A Primeira Vista [Revisado] 2x13

Um conto erótico de Igor Alcântara
Categoria: Homossexual
Contém 4388 palavras
Data: 20/01/2015 00:25:10

Catei todas as camisetas em cabides ou não e joguei dentro da mala. Não ia dobrar nada. Lá eu ajeitava tudo. Joguei tudo sem jeito nenhum e guardei os cabides. Olhei pro Kaio coberto dos pés à cabeça na cama. Retirei de volta algumas camisetas e no lugar delas joguei pólos, afinal, quem sou eu sem camisas pólo?

Coloquei todos os meus jeans. Não iria usar nem metade, mas jeans pra mim é que nem item de sobrevivência na selva. Não importa onde se vá você sempre tem que levar. Desisti daquela ideia e comecei a dobrar as peças pra organizar a mala. Empilhei tudo. De calçados eu pus um tênis somente. Ele ia ter que durar todo o feriado. Com tudo empilhado do lado direito, no lado esquerdo eu comecei a pôr minha roupa suja da semana. Afinal, eu ia pra casa da minha mãe. Ia lavar tudo lá!

Pra que tanta calça jeans? São só 4 dias! Ninguém usa isso tudo. Lá vou eu retirar os jeans que eu julgava serem demais... Quando me agachei pra tirar as peças da mala senti uma coisa ser arremessada na minha cabeça. Eu caí sentado no chão desorientado. Era um travesseiro.

- IGOR! VAI DORMIR PELO AMOR DE DEUS! – Kaio disse irritado saindo todo descabelado de baixo do edredom.

- Oh chatice... Já vou... – eu joguei de volta o travesseiro pra cama.

Continuei aquele serviço chato e me arrependi de não ter cuidado daquilo antes. Pensei que arrumar uma mala fosse mais simples. Tentei fazer ainda menos barulho. Eu não ia dormir, minha ansiedade não deixava. Era mais de 1h da manhã e pra mim não fazia a mínima diferença porque o sono não havia chegado.

Joguei tudo que eu poderia imaginar precisar dentro daquela mala e fechei o zíper. Coloquei mais algumas coisas na minha mochila e por fim me deitei. Acordei com a mão do Kaio no meu ombro.

- Igor, acorda. São 7h.

Eu levantei com muito sono. Pelo visto ficar acordado até tarde não foi uma boa ideia. O Kaio já não me deixa dirigir sem sono, imagina caindo daquele jeito. Levantei com esforço e fiz minha higiene. Kaio já havia levantado, tomado banho, checado o carro... Tudo! Eu preparei o café da manhã rápido. Comemos e eu mais uma vez abri a mala pra checar se não estava esquecendo de nada.

- Tudo? – Kaio perguntou pedindo a mala.

- Tudo. – Entreguei a mala pra ele.

- Você tá levando a casa aqui dentro? Que negócio pesado é esse?

- Tudo que eu vou precisar. O que não vou também. Sempre é bom levar tudo.

Ele desceu o prédio carregando com dificuldade a mala e eu fiquei imaginando uma possível queda. Peguei algumas coisas mais leves e desci logo atrás. Acomodamos tudo no carro e eu voltei para fechar as portas. Conferi tudo no apartamento e desci definitivo.

Lá embaixo havia parado um carro do vizinho. Era o seu Alfredo. Ele conversava com o Kaio sobre viagens, revisão de carro, pneus e tudo mais... O Kaio estava agachado ao lado do pneu checando algo.

- Bom dia seu Alfredo! – eu falei já pondo os óculos escuros pra não denunciar os olhos inchados de sono.

- Bom dia meu filho. Vai pra casa dos pais, né?

- Vou curtir os mimos da minha mãe.

- Mande um abraço pra ela.

Todo mundo no prédio conhecia meus pais. Principalmente minha mãe. Ela comunicou o prédio inteiro de porta em porta que eu estava indo morar alí e sozinho. Que me ajudassem no que eu precisasse porque eu era muito jovem... Enfim, foi um mico terrível.

Eu sorri e entrei no carro. Kaio entrou do meu lado e me tomou o óculos.

- Ei! – eu disse colocando a mão na frente dos olhos.

- Ei nada! Eu vou dirigir, preciso dos óculos escuros.

Ele deu partida no carro e assim que começou a dar ré meu celular tocou. Era meu pai.

- Oi pai!

- Meu filho vocês já saíram? – ele gritou. É que meu pai não sabe falar baixo ao telefone. É incrível.

- Estamos no carro.

- Quem vem dirigindo?

- O meu amigo. Porque?

- Então passe o telefone pra ele.

- Pra quê???

- Anda rapaz... Passa logo.

Kaio estendeu a mão. Eu passei o telefone. Que se dane... Eles iam se conhecer mesmo...

- Bom dia senhor.

- Meu filho, aqui é o pai do Igor. Seu Carlos. – notaram a indireta de como ele quer ser chamado, certo? – Eu liguei pra avisar: tomem cuidado na estrada. Todo mundo está viajando hoje, a BR deve estar com um trânsito terrível. Há animais na estrada...

Enfim, eu escutava meu pai gritando e gritando sem parar recomendações sobre a estrada. Que em ponto tal há um buraco enorme, que em ponto tal havia blitz com bafômetro...

- Tudo certo, seu Carlos. Pode deixar que a gente vai com cuidado sim. Chegamos aí ainda pro almoço de hoje.

- Acho bom chegarem mesmo. Qual o carro de vocês?

- Um Ecosport preto.

- Então assim que um Ecosport preto passar no posto fiscal meus amigos policiais lá do posto vão me avisar. – Kaio me olhou assustado. Típico do meu pai...

- Tudo bem...

- Se der meio dia e vocês não chegarem é porque há algo estranho. Venham logo senão eu caio na estrada atrás de vocês.

- Pode deixar. Chegamos antes do meio dia.

- Ótimo. Boa viagem meu filho. Venham com Deus e escute o que o Igor diz.

Kaio desligou e ficou olhando pro celular.

- Ele disse que vem atrás da gente.

- Ele vem mesmo... – E vinha mesmo, eu sabia que vinha!

Saímos do prédio e seguimos pra saída da cidade. Eu coloquei um pendrive com uma seleção de músicas que eu havia feito. Começou por “Young Blood” do The Naked and Famous. Saímos da cidade e realmente a BR estava agitada. Muitos carros alí e a velocidade não era das maiores. Pelo visto no domingo quando voltássemos iria ser ainda mais devagar.

Apesar disso a velocidade se manteve razoável. Continuamos viajando e eu explicando pra ele sobre o trajeto que eu já conhecia bem. Mais de uma hora de viagem e paramos pra abastecer. Pra evitar o episódio da última viagem pro litoral, enquanto ele abastecia eu comprei besteiras na loja de conveniência e assim que paguei corri pro carro e fomos embora. Sem conversa com estranhos.

No caminho a gente foi conversando.

- Já pensou se eu decidisse te sequestrar?

- Meu pai ia atrás de ti até os confins da terra.

- Seu pai trabalha em quê?

- Eu nunca te contei? Ele serviu muito tempo ao exército. Hoje ele é aposentado. Adora cuidar da nossa casa de campo. É o hobby dele.

- É grande?

- Meu pai ou a fazenda?

- Idiota...

Eu ri.

- É sim. Não é tão grande quanto a fazenda dos seus pais mas é grande sim. Só que a gente não anda lá com frequência, então meu pai decidiu construir a casa menor.

Aos poucos fomos indo e logo a última cidade antes da dos meus pais surgiu.

- Só mais 40km. – eu disse.

- Não chega mais... – Kaio disse cansado.

Mais um tempinho e avistamos o posto fiscal.

- Finalmente... – ele falou se espreguiçando.

- Para lá no posto.

- Pra quê?

- Pra os caras verem minha cara. Senão eles vão ver teu carro e ligar pro meu pai.

Kaio começou a estacionar alí perto e eu abaixei o vidro. Avistei os rapazes lá dentro e acenei pra eles. Um deles acenou de volta e veio em nossa direção.

- Miguel! – era o soldado mais simpático de todos – Como vai?

- Fala Igor! Firme e forte como uma rocha. Finalmente você por aqui, hein? Pensei que não andasse mais aqui pra ver o chefe. – era o meu pai.

- Só vim passar o feriado. Tempo curto... Apertado. Não precisa mais ligar pro meu pai não, viu? Eu cheguei, tô bem, tá tudo certo. Esse aqui é o Kaio, meu amigo. Veio passar o fim de semana aqui comigo, esse aqui é o carro dele.

- Tranquilo. Se cuida aí.

- Valeu!

Seguimos pra dentro da cidade. Kaio sorriu.

- Meu Deus... Que vigilância à sua volta. Você é “filho do chefe”?

- Sou! Ninguém pode mexer comigo não, viu! Segue em frente aí e vira à direita no fim da avenida.

Fui mostrando as coisas na cidade pra o Kaio. Passamos em frente ao clube do primo do meu pai, só que estava fechado. Ainda eram 11:30h então não havíamos estourado o horário que meu pai delimitou. Depois de mais algumas esquinas chegamos na minha casa. Era possível ver meu pai na calçada de braços cruzados olhando de um lado pro outro. Na certa era nos esperando.

Kaio desceu os vidros quando chegamos perto dele e eu me adiantei antes que algo desse errado. Destravei o cinto e pus a cabeça pra fora da janela.

- Pai! A gente estaciona onde?

- Na garagem. Eu já tirei o carro pra vocês. – ele lançou um olhar rápido pro Kaio.

Quando íamos entrando na garagem um carro desceu a rua. Meu pai deu uma de guarda de trânsito e fez sinal pro carro parar. O motorista obedeceu, nós entramos na garagem e ele fez sinal pro motorista continuar. Todo mundo na cidade conhece meu pai. Por mais que ele já tenha se afastado da polícia todo mundo o respeita.

Kaio desligou o carro e nós descemos. Meu pai nos esperava do lado de fora da garagem. Ele abriu a parte de trás do veículo e começamos a tirar as malas. Ele pegou a dele e eu tirei a minha com esforço.

- Pai, sua benção. – beijei sua mão e o abracei forte. Ele me deu um belo tapa nas costas. – Saudade do senhor.

- Eu também meu filho.

- Esse é o Kaio. Veio passar o feriado conosco.

- Bom dia, prazer. – Kaio disse e estendeu a mão. Meu pai a apertou tão forte que eu pude ver o olho do Kaio tremer. Eu ri do lado.

- Como ele dirigiu, Igor? – meu pai perguntou sem soltar a mão do Kaio e sem parar de o olhar.

- Bem. Ele tem um emprego meio que de motorista do pai dele. Viemos bem devagar.

- Muito bem. – Meu pai disse e soltou a mão do Kaio.

Meu pai já sofreu um acidente terrível de carro há muitos anos atrás. Por isso ele é preocupado com isso de velocidade, bebida e tal.

- Vamo entrar? O almoço já está quase na mesa. Coloquem as coisas no quarto.

Entramos em casa e fomos pro meu quarto com as malas. Lá estava tudo como sempre. Minhas amadas paredes azuis, minha janela enorme, meu espelho enorme, minha cômoda porque nunca tive um guarda roupas antes de ir embora, meus adesivos florescentes no teto, minha cama ainda de solteiro com meu conjunto de colcha e fronhas vermelho velhinho que minha mãe sabia que eu mais gostava, a cortina que eu mesmo fiz num tutorial maluco que eu vi no Castelo Ratimbum, minha mesa com alguns livros velhos ainda do colegial que eu insistia em tê-los porque eram ótimos e por fim minha TV com uma antena UHF que só pegava os canais locais seguida de um vídeo cassete velho que eu adorava gravar qualquer coisa que via nas fitas cassetes virgens. Cara... Que saudade daquele lugar. Eu sempre me sentia assim todas as vezes que entrava no meu quarto na casa dos meus pais.

Ao lado da minha cama havia um colchão muito bem encapado e forrado. Pro Kaio, imaginei. E era mesmo. Meu quarto não era muito grande, era o menor da casa na verdade. Até havia um quarto maior, mas eu gostava do meu por conta da janela. Acabou que o quarto maior ficou pros hóspedes, mas lá não tem janela.

- Pai, cadê meu computador?

- Coloquei na sala. Jorginho tava até jogando vídeo game nele.

Meu computador era velho, não tinha uma configuração boa. Mas foi meu primeiro computador. Eu tenho muito ciúmes dele. Coloquei a mala encima da minha cama e abri uma gaveta da minha cômoda pra guardar minhas coisas. Lá haviam um monte de coisas da minha mãe. Abri mais uma gaveta e estava lotada. Mais uma e a mesma coisa.

- Nem adianta... – meu pai disse da porta – Sua mãe daqui a pouco vai ter que tem um quarto só pra guardar as tralhas dela. Suas coisas vão ter que ficar na mala. Mas depois você cuida disso. Vamos almoçar agora. A viagem foi cansativa, eu imagino. – ele deu um tapa nas costas do Kaio que deu um pinote pra frente. Ele fez uma cara de dor em seguida. – Tá vendo? Seu amigo tá todo dolorido do banco do carro. Venham!

Ele seguiu pra cozinha. Nós fomos atrás. Eu já com uma toalha no ombro pra tomar um banho. Na cozinha, minha mãe estava do lado da cozinheira que ela contratou. Não sei porque minha mãe contrata alguém se ela vai continuar alí do lado fazendo tudo. Só que só estavam elas duas. Eu esperava mais alguns parentes, não?

- Igor! – ela quase jogou a colher de metal pra cima e menina tentou segurar – Caçula de mamãe! – ela me abraçou e me balançou – Kaio, como está? – ela disse por cima do meu ombro.

- Muito bem. A senhora?

- Melhor agora! – ela lhe deu um abraço.

- Eu vou tomar um banho... – passei pro banheiro.

Minha mãe chamou o Kaio pra sentar à mesa da cozinha e começou a conversar com ele. Eu tomei meu tão querido banho naquela ducha maravilhosa da casa dos meus pais. Voltei pro quarto e eles continuavam lá conversando. Voltei pra cozinha e quando ia me aproximando escutei uma algazarra na porta de casa. Carro estacionando, conversa, bate porta, risos... Na certa, meus primos. Todos foram entrando com roupa de banho.

Pause. Vamos às apresentações.

Jorginho. 18 anos. Mala, relaxado, cara de sono, preguiçoso mas muito gente boa.

Marília. 17 anos. Meio patricinha. Mas também legal. Não é muito de falar.

Minha tia Lúcia. Irmã da minha mãe.

Meu tio Jorge. Marido dela.

- Lá vem! Lá vem! Eu não já disse pra entrar pelo lado? Vocês molham a casa toda assim! – meu pai gritou os meninos.

Eles não ligaram muito.

- Oooi! – Mari veio me abraçar.

- Oooi! – Jorginho fez a voz afetada da Mari e também me abraçou.

- Gente, esse é o Kaio. Ele é meu amigo e veio passar o feriado aqui.

Os meninos o cumprimentaram. Cumprimentei meus tios também.

- Todo o batalhão aqui? Sentido homens! – Meu pai disse. Jorginho, Mari e eu fizemos o sinal com a mão na testa.

- Sim senhor! – Falamos juntos.

Kaio ficou abobalhado.

- Dispensados. Vamos almoçar então. – meu pai sorriu.

O almoço foi servido e como de costume nas férias eu e meus primos fomos comer na sala vendo TV. Kaio veio junto. Colocamos num canal de reprises e estava passando a primeira temporada de “The Big Bang Theory”. O Kaio adora! Nos organizamos nos sofás e fomos assistindo, comendo e batendo papo.

- Gente, cadê o povo dessa família? – perguntei pros meninos.

- Ah... Você é turista aqui. Não anda aqui então não sabe mais de nada. Todo mundo viajou pra algum lugar. Nós somos os únicos que não viajaram porque os nossos pais não estão numa condição muito boa, sabe? – Mari explicou.

- Mas ao menos aqui tem o clube do tio Fagundes. Ele reformou há pouco tempo. Agora tem um tobogã enorme! – Jorginho falava com a boca cheia fazendo a Mari revirar os olhos – Dá até pra pegar disputa de tempo pra ver quem desce mais rápido.

Fomos conversando e nos entrosando. Logo Kaio também já estava conversando com eles. Almoçamos e voltamos pra sala procurando algo pra ver na TV.

À noite decidimos ir pra uma pizzaria no centro da cidade. Meu pai passou mil e uma recomendações a cada um de nós. Sobre a cidade estar movimentada, ser feriado e ter muita gente de fora por perto e tudo mais.

- Igor, vem cá... – meu pai me chamou no quarto. Eu entrei. – Toma. – Ele me deu uma nota de R$ 50,00.

- Isso! Agora sim! – Eu disse sorrindo e guardando a nota na carteira.

- Tem mais uma coisa. – ele disse abrindo o guarda roupas. Ele pegou algo cilíndrico que parecia aquele brinquedinhos de fazer bolha de sabão.

- O que é isso? – eu reconheci – Não me diga que o senhor quer que eu... Não pai!

- É um spray de pimenta sim. Se não for levar no bolso ao menos coloque um no carro.

- Não precisa.

- Eu não perguntei se precisa. Eu mandei pôr no carro do seu amigo. Pergunte se ele também não quer um.

- Não. Ele não quer. – eu peguei aquilo da mão dele e escondi no bolso.

- Pode usar o carro também se quiser. Agora você tem carteira, não é? Meu Deus como o tempo passa... Você já é um homem.

Eu sorri e dei um abraço nele. Saí com os meninos no carro do Kaio. Ele foi dirigindo. Guardei o spray no porta luvas. Kaio ficou olhando pra saber o que era.

- Olha Mari, é que nem o seu? – Jorginho disse do banco de trás.

- É um spray de pimenta. É sim, que nem o meu.

Kaio me olhou assustado.

- Meu pai ele... É preocupado... Só isso.

Pra gente que já era acostumado com o comportamento do meu pai era super comum mas pro Kaio tudo aquilo era novidade. Seguimos pra uma pizzaria e escolhemos uma mesa. Escolhemos os sabores da pizza e enquanto ficava pronta ficamos batendo papo. Todo mundo observava o Kaio. Ele era a novidade da mesa. Rosto de fora, carro bonito, roupas bonitas, era tudo o que as meninas da cidade queriam... Elas passavam perto da mesa com roupas curtas e com risinhos de putas. Sério, que deboche!

Jorginho faltava pouco cair da cadeira por cada uma delas. Jorginho sempre foi bonito. Muito bonito. Ele até ficava sem compromisso com uma menina aqui acolá, mas não era de relacionamentos muito amis duradouros que duas ou três noites. Ele dizia não saber namorar. Na verdade ele só queria transar. Após a primeira noite de sexo a menina não tinha mais a mesma graça pra ele e na terceira então... Enfim. Isso fazia uma péssima fama de “insensível” pra ele, fazendo com que as únicas que se interessassem por ele fossem as mais putas possíveis. Que também só queriam uma noite de sexo para descarte mútuo de parceiros, logo após. Mesmo assim nenhuma alí pareceu se interessar por ele.

Marília estava toda produzida e marcando um encontro com um antigo namoradinho do colegial pelo WhatsApp. Marília e Jorginho moravam naquela cidade mas foram embora anos atrás quando o pai arranjou trabalho numa cidade vizinha bem próxima. Daí por ser tão perto estar lá na cidade deles ou na cidade dos meus pais é quase a mesma coisa. Todos os conheciam.

A pizza chegou e comemos muito. Tanto que não foi o suficiente. Pedimos mais uma pequena apenas com quatro fatias e aí sim ficamos cheios. Foi ficando cada vez mais tarde e finalmente decidimos ir pra casa. Mari ficou no centro pra dar uns beijos rápidos no ficante sob mil e um protestos do Jorginho pedindo que ela fosse rápido. Ela tinha meio que um acordo com o irmão. Um arranjava ficantes pro outro. Depois que Mari saiu nós fomos pro carro e demos uma volta rápida na cidade apenas pra mostrar tudo pro Kaio. Foi divertido.

Voltamos na pizzaria e pegamos a Mari. Fomos pra casa. Entramos fazendo barulho e meu pai saiu do quarto dele nos encontrando na sala.

- Como foi?

- Foi legal. Comemos demais mas tudo bem.

- Pois vão dormir agora. Kaio, a Flávia improvisou uma cama aí no quarto do Igor. É que o quarto de hóspedes tá ocupado com os meninos aqui.

- Eu me viro aqui. Obrigado.

Cada um seguiu pro seu quarto. Assim que fechei a porta e me virei Kaio estava com um sorriso de orelha a orelha.

- Cara, seu pai é muito controlador! Eu não acredito nisso.

- É... Ele saiu do quartel mas o quartel não saiu dele.

- Mas ele é legal!

- Devagar gafanhoto... Você só sobreviveu a um dia.

- Mas já é um começo. – ele veio com as mãos na minha cintura me puxando pra um beijo.

- Você tá com gosto de pizza na boca! – eu falei.

- Tô, é? – ele sorriu.

- Nem se empolgue... – eu disse me soltando.

Fomos escovar os dentes e voltamos pro quarto. Lá apesar do colchão do Kaio ficar do lado do meu nós nunca cogitamos dormir em camas separadas. Tranquei a porta com duas voltas na chave, só pra precaver e me deitei com ele na minha cama.

- Apertado. – ele disse quando eu me deitei.

- Vai pro chão!

- Não. Nem pensar.

A gente naquele escuro, apertados na mesma cama... Começamos a nos beijar e quando dei por mim já estava com o Kaio encima de mim percorrendo meu corpo com as mãos, pressionando o quadril dele contra o meu, minhas pernas à sua volta e minhas mãos em seus cabelos.

A porta do quarto foi batida com força uns quatro vezes. Kaio separou os lábios dos meus respirando apressado e eu abri os olhos. Tentei levantar mas o Kaio ainda estava encima de mim. Em segundos eu coloquei as mãos no abdome dele e fiz força o jogando pra fora da cama. Ele soltou um grito meio histérico por conta da queda, mas ele caiu encima do colchão dele logo alí do lado. Eu respirei com a mão no peito e me lancei da cama pisando encima do Kaio até... Fui apressado pra perto da porta. Peguei no trinco mas não abri. Kaio se remexia no escuro acho que de dor, ou tentando vestir algo.

- Oi... – eu disse por fim.

- Igor, sou eu. – era minha mãe. – Que grito foi esse? Era o Kaio?

- Era... Era sim... É que eu me assustei e na hora de descer da cama e– eu gesticulava as mãos esperando vir algo na minha cabeça – pisei encima das...

- Minhas costas! – Kaio disse rindo.

- Das costas dele!

- Então coloca o colchão um pouco mais pra perto da parede e longe da sua cama. Escuta... É que eu preciso te dizer algo antes que eu esqueça.

- Sim... – eu disse ainda nervoso.

- Você não vai acreditar quem andou aqui mais cedo. O Luan, acredita?

- O LUAN? – eu quase gritei.

- Oshe... – Kaio disse estranhando.

- Sim! Ele procurou por você mas eu não sabia dizer direito onde vocês estavam então só disse que você tinha saído. Disse que tinha que conversar com você custe o que custasse. Você trate de ligar pra ele amanhã, eu fiquei preocupada.

Eu fiquei com os olhos esbugalhados olhando pro chão. O Luan não... Não podia ser!

- Tá... Tá bom.

Escutei os passos dela rumando pro quarto.

- Quem é Luan, Igor? – o Kaio perguntou com uma cara de dúvida deitado no colchão de cueca às minhas costas.

Boa pergunta. Eu não fazia a mínima ideia de como começar a explicar quem era o Luan pra ele.

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Higor Melo, Disconhecido, ale.blm: Gente! Que observação maravilhosa! Sim, usamos alianças sim. As tiramos muito raramente. Não, eu não tirei a minha aliança no dia relatado no capítulo anterior. Mas a tirei nos dias em que fiquei na minha casa e começam a ser relatados nesse capítulo. Vou explicar: Nós usamos alianças idênticas - apesar de achar a dele mais brilhosa - que ele me deu quando me pediu em namoro, lembra? E é aí que se nota todo o ritual dos seres humanos. Tipo, não usamos nos dedos de compromisso (anelar da mãe esquerda) mas sim em qualquer outro dedo (no meu caso, o dedo médio da mão direita). Acredite se quiser, mas as pessoas nem olham pras alianças justamente por não estarem no "dedo sagrado" como costumo dizer. Por não estar justamente nesse dedo então ninguém implica sobre querer saber de relacionamentos. Estranho isso, não? Pra mim uma aliança é uma aliança em qual dedo for, mas as pessoas sempre a associam ao dedo anelar da mão esquerda. COmo as nossas nunca ficam lá então... Tudo limpo. Dá super certo!

M/A: Então, ontem depois que postei eu fui ler pelo celular. Porque eu só leio contos pelo celular. Se eu acessar a CdC pelo computador, na certa eu estou postando. Daí minha base pra leitura é o celular, e quando fui ler achei pequeno. Mas no computador eu poderia jurar que parecia maior. Fiquei até preocupado de ter faltado alguma parte mas não. capítulo de ontem era só aquele mesmo. Hoje eu fiz 10 páginas no Word. Bem maior que a média dos capítulos que normalmente rondam 6 páginas. ;)

Drica (Drikita): É que é o seguinte. Minha mãe é pra tudo. Desde a hora que eu acordo a hora que vou dormir. Qualquer coisa a gente tá se falando. A gente tem muita cumplicidade. Meu pai é mais pras horas do aperto, quando a coisa fica preta, sabe? Mas eu ligo pra ele também, não tem nada a ver sobre isso do preconceito não. Ele não é homofóbico, só não aceita bem esse papo de homossexualismo porque ele é católico bem a moda antiga. Mas meu relacionamento com ele é super de boa, vocês vão ver.

Drica Telles(VCMEDS): O final do capítulo de hoje é o motivo de eu ter feito essa pergunta ontem. Não digo mais nada... rs

LucasSalvatore: Best Couple Ever! Adorei!

Docinho_: Você não perde por esperar.

Jhoen Jhol: Nunca achei que meus pais me rejeitariam. Isso não. Mas principalmente meu pai, ele ficaria arrasado. E eu não queria problemas. Só queria mais uma vez conversar, comunicar, pedir respeito. O Kaio estava sim preparado, ele levava as coisas muito bem. Acho que porque os pais dele são super relax então ele tinha mais espaço pra isso partindo da família dele, diferente da minha. Olha, eu vou explicar mais disso no decorrer dos capítulos, é que não quero adiantar. Sim, ele soltou muitas coisas que a gente fez junto, aquele idiota...

ale machado, kelly24, Ru/Ruanito, LUCKASs, negamalandra, Agatha(1986)/Agatha28, Geomateus: Não os paga por cada comentário, mas obrigadooo!

Respondendo: Minha mãe notou sim que eu e o Kaio éramos um casal. Mas ela não notou as alianças que como eu expliquei não ficam nos dedos convencionais então as pessoas não notam. Eu ia deixar pra explicar isso mais pro fim, mas vocês já notaram. Então, sim! Minha mãe já suspeitava de mim e do Kaio desde quando comecei a andar frequentemente com ele, viajando e batendo perna por aí.

Abraços.

kazevedcdc@gmail.com

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Comentários

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Sabe, eu acompanhei quando vc postou a primeira vez aqui, e tbm fiquei voando porque vc excluiu os capítulos pra postar o conto que fala do seu amigo sabe? Enfim, ae quando eu li todo o conto e fique sabendo que ia postar de novo eu fiz uma promessa de só comentar quando atualizasse toda a leitura, e cá estou meu caro kk, cara, o que falar dos seus relatos? São perfeitos? É, são! Eu adoro a verdade que vc coloca nele, vocês são o casal mais fofo e apaixonante da CDC, ponto! Tô pelo celular, qualquer erro não me culpe.

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Eu pensei que quando saísse do carro ia cantar Overprotected da Muda Spears kkkkk. Pensei que seu pai seria mais fechado. Huum, tinha uma Luan no meu caminho...Pelo que vi não é amigo e sim ex. Ele foi seu primeiro namorado? Como foi a reação dos seus pais quando contou ou nunca disse?

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Nem precisa dizer mais nada querido, você já disse tudo... rsrsrsrs. Ainda bem que ficou com o futuro.

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hahaha!!! muito engraçado o final. tomara que o Kaio não tenha deixado você voltar a pé... Luan foi treta do passado Igor? curioso pra descobrir sua historia é muito gostosa de ler.

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Ixi Igor, se for ex. O Kaio deve ter morrido de ciúmes querendo até volta embora. Seus pais parecem gente tranquila e seu pai apesar de duram deve ser um paizao e ficou do seu lado Concerteza. Sei que é difícil assumir aos paisjá passei por isso , mas nada como vc ser livre e sem preocupação . Muito bom vc ter o Kaio só pra vc e não ter de esconder ele da família. Quero saber que é esse luan , até eu fiquei com uma ponta de raiva de ser um ex seu igor e atrapalhar vcs imagino okaio como deve ter ficar. Abraços.

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Perfeito, obrigado por explicar o lance das alianças, era uma dúvida que eu tinha desde a primeira vez que li,e só agora lembrei de perguntar. Ai de mim se tirar a aliança ou colocar em outro dedo,é um mês de mal,e sem ganhar nem um beijinho kkkkk

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HAHAHAH..sei como é ter País assim. Quando fui morar só também era bem novo. Meus pais quase tiveram um treco quando disse que havia passado no vestibular,acho que eles queriam que eu esperasse mais um pouco,eu desconfio até hj que eles pensavam que eu nao passaria por ser uns dos cursos mais concorridos,ainda mais sendo pra uma cidade grande rsrs. Quando eu morava com eles eu tinha que ta em casa antes das 10 da noite se nao era sermao até minha cabeça explodir. Quando tu disse o que tua mae fez no teu predio avisando todos os vizinho lembrei dos meus pais,acreditem ou nao,eles foram no primeiro dia de aula na faculdade comigo,como se eu fosse uma criança que choraria se eles nao fossem,que mico até hj penso nisso.. Alias,quando eu vou passar as ferias em casa eles ainda agem dessa forma,axo q é coisa deles msm. Mal sabem o que eu faço na capital hahaha. Enfim,muito bom esse capitulo.

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O bom de fuso horário é que quando você posta o conto de madrugada no Brasil, eu estou acabando de chegar em casa do trabalho. rsrs "Quem é Luan, Igor?" Hmmm... parece que o passado está querendo voltar à tona, não é? rsrs... Mal posso esperar para o próximo capítulo! O Kaio como sempre um fofo, impossível que seu pai não goste dele também! Nota 10, por não poder dar uma nota maior! Abs.bjs ;)

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