Três Formas de Amar - 18

Um conto erótico de Peu_Lu
Categoria: Homossexual
Contém 1848 palavras
Data: 09/08/2014 02:46:48

Três Formas de Amar – Capítulo 18

- Como assim?

- Como assim o que Luciano? Ele é gay, viado, bicha, curte homem...

- Eu entendi essa parte – aqueles termos pareciam me incomodar bastante – Mas como você descobriu?

- Ele me contou – disse rindo.

- Do nada?

- Assim, na lata, na maior naturalidade.

Ao mesmo tempo em que buscava responder algo crível para ela, ficava imaginando como o Rodrigo poderia ser tão burro:

- Putz, que viagem...

- Né? E ele transava comigo! Pire aí?

- Que loucura – não conseguia esconder a vergonha.

- Será que ele ficou de olho em você naquele dia? Ele te viu pelado Lu!

“É colega... você não sabe da missa a metade”. Continuava tentando raciocinar rápido para conseguir despistar:

- Não acho não. Jogamos vôlei e ele nunca deu em cima de mim. E nunca agiu diferente.

- Cuidado hein! Abre seu olho.

- É, vou ficar ligado agora...

- Sabe qual a melhor parte dessa história?

- Que história? – ainda estava meio atônito.

- Acorda Luciano! Dessa situação toda... Eles nunca poderão criar um rumor sobre a gente...

- Como assim?

- Se algum dia alguém insinuar alguma coisa, essa é a nossa defesa. Somos héteros, ele é gay. É a nossa palavra contra a dele.

“Mas também será a palavra dele contra a sua, burra!”, continuei dando corda para ver até onde iria a teoria dela.

- É verdade... Mas você acha que alguém poderia insinuar alguma coisa?

- Sei lá, mas nunca se sabe né?

“Então esse é o trunfo que ela acha que tem...”. De fato, se ela comprovasse alguma coisa em caso de uma acusação, aquela informação salvava o pescoço dela, mas não o meu. Como ela conseguiria comprovar, já era outro assunto. Mais do que nunca precisava redobrar a minha atenção, e abrir os olhos de Rodrigo. Não dava para brincar de ser ingênuo naquela altura do campeonato.

Após certo esforço, consegui mudar de assunto, e ficamos falando sobre futilidades. Deixei Luiza almoçando e fui fazer o meu pedido. Na fila, já estava agoniado mandando uma mensagem para Rodrigo:

- “Preciso conversar com você. Se puder, chegue mais cedo no vôlei”.

Após alguns minutos, ele só respondeu com um “ok”. Já deveria prever do que se tratava.

Voltei para a mesa e aquelas duas horas de descanso pareciam não ter fim, com todas as fofocas inesgotáveis de Luiza. De volta ao trabalho depois daquela tortura, procurei focar nos afazeres, ainda que aquela conversa me perseguisse na mente. “Será mesmo que seria possível me acusarem de algo? Estamos sendo tão discretos...”. Passei o resto da tarde completamente aéreo e aquilo estava se tornando um grande problema para a minha mente.

...

À noite, no clube, Rodrigo já me esperava sentado na arquibancada:

- E aí gigante? Beleza?

- Oi... – respondi colocando minha mochila ao lado.

- Uau, que animação hein? O que tá pegando?

Decidi ser o mais direto possível:

- Cara, você tá louco?

O sorriso dele desapareceu na hora:

- Han? Você tá bem?

- Não Rodrigo, não tô. Como é que você foi falar para Luiza que você é gay cara?

- Ah, então é sobre isso...

- Lógico que é sobre isso. Você achou que eu não ficaria sabendo? Olha pra quem você foi falar!

- É, sua amiguinha não perde tempo mesmo...

- Claro que não, e você sabe disso. E as nossas regras, e o que a gente combinou? – já estava mais exaltado.

- Ei, ei... calma Luciano. Relaxa. Te disse que tinha novidades para contar. E ia falar sobre isso.

- Ah, que ótimo. Mal podia esperar para saber sobre essa novidade.

- Ok, vamos lá... Posso falar agora? – ele disse bastante sério - Eu gosto de me preservar, mas não tenho nada a esconder para ninguém. Algumas pessoas na empresa inclusive sabem sobre a minha orientação sexual.

- Como é?

- Luciano... Senta, se acalma. Deixa eu contar o que aconteceu.

Estava surpreso com aquela fala. Acatei o seu pedido e me sentei. Ele prosseguiu:

- Entenda uma coisa. Eu gosto de você, de verdade. Não quero que a gente deixe de ser namorado por uma regra cruel das nossas empresas. Tô fazendo tudo isso porque quero que a gente fique junto. Coloque isso na sua cabeça.

- Velho, como essa revelação pode ajudar a gente...

- Deixa eu terminar – ele me interrompeu – Há dois dias tenho tido diversas reuniões com a sua amiga. Não sei o que ou como ela te falou, mas desde então, ela sempre encontra algum momento para dar em cima de mim.

Arregalei os olhos, espantado, mas continuei em silêncio.

- Passa a mão na minha, chama para almoçar, fica me encarando... E já insinuou que a gente deveria fazer outro “programa” daqueles. Enfim, sua amiga não é nenhuma santa.

“Mas que filha da puta...”, queria falar alto. Rodrigo continuou:

- Hoje pela manhã, ela veio novamente com gracinhas e comecei a perceber que ou jogava com ela ou tirava de vez ela da brincadeira. Por isso resolvi esclarecer algumas coisas pra ela.

- O que você disse?

- Disse que tudo que tive com ela foi um lance casual e passageiro, e que na verdade curtia outra coisa.

Ficamos os dois calados por alguns segundos. Eu chocado, e ele me esperando assimilar o que estava sendo dito.

- Além disso, lembrei as regras da empresa e como ela deveria se comportar. Ela ficou bastante sem graça, e pediu desculpas.

- E se ela sair espalhando pra todo mundo?

- Luciano... Foda-se o que ela faça. Ou ela vai sair de fofoqueira, ou farei questão de mostrar a todos o que ela estava querendo comigo.

- Você viu o que ela fez com aquela mensagem, a gente não sabe do que ela é capaz Rodrigo...

- Nem ela pô!

A discussão provavelmente continuaria, se o Beto (como sempre) não chegasse pra zoar:

- Ixe, briguinha por causa de mulher é? – ele perturbava.

Desconversamos e começamos a falar sobre outros assuntos.

Aquele treino foi frio. Não conseguia esconder a chateação, e achava que Rodrigo deveria ao menos ter me consultado antes de pensar em falar algo para Luiza. Eu já começava a temer uma possível investigação dela. Estava totalmente desconcentrado no jogo, e aquilo estava me deixando puto. No fim da partida, o ritual de brincadeiras no vestiário seguiu como sempre, mas não queria puxar muito assunto. Antes de sairmos, o técnico avisou que na semana seguinte as regionais começariam pra valer. Seriam dois jogos no Ceará, no sábado e domingo, e ele contava com o entrosamento do time para vencermos. Era uma ótima oportunidade para fugir do trabalho e dar uma espairecida.

Voltei para casa sem continuar o assunto e não liguei para Rodrigo naquela noite. Precisava pensar um pouco sobre o ocorrido. Já cochilando, escutei o celular apitar com uma mensagem sua e estiquei o braço para ler:

- “Na boa, você sabe que não tem motivo para ficar assim comigo. Dorme bem”.

Eu queria responder, mas aquilo não iria acabar bem. “É melhor deixar esse assunto para outro dia...”, pensei já deligando a luz.

...

A pauta da sexta-feira estava chata, e o dia parecia que estava se arrastando. Não queria aceitar, mas talvez aquele novo ambiente na agência estivesse mexendo comigo. Nem procurei saber se o Rodrigo iria aparecer por lá, inclusive evitei sair da criação. Durante a tarde, novos pedidos de criação se acumulavam e nada andava. Aquele clima pesado do dia anterior estava me detonando. Minha mente precisava de uma pausa e decidi ir para o terraço pensar um pouco.

Fiquei lá um bom par de horas, vendo o sol se por no meio da confusão da hora do rush (quem mora em Salvador sabe bem do que eu estou falando). Viajava em busca de novas ideias quando ouvi o celular tocar. Era uma mensagem dele:

- “Ei, tá aonde??”.

Pensei um pouco se deveria responder, porque precisava mesmo de um silêncio, um momento pra mim. Mas percebi que se não falasse nada seria pior, já que a gente sequer tinha conversado durante o dia todo:

- “Tô no terraço da agência, pensando em alguns textos para campanhas...”. – resumi.

- “Ah, blz!”.

“Putz, curto e grosso...”, pensei. Mas resolvi não dar bola e continuar imerso nos meus pensamentos. Quando algo começava a fluir, senti uma respiração no meu ouvido:

- Então é aqui que o meu criador se esconde...

Dei um pulo, assustado:

- Tá louco Rodrigo? Quer me matar do coração?

Ele sorriu, desdenhando da minha reclamação:

- Louco sim... de saudade.

- O que você tá fazendo aqui?

- Vim te ver ué... não pode?

- Aqui não...

- Lu... – ele disse olhando para os lados para ver se tinha alguém – Eu sei que você ficou chateado comigo. Mas não me trata assim poxa...

- Assim como?

- Frio, distante... fiz o que te disse pra blindar a gente contra um urubu que você conhece.

- Rodrigo...

- Me escuta... – ele começou a se aproximar, me interrompendo – lembra o que te disse quando a gente descobriu?

Fiquei calado, tentando encontrar a resposta na minha cabeça cheia de problemas.

- Que você tinha que confiar em mim, porque a gente ia fazer dar certo, não foi?

Fiz que sim com a cabeça.

- Então, esse é um compromisso meu. Não vou te perder e vou fazer de tudo, tudo mesmo, pra gente ficar junto...

Seu olhar brilhava, e eu não sabia o que responder.

- Confia em mim?

“Essa carinha vermelha me fazendo um pedido desses é de matar...”. Novamente só mexia a cabeça, e ele sorriu de um jeito apaixonante. Quando dei por mim, ele já me envolvia num abraço, me convidando para um beijo. Parte de mim queria empurra-lo, afinal, ainda era o prédio da agência. A outra parte ligou o “foda-se”, já que era sexta-feira e qualquer ser humano normal só pensa em ir pra casa. Ficamos ali entregues e curtindo nossas bocas, ao som das buzinas dos carros no engarrafamento. Lentamente, Rodrigo se afastou, sem tirar o sorriso do rosto, alegrando o fim do meu expediente. Estendeu a mão, fazendo uma pose “executivo-de-marketing-sério” e continuou:

- “De bem?”.

Sorri de volta, me rendendo:

- “De bem...”.

- Ufa... Beleza! Agora posso continuar. Falta muito para você ser liberado?

- Han? – não estava entendendo nada - Acho que não, porque?

- Porque eu preciso que você vá pra casa fazer algumas coisas para mim...

Continuei fitando o seu olhar, desconfiado.

- Ei... calma taradão! Não é nenhuma ousadia não...

Rimos juntos, e ele continuava me encarando:

- Mas é sério! Vou ficar te esperando lá no térreo pra ir com você – ele disse já andando rumo ao elevador – Não demora, tenho uma surpresinha pra te mostrar...

(continua)

Oi pessoal! Demorei um pouco de postar hoje, mas vamos em frente! Drica Telles, confiança é mesmo algo raro. E quando alguém vacila comigo, já era, tem que se esforçar muito pra conseguir de novo. Adess, não considero amor quando uma pessoa precisa prejudicar alguém para amar outra. Sobre o título do conto, quando chegarmos na reta final da história, prometo contar aqui qual era a minha intenção com essa escolha. Irish, esse parece ser o pior tipo de gente, né?. Aquelas pessoas que parecem inofensivas até a máscara cair. Ru/Ruanito, Stylo e Geomateus, tenho medo da Luiza encontrar com vocês na rua qualquer dia desses. Karlinha Angel, obrigado pelo elogio! Obrigados por todos os comentários e votos! No fim do dia tem mais! Bjão

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Comentários

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Essa vaquinha da Luiza causa cada vez mais nojo e raiva.

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Acho que isso é só o começo do que a Luiza pode fazer, ela é dissimulada, qdo descobrir vai qrer fazer alguma coisa. ABração!!!

Adorando seu conto.

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No meu caso confiança perdida é para sempre,não há mais como refazer . Mais a Luiza,francamente é fofoqueira e o pior dissimulada,verdadeiramente um nojo de criatura.Ainda bem que se acertaram logo,tadinho do Rodrigo.

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olha eu aki d novo kkkkk e dessa vez vim com tudo a primeira a comentar e dar nota to mi axando kkkkkk nem precisa falar q já sou tua fã neh, continua esse conto maravilhoso q to amando>S2! bjuss anjo!

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Essa vaquinha da Luiza causa cada vez mais nojo e raiva. Que mulherzinha baixa, cara! Da pior espécie. Ela pode até tentar algo ruim, mas destruir o que sentem ela não conseguirá. OBS: foi um pouquinho severo com o teu rapaz, hein?

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