, que é lindo a propósito.

- E eu não sabia que gêmeos eram exclusividade da cidade. – Fiquei sem graça com isso.

- Desculpa... – Ele parecia se divertir com isso. – Mas por que me perguntou se o outro de você tinha tatuagem?

- Por isso! – Ele levantou as mangas da blusa e eu vi uma tatuagem bem grande tribal no braço. Com certeza eu teria percebido aquilo no braço do cara de ontem. Ele realmente estava falando a verdade. – Agora acredita em mim?

- Nem tenho escolha a não ser acreditar! Kkkk Mas como é o seu nome?

- Meu nome é Pedro, o nome do meu irmão é Juliano! Quando estiver confuso sobre nós olhe para o braço e vai saber quem é quem. – Disse rindo.

- Vou saber que será você se for educado, seu irmão me tratou mal e nem me conhece.

- Me desculpe por isso, ele acha que é rico e pode mandar aqui como o Felipe.

- Felipe não manda nada aqui!

- Manda sim, toda a produção é comandada por ele e seu pai, ele manda como seu Alberto.

- Que triste, deve ser difícil aguentar esse idiota.

- Felipe é um pouco arrogante, mas já estou acostumado. O Juliano é muito amigo dele então às vezes dá uma de patrão também.

- Eu percebi!

- Você deve conhecer minha mãe, ela trabalha aqui também.

- Quem é ela? Só conheço a dona Maria.

- Mas é ela mesma! O Carlos é meu pai.

- Nossa é mesmo, vocês se parecem! Que legal, pelo visto só o Juliano é um babaca, gostei de todos vocês.

Ficamos conversando a manhã toda enquanto ele cuidava dos cavalos. Nem vi a hora passar, ele além de bonito e educado tinha um papo muito bom, mas me disse que é hétero e tem namorada (Que se chama Camila). Não que eu o quisesse, mas sei lá né... hahaha

Já estava morrendo de fome então decidi ir embora, mas como não sabia voltar (kkkkkkkkkk) eu pedi pra ele me levar. Fomos o caminho todo conversando e rindo, quando cheguei o Alberto estava andando de um lado pro outro na sala, como não vi nem a Janaína e o Felipe deduzi que ainda estavam na cidade cuidando da cara quebrada dele. Alberto quando me viu abriu um sorriso de alívio.

- Quase me matou de preocupação Lucas, onde foi e por que demorou tanto?

- Fui ao estábulo e fiquei conversando com o Pedro... – Acho que ele só percebeu a presença dele quando eu o mencionei.

- Pedro! Muito obrigado por ter cuidado do Lucas, esse garoto mal chegou e já me coloca doido nessa casa!

- Não foi nada seu Alberto, o Lucas é um cara muito gente fina.

- Obrigado! Almoça com a gente Pedro? – Disse animado.

- Precisa não, é...

- Claro que precisa, chame o Juliano também!

Depois de muito insistir o Pedro aceitou e foi chamar o Juliano... Quando eles chegaram o Felipe com a Jana estavam chegando também. Descobri depois que não tinha quebrado o nariz dele, só deslocado. Estava bem inchado e roxo. Meu pai chamou a Jana e conversou com ela, logo ela estava me tratando como antes... Felipe não deu uma palavra e não quis almoçar. Depois que a Maria serviu tudo eu exigi que ela e o seu Carlos se sentassem e almoçassem conosco. Foi muito divertido.

Depois eu me despedi de todos e fui pro meu quarto, tomei um banho demorado... quando sai me olhei no espelho: meus cabelos eram castanhos e meus olhos verdes, meu corpo não era forte mas eu tenho tudo no lugar e uma bunda bem grande (Adoro)!! Sou tipo uma versão do meu pai mais novo, sem a barba e os grandes músculos.

Passei a tarde toda no quarto pensando em como destruir aquela pose de chefão do Felipe de forma sutil, mas eficaz. Em alguns momentos o Pedro me vinha à cabeça: Ele é tão lindo, fofo, forte, educado, gostoso... Ai meu Deus, preciso ligar pra minha mãe!

Continua...

Oi gente, desculpa o atraso! Eu não estava conseguindo descrever bem essas cenas e diálogos então demorei mais tempo refazendo o capítulo umas quatro vezes essa tarde, acho que agora consegui descrever bem tudo que eu queria. Sou novo aqui então me sinto inseguro... É uma história relativamente curta, pois vai se passar apenas nas duas semanas em que o protagonista está na casa do pai, por isso eu estou sendo detalhista nos capítulos. Se não estiver bom me avisem que posso tentar melhorar pra vocês, no mais é isso.

Muito obrigado, eu espero que tenham curtido a leitura. Por favor, comentem e avaliem... Gostei muito de checar o capítulo passado e ver tantos comentários, vocês me motivam a escrever mais e melhor! Grande beijo, Lucas.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Lucas Way a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Muito bom! Espero que você continue logo seu conto! Está excelente!

0 0
Foto de perfil genérica

Não se sinta inseguro, vc ta escrevendo muito bem. quero mais. tou amando

0 0
Foto de perfil genérica

Não se sinta inseguro, vc ta escrevendo muito bem. quero mais. tou amando bjinhus do gaucho.

0 0
Foto de perfil genérica

bem bacana, falta apimentar um pouco a história né? No mais muito bem escrita.

0 0
Foto de perfil genérica

Ótimo.esse Felipe ou vai se apaixonar ou vai se fuder.esperando próximos capítulos.

0 0
Foto de perfil genérica

Foi um descuido, me perdoem! :( Já está concertado!

0 0
Foto de perfil genérica

li tudo agora e ja estou amando cara e tipo capitulo passado vc citou duas vezes a frase"opção sexual" e isso de certa forma me encomodou o certo é orientação sexual

0 0
Foto de perfil genérica

Mt bom pena q nao qbro o nariz do guri

0 0
Foto de perfil genérica

Continua tá ótimo, tu ainda deu outra chance pro teu pai, se fosse eu só perdoava no leito de morte .

0 0