Converta-me Se For Capaz (2)

Um conto erótico de Contista Crônico
Categoria: Homossexual
Contém 2430 palavras
Data: 06/09/2014 16:03:43

Olá, leitores e escritores do CdC!

Samusam, eu duvido muito que alguma igreja evangélica alguma vez na vida vá casar dois homens saHUshAshas. Nem na maior das utopias. Obrigado pelo comentário :D.

Neguinha Evangélica, ok, eu generalizei mesmo, desculpe. Que bom que gostou, embora vá contra seus ideais hahaha.

Rick e Vinni, que bom que leu Medicina, pena que não comentou :/. Espero que eu consiga cativar o pessoal com essa. Obrigado.

Geomateus, obrigado ^^.

Bom, pessoal, tá aí o segundo capítulo. Vocês vão começar a conhecer os personagens a partir daqui, então não desistam ainda D:!

Contato: contistacronico@hotmail.com

Boa leitura :D!

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CAPÍTULO 2

MIGUEL

O domingo se foi, eu fui escolhido para ser o novo vocalista da Ardente e a rotina continuava. No dia anterior, depois da minha canção, eu não pudera conversar com o baterista. Apenas descobri que seu nome era Guilherme. Tudo bem, haveria chance de nos vermos novamente na quarta, dia na qual a Ardente se juntava para ensaiar. A segunda começou lenta e eu fui para a faculdade à força. Não se enganem, eu adoro meu curso. A medicina era interessante e me atraía muito, mas tem alguns dias que simplesmente são chatos.

Meu pai me deixou na porta da faculdade às 6:50, vinte minutos antes do início da primeira aula. Praticamente me arrastei para o centro de aulas, onde a maior parte dos cursos tinha aulas teóricas ocasionais. No meu caso, era epidemiologia... um saco. De qualquer maneira, fui pela presença. No caminho, passei na lanchonete e comprei um nesquik de morango. Fui andado com uma cara fechada enquanto chupava o canudo. Meu cabelo caía em minha testa e alguns arcos de cabelo se formaram na minha cabeça, mostrando que eu não havia me dado o mínimo trabalho para parecer apresentável. A aula era no quarto andar e eu não estava com a mínima vontade de subir escadas, então fui esperar pelo elevador. Não havia ninguém esperando, principalmente porque somente poucos cursos tinham aulas 7:10. O meu era um deles. Um saco...

Entrei no elevador e apertei o botão do quarto andar, seguido de várias apertadas no botão de fechar a porta, como se fosse apressar o processo. Terminei de tomar o nesquik. Antes que a porta de fechasse, um ser humano brotou do nada e interrompeu o fechamento. Quase cuspi o líquido rosa ao ver que era Guilherme. Mas que merda é essa, destino? Ele estava lindo na camisa social branca listrada com azul, calças jeans e sapatênis. Seu cabelo castanho escuro estava bem arrumado num arrepiado sexy e sua barba feita recentemente deixava apenas uma ideia do que antes era. Me recompus na velocidade da luz e coloquei minha mão direita no bolso para esconder minha tatuagem. Sorte que eu estava com camiseta de manga longa de novo. Coloquei a caixa vazia de nesquik no bolso lateral da bolsa de carteiro que eu usava.

_Miguel! – disse Guilherme surpreso, com sua voz grave e atraente.

_Oi, Guilherme. Tudo bom? – dei o meu melhor sorriso cheio de inocência.

_Tudo... – ele entrou e apertou o botão do segundo andar – Eu nunca tinha te visto aqui.

De fato, eu também nunca o havia visto na faculdade. Ou talvez tivesse visto e deletei da memória. Embora ele fosse tremendamente bonito, eu não ficava correndo atrás ou perdidamente apaixonado por qualquer um que aparecesse na minha frente.

_Ah... o semestre começou só faz uma semana. Talvez antes não tínhamos aulas nos mesmos lugares. E você não frequentava a igreja, não é? – eu disse.

_É... eu entrei lá na igreja faz umas duas semanas. Não tinha te visto até ontem. – ele mostrava um sorriso simpático.

_Eu não pude ir para a igreja nesses últimos tempos, mas agora voltei a frequentar. – mas que feio, eu mentindo...

O elevador abriu no segundo andar e ele ia saindo, mas parou e perguntou:

_Você faz o quê?

_Medicina. – respondi – E você?

Guilherme pareceu surpreso com aquela descoberta.

_Engenharia Civil. Tô no quinto período. – ele estendeu a mão para mim – A gente se vê.

Eu deveria cumprimentá-lo com a direita, mas eu não queria que ele soubesse da tatuagem por agora, então dei um aperto desajeitado com a mão esquerda. Ele olhou curiosamente para minha mão direita enfiada no bolso da minha calça, mas não falou nada. Enquanto apertava a mão de Guilherme, vi uma certa pessoa escorada no corredor com um celular em mãos. Era Lucas. Um choque percorreu meu corpo todo. Liguei os pontos e percebi que meu plano iria falhar. Guilherme é do quinto período de Engenharia, Lucas estava no mesmo período, os dois eram colegas de turma. E Lucas e eu temos uma história um tanto quanto... turbulenta. E agora ele havia me visto com aquele sorriso bobo e falso na cara, cumprimentando um outro cara super gato. Ele deve ter ligado tudo e feito suas conclusões. Lucas sorriu maliciosamente para mim. Sorte que Guilherme estava de costas para ele.

Após o fim do aperto de mão, Guilherme acenou e disse:

_Até mais.

Apenas acenei rapidamente com a mão esquerda e apertei o botão de fechar a porta do elevador furiosamente. Lucas ainda me olhava com aquele sorriso insinuante.

Ah... por que as coisas dão tão errado comigo? Bom... se eu for pensar bem, eu não tinha a melhor das intenções para começo de conversa. Se Lucas dissesse alguma coisa a Guilherme, adeus chance.

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GUILHERME

Entrei na sala ainda encucado com aquele comportamento estranho do Miguel. Ele era um cara gente boa e tal, mas estava escondendo sua mão. Pareceu ficar desconfortável no final da nossa conversa também, como se tivesse visto alguma coisa. Talvez o problema estivesse em mim. Ou talvez ele só estava tendo alguns problemas pessoais. De qualquer maneira, nunca imaginaria um cara como ele fazendo medicina. Eu imaginava que estudantes de medicina tinham sempre cabelos comportados e roupas engomadas, mas ele parecia simplesmente não pentear o cabelo (embora não ficasse ruim nele) e vestia roupas que davam a ele um ar de desinteressado.

Vi alguém se aproximar ao meu lado e olhei em sua direção. Era Lucas, o estudante mais problemático da engenharia civil. Ele usava uma regata, mostrando os dois braços cheios de tatuagens de diversos temas. Seu cabelo era cortado na máquina, dando-o uma aparência agressiva. Sua pele era bem clara, e seu físico era forte. Parecia um verdadeiro punk. Eu tive um certo contato com ele no começo do curso, quando eu era mais mundano, mas fui me distanciando. Agora que eu decidi frequentar a igreja, eu certamente não deveria ter muito contato com um cara desse tipo. Afinal, eu ainda estava em transição.

_E aí, velho. – disse ele.

Olhei desconfiado para ele, mas decidi ser gentil:

_E aí, Lucas. – cumprimentei.

Ele se sentou no banco a minha frente mas virado para trás, com as pernas abertas e os braços escorados no assento. O olhar dele mostrava intriga.

_Você conhece o Miguel? – ele perguntou.

Olhei estranho para ele, como se não conseguisse ligar uma pessoa à outra. Percebendo isso, ele esclareceu:

_Miguel, o baixinho de cabelo bagunçado que você tava conversando no elevador.

Ainda achava aquilo estranho. Será que ele conhecia Miguel? Alguém como o Lucas?

_Sim, nós frequentamos a mesma igreja.

Um silêncio se pôs entre nós enquanto Lucas olhava para mim com uma sobrancelha levantada, parecendo segurar um riso. Ele não aguentou e explodiu numa gargalhada gutural e grave.

_Ok... Já entendi tudo.

Ele se levantou ainda rindo, indo sentar-se em sua carteira enquanto algumas pessoas olhavam para nós dois.

Que merda havia acabado de acontecer?

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MIGUEL

“Vem aqui no banheiro no segundo andar. Preciso te dizer uma coisa.”

Era o que a mensagem do desgraçado do Lucas dizia. Que merda ele queria comigo? Bom... eu não queria nada com aquele bosta do Lucas, mas a curiosidade foi maior. Levantei no meio da aula teórica de parasitologia e fui até o banheiro do segundo andar. Eram 9:20, e eu criava hipóteses do que o Lucas tinha a dizer.

Entrei no banheiro que estava aparentemente vazio, achei inicialmente que Lucas não estava lá, mas fui puxado com tudo para dentro de uma cabine. Senti a pegada e soube que era do Lucas na mesma hora. Ele sentou-se sobre o vaso que estava com a tampa fechada e me puxou para o seu colo com as mãos segurando minhas coxas, encaixando-me com as pernas em abertas. Meu tempo de reação foi lento, e quando eu preparei um soco, ele fez sinal de silêncio com o dedo na boca. Ele tinha um sorriso triunfante.

_É melhor você ficar quieto, ou seu amiguinho vai descobrir.

Meu corpo estacou e ficamos em silêncio. Ouvi a porta se abrir e passos de uma pessoa.

_Lucas? Tá aí? – era a voz de Guilherme.

A raiva subiu para a minha cabeça. Provavelmente, o desgraçado do Lucas havia armado aquilo. Agora eu não tinha escolha a não ser ficar quieto. Lucas segurou firme da minha cintura e me puxou contra si, fazendo-se sentar bem em cima de seu membro. Uma mão sua foi para a minha nuca e me puxou para um beijo silencioso, mas voraz. Sua outra mão entrou pela minha calça e apalpou minha nádega direita. Eu não correspondi o beijo, tentei virar o rosto, mas Lucas tinha mais força e sua mão segurava meu rosto no lugar. Me recusei a abrir minha boca para deixar sua língua entrar, então ele mudou de estratégia.

_Lucas? – Guilherme chamou novamente.

“Vai embora logo, merda!” eu pensava. Lucas beijava meu pescoço lentamente. Droga, aquilo estava ótimo, mas eu nunca admitiria. Seu dedo médio da mão que estava na minha bunda já percorria o caminho até... Segurei sua mão para que ele não continuasse. Lucas apenas sorriu e deu uma mordida leve no meu pescoço. Senti vontade de arfar, mas mantive silêncio completo. Guilherme não havia saído do banheiro ainda, mas que caralho... Lucas tirou sua mão de dentro da minha calça e entrou com ela por baixo da minha camiseta, passando o polegar em meu mamilo. Ele subiu sua mão que estava em minha nuca e puxou meu cabeço para trás para dar mais espaço para seus chupões. Eu já estava excitadíssimo, mas ainda sentia aversão ao Lucas... ou talvez não... ou talvez sim... ou talvez mais ou menos...

Talvez eu fosse sucumbir, mas ouvi o som dos passos de Guilherme indo para a porta e saindo. Assim que ouvi a porta se fechar, empurrei Lucas com tudo e saí de cima dele. Abri a porta da cabine com tudo e ela bateu na parede com um estrondo.

_DESGRAÇADO, CANALHA, SEU MERDA DO INFERNO! – eu gritei.

Lucas vinha em minha direção com um sorrisinho cínico.

_Vai dizer que não gostou de relembrar...

Virei para dar um soco na cara dele, mas Lucas desviou para trás. Eu e Lucas tivemos um caso havia mais ou menos um ano, quando eu ainda acreditava em namoros bonitinhos. Ele foi o último cara com o qual eu pensei em ter algo sério. Ele foi a última pessoa que me destruiu por dentro. Eu jurei que nunca mais iria pensar em amor, porque isso não existe no mundo gay.

_SAI DE PERTO DE MIM! – gritei novamente.

_Calma, Mini...

Minha raiva foi multiplicada por mil ao ouvir aquele apelido. Fui até ele e dei um empurrão não muito efetivo, já que Lucas deu só um passinho para trás.

_FILHO DA PUTA DESGRAÇADO! – eu disse.

Lucas segurou minhas mãos e olhou para a minha mão direita e a tatuagem nela... que ele mesmo havia feito.

_Tá precisando de uns retoques... se você quiser...

Desvencilhei minha mão das suas e acertei um tapa em cheio em seu rosto, fazendo um estalo alto. O local ficou avermelhado, mas Lucas continuava com seu sorrisinho de merda. Eu estava ofegante de raiva. Fui até a pia e passei água no rosto e no pescoço, onde Lucas havia me beijado.

_Quer dizer que você tá amiguinho do Guilherme... – Lucas disse.

_Não é da sua conta, seu merda. – eu disse.

_Hum... acho que você quer é pegar ele. Enganar primeiro, fazendo ele achar que você é “normal”, frequentando a igrejinha, virando amiguinho... e então...

_Cala a boca. – ele estava certo, mas eu não queria ouvir aquilo dele.

_Acho que você consegue. Foi tão fácil manipular ele, foi só colocar um bilhete na carteira dele dizendo que eu precisava falar com ele.

Lucas escorou-se na parede e deu um risinho, com seus braços fortes e tatuados cruzados em seu peitoral. Ele acrescentou:

_Você virou um monstro depois de tudo, Mini...

Fechei os olhos, suspirei e contei até três. Sim, três, porque dez é muito tempo.

_Me deixa em paz, Lucas. Se mata, explode, se joga num barranco, mas some, só isso.

Virei-me para ir embora, mas ele disse:

_Ei, é sério, passa lá na galeria qualquer hora. Essas tattoos precisam de retoques. Afinal, eu tenho que cuidar da minha arte.

_Eu já arranjei outro tatuador.

_Não existe um melhor do que eu nessa cidade inteira. – disse Lucas cheio de desprezo.

E era verdade, mas eu não me importava.

_Foda-se. – novamente me virei e abri a porta do banheiro.

_Ei... por que tá tentando esse negócio com o Guilherme? Tá querendo provar alguma coisa para você mesmo? Tá tentando desafiar Deus, desafiar seus pais?

Parei no meio do caminho, ainda de costas para Lucas. Fiquei dois segundos ali e voltei a andar, sem dizer nada. Ele deu um risinho e disse:

_Não se preocupe, eu não vou falar nada pra ele.

Só deu para ouvir isso. Voltei à minha sala de aula e entrei. Os colegas olharam para mim na mesma hora, notando as marcas vermelhas no meu pescoço. Foda-se. Sentei no meu lugar ao lado de Tatiane, uma amiga lésbica. Ela disse baixinho:

_Que desgraça é essa no seu pescoço? E essa merda desse cabelo bagunçado? Você transou no banheiro, sua bicha?

_Cala a boca, sapata do caralho. Foi a merda do Lucas... depois eu te conto. – respondi no mesmo tom.

Ela olhou-me com dúvida, mas apenas assentiu.

Não consegui prestar atenção enquanto pensava no que Lucas havia dito. Por que eu queria tanto manipular o Guilherme só para no fim transar com ele? Foi instintivo, num momento de desafio. Num momento de raiva, de pura revolta. Apenas para mostrar para meus pais quem seu filho realmente era. Apenas para mostrar que eu não seria domado com aquela coleira chamada religião. Eu queria apenas ver o circo pegar fogo, então eu daria um jeito de destruir o espetáculo de dentro para fora. Essa reflexão não me fez voltar atrás. Pelo contrário...

CONTINUA

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Comentários

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Adorei sua escrita. 10.

E por causa dela eu vou ler o seu outro conto... Adorando..

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Caramba cara... legal de mais teu conto. Tipo enrredo super interesante . Valeu mesmo. Demora pra posta a continuaçao nao....

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Putz, tô acompanhando que nem novela. Carinha marrentinho esse Miguel. Tá armando a casinha só pra virar batera e levar uma baquetada de Guilherme, hahaha. E Guilherme também não vigia, né? Tá doidinho querendo fazer miguel abocanhar uma fronha e Satã não perde tempo mesmo. Pra jogar mais querosene na fogueira, coloca o endemoniado do Lucas, como uma pedra de tropeço no meio do caminho dos 2. Nussa não demore postar a parte 3 por favor. E falar de casamento de Miguelito e Guilherme na igreja com a bênção do pastor barbudo, reconheço, foi viagem minha mesmo. Abração!

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Perfeito! Bom d ! Demore voltar nao. E eu gostei mesmo. Tudo perfeitnho,n tem como n gostar neh? E quanto a essas Igrejas eu axo eh divrtido!!!

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