A Primeira Vista [Revisado] 05

Um conto erótico de Igor Alcântara
Categoria: Homossexual
Contém 2507 palavras
Data: 19/11/2014 02:12:03
Última revisão: 17/01/2015 23:33:01

A primeira vista – Capítulo 05

Nós estávamos gostando um do outro. Isso é fato. Conversando hoje sobre esse tempo a gente chegou nessa conclusão. Só estávamos sendo “educados” e civilizados o suficiente pra não admitir de cara que o que mais queríamos era estarmos juntos.

Pensar no Kaio me fazia rir. Rir porque tudo aconteceu muito rápido. Tudo ainda estava acontecendo muito rápido. Eu pensava sobre estar apaixonado mas de novo o pensamento de que tudo estava rápido demais me fazia ficar inseguro. Será mesmo possível as pessoas se gostarem tanto assim de primeira e já quererem a todo custo ficarem juntas? Porque era assim que eu me sentia.

Eu o queria pra mim. Pra chamar de “meu namorado”. Pra ter a satisfação de acordar do lado e dar bom dia, sabe? Eu nunca havia me sentido assim por ninguém nem nas maiores paixões adolescentes que todo gay quase que em regra tem no colegial e acha que achou o amor da sua vida. Ele parecia estar gostando de mim mas ao mesmo tempo eu o via só como um cara simpático que convidou o amigo pra viajar.

Bom, o mesmo cara simpático que me convidou pra viajar estava imóvel como uma pedra e fungando no meu cangote de um jeito que eu tinha medo de olhar pra trás e constatar o quão perto nós estávamos. Poxa, ele podia ir com mais calma né... Me atrair pra centenas de quilômetros longe de casa pra me encoxar na cama à noite? Mas quem disse que eu não estava gostando?

Já passara um bom tempo desde que decidimos dormir e pra ele estar tão parado devia tá dormindo mesmo. Criei coragem. Me virei de frente pra ele. Ele dormia feito uma criança, os lábios levemente abertos, o cabelo quase caindo nos olhos. Lindo. Mas gente, então ele não tava com maldade como imaginei. O cara apagou mesmo. Eu o observei por um tempo. As feições, os contornos. Eu definitivamente estava apaixonado. E o pior, eu não lembrava exatamente onde isso começou. Não há uma linha entre amigos e apaixonados visível o suficiente pra você tomar cuidado e não atravessar caso não queira. Não há!

Não sei por quanto tempo fiquei naquele voyeurismo na penumbra do quarto mas também peguei no sono. Acordei com barulhos na cozinha. Logo a porta do quarto abriu com um barulho horrendo da fechadura sem óleo.

Marcos entrou no quarto sem bater e ficou nos observando por alguns segundos. Era impressão ou ele estava checando algo?

- Kaio? Igor? Bora? – Ele disse da porta.

A gente ainda estava de frente um pro outro.

- Vamos sim. – falei jogando o lençol pro lado e os pés pra fora da cama. Marcos continuou alí, parado na porta. Eu me virei e o olhei. Ele sorriu, acenou com a cabeça e saiu.

Levantei, peguei minha toalha e escova. Kaio nem se mexeu.

- Kaio. Tá na hora cara, vamo. – Ele começou a se espreguiçar. Grunhiu alguma coisa esfregando os olhos. Abriu os braços enormes.

- Bom dia! – um sorriso grogue. Só aquela cena já me excitou. Eu sorri e saí do quarto.

Saí na sala e fui pro banheiro. Milena estava limpando tudo, Junior sentado encima da mesa e Marcos sentado na cadeira convencendo o Junior a comer umas coisas. Era incrível, ele era paizão de todo mundo mesmo! Quando terminei e fui abrir a porta pra sair do banheiro, Kaio está do lado da porta com aquela cara emburrada de quem queria dormir mais 10 minutos com o cabelo todo desgrenhado.

Tomamos café juntos e fomos pro carro. Mesmas posições de antes no carro. A viagem de volta foi bem mais rápida, conversávamos pouco e logo me deu sono. Não gosto de sentir sono enquanto viajo porque penso que o motorista também vai sentir, daí já viram né... Kaio nem se fala. Junior desabou no meu colo. Segundo dizem, Kaio e eu encostamos nossas cabeças inconscientemente e dormimos. Acordamos quando estávamos adentrando nossa cidade. Um espanto visto a duração da viagem e o fato de estarmos naquela posição embaraçosa em frente Marcos e Milena.

Me deixaram em. Ao sair do carro escutei Kaio gritar:

- Igor, eu te ligo depois.

Eles só saíram depois que entrei de fato no prédio. Estava cansado. O sol acaba com você. Não desfiz a mochila. Só caí na cama e dormi. Acordei já era fim de tarde. Barriga colada nas costas porque não havia almoçado. Lavei o rosto e fui preparar algo pra comer. Apesar do protetor eu tinha me queimado um pouco. Sentia algumas áreas arderem. Meu celular tinha 2 chamadas perdidas do Kaio. Isso me fazia rir feito uma criança boba. Ele ligou cara! Não era coisa da minha cabeça. Retornei.

- Igor?

- Oi, vi suas ligações...

- Então, tá a fim de sair pra comer alguma coisa. Liguei mais cedo pra combinar.

- Claro. – Apagando mais uma vez a chama do fogão. Eu jamais negaria. – Que horas?

- Agora. Já olhou no relógio? São 18h! – Aqui no Piauí as pessoas jantam cedo mesmo.

- Ótimo. – Ele podia falar a hora que ele quisesse. Claro que estava ótimo! – Eu já tô esperando.

- Então eu já estou indo.

- NÃO! Espera... Quer dizer... Eu tenho que tomar banho. Tava dormindo. Vem daqui há uns 20 minutos.

- Tá ok.

Era tão bom estar com ele. Ele chegou logo no carro.

- Pra onde? – Perguntou quando entrei.

- Cara tô morrendo de fome. Qualquer lugar.

- Aguenta aí!

Fomos pra um restaurante legal na cidade. Comemos e por fim tomamos um bom vinho. E adoro vinhos.

O vinho nos deixou mais alegres... No caminho ele ligou o som do carro. Era “With Me” do Sum 41. Eu fiquei cantarolando mais uma vez só que por conta do vinho um pouco mais alto que de costume.

- Vai ser cantor se falir como advogado. – falou rindo de mim.

- Que nada. Se bem que de plateia eu só tenho você e meu chuveiro. – Passamos da minha casa – A gente tá indo pra onde?

- Você soube que ontem enquanto a gente estava fora um parque chegou aqui na cidade?

- A gente vai lá? – Ele apenas riu e acenou a cabeça em resposta.

Eu não sou nada fã de parques de diversão mas não podia bancar o chato. Já devem imaginar. Um parque numa arena, tudo enorme, luzes pra todo lado, muita gente e gritos desesperados vindo dos brinquedos. Eu não sei como as pessoas andam naquilo, sério...

- Kaio, cara eu não vou andar nessas coisas.

- Relaxa, a gente só vai dar uma volta por aí. Nós acabamos de comer, andar num brinquedo desse é tentar suicídio!

Começamos a andar entre os brinquedos. Tudo era gigante. Kaio olhava pras coisas e olhava pra mim rindo e apontando. Deus, eu estava com uma criança!

- Cadê o Marcos?

- Por aí com a Milena. Eles passam muito tempo longe, não se desgrudam quando ele está por aqui. Marcam o casamento antes dele voltar pra plataforma.

- Sério? Que legal... Ela realmente pareceu ser legal e parece que se gostam também.

Nessa hora começou a tocar no parque a música “Kids” do MGMT, eu adoro essa música. Muito sugestiva pra um parque de diversão.

- Namoram desde a faculdade acredita? Ela também é formada em Contábeis com ele.

Fomos andando só olhando pra os brinquedos em direção a algum lugar que só o Kaio sabia onde era. Eu só o seguia.

Até que chegamos numa barraquinha de uma snehora magrinha e bem simpática. O sorriso dela era quase sem dentes, tinha os cabelos brancos nos ombros mas de alguma forma ela continuava rindo e entregando coisas bem pequenas nas mãos das pessoas. Eram balas de borracha. Era um daqueles jogos onde você atira com uma arma em seu prêmio. Tinha bichos de pelúcia, brinquedos e até doces.

- O que você quer? Pode pedir. – Já pegando a arma, carregando com aquelas mini balas e mirando esperando minha resposta. Senti vontade de rir. – Que tem? – Ele riu.

- Nada cara, é que você tá parecendo uma criança com esse entusiasmo todo. Tá tão lindo! – Mais risos. Dessa vez ele ficou me olhando. Agora eu me dei conta da burrada que falei. Corei. Ele apenas riu, deu os ombros e de novo pegou a arma e mirou.

- Vai. Pede de uma vez.

- Eu quero aquele avião alí. – Tentei disfarçar - O vermelho, é minha cor preferida.

Fiquei procurando onde pôr a cara enquanto ele preparava o tiro. Que vergonha do que eu tinha dito!

Ele se ajeitou... Mirou... Atirou... E não é que acertou mesmo? O avião foi ao chão.

- Uhh! Não disse?! – recebeu e me entregou o avião. – Tenta você agora.

- Eu?

- É! Agora você vai. Eu quero o mesmo avião que você, só que azul.

Eu o olhei incrédulo.

- Você vai realmente me fazer passar por isso? Eu não sei atirar!

- “É a minha cor preferida” – Disse tentando me imitar.

Eu peguei a arma sem jeito, apontei, atirei e errei. Claro que errei. Seria sorte demais acertar de primeira.

- Não Igor... Tá errado. Assim. – Todo concentrado, ele veio pro meu lado e me ensinou a pegar na arma. Muitas pessoas também tentavam.

Eu mais uma vez apontei, atirei e errei.

- Já chega! Vamo pra outra coisa. – Nunca pensei que um brinquedo pudesse ser tão humilhante. Todo mundo acertava, menos eu!

Ele bufou. Pegou a arma e minha mão.

- Deixa de coisa. Presta atenção... Eu tô te ensinando... Assim...

Me ensinou e segurar mais uma vez, apontou e atirou só que dessa vez sem me soltar. Acertamos o avião.

- Viu. – O hálito quente dele perto do meu pescoço me eriçou. Acho que ele percebeu, me olhou por um momento e me soltou. Pagou os tiros e pegou os aviões.

Saímos pro carro com os aviões de plástico.

No caminho pra casa íamos escutando Florence, era “You Got the Love”. Uma das músicas que mais gostava. Dessa vez ele começou a cantar primeiro que eu.

- Kaio essa música me deixa tão feliz. Sempre que escuto me faz bem, é disso que a letra fala até...

- Ah... Florence é demais.

Seguimos cantando.

“When food is gone you are my daily meal

When friends are gone I know my saviour’s love is real

Your love is real

You got the love… You got the love... You got the love.”

No fim da música já estávamos cantando alto que nem a própria Florence. Quando a música acabou parece que a realidade veio à tona, começamos a rir muito. Estávamos sendo amigos. Estávamos compartilhando momentos. Estávamos começando a adentrar o mundo um do outro de uma forma que quem está apaixonado sabe que alí você já ferrou com tudo, porque não há como voltar atrás. Dalí em diante só há uma saída. Se entregar.

- Que performance! – eu exclamei. Ele só gargalhava da maneira mais gostosa possível.

Chegamos em minha casa.

- Ah... Cara foi ótimo. Você tem me divertido como ninguém há tempos. – Quando olhei pra ele, ele segurava o volante do carro com uma cara séria. Me olhou ainda muito sério. Foi o suficiente pra eu corar e não saber o que fazer.

- Igor... tá sendo muito legal te conhecer. Você é... diferente. – Eu ainda vermelho e sem ar com aquela cara séria dele.

- Sim. Muito legal te conhecer também. Vai ser melhor ainda ano que vem na faculdade.

Ele segurou meu pulso esquerdo. Ainda muito sério ele soltou o cinto de segurança e se inclinou.

Nós nos beijamos.

Foi suave. Devagar. Macio. Molhado. Passou a outra mão na minha nuca e me deu mais um beijo. Separamos nossos lábios lentamente, sentia sua respiração perto da minha boca. Ao pouco abrimos os olhos. Ele pôs o dedo no meu queixo e me olhou. Se antes ele estava sério, agora ele parecia desesperado. Os olhos enormes quase saltando. Nervosismo em pessoa! O menino ia explodir!

Eu não aguentei. Ri. Aí sim o clima voltou ao normal e ele também sorriu envergonhado.

- Eu esperei tanto. Você não sai da minha cabeça. Não sai. Eu passo o dia querendo te ligar, querendo escutar tua voz, passo na frente da tua casa querendo dar a sorte de te ver e ninguém corre 10h da noite, eu queria era te ver mesmo.

Ficamos em silêncio enquanto ele olhava pra minha mão esquerda e fazia carinho em um dos meus dedos. Eu não sabia o que isso significava. Ele continuou:

- Você gosta das mesmas cosias que eu, é tão educado, até meu irmão gostou muito de você. Eu tô completamente apaixonado por ti desde aquele dia em que saímos pela primeira vez. – ele disparou – Talvez seja cedo ainda pra dizer mas hoje é isso que eu sinto. Eu gosto de você.

- Eu também já não paro de pensar em você há um tempo. Eu não me sentia bem no começo porque essa coisa de estar apaixonado é meio boba pra mim e... – Ele se inclinou e me calou com mais um beijo. Outro. Outro. – Olha eu preciso ir. – Eu tive que dizer - Amanhã é segunda e a vida volta ao normal mas a gente vai continuar... Se vendo, sando... Enfim.

- Com toda a certeza. – O celular dele acendeu com uma mensagem do Marcos - Eu tenho que devolver o carro pro meu irmão agora. Amanhã eu te ligo, ta bom?

- Tá bom. – eu ria. Nos beijamos mais uma vez. Não era suficiente. Saí do carro e o ritual de chagada vocês já sabem. Só saiu depois que entrei no prédio. Deus, eu estava transbordando de alegria. Como eu ia dormir aquela noite?

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Oi oi gente! :)

thigor_ps: Pois já que não lembra direito acompanha aí e me diz o que achou ok? Obrigado.

Kevina : Me fala o que te intriga! Eu vou tentar responder haha

Irish: Tá aí o beijo! :)

Junynho Play: Eu não me considero tão bom escritor mas eu te garanto que eu fico feliz em saber que eu não sou a última pessoa do mundo que gosta de romances. Eu adoro. Virei totalmente romântico depois que comecei a namorar.

Drica (Drikita): Ui! Adorei isso da química, da essência! hahaha Sim, temos tudo isso sim, graças a Deus! Obrigado!

love31: QUe legal então! Obrigado!

Vitinho'66: Ainda não tive tempo de ler com cuidado mas adianto que já estou rondando seu perfil.

Higor Melo: QUero fazer quem já leu sentir as mesmas coisas da época que leu pela primeira vez hahaha Isso é bom!

Obrigado a todos vocês. O capítulo hoje saiu bem mais tarde porque eu saí da faculdade daí fui ver o Kaio que tá meio gripado por conta da mudança repentina no tempo, depois fui terminar um trabalho e quando fui ver já era mais de meia noite. Daí fui dar uma última revisada e olha só que horas eu tô terminando! Mas tá aí.

Aqui no nordeste deu a louca e o inverno que só deveria chegar daqui um mês foi adiantado e não se faz outra coisa a não ser chover sem parar!

Aproveitar pra avisar, os capítulos só vão sair depois das 22h que é a hora que chego em casa pra revisar e postar, ok?

Qualquer coisa já sabem: kazevedocdc@gmail.com

Abraços.

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Comentários

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Que demais!! Finalmente o beijo! Heheeh

E Florence and the Machine é sensacional haha

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Eu já tava entrando em desespero.. altas vezes Que acessava seu perfil pra ver se havia postado e nao.. ai hj abri e vi ja esses capítulos postados.. serio cara eu me emocionei kkkkk eu tava mto ansioso e n consegui parar de ler enquanto nao terminei aki. Adoro sua forma de escrever.. seus contos e mais ainda por conhecer sua história. Sou seu fã e n vou deixar de acompanhar :-D

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Um jantar a dois com muito vinho pra asseguir se divertir num parque lindo já estava até escrito nas estrelas que este encontro iria acabar em um delicioso e virtuoso beijo com aquele deliciosos gosto de quero mais, ansioso esperando vc nos deliciar com mais da tua linda história já de cara amei vcs continua por favor se bã eu morro. Abração

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Meu deus! Lindo, carinhoso, sem pretensão alguma, que venha o 6

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Esse conto é e sempre vai ser o conto que tenho mais carinho aqui na cdc,pelo simples fato que foi o primeiro conto que acompanhei aqui,então fica um carinho especial,ainda mais sendo uma história tão perfeita,você e o Kaio me lembram muito o Vitor e o Derek,então me identifico com a História,abrs

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Cara eu sou teu fã ,moro em caxias,é bom saber que alguém de tão perto escreve aque.Teu conto " a primeira vista" foi o primeiro que eu li,impossivel não gostar.ABRAÇO

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Amei. Depois de um dia maravilhoso na praia e um belo encontro vem o primeiro beijo pra coroar o inicio de uma linda história de amor. :)

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serio voces formam o casal da cdc !!!! enquanto eu leio sua historia eu posso visualizar a cena ,e isso sò acontece com pouqos contos que eu leio aqui na casa.sabia que temos uma coisa em comum .vermelho é minha cor preferida beijo seu lindo

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Rum, eu gosto de ler romances dai a ser romantico e um salto galactico kkkkkk (nem tanto assim) mas e serio acompanhei no meio quando vc postou pela primeira vez o conto, nao me lembro se ja tinha uma conta aqui na cdc mas sempre lia e me encantava com a historia de vcs e como foi tao natural que aconteceu rsrs e vc escreve sim muito bem hehehhehe aguardo o proximo, abraço a vcs

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Essa parte é muito linda! O jeito como se declararam, tudo. Amando reler sua historia, cara! :)

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