Experiencia inesquecivel

Um conto erótico de Poeta dos segredos
Categoria: Heterossexual
Contém 1799 palavras
Data: 19/01/2015 13:07:18

Vou retratar aqui uma experiência fascinante que aconteceu comigo. Eu possuía duas coisas que considerava um defeito. Atração por pés e personalidade tímida. Nunca havia namorado e jamais havia tido qualquer experiência podolatra (exceto algumas brincadeiras que meu primo ou minha prima esfregavam seus pés em meu rosto, mas acho que isto não é bem uma experiência podolatra, e eu nunca havia contado o que eu era para ninguém).

Eu tinha 17 anos, e eram cerca de quatro horas da tarde de um dia quente, quando eu estava caminhando de volta para casa e decidi parar em uma padaria na qual eu já havia ido antes, só que com meu pai. Dessa vez eu estava sozinho. Entrei na padaria, fui ao balcão e pedi um suco de limão mais um misto quente.

Deixei meus olhos vaguearem distraidamente, primeiro ele foi para a TV (estava em alguma reportagem que passava repetitivamente imagens de um incêndio em algum prédio de São Paulo), depois ele foi para um X-Salada (que um homem de boné comia), e depois para as botas de uma mulher que estava em uma mesa no canto, tocando violão e conversando com algumas pessoas. Não parecia ser o tipo de pessoa que frequenta padarias, mas eu também não era, então não estranhei.

Relanceei os olhos a ela, e só quando voltei a olha-la é que pude distinguir o quão ela era bonita. Estava com as pernas cruzadas, e usava botas. Resisti a o impulso de ir mais perto daquelas botas. Estava toda vestida de preto, uma roupa que parecia um figurino preparado para alguma peça de teatro. Logo percebi que as pessoas que estavam com ela se vestiam de maneira semelhante. Ela possuía tatuada nos braços alguma forma que não consegui distinguir, e seus cabelos era castanhos, e levemente encaracolados. Usava alguma maquiagem, algum tipo de lápis de olho que deixavam seu olhar com inesperado magnetismo.

Fiquei tanto tempo olhando aquelas botas que sequer percebi que a mulher estava me olhando. Desviei o olhar constrangido (eu era muito tímido, e ser pego olhando para os pés de uma mulher era o suficiente para sentir vergonha). Chegaram o misto e o suco e eu comecei a comer, sem tirar os pés da mulher dos meus pensamentos. Aquelas botas pareciam grandes demais para uma mulher. Fiquei imaginando o porquê, mas então lembrei que existiam mulheres com os pés grandes (a Paris Hilton, por exemplo, calça 41).

Olhei para o rapaz que me entregou o lanche e o suco, e ele estava olhando para a mesma mulher. Percebi, então que vários homens que estavam no recinto a olhavam (de fato, uma mulher muito bonita), mas ninguém olhava para os pés, exceto eu. Ela se despediu das pessoas que a acompanhavam, veio até o balcão e pediu um suco de abacaxi com hortelã (nem sabia que existia um suco assim), e sentou ao meu lado. Vendo a de perto percebi que ela era mais bonita ainda, na ocasião achei que fosse a mulher mais bela que eu havia visto. Não estava mais com o violão (as pessoas que a acompanhavam levaram embora).

Eu queria iniciar uma conversa, mas a timidez me impedia. Então percebi que talvez a mulher mais bonita que eu já havia visto estava bem ao meu lado, e eu, embora nunca tivesse tentado ficar com alguém antes, não podia perder a chance.

- Que situação - dissera eu me referindo a o incêndio que passava na TV

- Faz parte – ela disse. E eu notei um leve sotaque em sua voz, mas não reconheci de onde era. – Assim como muitas coisas. O mundo está cheio de coisas que fazem mal, desde incêndios até as palavras. Isso me irrita. Tanto quanto a tendência que as pessoas têm de se julgarem.

- Como assim? – Eu perguntei, obviamente tentando puxar assunto.

- As pessoas tem tendência a julgar e a se afastar de tudo aquilo o que pode ser diferente. Isso faz com que as pessoas desenvolvam também um medo do que os outros pensam. O cara que me entregou o suco, por exemplo, tem transtorno obsessivo compulsivo. Mas ele tem medo de demonstrar isso, pois acha que isso pode afastar os clientes.

Perguntei se era por isso que ela usava tatuagens e se vestia daquela maneira e ela disse que sim. Disse que ser diferente a fazia “nadar” contra a correnteza do sistema social. Percebi que ela estava coberta de suor, e comentei isso. Ela disse que havia acabado de sair de uma exaustiva aula de dança, além do mais transpirava com muita facilidade e estava com muito calor.

Assim, continuamos nossa conversa por mais algum tempo. Descobri algumas coisas sobre ela. Que tinha 34 anos (precisamente o dobro na minha idade! Mas isso não diminuía em nada sua beleza), que não era daqui (também não disse de onde era), mas morava na casa de um amigo, e que havia participado de alguns protestos (movimento passe livre). Ela era muito mais culta do que eu, mas consegui manter a conversa no mesmo nível.

Logo ela disse que iria embora, mas perguntou se eu queria ir para a sua casa, já que o amigo com quem ela dividia a casa não estava, e ela iria passar o dia sozinha. Eu disse um sim tão sincero que ela sorriu. Avisei por WhatsApp para minha mãe que iria demorar em chegar, e acompanhei a mulher até sua casa, que era próxima da padaria e fomos a pé mesmo.

Assim que chegamos, ela me convidou para entrar o que eu fiz com certa timidez (nunca havia estado na casa de uma mulher desconhecida antes). A sala era estranha, parecia estar em reforma, pois só havia uma poltrona e uma TV. Sentei no chão (sempre gostei de sentar no chão, e precisava deixar a poltrona para a mulher) perpendicular a poltrona, de maneira que a poltrona ficasse a minha direita e a TV a esquerda (assim poderia conversar e assistir TV facilmente). A mulher sentou na poltrona, e cruzou as pernas, assim ficando com as botas na altura do meu rosto.

- Lembra-se que eu disse que não me importava com o que os outros pensam – Ela dissera – Essa foi a razão do fim de vários relacionamentos meus. Sempre procurei fazer as coisas objetivando me sentir confortável, sem ligar para os outros. Por que eu acho que, se uma pessoa tem uma diferente maneira de ser, são os outros que devem aprender a respeitar as diferenças. Essa é a minha filosofia de vida. Por isso eu não troco minhas meias. Por exemplo, comprei essa bota há dois meses, e há dois meses não troco minhas meias. Espero que não se importe.

Disse que não me importava. E não me importava mesmo. A maior parte das pessoas reclamaria de chulé, mas eu não ligava. Ela começou a tirar suas botas e suas meias roxas levemente endurecidas e desgastadas. Logo o odor forte e inebriante de seus pés tomou conta da sala, era um odor tão intenso que turvou meus sentidos e me fez sentir como se existisse apenas para os pés dela. Uma pequena parte de mim sentia aversão. Uma grande parte de mim sentia desejo. Eu era dos pés dela. Era um refém de seus pés e ela nem sabia.

Seus pés, bem grandes para uma mulher, estavam encharcados de suor, assim como todo o resto. A pele parecia ser mais clara do que realmente era. Talvez porque seus pés haviam ficado muito tempo dentro das botas. No peito do pé esquerdo, havia uma frase tatuada, escrito “Alis Grave Nil”. Quando ela percebeu que eu olhava insistentemente para seus pés, perguntei para disfarçar qual o significado da tatuagem. Ela disse que era só um proverbio, significava “nada é pesado quando se tem asas”. Tentei me distrair assistindo TV, estava passando a reprise de algum Talk Show que eu não conhecia, no qual o Dr. Rey afirmava categoricamente que o homem gosta de tudo o que a mulher não gosta em si mesma. Coincidência ou não, ele disse que homem gostava de suor, e que homem gostava de pés.

Tentei continuar assistindo, mas meu olhar sempre se voltava para seus pés. Ela começou a aproximar seus pés do meu rosto. Olhei para ela e ela me lançou um olhar concentrado, como se procurasse algo em meu próprio olhar. Tentei disfarçar, mas seus pés me desnorteavam. Provavelmente havia dado bandeira e ela já sabia que eu gostava de pés. Não havia mais palavras, disfarces ou vergonha. Era apenas eu e seus pés.

Os pés começaram a contornar meus ombros e iam lentamente em direção ao meu rosto. Em um movimento repentino ela começou a esfregar seus pés em meu rosto com certa violência. Meu rosto era de seus pés, que brincavam com uma face que estava a mercê deles. Com meu rosto ensopado do suor de seus pés e minha boca entreaberta, ela introduziu um de seus pés na minha boca enquanto o outro fixava minha cabeça a parede da sala. Seu pé foi introduzido com tanta intensidade que eu percebi uma coisa que não havia percebido antes. Ela queria isso tanto quanto eu.

Já havia ouvido historias de pessoas que desejavam pés. Mas nunca ouvira falar sobre alguém que quisesse ter os pés desejados. Desde a padaria, quando ela sentou ao meu lado de maneira aparentemente despreocupada, ela estava pensando nisso. Não havia me excluído como eu pensei que faria por eu gostar de pés. Tinha feito exatamente o contrario.

Não sei quanto tempo se passou, mais eu sei que foi muito. Muito extenso o tempo que eu fiquei lá, no chão, lambendo as partes dos pés que ela falava. Sentia o gosto salgado de suor e os pedacinhos do tecido da meia dela, que haviam grudado. Fora a experiência mais prazerosa que eu já havia tido.

Quando eu fui me despedir dela (ela me ofereceu carona, mas eu recusei por educação e fui embora a pé mesmo) pensei em beija-la. Mas imaginei que ela não gostaria de ser beijada e sentir na boca o gosto dos próprios pés. Então resolvi dar um beijo em cada pé, e após trocarmos telefones, fui embora.

Lá estava eu, caminhando pela noite, com o telefone dela no meu bolso. Estava cheirando a suor dos pés dela. Mas também estava com um sorriso no rosto. Pensava em tudo o que aprendi. Em como ações simples, mas de coragem (tal como comentar “que situação”) podem propiciar momentos inesquecíveis. Aprendi também, como a mulher dissera, que “se uma pessoa tem uma diferente maneira de ser, são os outros que devem aprender a respeitar as diferenças”.

Mas pensava, principalmente, em marcar o próximo encontro. No qual o odor de seus pés estaria forte como nunca. Forte como uma paixão que crescia dentro de mim e que só agora me dava conta.

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Comentários

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Sei como q é mlk.. Eu descubro meu fetiche por pés ha poucos meses... E cada mulher q conheço tento convencer para chupar os pés delas.. Num 80% me falaram q sim... Como vc diz temos q coragem por q nunca se sabe o q pode contecer com uma simple palavra...

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