Felipe, Meu amor de Infância (7)

Um conto erótico de MeninoDoRio
Categoria: Homossexual
Contém 1954 palavras
Data: 18/01/2015 21:14:39

Achei melhor não atender, o que não adiantou muito pois, quando o meu parou de tocar o de Felipe começou. Pensei comigo, como ela tinha o número de Felipe??? Olhei meio desconfiado e ele disse rindo:

- Melhor atender, se não ela vai chamar a polícia e dizer que te sequestrei.

Quando ele atendeu pude ouvir ela aos berros, querendo saber o que ele havia feito comigo e onde estávamos. Ele calmamente respondeu que estávamos no centro e já estava a caminho de casa. Mesmo com minha mãe enchendo não me importei, precisava falar muitas coisas a ele, eram anos de distância e de muitas coisas a serem faladas. Abracei Felipe e deitamos na grama, com a cabeça deitada no peito dele e olhando as estrelas naquela linda noite, comecei a contar:

- Minha mãe naquela época decidiu que eu tinha que ir, confesso que até hoje não sei o por que. Realmente indo morar com a minha madrinha eu aprendi muitas coisas, estudei em ótimos colégios, me formei e fui direto pra universidade. Mais nada daquilo fazia e nem fez sentido, nada teve graça pois você não estava lá comigo. Não podia vir aqui te ver pois meus pais iam sempre lá pra casa, até o ponto que eles se mudaram de vez. Sempre implorava a minha mãe que levasse você para ficar uns dias nem que fosse nas férias, ela era irredutível, sempre tinha uma desculpa falava que sua mãe não deixava. Eu lembro que toda noite antes de dormir eu pegava nosso anel e dava um beijo - nesse momento tirei o anel que Felipe havia me dado no dia de nosso "casamento" do bolso e amostrei a ele.

Tudo aqui significava muito pra mim e naquele momento tudo que eu sentia era medo, medo do ridículo, medo dele não ter dado tanta importância, medo de ter tanto significado só pra mim. Enquanto mais algumas lágrimas escorriam de seu rosto ele levou a mão ao bolso e tirou algo que custei a acreditar. Sim! Era o anel dele, senti uma euforia da qual nunca havia experimentado antes. Tudo que havíamos vivido, mesmo após quase 15 anos, estava vivo. Nos aproximamos e senti a respiração de Felipe próxima ao meu nariz e novamente aquela sensação de "o mundo em câmera lenta" veio, os lábios de Felipe eram macios, úmidos e quentes. Nosso beijo foi longo e suave, quando terminamos ficamos nos olhando como bobos, era como num sonho nos dois ali com a cidade iluminada aos nossos pés e aquela brisa gelada que contrastava com o calor do nosso amor.

Pra variar meu telefone toca, adivinhem quem é? Ela de novo, minha mãe estava conseguindo ser chata com C maiúsculo!

- Melhor irmos se não daqui a pouco chega um helicóptero do FBI aqui - disse a ele rindo.

Descemos e Felipe me deixou em casa, antes de descer tive que perguntar

- Porque minha mãe não gosta de você? Como ela tem seu número? - perguntei a ele

Antes que ele tivesse chances de responder já surgia à varanda minha mãe e tia Nice, com certas caras de raiva.

- Felipe, por que você sumiu? Deixou a Emilly lá em casa sozinha, não da uma satisfação como é isso? - perguntou tia Nice num tom quase general.

- Emilly? - apenas repeti aquele nome, vindo a memória toda aquela história.

Desci do carro e com certa dificuldade corri pra dentro, lembro de Felipe vindo atrás tentando dizer algo porém foi barrado a porta pela dupla de mães. Passei pelo meu pai no corredor sem conseguir conter as lágrimas, ele sem entender veio atrás de mim e entrou no meu quarto logo em seguida.

- O que houve filho? Por que você está assim? - perguntou ele indo em direção a porta e a trancando.

Veio novamente em direção a minha cama e me deitou em seu colo.

- já até imagino, não precisa nem falar. Olha quando você nasceu eu fiquei todo feliz, era o meu sonho um filho homem, macho! Já imaginava você pegando as garotinhas do bairro, jogando futebol discutindo sobre carros comigo mas, ai veio você. Sempre muito quieto, não gostava de jogar futebol, nunca trouxe uma namorada em casa e só aprendeu a dirigir porque foi obrigado. - dizia meu pai enquanto algumas lágrimas vertiam de seus olhos e continuou - mas nada disso diminuo o filho maravilhoso que você sempre foi e é! Quando você começou com essa amizade com o Felipe eu já imaginava no que iria dar e sua mãe em momento algum aceitou, nem ela e nem a Nice.

Nesse momento tive que interromper ele

- Como assim pai? Aceitar o que? - perguntei meio que fazendo o desentendido.

- Você sabe Dan, um dia arrumando suas coisas ela achou um anel e ficou com aquilo na cabeça, sabe que pra bruxa sua mãe só falta voar de vassoura né? - disse ele brincando - até que um dia Felipe apareceu aqui com um igual na mão e ela logo entendeu. Já desconfiávamos da amizade de vocês mas eu preferia achar que era só amizade mesmo, mas com aquela do anel não tinha como não saber. Sua mãe quase enlouqueceu e por isso te mandou pro Rio. Depois da sua mudança a Nice veio aqui um dia e desabafou com a gente contando como Filipe estava com a sua partida. Achamos por bem contar sobre nossa desconfiança mas ela preferiu não acreditar. Felipe vinha aqui em casa quase todo dia querendo saber de você, me cortava o coração aquilo pois via que ele estava realmente sofrendo até o dia que sua mãe enxotou ele daqui e ele não teve mais coragem de vir. No dia da nossa mudança ele veio até a mim e chorou demais me abraçando e hoje me arrependo em ter concordado em separar vocês naquela época.

Nosso assunto transcorria de uma forma muito suave, até de forma estranha poderia dizer. Apesar de confuso agora tudo começava a fazer sentido, a mudança, a raiva que minha mãe sentia do Felipe e o que Tia Nice havia falado no dia em que fui à aquele jantar na casa dela e descobri sobre Emilly, aliás so de lembrar o nome dela me vinha uma pontada forte na cabeça. A pesar de meu pai ter se calado por alguns instantes eu não podia deixar de perguntar.

- Mas porque vocês não me contaram nada? Todo esse tempo.. Tudo que passei... - perguntava a ele.

- Sua mãe nunca aceitou falar disso, pra ela e melhor um filho bandido que um filho gay. Ela fecha os olhos para tudo. Eu sabia do seu namoro com o Vitor e sempre encarei muito bem esse fato, já ela não deixava nem tocar no assunto.

Tudo aquilo me deixava muito confuso, minha mãe não me queria com Felipe e ela tinha o apoio da Nice. Meu pai que teoricamente teria que ser o maior do contra é o que mais apoia.

- E o Tio Marcelo? -perguntei afinal o pai de Felipe deveria saber de tudo também...

- E acho que a Nice nunca falou nada com ele - respondeu.

Minha mãe chegou ao meu quarto e nos chamou para o jantar. Confesso que não conseguia nem olhar pra ela, não era raiva ou ódio era uma sensação de abandono onde não poderia contar com a pessoa que mais amava, por ser gay. Tentava comer mais não descia, em alguns momentos não conseguia conter algumas lágrimas. Dado momento minha mãe me olha, e vejo nos olhos dela a mesma raiva que havia visto nos olhos dela enquanto fitava Felipe mais cedo no hospital. Ela se levanta e sai da mesa sem terminar de comer. O que era pra ser uma bela noite em família se tornou algo pesado e difícil de encarar.

No dia seguinte, durante o café da manhã foi sustentado o mesmo clima pesado do jantar anterior, nem a nossa troca de presentes que sempre fizemos aconteceu. Com todo aquele clima resolvi sair e andar, precisava distrair a cabeça. Voltei próximo da hora do almoço decido a ir embora no dia seguinte e perguntei ao meu pai se Felipe havia aparecido e ele apenas acenou com a cabeça que não.

A noite tomei coragem e fui à casa de Felipe, afinal tudo estava muito confuso, precisava por tudo aquilo em ordem pois havia prometido passar o Ano novo com uns amigos. Chegando na casa dele antes mesmo de tocar a companhia vi uma bela mulher loira de olhos claros sentada no colo do Felipe, deduzi que só poderia ser ela. Mesmo assim insisti e toquei a campainha, eu iria embora em poucas horas e não podia deixar esse assunto inacabado. Felipe completamente sem jeito veio atender o portão e me convidou a entrar. Ele me apresentou Emilly:

- Dan, essa e a Emilly minha... - senti a voz dele engasgar

- Noiva! - disse ela em um português bem claro - vamos noivar na sexta mas já e oficial! - continuou ela com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Senti meu estômago embrulhar e meus olhos ficarem marejados. Minha vontade era de fugir, porém persisti e segui firme para o meu objetivo.

- Que bom - disse sem a menor empolgação - Felipe eu vim me despedir, resolvi voltar pro Rio mais cedo e resolver alguns assuntos lá. Passei só pra te dar um abraço.

Nisso o abracei mas, um abraço de heteros, daqueles de tapinhas nas costas e meio de lado. Por educação dei um abraço em Emilly e disse a ela que era uma menina de muita sorte. Nessa hora surgiram Tia Nice e o Tio Marcelo na porta! ela com cara de poucos amigos ele super alto astral como sempre foi. Me convidaram a entrar mais recusei disse que estava apenas pra me despedir pois ia voltar pro Rio mais cedo, pude então ouvir Nice dizer entre os dentes algo como "já vai tarde". Ali notei que não era mesmo bem-vindo e fui embora.

Chegando em casa subi e fiz minhas malas, inventei uma desculpa a minha mãe dizendo que tinha algumas coisas pra resolver e não queria deixar pra depois. Ela não disse nem que sim, nem que não e aquilo me machucava demais saber que a pessoa que mais me amava não se importava mais. No dia seguinte sai sem me despedir dela, meu pai me deixou na rodoviária e como tinha que trabalhar fiquei lá até o horário do meu ônibus sair.

Estava lendo um livro pra matar o tempo quando senti uma mão em meu ombro, olhei para trás e vi Felipe. Não queria prolongar aquilo, apenas levantei e segui ao embarque, de forma bruta ele me puxou pelo braço e olhando fundo nos meus olhos disse:

- você não pode fazer isso comigo!

- Cara você vai casar, sua mãe me odeia, a minha mãe me odeia e eu que to fazendo algo a você? Cara me esquece, segue a tua vida que eu vou fazer o que tua mãe me pediu a anos atrás que eu deixar você seguir sua vida. - disse com um nó na garganta.

Peguei minhas malas e fui para o ônibus, antes de entrar ele novamente me da um puxão me abraça e diz chorando em meu ouvido

- esquece todo mundo, eu te amo - disse me entregando um embrulho que estava na mão.

Me soltei dele e embarquei, mais uma vez deixava ele para trás, as 4 horas de viagem pareciam infinitas e não me contive de curiosidade e abri o embrulho que ele havia me dado. Lá dentro encontrei um urso que tinha o perfume dele e um bilhete...

Mais um capítulo... Digamos já estamos na metade da história, como sempre meu obrigado pelos votos e ao Evan Greene, M/A, Anjo Apaixonado, Irish, Geomateus, Melk Serra e Strelan. Até a próxima contato: contos.meninodorio@gmail.com.

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Comentários

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Putaquepariu, têm certeza que essas mulheres são as mães de vocês mesmo, nunca vi tanta preconceito, vixe Maria, mais o bom é que o seu pai te apoia, mesmo que lá trás ele não tenha ficado do seu lado, hoje ele está arrependido dessa atitude que tomou naquela época!!!! 😠😝😒✊💓👏

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Tenso tudo isso. Se prefere ver um filho sofrer a sua felicidade.

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Meus olhos estao marejados, como uma mae pode abandonar um filho, isso é inadimissivel, sua mae vc nao pode, mas passa por cima da nice com trator hahaha, e vai viver com o felipe no Rio, vai ser feliz menino!!!!!

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kramba,no inicio nao dei nada para o conto,mais nao consegui mais parar de ler.

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ja lê duas vezs e chorei nas duas kkkkkk ,cara q pai hein ,se o meu fosse assim kkkkk é horrivel mesmo a dor da pessoa q te criou e falo q te amava te tratar como um nada

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Como foram crueis com voces, os separando! Isso nao merece perdao! Adorando seu conto, cara. Uma das mais belas historias de amor que existe atualmente no site. Estou encantada *-*

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Nossa que história! Mas sua mãe fazer isso é lamentável, essa é a pior parte.

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OHHH CEUS meu coraão fico apertado com esse capitulo

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Capítulo lindo, mas meu coração ficou na mão com isso - como assim ele vai embora e deixa o Lipi para trás, ai ai... Que tudo se resolva, preconceito é burrice, fato - Beijo!

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Tem hora que pensamos por deus me deu essa família. Por que não uma outra que seria capaz de amar agente do jeito que somos.mas paramos e olhamos pois a cada rasteira que a vida nos da. Deus faz agente se levantar bem mais forte. Porque parou logo nessa parte. Espero que você tenha votado para viver o que deus guardou pra você.pois pode ter certeza o que ele mais quer é o amor acima de tudo.não demora a postar e faz maior.

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