Laranjas Parte 2 (final)

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Contém 7958 palavras
Data: 17/11/2014 12:34:17
Assuntos: Gay, Homossexual

PARTE 2

Era um ano muito difícil para os Estados Unidos, aquele de 2001, como todo mundo sabe, um dia, 11 de setembro, mudou de vez o rumo da sociedade americana no inicio do terceiro milênio, e seus reflexos certamente seriam nítidos pelas várias e várias décadas seguintes, mas disso ninguém tinha certeza ainda naquele ano, e por isso a vida precisava continuar, as viagens não podiam ser canceladas, inclusive aquela viagem de avião em que Jason embarcou rumo ao Brasil, que é onde a essa história continua.

Mas, para ser justo, essa parte da história não começa com Jason, e sim Victor, que na manhã daquele dia estava diferente, meio distante e saiu logo cedo de casa para caminhar pela plantação da sua fazenda, que era como ele ganhava a vida nos últimos anos. Novembro vivia e com o verão chegaram as primeiras laranjas maduras nas árvores como pequenos sóis presos à galhos verdes, ele puxou uma dessas frutas do pé e por alguns segundos ficou observando-a, com pensamentos distantes, muito além do que ele gostaria de admitir. Aquele era o dia em que estava marcada a visita do comprador americano, que a uma hora dessas já devia estar em solo brasileiro, se aproximando dali. E se as suas suspeitas fossem fundadas, como poderia fingir que não sabia no que estava se metendo quando recebeu aquele primeiro email de um comprador de laranjas muito interessado em seu produto e que tinha o mesmo nome que aquele outro americano que ele conhecera há muito tempo? podia até tentar se enganar argumentando que Jason Miller não era lá um nome muito incomum na América e poderia ser outra pessoa, até porque aquele Jason que ele conheceu era atleta, e atletas quando param de competir geralmente viram treinadores ou donos de academias, sempre algo relacionado a saúde do corpo, e nunca aconteceria de os dois cruzarem a mesma área de negócio, fruticultura. Seria coincidência demais, novela-das-nove demais. E mesmo que todo esse argumento fosse verdade – continuou pensando, enquanto olhava para aquela laranja em suas mãos – o que o impedia de acabar de vez com aquela dúvida? Chegara inclusive a escrever um email perguntando se por acaso já não se conheciam e que aquele nome lhe era familiar, mas na hora de enviar acabou salvando a mensagem nos rascunhos. O que isso queria dizer? tinha medo que fosse o mesmo Jason ou queria que fosse? O que que havia de errado com ele? odiava tanto aquele cara, e mesmo assim podia estar aceitando-o na sua casa...

Tão mergulhado estava nos seus pensamentos que não sentiu a aproximação de Marcelo, que abraçou-o pelas costas e beijou sua nuca, e Victor se assustou porque na hora, irracionalmente, achou que fosse Jason que estava ali, e seu corpo todo reagiu ao toque, fazendo a laranja cair de suas mãos. Mas tentou disfarçar como pode e até chegou a abrir um sorriso quando Marcelo perguntou, em bom português, se o havia assustado.

"Não, não querido, é que eu estava com a cabeça longe...", respondeu com sotaque puxado, mas já sem cair nas armadilhas da conjugação dos verbos em português que a maioria dos estrangeiros caem. No que recebeu mais um beijo doce, quando Marcelo o abraçava assim, por ser muito maior que Victor, dava a impressão de que ele o cobria todo com o seu corpo, carinhosamente.

"Você está tão avoado hoje..."

"Desculpa, eu fico assim quando estou prestes a fechar um negócio..."

"Se acalme, lindo, vai dar tudo certo, as suas laranjas são as melhores, é claro que ele vai comprá-las. Vem, vamos lá para dentro, se eu tiver uma hora a sós com você eu garanto que faço teu nervosismo ir embora..." Ainda abraçados, era difícil Victor não seguir os passos de Marcelo, que o levou para dentro da casa dizendo besteiras no seu ouvido, e depois o guiou ainda até o quarto.

Marcelo era dois anos mais novo que Victor, que tinha completado 30 no mês anterior. Eles se conheceram há seis anos, quando Victor finalmente tinha conseguido o empréstimo para comprar essa fazenda e começar seu negócio depois de estudar muito bem o ramo, e Marcelo havia acabado de concluir sua faculdade como engenheiro agrônomo e oferecera seus serviços a ele, ajudando-o sem nunca deixar claro que ele estava intimamente atraído pelo russo (naquela época a União Soviética já havia se desfeito) até que um dia teve coragem para se declarar e Victor num primeiro momento ficou sem reação, mas no dia seguinte, quando Marcelo acordou e saiu do seu quarto, foi recebido com um selinho do lado de fora, assim no susto, bem no meio do corredor, e olhou para o rosto do seu patrão, tão lindo, baixinho assim ainda parecia mais novo que ele, com aqueles olhos parecia mais inocente que ele, quase um adolescente, e Marcelo puxou-o pela cintura e o arrastou para dentro do quarto, fechando a porta em seguida; como agora ele também fechou a porta assim que entraram no quarto e levantou Victor no seu colo e tomou para si aquela boca enquanto caminhava até a cama, e como estava de olhos fechados não viu quando trombou nela e os dois caíram no colchão, rindo, e depois retomaram o beijo, enquanto os dedos ágeis de Marcelo desabotoavam a calça jeans de Victor, e tirava-a com certa dificuldade porque ficava bem justa nas coxas e ele afastou um pouco o rosto permitindo que Victor o visse, Marcelo era um típico brasileiro bonito, o cabelo preto não era penteado mas se alinhava bem quando estava curto daquele jeito, a barba rala e bem escura, o rosto branco acostumado a tomar sol todos os dias tinha uma tonalidade dourada saudável que combinava com ele, que vivia distribuindo sorrisos, por ser mais alto também parecia ser mais forte, não gostava de malhar, mas todas as manhãs bem cedo corria pelas redondezas pra manter a forma, e quando tirou a calça de Victor e também a camisa e as próprias roupas deixando os dois de cueca box, era possível notar que estava dando resultado, seu corpo torneado não tinha nada que pudesse estar em outro lugar para deixa-lo mais bonito, ele era perfeito, e quando Marcelo voltou seu corpo para perto do dele, beijando vorazmente a nuca de Victor, bem no ponto fraco, aquele que amolecia as suas pernas e endurecia seu pau, e Marcelo sorriu ao ouvir o resmungo doído escapando da garganta do outro depois desse beijo, e foi descendo beijando aquele corpo, lambendo cuidadosamente os mamilos do ex-ginasta, olhando nos seus olhos, e prosseguindo então mais para o sul pela pele cheirosa, até quase chegar na cueca, quase, pois foi interrompido pelo som de buzina do lado de fora, e Marcelo ainda tentou segurar Victor na cama e fazer o comprador esperar até que terminassem, mas Victor já havia se levantado da cama e olhava pela janela, Marcelo deitou-se decepcionado, sentindo que se não fossem até o fim seu saco com certeza ia começar a doer de tanto tesão que teria que conter, e ele chegou a brincar murmurando que já não estava gostando desse cara. Mas Victor não o ouvia mais, parecia petrificado à janela, assim de costas Marcelo só conseguia ver a sua bunda apertada na cueca box, e não o pau duro, que podia ser devido a transa que eles estavam tentando ter até pouco, ou então outra coisa, como por exemplo o homem que saiu do carro lá do lado de fora e que, como se pudesse pressentir, olhou diretamente para aquela janela no segundo andar onde o ruivo estava, e pela primeira vez em tanto tempo os olhares deles se entrecruzaram outra vez, destruindo qualquer pequena dúvida de identidade que ainda pudesse existir, eram eles mesmos, depois de tantos anos, eram outra vez aqueles dois moleques que saíram perdedores da Olimpíadas de Seul, e ainda, mesmo depois de tanto, havia aquela coisa que fazia seus corpos se atraírem, mesmo que não fossem mais os mesmos corpos, mesmo que Victor tivesse tanto ódio guardado por aquele homem a ponto de seus maxilares arderem, mesmo que as suas mentes estivessem condicionadas a não gostarem de gente do povo que o outro fazia parte, ainda assim era tão fácil saber que se eles não se conhecessem e estivessem se vendo agora pela primeira vez, os olhares seriam os mesmos que foram naquele estádio, de profundo interesse e desejo, porque não eram os corpos que os atraiam, era aquela camada de vida que há por dentro dos corpos e transparece.

Marcelo seguiu até o banheiro do quarto para tomar uma ducha fria e enquanto isso Victor vestiu-se rapidamente e desceu para falar com Jason, degrau após degrau a pensar sobre cada coisa que lhe havia acontecido por causa daquele homem, o inferno pelo qual passou simplesmente por ter achado que aquele americano fosse diferente, fosse um homem decente e que talvez, só talvez pelo jeito que estava o olhando, também gostasse dele. E ao tocar os dedos na maçaneta da porta da frente lembrou que não, mesmo que os dois tivessem tido um dos momentos mais intensos da sua vida, a resposta era não, ele não gostava de Victor como Victor imaginava, caso contrário nada daquilo teria acontecido, e a raiva voltou, intensa como a chama azul de gás em combustão, devorando num segundo as paredes e o teto da casa, os móveis e roupas, as fotografias e moradores. E ao abrir aquela porta foi um outro Victor que saiu da casa, atravessou a varanda e chegou até Jason, um Victor furioso, magoado, cansado, que pegou Jason pela camisa com uma força que ele não costumava usar e o empurrou contra a porta do seu próprio carro, perguntando em seguida:

"Que porra você está fazendo aqui?" na hora, sem pensar, a frase saiu em português mesmo, já nem lembrava quando foi a última vez que falou alguma coisa no seu idioma pátrio.

E Jason, assustado com aquela reação toda, não que ele esperasse uma melhor, conseguiu gaguejar com o pouco que sabia daquela língua, apenas:

"Eu vim... comprar laranjas..."

Palavras trocadas. Era a primeira vez que conseguiam dizer alguma coisa um para o outro, numa língua complexa que nenhum dos dois dominava perfeitamente, mas servia como um escape para aquela situação desesperadora de não terem como expressar o que sentiam.

"Eu não vou vend..." iria dizer aquilo que parecia o mais ajuizado, negocio desfeito, fora daqui, nunca mais me procure. Mas nem a primeira frase conseguiu ser completada sem que Jason percebesse qual era a sua intenção e a cortasse. Não deixaria, não depois de tanto. Mudou completamente de postura, segurou Victor pela cintura e o puxou para si, grudando os seus corpos e fazendo aquela mão do ruivo que segurava sua camisa se apoiar de vez no seu peito musculoso por baixo do tecido.

"Temos um trato, Victor. Você não vai querer me mandar embora assim, sem motivos. Isso seria péssimo para os seus negócios, não acha?"

"Isso é uma ameaça?"

"Sim."

Calados, podiam ouvir o som do vento contra as folhas das laranjeiras. Olhos nos olhos, boca seca, perfume bom. Victor soltou sua mão da camisa do outro, que por sua vez liberou-o do abraço forçado, o ruivo deu um passo para trás.

Marcelo se aproximava deles ainda com o cabelo molhado. Por não perceber o peso do ar ali entre aqueles dois ele foi responsável por dissolver um pouco do mal estar, apertando profissionalmente a mão de Jason.

"Então você é o nosso comprador americano?" dizia, em inglês. "Meu nome é Marcelo, sou o agrônomo da fazenda e posso te mostrar como é o nosso processo de cultivo..."

"Você pode falar em português com ele, Marcelo" Victor interveio, em voz baixa. "O senhor Jason Miller me pareceu ser muito bom nesse idioma.", assim que saíram de sua boca, aquelas palavras desceram pelo seu corpo até chegar ao chão, onde rastejaram feito serpentes.

Marcelo olhou curioso para Victor, aquele tom de voz parecia recheado de uma provocação que não combinava bem com uma negociação daquele porte. Depois voltou-se outra vez para o comprador voltando a ser simpático com ele.

"Que bom, eu não sabia que o senhor era fluente na minha língua, não são muitos os americanos que se interessam pelo português."

No que Jason, acabando mais uma vez com aquela finíssima camada de confraternização, disse: "Você estava tomando banho na casa do seu patrão?"

A principio, não havia uma resposta certa para isso, não havia nada estranho de ele tomar banho ali, mas aquele tom de voz que Jason usou, aquela malicia que ele sabia dosar na medida que desejasse, sugerindo algo a mais, o que também não devia ser motivo para constrangimento, tanto ele quanto Victor eram adultos saudáveis que tinham um relacionamento saudável. Mas assim, dito daquela forma, com aquele olhar julgador, como se quisesse desvendar se isso era uma questão de interesse financeiro da parte de Marcelo ou de interesse sexual da parte de Victor, quem estava se aproveitando de quem, ou até mesmo uma mistura das duas coisas, era algo que soava vil e desprezível.

Mas Marcelo não podia responder como queria, preferiu pensar que foi uma péssima escolha acidental de palavras ou tom de voz, as vezes estrangeiros fazem isso, ele lembrava de quando Victor era novo no país e dizia coisas como "o pau tá duro" em vez de "o galho tá seco" fazendo Marcelo pensar que ele sabia do seu interesse tinha notado o volume na callça que sempre era visível quando estava perto do patrão e estava dando uma indireta, mas não estava. Marcelo nunca ouviu a história do que aconteceu nas olimpíadas de 88, não sabia nada sobre aqueles dois juntos, só pensava em não perder aquela negociação, então precisou engolir a seco todas as gracinhas e também aqueles olhares que vezenquando o americano disparava contra seu patrão, indiscriminadamente, e o levou para uma caminhada pela plantação, enquanto Victor voltou para dentro da casa, se trancou no banheiro, olhou-se no espelho, estava vermelho de nervosismo, raiva, medo, tesão, vergonha, rancor. O ar parecia não entrar direito nos pulmões, fazendo o coração palpitar. Quase podia ouvir outra vez o som daquelas arquibancadas vaiando, os seus companheiros de equipe o xingando e cuspindo, a comissão americana rindo, eram só risadas, sem rostos, e provavelmente Jason fazia parte do coro. Lavou o rosto com água gelada, de novo, de novo, jurando a si mesmo que não sairia dali enquanto não se sentisse mais seguro, mais tranqüilo, caso contrário partiria para cima do outro e só pararia quando tivesse coberto de socos aquela cara entopetada. Mas não podia fazer isso. Era a primeira negociação de grande porte que ele fechava, seria muito bom para sua fazenda ter algo mais garantido do que pequenos contratos com supermercados regionais.

Enquanto isso, numa das veredas entre um pomar e outro, Marcelo tirava uma das laranjas da árvore e a abria com um canivete para mostrar a Jason o quanto eram doces e suculentas. Quando o americano provou a fruta permaneceu em silêncio por alguns segundos, saboreando-a. Era aquele gosto, era precisamente aquele gesto suave que ele sentira no beijo de Victor, há treze anos, já havia provado caminhões de laranja tentando encontrar uma que tivesse o mesmo gosto, o mesmo sulco, mas nunca chegara tão próximo quanto agora, e isso só lhe deu mais saudade daquele dia, só alimentou mais sua gana, não podia esquecer de porque estava aqui, não para conseguir mais uma briga, mas para tentar uma reconciliação. E, interrompendo Marcelo, que falava de como eles não usavam agrotóxicos nem nada que pudesse alterar o sabor original, Jason foi direto ao ponto:

"Então, o que há entre você e seu patrão? Vocês têm um relacionamento mesmo, um casinho de vez em quando, como funciona?"

Marcelo sentiu aquele formigamento correr pelo corpo, primeiro a nuca, espalhando-se por todas as direções, braços, tronco, cabeça, pernas. Desta vez não podia ser um equivoco, nunca ouvira alguém ser tão direto numa pergunta intima dessas, e ainda sem abalar aquele maldito arzinho superior que Jason carregava desde que ele e Marcelo se viram pela primeira vez.

"Me desculpe, mas isso não vem ao caso na negociação das laranjas, não é verdade?"

"Na verdade vem sim, se você for um péssimo agrônomo mas só consegue manter esse emprego porque fode com o patrão e está me mostrando apenas as laranjas que estão em bom estado para depois me vender as piores junto, isso acaba me prejudicando, não acha?"

E finalmente o olhar sempre agradável e simpático de Marcelo se desfez como cinzas na brisa da manhã. Do mesmo modo que ele sabia ser um distribuidor de sorrisos, também sabia ser um ótimo ameaçador, as palmas das mãos se fecharam prontas para acertar murros, as sobrancelhas baixaram sobre os olhos, narinas trabalhando dobrado, ventilando os músculos e veias.

"Eu acho melhor o senhor parar por aqui com essa conversa. Ou não vai acabar bem essa nossa caminhada, muito menos os seus planos de negócio."

"Você está dizendo isso justo pra mim? Como se eu tivesse medo de brigar?" retrucou o ex-atleta, sabendo que aquela camisa que vestia não escondia em nada os grandes músculos dos braços, do peito, das costas e pernas que ele tinha. Jason aos trinta anos era muito mais forte do que foi aos dezenove, os músculos não eram mais juvenis, agora adultos e se encaixavam muito bem na sua estatura de grande leão-de-chácara. "E você não sabe nada sobre os meus planos de negócio, o que eu vim conseguir aqui, garoto."

Gota d'água. No instante seguinte Marcelo investia contra ele, pronto para acertar um soco naquele nariz fino quando Jason segurou-o pelo pulso, interrompendo o golpe, e usando do próprio impulso que Marcelo pegara, jogou-o no chão, com o queixo no pó, apertando o braço do brasileiro contra as costas, quase a ponto de quebrar o osso.

"Que falta de profissionalismo, senhor agrônomo."

"Seu filho da puta. Você aprendeu o que isso significa no seu cursinho? Filho da puta!"

Jason forçou mais o braço, fazendo Marcelo arreganhar os dentes de dor, mas sem soltar um ai sequer. "Agora vamos conversar como dois meninos crescidos. Eu falo, você escuta. Aquele cara que está dentro daquela casa, o cara que paga seu salário, eu o conheço há muito mais tempo que você, quando você ainda estava no ensino médio nós dois já defendíamos os nossos países numa guerra fodida! Tá me entendendo? E conhecendo ele eu sei o que ele quer de você, porque ele achou um brasileiro com esse topetinho que você tem, porque ele decidiu seguir no ramo de plantar laranjas. Não vou te explicar nada disso, você devia saber se é tão intimo assim de Victor, não é? o que importa é que eu só vou sair daqui quando ele estiver comigo, o que quer dizer que pra eu conseguir o que eu vim conseguir, você tem que se foder, não é? então você tem duas opções: primeira, você se fode no ramo privado, perdendo o namoradinho e o patrãozinho, saindo dessa fazenda e conseguindo outro lugar para trabalhar o mais longe que puder daqui; e segunda, você se fode no privado e profissional, quando eu explicar que no meio da negociação você partiu pra cima de mim e sorte minha saber defesa pessoal, mas mesmo assim uma meia dúzia de fazendeiros podem ficar sabendo de como você é violento com os clientes, e quando Victor te demitir você terá que arranjar um trabalho de quitandeiro numa daquelas feirinhas da capital. Sabe o que é quitandeiro?, aprendeu isso no seu cursinho de agronomia?"

Um dos funcionários da fazenda escutara o que parecia uma discussão e se aproximava chamando por Marcelo e perguntando se estava tudo bem por ali, Jason aproximou-se do ouvido do outro e sussurrou: "Agora é com você, big boy, o que você vai fazer?" Soltou-o e se levantou, ajeitando as roupas amassadas, quando o funcionário chegou até ali, um senhor já de idade um pouco avançada com chapéu de palha e viu espantado, Marcelo ainda se levantando do chão, perguntou o que que estava acontecendo por ali, no que Jason respondeu por Marcelo dizendo que ele estava coletando um pouco do solo para mostrar que estava livre de pragas. Não fazia o menor sentido e o homem esperou pela confirmação de Marcelo, que com muita raiva puxou na base da unha um punhado de areia do chão enquanto estava se levantando e disse para o funcionário que era isso mesmo e que ele podia ir já. Mesmo desconfiado, o homem partiu, deixando os dois outra vez sozinhos. Marcelo deixou a terra esfarelar por entre seus dedos olhando nos olhos daquele homem, Jason não aparentava nenhum arrependimento, nem sequer um pingo de temor, o brasileiro simplesmente deu as costas para ele e saiu dali, sabendo que sem acompanhamento, Jason teria bastante dificuldade em descobrir o caminho até a casa principal no meio daqueles descaminhos todos.

Ao chegar na varanda da casa principal, Marcelo encontrou Victor esperando por eles e perguntando porque ele estava tão vermelho e cadê Jason, mas Marcelo apenas o pegou pela mão e o levou para dentro da casa, dizendo com o ar mais sério que Victor já viu:

"Nós precisamos conversar."

***

Longe dali, Jason ainda caminhava sem pressa nenhuma de chegar ao destino, aquele mesmo funcionário de antes chegou a encontrá-lo quando ele estava andando sozinho e perguntou se ele precisava de ajuda mas ele preferiu rejeitar, podia imaginar o escarcéu que Marcelo estava promovendo e não seria uma boa interromper uma discussão dessas. Torcia pelo melhor, que Victor explicasse que ainda gostava dele, Jason, e não podia continuar mais com Marcelo. Mas sabia que isso não aconteceria, pelo menos não assim, tão rapidamente. Jason custou muito para aceitar que o grande pegador da mulherada voltou para casa e foi recebido no aeroporto por aquela sua namoradinha que não aceitava a separação, e ela parecia mais bonita que antes e o abraçou com vontade, esfregando-se toda nele, e ainda assim não sentiu tesão nenhum. Ao longo dos anos, perdera a coragem de tentar um relacionamento com mais alguém, as vezes alguns casos isolados que duravam uma noite e eram igualmente frustrantes, mas ainda assim demorou quase dois anos só para que pudesse formular no pensamento a frase "eu sou gay", e a partir daí procurar pelo paradeiro daquele russo que causou todo esse reboliço na sua cabeça, mas como era difícil encontrar informações sobre um atleta da Rússia que o próprio povo não gostava de citar, já que mesmo que todo aquele evento das olimpíadas nunca tenha ido parar nos jornais, os expectadores que estavam na arquibancada aquele dia entenderam o que estava acontecendo e espalharam a história, tornando-se um mito que nunca era confirmado nem desmentido. E Jason poderia nunca tê-lo encontrado, não fosse um dia ele ter desistido de procurar na internet sobre ex-atletas russos e começasse a procurar por Victor em outros países, julgando que ele poderia ter se nacionalizado como italiano, francês, ou qualquer outro povo que aceitasse-o melhor. E foi quando encontrou no maior dos acasos, há menos de um ano, um jornal regional do Mato Grosso falando sobre o novo fazendeiro da região, Victor (que não era um nome incomum no Brasil, e que por isso o jornal não precisava dizer que ele era estrangeiro) que estava em pleno processo de cultivo de laranjais ao longo de hectares, e havia uma foto dele também, que Jason tocou carinhosamente sobre a tela do computador quando viu. A visão que seus olhos já vinham desistindo de rever estava ali, agora um homem, um lindo homem, com aquele cabelo ruivo e aqueles olhos tão claros, tão verdes, seu Victor que ainda o excitou e fez com que batesse uma outra punheta olhando para a foto, como vinha todos esses anos fazendo as escondidas lembrando daquela transa no vestiário do estádio, a melhor transa da sua vida. E a partir daí passou a estudar freneticamente o idioma português, bolar formas de chegar naquela fazenda no Brasil e não ser enxotado a balas, pensar nas coisas que ainda queria dizer para Victor e que não tivera tempo daquela vez. A segunda chance demorou mais de uma década para chegar, e era possível que uma terceira chance nem viesse caso desperdiçasse essa. Não podia. Faria de tudo para reconquistar aquele homem, para passar o resto dos seus dias com ele, não importava quem se ferisse no caminho.

Jason também pensou que se Victor já tinha um relacionamento com Marcelo era um sinal de que ele aceitara melhor a sua orientação sexual; que Victor era melhor do que Jason nessa coisa estranha que é construir relacionamentos, contar segredos e constrangimentos, dividir histórias e teto, coisa que o americano nunca aprendeu a fazer, simplesmente não fazia sentido antes pensar que outra pessoa estaria em sua casa, esperando para saber do seu dia, porque chegou tão tarde ou tão cedo, o que vai querer para o jantar e essas frivolidades todas. Mas com Victor ele aceitaria, ele pularia sem um segundo de hesitação no precipício de viver junto. Por Victor ele acordaria todo dia mais cedo, se levantaria e escovaria os dentes para fingir que não era como todos os outros, não acordava com mau-hálito e assim que o ruivo abrisse os olhos seria recebido com um doce beijo de bom dia, e ficariam conversando deitados, acariciando o cabelo um do outro, tomando forças antes de preparar as armaduras para mais um dia nessa vida.

Quando estava próximo da casa principal ouviu um carro partindo e sentiu as pernas amolecerem. Era agora, o momento decisivo. Ao subir os quatro degraus da varanda seu coração já tremelicava, no interior da casa o silêncio era tanto que o ranger da porta ecoava pelas paredes, e a silhueta de Victor desenhada na luz da janela notou que o americano havia chegado e agora estava parado ali atrás dele, esperando que ele dissesse alguma coisa, que movesse a primeira peça para que o outro pudesse ver qual seria o tipo de jogo. "O quanto você sabe falar português?" foi o que o ruivo perguntou.

"Não sou fluente ainda na hora de falar, mas entendo bem a língua. Era Marcelo naquele carro que saiu daqui?" Olhando dali, o cabelo vermelho parecia ter luz própria de tanto que refletia os raios de sol, deixando Victor com um halo de luz que delineava todo o seu corpo. Ele havia ficado mais forte com esses anos todos, a ginástica deixara suas coxas e panturrilhas grosas e firmes, assim como a bunda empinada de tão cheia parecia ser feita de pura massa muscular, e nem aquela calça larga conseguia esconder isso dos olhos famintos de Jason. As costas formavam desfiladeiros próximo aos ombros, emaranhados de pequenos músculos em harmonia que iam diminuindo à medida que chegavam na cintura, como se ali houvesse um lugar certo para outra pessoa encaixar as mãos os braços, num abraço intimo, numa foda em pé.

"Ele disse que vai ligar antes de voltar amanhã, para saber se você já foi embora."

"E eu já vou ter ido?" Jason perguntou sabendo que não receberia uma resposta. Só de pensar no tamanho da discussão que os dois tiveram antes de ele chegar seu corpo todo tremia, a uma hora dessas Marcelo já devia saber de toda a história, desde 88. Victor saiu da janela, virou-se na sua direção, se aproximou dois passos, havia uma mesinha de centro entre os dois homens que se olhavam fixamente.

"Me diga a verdade, por que você está aqui? Eu pesquisei, você não é comprador de laranjas, você não tem uma fábrica de suco, você nem sequer trabalha na área..."

"Você ainda não entendeu?" tentou dar a volta na mesinha, Victor deu um passo para trás, assustado com a aproximação, o que fez Jason desistir do movimento. Ainda se entreolhavam. "Eu estou aqui por você, estive procurando por você esse tempo todo, desde aquele dia eu quis te ver de novo e só agora..."

"Para rir de mim como todos os outros? você sabia que os seus amigos mandaram uma carta para a comissão soviética depois que a nação se fragmentou, desejando parabéns aos países menores que não precisavam dizer que agora faziam parte do mesmo país que aquele atleta viado que deu para um americano em meio a uma competição. Não estava assinado, como se representasse a vocês todos."

"Eu não sabia disso. Não fiz parte disso."

"Você não fez parte disso?! Você é a causa disso tudo! Porra, por que você tava olhando para mim naquele dia!?! Por que escolheu a mim para fazer aquela bosta toda? Não podia ter sido qualquer um? Qualquer um! E você virou esse droga desse teu olhar justo para mim!"

"Porque eu gostei de você..."

"Não vem com essa cara! Gostou de mim? Gostou tanto que armou aquela droga toda, chegou a mandar o narrador oficial me mandar para o vestiário, que droga de gostar é esse?!"

"É que você não entende... eu não tinha nada daquilo em mente, o plano veio depois..."

"O plano? É assim que você chama, O Plano? Aquele seu Plano arruinou a minha vida, você entende isso? você entende o que é ser expulso da casa dos seus pais, e ter que ouvir o seu pai, o seu próprio pai, que estava tão orgulhoso do filho atleta representando o país numa segunda feira, na quarta-feira estar gritando na rua o quanto tinha vergonha de mim e que ninguém ousasse me dar abrigo, ou seria tão bicha quanto eu. Meu pai, Jason. Eu tive que morar na rua, mendigar até conseguir dinheiro para uma passagem de trem, pra depois ir embora do meu próprio país, você já parou para pensar nisso? Em algum momento depois daquelas olimpíadas você se dispôs a ir até a Rússia e tentar me ajudar, você diz que esteve me procurando, como? Me procurando em casa, com seu computador, na biblioteca lendo jornais antigos? De que adiantou passar dezoito anos escondendo quem eu realmente era, fingindo que não sentia atração nos rapazes do meu colégio, em alguns colegas porque eu sabia que nenhum deles me entenderia, nenhum deles sentia o mesmo por mim, e que não valia a pena, enquanto não sentisse algo especial por alguém, algo realmente especial, não valia a pena ir atrás, tentar me aproximar, e quando encontro alguém de fora, de um país tão liberal, olhando daquele jeito para mim, e penso que finalmente pode ser alguém capaz de corresponder a isso, era justamente você, com esse seu Plano!"

Jason se sentou no sofá, o corpo arqueado para frente, tanta culpa que não queria olhar nos olhos de Victor. E o ruivo, ainda em pé, vendo isso baixou um pouco a guarda e aquelas lanças de palavras que ele estava a tanto tempo querendo lançar sobre alguém. Como Jason conseguia manter aqueles olhos de menino depois de tanto tempo? O brilho daqueles olhos, até quando estavam tristes, pareciam o de uma estrela atraindo planetas para sua órbita, Victor mesmo sentia-se tão atraído que se não fosse ele que estivesse chicoteando o americano com todas aquelas acusações que ele realmente precisava ouvir, se não fosse ele, sentaria ali ao seu lado e afagaria o seu cabelo sussurrando no seu ouvido "calma, calma, está tudo bem, já passou, já passou" até que Jason voltasse a se alegrar porque ele era tão mais bonito quando estava sorrindo, pouquíssimas as vezes em que Victor realmente o viu sorrindo, mas era sempre algo que buscava ver outra vez.

"Me desculpa, cara..." Jason falou baixinho, quase um murmúrio com tom de choro, o rosto escondido entre as mãos e os cotovelos sobre o joelho. "Eu não sabia direito no que aquilo ia dar, eu não pensava direito nas coisas, só queria transar... e você, quando eu te vi eu senti que precisava ficar com você, não dava tempo de tentar te conquistas, de ficar dias tentando provar pra você que eu não era um estúpido como vocês sempre achavam que os americanos eram... eu queria você lá, naquele dia, naquela hora, e quando aquele cara falou no meu ouvido o plano dele eu só pensava que assim eu podia ficar com você... eu gostava de mulheres, não ia ser nada além daquele dia, mas você... você mudou tudo... eu nunca mais consegui depois daquilo, eu perdi o que eu nem sabia que tinha... você também acabou com um pouco de mim naquele dia... não estou comparando, não é isso, só é que... você foi a melhor coisa de que eu me lembro, e quando eu percebi isso, você já tinha saído de lá, do vestiário, eu tentei de alcançar, eu fui atrás, tentei te proteger, mas..." a frase parecia ter uma continuação por algum tempo, até que com o silêncio, os dois foram desistindo de esperar, era assim mesmo, acabava com "mas...", às vezes as coisas ficam incompletas na vida.

"E agora, o que você espera? Que eu te perdoe e simplesmente finja que nada daquilo aconteceu, que eu não passei treze anos falando o meu próprio nome com hesitação, com medo de que alguém me relacionasse a aquela história?"

"Isso não diz respeito a ninguém. Nós termos ficado juntos aquele dia não muda nada na vida de ninguém a não ser na nossa, a gente só não pode ficar o resto da vida pensando naquele dia, foi um dia..."

"Foi um dia que mudou tudo..."

"Foi um dia. Ponto. Um monte de coisa acontece em um dia, mas é só um dia, nós temos a vida toda ainda..." Jason se levantou, aproximou-se dele terminando de contornar a mesinha de centro, segurou habilmente os dois braços de Victor e foi levando-o para trás, levando-o de encontro a parede, Jason sempre fazia isso, tirava as saídas, encurralava Victor, porque ele não podia fugir sempre, tinha que haver uma hora em que aceitasse o que queria. segurava os dois braços do ruivo erguido na parede, formando um "Y" com o corpo do outro, e assim Jason também ficava com os braços esticados, seu corpo todo cobrindo o corpo do outro, desconcertando-lhe a respiração.

"Você não devia me segurar assim..." Victor murmurou, sem nenhuma convicção, afogado naqueles olhos.

"Seu beijo ainda tem gosto de laranja?" Jason retrucou, ignorando o comentário do outro, e logo em seguida roubando um beijo daquela boca, um beijo voraz, faminto, furioso, muito maior que qualquer outro beijo que já tenham dado naquela outra vez, e mil vezes mais intenso que os beijos de Marcelo, era o beijo que só os dois juntos conseguiam fazer, só deles aquela forma de pressionar as bocas sem bater os dentes, sem chocar os narizes, como se soubesse o que o outro ia fazer e soubessem corresponder a isso. quando se afastaram para tomar um pouco de ar, as testas dos dois se juntaram enquanto respiravam, ofegantes, e Jason abriu aquele seu pequeno sorriso safado. "Ainda o mesmo gosto, meu ruivo", no que Victor mostrou do que era capaz e se soltou das mãos dele sem dificuldade, dava para ver que ele era tão forte quanto Jason e poderia ter feito isso desde o começo se quisesse, mas quando se soltou foi para segurar a cabeça do americano, pelos cabelos mesmo, e puxa-lo outra vez para si, em mais um beijo.

Victor afastou-se por um instante, olhando nos olhos de Jason, com os lábios inchados já nos primeiros beijos, e acertou um soco no peito dele, um soco forte, de deixara pele vermelha, gastando aquela raiva que ele sempre guardou ali dentro, não só de Jason, mas de ter nascido onde nasceu, de ter vivido como viveu, raiva de pagar como se fosse um criminoso por um crime que nem existe, que não é real, gostar de outro homem. "Isso, me bate" Jason falou, sorrindo, "vem, bate mais, desconta em mim" outros socos vieram, e ainda assim o pau de Jason só endurecia, ele tirou a camisa, o peito vermelho, e Victor continuava batendo enquanto ele também tirava a camisa do outro, grudou seu corpo ao dele, segurou o seu rosto com as duas mãos e mergulhou para outro beijo, enquanto as mãos de Victor acertavam-lhe socos nas costelas, arranhões nas costas, unhadas na nuca. "Sinto que vou sair daqui direto para um hospital" brincou entre um e outro estralar de lábios.

Victor foi empurrando-o para trás, indo junto, abraçados, inseparáveis, até que Jason caiu no sofá e o outro em cima dele, segurou-o pelo topete, droga, Jason não se sentia assustado com toda aquela violência, Victor pensou, ele tava gostando, seus olhos e seu sorriso não escondiam que ele estava gostando daquilo tudo. e Victor foi beijando seu rosto, sua nuca, seu tórax, algumas mordidas, alguns arfares, mas Jason se contorcia era de prazer, enquanto o outro caminhava com a boca pelo seu peito, sua barriga, puxou sua calça para baixo, sua cueca, deixando o americano pelado. "Tira a sua também" Jason sussurrou, "tira pra eu te ver inteiro". Ele foi obedecendo, tirando aos poucos a calça, revelando suas coxas grossas, os ralos pelos ruivos pareciam dourados, a cueca ficou, Jason tentou tirá-la mas recebeu um tapa na mão, Victor sentou-se sobre os joelhos dele, segurando firme o seu pau e começando a massageá-lo, Jason cruzou as mãos embaixo da cabeça, feliz, realizado, agora sim estavam sendo eles mesmos. Com toda sua elasticidade, Victor desceu de corpo todo ficando precisamente na altura daquele pau, ainda parecia o mesmo de que se lembrava, sempre lembrava dele, sempre sonhava com ele, com aquele dia, e depois disfarçava de Marcelo que havia acordado todo melado, agora não era sonho, sua boca foi abrigando outra vez aquele pau, sentindo aquele gosto, aquela textura, os corpos exalavam seus perfumes que combinavam um com o outro, Jason soltou um ahhhh gostoso com o calor da boca do outro, os lábios macios faziam seu corpo arrepiar, e naquela posição ele podia ver a bunda de Victor voltada para cima, mal conseguindo se esconder por baixo daquela cueca branca e fina, e seu desejo de tanto tempo o fazia babar, aquela bunda seria sua outra vez, quando Victor deu uma apertada com a mão no seu saco ele teve medo de gozar, aquele cara sabia tudo o que ele mais gostava, o que mais o excitava.

Jason sentia suas coxas serem apertadas com força pelas unhas do ruivo, o espaço vão entre a bunda e o saco de Victor estava precisamente no joelho ele e Victor se mexia devagar, se excitando assim e o dedo da mão direita que estava massageando suas bolas foi descendo, curioso, pelo caminho secreto, desbravando as musculosas nádegas de Jason, ele olhou para Victor, assustado, como quem pergunta "o que você está fazendo" mas os olhos do ruivo estavam seguros, ele não estava pedindo permissão para continuar, iria até o fim agora, se Jason não quisesse teria que parar tudo o que estavam fazendo, e estava bom demais para que ele sequer cogitasse essa hipótese. Outro dedo acompanhou o primeiro pela viagem ao centro do corpo do americano, deslizando pelo seu rego fechado, prosseguindo até encontrar a entradinha, e como recompensa a boca de Victor foi até o fim, até os pelos quando ele chegou, fazendo Jason arquear as costas para sentir bem seu pau lá dentro, e não percebeu que essa foi a deixa para que um daqueles dedos entrasse, dominasse-o, e ele sentiu aquela dorzinha junto ao grande prazer de ser chupado e seu corpo relacionou as duas coisas, que no fundo estavam mesmo relacionadas: era prazer, ponto.

A coluna de Victor soergueu-se outra vez, parou de chupar, mas o dedo ainda estava lá, eles se olhavam com outros olhos, Jason com um tanto de medo, aquele dedo já não doía mais, mas ele sabia para onde aquela estrada ia, como iam acabar e isso o assustava, sabia de histórias, imaginava, e mesmo que fosse Victor, e que aquele dedo que agora ia e voltava devagarzinho, estava lhe dando prazer, não sabia se seria assim até o fim. Victor tirou o próprio pau pela parte de baixo da cueca, tocou meu rosto com as pontas dos dedos.

"Eu sou teu. Você é meu..." ele disse, erguendo as pernas de Jason para cima dos seus ombros. O americano respondeu: "Eu sou teu. Você é meu."

O corpo de Victor se aconchegando ao seu, as coxas dele embaixo das suas para erguer um pouco mais, expondo a bunda do americano, um camisinha na gaveta do criado-mudo ao lado do sofá, colocou-a sem que o contato visual se quebrasse, em todo o tempo os olhos não fugiram um do outro, nem quando a cabeça começou a entrar, e Victor se deitou para ter um encaixe melhor, sobre o corpo de Jason, num frango assado, se apoiando nos braços como se estivesse fazendo flexões sobre o sofá, e o rosto dos dois na mesma altura, os lábios de Victor roçando o nariz, a testa, a bochecha de Jason enquanto o pau entrava, seco, dilacerante, e Jason contorcia-se de dor mas não desviava o olhar, não fechava a bunda, não proibia a entrada de Victor, queria provar que ele também estava ali por completo, entregue, sem retorno, e o pau entrava. Quando estava todo para dentro, já não havia mais vontade em Victor de acertar-lhe socos, a raiva se foi naquele ato, havia só um carinho especial pelo homem embaixo dele, com as pernas abertas e os pés sobre o seu ombro, aceitando a dor que devia ser terrível, a primeira vez assim sem lubrificantes, só para provar que ainda era seu, todo seu. Demorou muito até que as estocadas começassem, ficaram parados, unidos, um só corpo, um só peito batendo por dentro, coração. Até que, bem lentamente, Victor começou o vai e vem, e Jason passou as mãos pelo corpo dele, pelos seus braços que estavam todo esse tempo com os músculos tesos, suportando todo o peso do seu dono, pelo seu peito, pelas suas costas, seus cabelos, seus lábios, tão lindos seus lábios, que Jason foi puxando-os para baixo, permitindo que Victor relaxasse sobre ele, e quando se encontraram se beijaram, e o pau ia e voltava lá embaixo, dentro e fora do corpo do outro, que gemia por dentro do beijo, por dentro da alma, e desceu as mãos e rasgou a cueca de Victor sem dificuldade, deixando-o nu sem interromper a foda, e apertou sua bunda e o puxou mais para dentro do seu corpo, começou a rebolar no pau de Victor, que sorriu, Jason não perdia aquele rosto safado nunca. Virou-o de lado, aconchegaram os corpos mais intimamente, e continuaram uma estocada após a outra, Victor beijando as costas de Jason, e depois de muito tempo, quando estavam próximos de gozar, Jason surpreendeu e subiu no outro, deixando Victor deitado no sofá enquanto ele quicava no seu pau, "Assim você acaba comigo" Victor falou, e isso só lhe deu mais vontade de dançar sobre o seu corpo, até que Jason gozou no peito dele, urrando, soltando palavras desconexas em inglês, que não precisavam de significado, e logo Victor foi estocando seu pau mais para dentro, rápido, rápido, até explodir também, dentro dele, na camisinha.

Deitaram-se, aninhados como filhotinhos, a mão de Jason repousando tranquilamente na bunda de Victor, e a mão de Victor acariciando o cabelo do americano, separando fios uns dos outros daquele topete.

"Como eu pude ficar tanto tempo sem você?" Jason falou.

"Como eu pude fingir que não sentia tua falta?" Victor emendou.

Uns minutos de silêncio, ambos de olhos abertos, Victor fitando o teto, Jason fitando a parede, a orelha do americano colada no peito do russo escutava as batidas, ali era o seu lugar, bem ali, recostado no corpo do outro, aspirou um pouco do perfume de Victor, plantou um beijo perto do seu mamilo. Logo, a mão que repousava sobre a bunda de Victor começou a se mover, apertando a massa branca. Victor olhou para ele, querendo ter certeza se era isso mesmo, Jason sorria. "Você tem mais uma camisinha?" ele perguntou.

Logo estava com o rosto lá embaixo, beijando a bunda de Victor, aquela bunda grande e redonda que ele amava sentir, e num 69 de lado Victor chupava seu pau outra vez, com as mãos agarradas nos músculos das coxas de Jason, prontos outra vez. A língua de Jason dava movimentos longos nas nádegas, no rego, nas coxas, mas sabia fazer círculos perfeitos quando chegava no cuzinho, fazendo-o piscar e se abrir. Deixou Victor de quatro no sofá para aproveitar melhor aquela bunda, finalmente sua, para sempre sua, e tratou bem dela antes de começar a projetar seu pau para dentro, a camisinha não conseguia esconder as veias ansiosas, e Victor soltou um grunhidinho meigo quando estava com a cabeça dentro, Jason pediu para ele fazer de novo, ele fez, levantando mais a bunda, e isso foi o bastante para que Jason se jogasse para frente, sem medo, entrasse todo nele, segurando-o pela cintura, pelos quadris, o corpo de Jason ficava parado, ereto, enquanto ele jogava Victor para frente e para trás, agora você é meu, agora o teu corpo é meu, só meu, você não vai mais atender as ligações de Marcelo, você nunca mais vai vê-lo outra vez, porque o que você precisa você tem comigo, e eu com você, assim, assim, que bunda gostosa meu ruivo tem, como meu amor é gostoso, isso, assim, joga essa bunda em mim, acaba com o meu pau, ah, ah, hum.

Quando estavam próximos do segundo gozo, Victor levantou o corpo, ficando os dois de joelhos no sofá, e Jason beijou a sua nuca, a sua orelha, virou seu rosto e beijou sua boca, para que gozassem assim, no meio de um beijo apaixonado, e gozaram, juntos, juntos, juntos, no mesmo momento exato gozaram como duas galáxias com órbitas que se cruzam e tornam-se uma só galáxia, gigantesca e imperial, girando num único eixo brilhante.

Deitaram-se exaustos de vez, agora sem forças até para falar, Victor deixaria para outro dia os detalhes do que ele e Marcelo conversaram pouco antes de Jason chegar, de como ele confessou que, apesar de tudo, era aquele americano que ele amava, era desde o começo, desde aquele dia, um amor machucado, com certeza, um amor de roupas maltrapilhas e pés descalços, mas que ainda vivia ali dentro, e do qual Victor não conseguia se livrar; e Jason deixaria para outro dia a verdade sobre o negócio das laranjas, que iriam para uma empresa americana de uma amiga dele, porque ele mesmo jamais trabalhara no ramo, mas o negócio não precisava ser desfeito, a amiga sabia de tudo e esperava ansiosa que o negocio não fosse desfeito, nem o que os dois sentiam um pelo outro. Tudo isso ficaria para outro dia, agora, bastava descansar assim, juntinhos, sem pressa nem nada que pudesse separá-los outra vez.

"Te amo" Jason falou, sem perceber que havia falado em inglês, pouco antes de pegar no sono.

"Te amo" Victor respondeu, também não notando que as palavras haviam saído em russo, mas não importava, naquele momento eles se entendiam independentemente do idioma. Pegou no sono também.

Ambos sonharam com o vasto laranjal lá fora, estendendo-se por quilômetros, até o sol poente no horizonte.

fimACABOU... BOM, PESSOAL, ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESSA HISTÓRIA TANTO QUANTO EU GOSTEI DE ESCREVE-LA. AGRADEÇO AO CARINHO COMENTARIOS DA PRIMEIRA PARTE E PEÇO DESCULPAS PELA DEMORA EM MPOSTAR O FINAL, E TAMBÉM PELA EXTENSAO DO TEXTO, FICOU GIGANTE, NÉ? MAS MESO CORTANDO VÁRIOS PARAGRAFOS EU NÃO CONSEGUI DEIXAR MENOR SEM QUE SE PERDESSE ALGUMA COISA IMPORTANTE, MAS ENFIM. SINCERAMENTE ESPERO TER TRAZIDO UMA HISTÓRIA DE AMOR DO JEITO QUE EU IMAGINEI. ATÉ A PRÓXIMA!

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Comentários

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Eu daria dois tiros com bala de sal grosso no meio do peito dele sem exitar

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Quando o conto é bom, quanto maior o texto, melhor. Amei esse conto e foi por conta de alguem que tava procurando por ele que cheguei aqui. Vou ler todos os seus contos agora

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Mais um xapitulo. Fecha com chave de ouro!!!!

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Gostei muito. Só que sinceramente, eu preferia que ficasse com o brasileiro. Eu acho que ele sofreu muito. Foi um conto mágico e independente da minha opinião é um dos melhores publicados aqui. Você é um gênio. Muito obrigado por me permitir conhecer sua mente brilhante

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Amei, que fofo, uma pergunta, o sonho com o laranjal estendendo-se até o sol poente no horizonte, é uma metáfora né? Significa o amor deles? O amor eterno?

Eu amei muito seu conto, eu achei tao fofo a parte de não precisarem se entender para compreender um ao outro, achei tao magnifico, tao grandioso esse conto, por ele ser algo simples, e bem feito, fora do normal, algo que foi meio que esperado e inesperado ao mesmo tempo, já que esperávamos algo bom no primeiro texto, mas veio aquele terrível acontecimento que os separou, mas também era esperado isso, já que eles alem de não falarem a mesma língua, não podiam ficar juntos naquele momento.

Fiquei horrorizado com o modo que os russos e os americanos trataram o Victor.

Fiquei enojado com a atitude do Jason tentando entender seus sentimentos, transando com um carinha qualquer, mas a vida é feita de erros, fazer o que?

Sabe, eu fiquei meio triste quando o Victor foi pro quarto com o Marcelo, mas depois fiquei feliz quando ele ficou desconcertado vendo o Jason.

Fiquei tao feliz vendo o Victor beijando o Jason e aceitando ele de novo, achei tao fofo o jeito dele de agir batendo e beijando ao mesmo tempo.

Quando o Victor começou a descer os dedinhos dele indo de encontro ao anus do Jason eu pensei, agora o Jason estraga tudo negando, mas ele não o fez, ele se deixou penetrar, mostrando quanto seu amor é verdadeiro, pois, para um ex hétero, é meio complicado permitir que alguém o penetre, mas ele deixou, achei muito fofo tudo.

Minha nota é 10, se eu pude-se dar uma nota maior, eu daria, mas o site só permite até o 10.

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Como os outros dois esse foi maravilhoso. Ótima historia. Esperando para mais contos e o tamanho, nos seus contos não são os problemas, e como o StoryBoy falou, daria uma novela ou filme, muito bonito. E use e abuse da sua criatividade para nos alegrar. Sucesso e tudo de bom. =D

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Uau cara, ficou linda, parabéns mesmo, amei a sua estoria!

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Ficou lindo, no começo da leitura pensei (uau, daria uma novela) - como gosto de ler muito o tamanho do texto em si não me preocupou. Enfim, 11 de setembro é meu dia (completava 10 anos quando aconteceu o atentado) - podia sei lá, ter mais um capítulo (né), enfim - mas tudo na vida tem seu começo, meio e fim - Ótimo trabalho, me gusta - Um beijo e duas laranjas procê!

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