Linda, Louca e Mimada 5

Um conto erótico de Lara Batalha
Categoria: Homossexual
Contém 1546 palavras
Data: 03/01/2015 15:23:44

Passei o restante das aulas agoniada, queria adiantar o tempo e queria voltá-lo também. Era difícil definir um sentimento ali. Quando saí subi correndo as escadas pro terceiro ano, eu sabia que ela não estaria, mas queria ter certeza. Nada. Já estava escurecendo, o sol já tinha sumido. Cheguei tarde naquele dia em casa. No outro dia cheguei um pouco atrasada por que tinha acordado realmente muito tarde, sai sem comer nada. Me restou ir na lanchonete. Pedi um salgado e milk shake. Sentei numa escadaria que tinha lá perto. Quando terminei peguei meu celular e liguei pra Carine. Ela estudava pela manhã e já tinha chegado em casa àquela hora. Chamou até cair, na segunda tentativa ela atendeu. Ficamos conversando um pouco, eu estava esperando o sinal bater. Eu ainda estava falando, Carine tinha perguntado o que eu estava achando do turno da tarde. Natasha sentou ao meu lado. Eu calei e engoli em seco. “Namorada?” ela sussurrou.

- “Carine preciso ir, o professor acabou de entrar na sala, daqui a pouco nos falamos” - desliguei o celular e olhei pra ela – ainda está sóbria?

- Mentindo pra namorada? - ela ria sem rir, as sardas estavam sempre lá, sinal de que não usava maquiagem, e nem precisava.

- Não, tenho que ir pra sala – eu não queria ser rude, mas ela bem que estava merecendo – se eu não estudar, ninguém vai me passar de ano.

Levantei e ia sair mas ela pegou minha blusa e puxou pra me impedir.

- Quis dizer alguma coisa?

- Não me leve a mal Natasha – tirei a mão dela da blusa e fui soltando aos poucos, mesmo não querendo – a sua fama precede você.

Dei um passo, mas pra quem não queria ir, um suspiro foi o suficiente pra me fazer esperar.

- É fácil você acreditar no que dizem Lara, o difícil é você ficar e ver.

O sinal bateu, dessa vez era real. Fui indo. Eu tinha a impressão de que ela lembrava vagamente daquele dia, o dia da minha conexão mental com ela. Mas estava tão na cara que ela não lembrava! Ela teria feito alguma piadinha, era sarcástica demais pra deixar uma dessas passar.

Os dias eram feitos de vento e passavam tão rápido. Eu a via muito, ela era sempre na presença de outras várias pessoas, acho que ela falava com todo mundo ali. Ainda nos esbarramos algumas vezes e ela sempre me jogava uma indireta, me chamava pra sair com ela e os amigos e eu sempre recusava.

Ainda conversamos algumas outras vezes, ela tentando ao máximo não ser tão “idiota” como ela era normalmente. Tentamos ser amigas, foi isso.

Uma outra vez a vi jogar de novo o tal uno, e ela ganhou dessa vez. Ela olhou pra mim e sorriu, vitoriosa. Era apostado e ela pagou lanche pros amigos, eles eram bem barulhentos. Um dos meninos, Marcos, me trouxe um milk shake.

- Natasha mandou pra você – ele entregou, aceitei pra não parecer marrenta e agradeci – ei, garota da manhã, acho que alguém gosta de você.

Eu ri, era assim que os amigos dela me chamavam?! Me perguntei se ela falava de mim pra eles. O garoto voltou pra onde ela estava e fiquei observando eles. Ou eles eram muito felizes, ou fingiam muito bem. Natasha tinha razão, era fácil falar.

Era uma segunda-feira, dia de educação física e ela usava shorts e uma camisa larga mostrando o top por baixo, lembrei que ela praticava esporte. Basquete. Mas era um livro que ela segurava na mão. Ela lia concentrada, sentada no chão. Sentei ao seu lado e pousei um beijo no seu rosto.

- Tá lendo o quê? - perguntei.

- Quer comprar informações com um beijo no rosto?

Eu sorri.

- O morro dos ventos uivantes – ela virou pra eu olhar a capa. Fechou o livro sem marcar a página.

Ela nunca me perguntava sobre o namoro, sobre Carine. E eu não me sentiria bem falando sobre outra com ela.

- Quer assistir ao jogo? Vai começar depois do intervalo.

- Quer que eu perca aula pra ver você jogar?

Ela me encarou, com ironia e frustração.

- Tô brincando, apareço lá – ela levantou e deu a mão pra eu levantar também, ela saiu andando – só não pense que vou torcer por você!

Ela virou e sorriu, mandou um beijo e eu me apaixonei de novo. Como todos os outros dias.

Assim que bateu o fim do intervalo peguei minha bolsa e saí. Era fácil escapar pra quadra, era a coisa mais fácil ali daquela escola. Tinha em torno de umas 30 a 35 pessoas na arquibancada, o jogo já tinha começado, era unissex, então presumir ser um amistoso. Ela estava do mesmo jeito de antes, mas tinha colocado duas polainas, uma em casa braço. Ela era realmente imprevisivelmente incrível. Quando me olhou prestes a sentar na arquibancada um pouco afastada do resto do pessoal ela sorriu e mandou um beijo como se jogasse uma bola na cesta, eu vibrei, meu corpo estremeceu.

Assisti o resto do jogo inteiro, eu ficava olhando pra ela e tentando entender alguma coisa ali na quadra. Precisava ler na internet sobre basquete, coloquei em nota mentalmente.

Assim que acabou ela correu pra pegar água e uma toalha, peguei a mochila e fui andando até onde ela.

- Você foi muito bem na quadra – falei.

- Sabe o que eu acho? - ela estava arfando – que você não entende nada de basquete.

Sorri, ela era modesta, afinal.

- Não vai apresentar, Natasha? - um garoto fortinho apareceu por detrás dela, se referindo a mim. Ele estava suado e também se enxugava numa toalha pequena. Ainda não tinha notado ele pela escola.

- Lara – falei, vendo o silêncio total de Natasha, estendi minha mão, mas ele se adiantou e beijou meu rosto – somos amigas.

Enquanto ele falou “Davi” ouvi a voz ne Natasha também.

- Ela é minha amiga, mas eu não sou amiga dela.

Virei pra olhar pra ela que estava colocando as coisas na mochila, arqueei as sobrancelas em protesto.

- Não perde tempo em Rivera?!

- Ela não é pro teu bico, falou? - ela terminou e pegou no meu braço meio que me puxando.

Quando nos afastamos o suficiente, perguntei o que havia sido aquilo. Ela falou que Davi era maior galinha e fazia má fama das meninas que ele pegava, que nem em mil vidas eu iria querer conhecê-lo.

- Mas eu não queria conhecê-lo – falei, notando um fio de ciúme em sua voz – só falei meu nome, queria que eu o deixasse no vácuo?

- Queria, na verdade – ela falou rindo – por mim você não falaria com mais ninguém aqui.

A chamei de boba enquanto saíamos da escola pelo estacionamento. Naquele dia fomos pra uma parte de um parque florestal que ela e os amigos costumavam ir, tinham umas 8 pessoas conosco, os amigos dela mais próximos. Eles tinham nomes em árvores e falavam com todo mundo dali, era bem legal. Eles bebiam, fumavam e ficavam conversando. Ela fumou uns 20 cigarros, um após o outro e eu ficava olhando ela fumar, já não me importava mais com isso, era só um detalhe agora. Antes do sol se pôr por completo ela pediu um violão emprestado de um garoto que não estava conosco e tocou algumas canções, mpb, que todos conheciam e cantaram juntos. Foi incrível, um dos melhores dias da minha vida, e eu estava ali com ela, tão próxima que cheguei a sentir o cheiro dela impregnado em mim. Ela era tão perfeita e apesar de nossas diferenças, combinávamos. Ela combina mais comigo do que minha camisa favorita.

Dois dias depois daquele foi um caos.

Era aula de história, eu sempre preferi a vida inteira, as teorias, achava fácil e eu sabia lidar. A teoria não é tão irreversível ou inconstante quanto resolver um problema. Traduzindo: Natasha. Eu só pensava nela, não conseguia pensar em outra coisa. O assunto era “Revolução Francesa, a mudança dos reis” e eu pensando em uma garota! Marcos abriu a porta desesperadamente, levei um susto e quis esconder meu rosto por ter uma leve certeza que ele procurava por mim. A professora interrompeu a aula, todo mundo olhou pra ele. Ele pediu desculpa e falou que precisava falar comigo. Malu, que já sentava ao meu lado todos os dias me olhou e eu olhei de volta pra ela. Saí´, estava perto de bater o intervalo. Ele parecia suado.

- Você viu Natasha? Não responde algo diferente de “sim”.

- O que aconteceu Marcos?

- Ela não te procurou, procurou? - a voz dele era rouca, quase que choramingando.

- Diz, cadê ela Marcos?

Ele passou as mãos pelos cabelos, mordeu o lábio. Se eu tivesse problemas cardíacos teria dado um soco nele.

- Dois primos dela e uma amiga estavam indo pra búzios de carro, era pra ela ter ido, mas a mãe dela não deixou, disse que ela perderia muitas aulas. Mas Natasha é mimada, não gosta de ser contrariada. A viagem era hoje as 15hrs e Natasha saiu de casa de manhã cedo, sem a mãe dela saber.

- Tá, mas por que você está tão preocupado? Ela já sumiu assim de casa antes, ela mesmo me disse.

Ele mordeu o lábio de novo, não sabia se era uma mania ou se ele estava nervoso e fazia aquilo pra não chorar.

- O carro que eles estavam indo pra búzios sofreu um acidente, não sobreviveu ninguém.

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Comentários

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Nossa mando sua historia, mega curiosa continua logo.

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Não demora pra continuar, não, que tá ótimo.

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