Antes das seis XI

Um conto erótico de Carpenter
Categoria: Homossexual
Contém 633 palavras
Data: 12/09/2014 17:30:56

Tudo se sucedeu de maneira desordenada. Ao passo que eu arrumava minhas coisas aos atropelos, Fernando ia me explicando por alto que saira de casa naquela hora, que contara à mae da minha necessidade de estar longe dali, que meus parentes juravam me matar caso ficasse. Evidente que ela nao entendeu nada, ainda mais porque ele escondeu o verdadeiro motivo de tudo.

- Ela nao compreende porque preciso ir com voce - me falou, ajudando -me com as malas e trouxas - Contei o obvio: que somos amigos, como irmaos e que estou nessa com voce ate o pescoço. Esta chocada ate agora, mas...que seja.

A minha madrinha chorou um bocado quando soube de nossa iminente partida, discutiu um pouco com Fernando e afinal se conformou, colocando em minha mao um maço fino de dinheiro, zangada com minha inicial recusa. Quando tudo estava pronto, acompanhou -nos ate à beira da estrada, nos fundos da terra do pai onde a charrete emprestada dum vizinho nos esperava com um moleque como guia.

- O que digo a seu pai? - perguntou ela apos me abraçar uma ultima vez.

Respirei fundo, olhando com certa comoçao para aquela terra maravilhosa onde fui criado.

- Diga o que ele gostaria de ouvir : que eu morri.

Fui um pouco censurado por ela que depressa se esqueceu do que disse, chorando outra vez, pedindo que desse noticias quando pudesse, que aparecesse...me segredou em voz baixa que o "caso " nao saira dali de casa, apenas ela e o pai e o mano sabiam. Meu padrinho sequer desconfiava. Fiquei mais aliviado com isso, sabia que meus parentes prefeririam morrer a ter de passar por semelhante "vergonha ".

Afinal partimos. Foi uma viagem longa, poeirenta, com o vento frio da tarde de inverno me congelando cada celula. O sacolejo do trem fazia minhas costelas recem coladas formigarem, ardendo. Ainda nao estava plenamente recuperado e durante o final do trajeto ate à capital comecei a ter febre baixa e dificuldade para respirar. Fernando ficou apreensivo, recostou minha cabeça em seu ombro, estendeu sobre mim a manta de viagem axadrezada que trouxe e me envolveu pela cintura, aquecendo meu corpo que tremia. Era estranho e claro que teve gente reparando nisso, porem eu me sentia tao mal e ele claramente sem dar a minima para os outros...mandei aquele povo imbecil às favas.

Chegamos à capital com noite fechada e mal podendo caminhar , consegui acompanhar o meu loiro ate algo que parecia ser um edificio baixo mais do que decadente. Ele pediu depressa um quarto com duas camas e tambem a presença de um medico para me examinar. Fomos instalados num quarto sombrio, fedendo à poeira e charuto velho, os lençois amarelentos, pintados de antigas manchas de ferrugem e outras marcas suspeitas. No chao um escarro seco nos saudou, enojantemente.

O doutor era um estudante de medicina ali do bairro, pouco mais velho do que nos dois, de terno claro amassado e oculos grossos, uma calvicie precoce lhe raleando os cabelos. Deixou comigo umas aspirinas para dor, mas isso eu proprio conseguiria em qualquer farmacia.Recomendou repouso por uns dias e saiu apos receber de Fernando o dinheiro por

aquela "consulta " quase inutil.

Fernando dormiu em minha cama naquelas tres noites em que ali ficamos. Ele fazia questao de me aquecer a noite toda, acariciando meus cabelos ate que eu dormisse. Durante o dia saia para procurar emprego e um cantinho sossegado para nos. E foi numa tarde aberta e quase quente que ele veio da rua alegre alem da conta : tinha encontrado um lugar pra gente.

Desse modo logo estavamos na casinhola estranha e suja. E a minha vida ali com ele apenas começava.

*

*

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Desculpem uma errata ai embaixo.

Quem quiser me escrever, meu e -mail : aline.lopez844@gmail.com

Ate a proxima!

aquela "consulta " quase inutil. aquelapor "consulta

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Comentários

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Cara, li tudo hoje de manhã! Que delícia de conto! Muito bem escrito, hein? Não sei por que, mas adoro esse clima vintage, de descobertas, anos 50... Sempre quis escrever um conto desses... Vivo fantasiando-me em histórias assim. Obrigadão!

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Guri, o conto continua sim! Hoje a tarde posto outro.

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Como assim terminou??????

Sei q não significo nd, mas continua por mim!!!

Quem sabe esse é meu futuro...

Serio, vc vai continuar né?

Olha o q vc escreve aqui tem muito mais significado do q vc imagina, todos os dias eu leio sobre pessoas q morreram por sentir o q eu sinto, e tenho vontade de machucar mt o mundo por isso, eu acredito de verdade q pelo menos uma pessoa alem de nós vai entender sobre ser violentado sem culpa, so buscando o amor... mt, mt, mt obrigado pela historia e tb to tentando fazer minha parte. :**********************************

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Continua lindo. É como os passos que devemos seguir por descordar da maioria, se adequando a ignorância social. td que vc escreve é perfeito e consigo visualizar como um filme. serio vc escreve muito bem!!!!

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