NOVA PANGÉIA

Um conto erótico de Boemio
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 1486 palavras
Data: 08/08/2014 12:27:18

PRÓLOGO

Os tempos são outros desde a Grande Crise. O mundo quase entrou em colapso devido as grandes perdas industriais, a desvalorização da moeda, a revolta das classes baixas, a guerra civil, a grande contaminação, tudo parecia apontar para o fim dos tempos. Não parecia haver saída na escuridão na qual estava mergulhado o mundo.

Em tempos tão negros prediziam no livro do Renascimento que surgiria uma nova ordem capaz de equilibrar novamente a balança e disto adviriam mil anos de paz. Os sábios já profetizavam tais acontecimentos, os médiuns incorporavam espíritos capazes de narrar a trajetória humana até então e um colosso imperial estava para surgir.

Emergira de confins o Eremita Amadeus trazendo sua mensagem de paz e de amor. Trazido por forças incompreensíveis ele falava de um mundo construído a partir da união servil das nações para alcance de um fim comum: a sobrevivência da espécie e a perpetuação de anos tão vindouros que do chão brotariam rosas de ouro, choveria Bálsamos Divinos e todas as dores dos tempos passados iriam ser curadas, um infindável tempo de felicidade se abriria no horizonte a perder de vista.

Todas as nações, em um hercúleo esforço, juntaram-se na conhecida Assembleia Mundial para ouvir os ensinamentos do sábio. Eis suas palavras como registram os livros Canônicos:

“Irmãos, sobre prados e montes intermináveis dias viajei a fim de abrir a mente ao coração do novo homem. De todos os sentidos desfiz-me para ser todo entregue a mensagem do novo homem e este me veio em paz e bonança para alegrar-vos com uma nova manhã que a partir de hoje prenunciasse.

Seus conflitos e males baseiam-se sobre a concepção de posse e perpetuação. Toda demonstração de força e totalidade quer presentear-se com uma nova linha de vida, construída nas relações casuais homem e mulher.

O novo homem diz: eliminai a necessidade de conflito e fazei de toda fêmea sua. Tomai posse do que vos pertence sem que haja brigas ou desentendimento entre vós por isso e assim as guerras cessarão, as doenças serão controladas, sua subsistência estará garantida.

Cuidai do importante. Aprendei que fêmeas são para vos servi-vos. A força que dentro do velho homem o move para o caos no novo homem moverá para o progresso, todavia só será possível se a força servil dentro da mulher for tocada e direcionada ao caos e os dois formarão a ordem perfeita.

Ponderai também que unida às forças, sua dissolução acarretará o fim de todos e sua união deve ser preservada a ferro e fogo. Livre ser-vos-ão fracos, presos sereis servidos. A mulher fêmea deve-se imbuir seu verdadeiro significado. Que para acalmar a fera deve haver sacrifícios e este sacrifício não será ignorado pelo novo homem. Sob grilhões serão guiadas ao caminho de luz, e o estribo apesar de desconfortável lhe encaminha ao novo tempo garantindo seu lugar.

No alto de templo estará a estátua da primeira mulher deste novo tempo. Seu nome é Malinalli e seus ensinamentos, assim como do novo homem, devem ser preservados e ensinados pra todas as posteriores gerações. Quando vier o tempo de um novo tempo eis que nós iremos voltar com a palavra nova do novo homem e responsáveis sois pelas palavras que ouvistes.”

Um público emudecido e jubiloso de tais palavras assistia ao que parecia, segundo tradução posterior, uma síntese da vida humana. O Eremita Amadeus fez um sinal com a mão, surgida das cinzas uma mulher inteiramente nua aparecera diante de todos. Seu porte lembrava o “Nascimento de Vênus”, a pele branca, cabelos áureos, olhos de safira, formas de deslumbramentos nunca vistos. Não houve mulher mais bonita que se tenha registrado. Seus registros dar-se-ia somente dos olhos presentes e das odes depois escritas já que todas as fotos apagavam imediatamente e a transmissão não captava gravação.

Usava uma coleira cuja guia segurava Eremita Amadeus. Qual choque provocado na plateia quando com um chicote feito de espinhos de rosas Eremita Amadeus batia impiedosamente em Malinalli que se retorcia e gritava, porém seu grito era composto por sinfonias belíssimas que ninguém jamais havia escutado e o seu corpo dançava uma coreografia de culturas sem fim, as marcas deixadas em sua pele desapareciam, eram bebidas pelo chicote que determinava todos os compassos da música e os passos da dança. Malinalli dirigia-se a plateia, com seus seios no chão, pernas abertas e as duas mãos a tocar nas genitálias. Um rio alvo lhe escorria e o vento espalhava seu néctar pelos cantos da terra. Com uma taça ornada de rubis e safiras Eremita Amadeus encheu com tais líquidos e erguendo para a plateia disse-lhe: “Este é o cálice do novo homem.” De tais líquidos surgiu a cura para a contaminação e no grande santuário ainda é conservado. Com força descomunal erguera Malinalli acima da própria cabeça despindo as roupas, completamente nu: “Este é o corpo do novo homem.” É esta a estatua que figura no centro do templo depois erguido naquele local e que recebe milhares de peregrinos todos os anos. Tão logo as palavras Malinalli engoliu todo o membro de Eremita Amadeus e nunca mais se viu garganta mais profunda. Eremita Amadeus tirou a virgindade de Malinalli e nunca mais se viu buceta mais gulosa. Eremita Amadeus enfiou todo seu pau no cu de Malinalli e nunca mais se viu cu mais apertado. Acabado então o ato Malinalli curvara-se e beijara os pés de Eremita Amadeus e disse as inconfundíveis palavras: “Assim deveis ser mulheres-fêmeas”. Eremita Amadeus pegara seu chicote e envolvendo Malinalli com ele foi-se numa nuvem branca e só deixara para trás a taça e a coleira.

Uma reviravolta ocorreu depois destes acontecimentos descritos. A população atônita deixou as guerras civis e esperavam os desdobramentos do que tinham visto através dos jornais. Durante duas semanas os lideres estiveram em conferencia e surpreenderam anunciando a união global das nações e uma nova constituição baseada nos ensinamentos Eremita Amadeus e Malinalli.

O documento extenso é hoje ensinado em várias escolas e centro de treinamentos. Para uma apreciação mais literário abordarei os principais tópicos e a medida que se mostre necessária no decorrer deste livro vos relato os outros pontos .

“Toda mulher de hoje em diante passa a ser escrava e propriedade de um homem podendo ser trocada, usada, treinada da forma como for desejada.

Se casada, é escrava de seu marido, se não tem filiação com nenhum homem é escrava do estado.

Escravas terão afixados preços de comércio para revitalizar a economia, passando depois a configurar como atividade legal.

É dada a opção a determinadas mulheres de manterem seus status de livre conquanta rigorosa triagem, cadastramento em órgãos competentes e assinatura de um termo de bom comportamento a partir da data assinada.

Qualquer contravenção é passível a punição determinadas pelo governo ou o dono da escrava. As profissões serão ajustadas de acordo com a nova configuração cabendo em alguns casos a concessão do titulo de posse as empresas privadas a qual prestem serviços.

Serão consideradas Semiescravas todas as mulheres nascidas depois desta constituição e que já não sejam escravas. Filhas geradas em casamentos, filhas de mulheres cadastradas livres, ou cujos pais queiram que a mesma conserve tal status.

A alforria não será permitida exceto em casos extremos cujo pedido mantenha a ordem e tenha justificação dada pelo dono da escrava a ser alforriada.

Qualquer homem que vá contra o que aqui determina-se terá seus bens confiscados, bem como as mulheres sob sua guarda e mandado a trabalhos forçados.”

É claro que não houve uma aceitação breve disso. Grupos feministas formaram-se e protestaram contra o que classificavam “o maior abuso machista de todos os tempos”, advogadas e jornalistas travavam brigas nos tribunais e na mídia e tudo levava a crer que uma nova guerra civil estava a caminho. Mas o governo prendeu os Grupos feministas que segundo a lei viraram escravas e suas passeatas com elas nuas, usando variados consolos e plugs anais e sendo chicoteadas por policiais bradavam: “Abaixo o feminismo, Viva o escravismo”. As jornalistas também eram presas e passavam a apresentar nuas seus telejornais no qual enfatizavam os benefícios da escravidão feminina, e as advogadas, que assim que perdiam seu primeiro caso tornavam-se escrava dos juízes que as julgavam moviam ações pedindo a aprovação rápido dos regimentos gerais.

Assim a nova ordem consolidou-se. Uma ou outra região tinha sua norma própria mas em geral eram todas provenientes da mesma constituição. As escolas foram capacitadas para ensinar as garotas a serem boas escravas, bem como para semiescravas, lhes encaminhava a profissões já adaptadas para os serviços diferenciados. Os poucos focos de resistência eram combatidos. A economia ergueu-se e o número de escravas determinava sua riqueza. Contestações de posse eram resolvidas com disputas entre os discordantes, sem intervenção da lei. Assim nasceu a Nova Pangéia e os fatos narrados no decorrer dessa estória serão extraídos do cotidiano deste mundo paralelo que pode estar no futuro ou no passado, ou correr ao nosso lado sem ser visto.

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Comentários

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umm. gostei desse tom heroico. parece que será um conto bem excitante. aguardo continuação

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