A Volta por Cima Cap.1

Um conto erótico de avoltaporcima
Categoria: Homossexual
Contém 1225 palavras
Data: 02/08/2014 23:55:34

Cap.1

Era um dia comum. Eu, havia acabado de terminar minha faculdade de jornalismo. Tinha 21 anos. Era um garoto cheio de sonhos. Sonhava em arranjar um homem perfeito, montar uma família linda e feliz, trabalhar em uma grande empresa de comunicações, ter uma vida feliz, cercado de amores. Vivia sozinho desde os meus 18 anos, quando me assumi a meus pais. Foi terrível.

FLASHBACK

- E então Guilherme, você vai explicar essas mensagens ? Não precisa nem explicar. Você... Você não passa de um viado !- meu pai dizia, no mesmo momento em que jogava meu celular na parede. Seus olhos estavam vermelhos, ele respirava descompassadamente, fiquei com medo daquele pai, aquele não era o mesmo que me levava pra ver os invernos em Forks, que dizia que eu era o melhor filho do mundo, que morria de orgulho por mim, que dizia que eu seria o melhor jornalista da história. Tudo aquilo tinha se apagado, com apenas três palavrinhas. Eu sou gay- saia da minha casa, hoje, agora !

- Pra onde eu vou pai ?

- Não me interessa, não te quero aqui mais nem um segundo, eu não aceito um filho gay !- saiu dando socos na parede. Eu vivia apenas com meu pai, minha mãe morreu, quando eu era bebê. Comecei a chorar. Não sabia o que fazer, não tinha pra onde ir, parecia que eu tinha perdido o amor de meu pai. Tentei refazer o rosto. Peguei uma mala, e comecei a colocar dentro dela meus pertences. Roupas, sapatos, casacos, lembranças de uma vida boa até aquele fatídico dia. Por último, coloquei a foto da minha mãe. A abracei. Sentia que ela estava ali comigo, tentando me dar forças, para superar aquele momento. Coloquei meu notebook, tablet e celular. Coloquei ela nas costas. E sai andando. Levando apenas os farrapos de mim mesmo. Olhava pra cada parede, me lembrava de cada momento bom que tivemos na minha infância, ah, como eu sentia falta daqueles momentos, em família. Cheguei próximo a porta, meu pai estava lá, escorado na parede.

- Tchau pai- ele virou o rosto, e nem olhou, quando sai. Apenas fechou a porta, com toda a força do mundo. Sai andando, lentamente. Deixava as lágrimas escorrerem. Estava sem teto, sem dinheiro, não tinha perspectiva de nada. Não sabia aonde iria parar. Andei bastante, sem rumo. Procurei casas de conhecidos, mas todos estavam sabendo, e nenhum queria dar abrigo a um gay. Cheguei próximo a um viaduto. Olhei pra baixo, muitos carros passavam. Me sentei, e coloquei minha cabeça entre os joelhos.

- Porque isso tem que acontecer comigo logo agora, porque ? - falei, enquanto choramingava. Me levantei, olhei novamente para aquele viaduto. Naquele momento, meu coração estava ferido. Não sabia pra onde iria, quem encontraria, onde pararia. Só queria acabar logo com aquele sofrimento. De um modo rápido. Quando vi, já estava tentando ultrapassar a mureta de proteção. Havia conseguido. Olhei pra baixo, os carros iam e voltavam. Fiquei minutos, pensando na minha vida, meus pais, minha mãe, aquele garoto que havia causado isso tudo, e que estava a quilômetros de distância de mim, pois sua família havia se mudado pra bem longe. Não havia mais o que fazer, deixar a terra parecia ser a melhor solução. Meus cabelos voavam. Estava prestes a pular, quando de repente, sinto uma mão em meu ombro.

- Garoto, não faça isso !- era voz de mulher. Olhei pra trás, e vi uma senhora aflita. Ela era um pouco gordinha, carregava sacolas de compras, estava tão assustada quanto eu naquele momento- não acabe com a sua vida !

- Porque ? Eu sou gay, meu pai me colocou pra fora de casa, eu não tenho pra onde ir, não sei se vou comer amanhã, estou sem nenhum tostão. Minha vida vai ser uma droga a partir de agora. Eu prefiro morrer, e acabar com o meu sofrimento- falei, olhando pra baixo.

- Não vai. Você é novo, tem muito pra viver. Não faça isso ,não abrevie sua vida. Ela é única, não vai voltar depois. Você ainda tem tanta coisa pra viver, tantas coisas pra ver, não vale a pena se matar por isso.- realmente, eu tinha muitas coisas pra viver, ainda queria amar alguém de verdade, ainda queria ser jornalista. Ainda tinha um propósito pra minha vida ! Como ouvir algo de alguém faz a gente melhorar, em questão de segundos. Recuei meu pé, e procurei sair logo dali. Em poucos segundos, estava do outro lado do muro de proteção. Olhei pra aquilo, e aos poucos meu juízo foi retornando. Comecei a chorar, e abracei aquela desconhecida.

- Eu não acredito que iria fazer aquilo !- falei, entre soluços.

- Calma... shi, vai passar. Você vai melhorar, e vai ver o quão linda é a vida-falou, alisando minhas costas, como se quisesse me acalmar- me chamo Lucinda. E você ?

- Guilherme - falei, limpando os olhos.

- Guilherme, que nome lindo !-falou, acariciando meus cabelos- bem, Guilherme, ouvi você dizer que não tem casa, é verdade ?

- Sim.

- Pois agora tem. Você vai ficar comigo, o tempo que precisar. Vamos - falou, dando sinal.

- Espera ai, você não me acha... esquisito por ser assim ?- falei, com cara de preocupado, com a resposta que viria a seguir.

- Não. Eu tenho uma filha lésbica, então, já me acostumei com isso. Não vou negar, fui muito preconceituosa, mas ela me abriu os olhos, e me fez enxergar que o jeito que vocês amam, é só uma forma a mais, uma forma normal de amar, e que vocês merecem todo o respeito do mundo- sorri, com o que ouvi. Foi a primeira pessoa que teve compaixão de mim. E nem da família ela era- vamos, pega as suas coisas- peguei minha mala e coloquei nas costas. Conhecia aquela mulher a poucos minutos, mas já sentia por ela, um sentimento que nunca havia sentido. Sentia como se fosse a minha mãe. Andamos por mais alguns metros, até chegar na casa dela. Era de dois andares, até bonitinha, mas não se comparava a minha. Entrei, ainda envergonhado.- pronto, é aqui.

- Ah mãe, que bom que você chegou ! Trouxe nutella ?- falou ela, que parou de saltitar ao me ver.

- Trouxe filha. Esse é o Guilherme, ele vai ficar uns tempos aqui com a gente. Ele passou por uns probleminhas e vai precisar de um lugar pra ficar. Guilherme, essa é Roberta, minha filha. E em falar em filha, arruma o quarto de hóspedes.

- Não, não precisa. Eu não quero dar trabalho- falei.

- Não é trabalho, nada mais justo, depois do que você passou hoje. Precisa descansar. Você gosta de pizza ?

- Gosto

- Vou fazer uma de lamber os beiços, você vai adorar- olhei ao redor e vi uma casa bem decorada, e milimetricamente limpa. Olhei pra aquela senhora, que tinha feito minha vida mudar, em menos de 20 minutos.

- Obrigado. Obrigado por tudo, por me dar abrigo, por tudo. Nem sei como lhe agradecer, serei extremamente grato por isso, a vida toda.

- Não precisa agradecer. Já vou me sentir grata, quando ver você feliz.

Logo a Roberta, voltou, dizendo que já estava organizado. Fui em direção ao quarto, e era bem legal. Apertadinho, mas legal. Tinha uma cama de casal, uma tv, um guarda roupas, uma mesinha, um banheiro, e uma janela que tinha um bela vista do Rio de Janeiro. Olhei pela janela, pra lua.

- É lua, será se é o meu recomeço ?

Continua

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