Medicina para inumanos (8): Patologia Recorrente

Um conto erótico de Victor Voldi
Categoria: Homossexual
Contém 2361 palavras
Data: 12/07/2014 19:11:59

Olá, leitores e escritores do CdC!

Novos leitores, yay!

Cintiacenteno, obrigado!

Irish, por incrível que pareça, a opinião dos leitores acerca do Eduardo é contraditória, alguns acham que ele não é o que parece, outros, como você, acham que ele é legal.

Henrique, sinto em dizer que, provavelmente, ela não vá durar tanto tempo assim. É possível que ela tenha por volta de 15 capítulos. Muito obrigado pelo comentário, ver alguém tão envolvido com meus personagens me deixa realmente feliz!

FabioStatz, o Victor não quer ficar no sexo casual, mas né, tudo sempre leva ele a perder seus amantes. Seria karma? UAShuHAsuhAShUHAS

LucasKrusty, vc tem que admitir que nem todos os Lannisters são tão ruins. Jaime e Tyrion arrasam total. Até o Joffrey nos proporcionou felicidade... quando morreu (MUAHAHA). Obrigado pelo elogio!

BReally, sério que o nome da minha série causa essa reação? =/ Que droga, em uma futura série eu penso melhor no título. Mas o que importa é que você leu :D! Muuuuito obrigado pelo elogio.

Boa leitura, pessoal!

Contato: contistacronico@hotmail.com

NO DIA SEGUINTE (SEGUNDA-FEIRA)

_Achei que você não gostava do Leonardo. – disse Hector enquanto desferia um chute lateral em direção à minha cabeça.

Abaixei-me rapidamente e desferi uma rasteira rotatória, da qual Hector se esquivou com um pulo ao mesmo tempo que desferia outro chute rápido, dessa vez frontal. Desviei para o lado por pouco, segurei sua perna e, mudando meu centro de gravidade, desferi outro chute lateral que ele bloqueou com o braço e enrolou-o em minha perna como se fosse um tentáculo. Estávamos numa situação em que o próximo movimento era crucial. Nossos rostos estavam neutros e concentrados. Havia uma plateia de vinte alunos observando nossa prática.

_Meu pai pediu. – eu respondi enquanto me impulsionava segurando a perna de Hector e enrolava minha perna livre em seu pescoço.

Hector não estava esperando por um golpe de imobilização. Eu estava completamente no ar, mas soltei minha mão da perna de Hector e apoiei as duas no chão. Senti uma afrouxada no braço dele que segurava minha perna, e usei isso para me soltar. Antes que ele tivesse qualquer reação, coloquei a minha perna agora livre entre suas pernas na altura da panturrilha, fazendo uma abertura ampla entre minhas pernas que me deixava vulnerável. Usei o princípio da alavanca: minha perna fixada no pescoço de Hector o empurrou para um lado e a minha outra perna entre suas pernas o empurrou para o lado oposto, usando força que eu empregava no chão com minhas duas mãos. Hector perdeu o equilíbrio e caiu de lado. Antes de bater no chão, apoiou-se em apenas uma mão, parando no meio da queda, o que exigia uma força que só ele tinha. Estávamos ambos com as pernas em pleno ar, mas eu soube que ele ia contra-atacar mesmo daquela posição.

Ouvimos duas palmas leves. Era o professor Sílvio, nosso mestre de Tae Kwon Do. Paramos a prática e nos levantamos, prontamente nos colocando em posição estática e de respeito.

_Victor, admiro sua habilidade, mas você usou um golpe que não era de Tae Kwon Do. – ele disse com certa rigidez, mas com um sorriso.

Curvei-me para ele e pedi desculpas.

_Ah, não precisa pedir. É verdade que em uma luta real você deve usar tudo o que tem, mas... – o professor apontou os alunos, que ao invés de estarem praticando chutes alternados, estavam observando eu e Hector praticar -...vocês distraem os alunos se lutarem a sério. De fato, foi uma luta incrível.

Hector e eu nos olhamos com estranheza. Olhei de volta para o mestre.

_Mas... não era uma luta séria, sensei. Nós sabíamos quais movimentos o outro ia usar, estávamos apenas praticando. – eu disse com neutralidade.

_Hum? E como vocês sabem o que o outro vai fazer? – disse o mestre parecendo curioso, os alunos ainda não haviam voltado à prática, observando a mim e Hector com admiração.

Eu não sabia responder àquela pergunta. Hector e eu apenas tínhamos uma conexão forte demais. Quase conversávamos por olhares. De fato, eu e ele sempre sabíamos o próximo movimento do outro, e usávamos isso para praticar. Normalmente lutávamos na minha mansão mesmo. Meu pai preparou um cômodo especial para isso. Agora, porém, praticávamos numa academia de artes marciais perto da ESOM.

_Acho que simplesmente sabemos. – eu respondi por fim.

Hector apenas assentiu.

_Interessante. – Sílvio virou para os alunos ainda parados – Recomecem, seus inúteis!

Todos se mexeram rapidamente e recomeçaram a praticar em dupla. Eu e Hector também recomeçamos, agora pegando mais leve para nos adequar aos outros alunos. No entanto, a coisa foi ficando chata com chutes lerdos e fomos aumentando a velocidade estrondosamente.

_Putz, que rápido! – disse um aluno parando para nos observar.

O mestre Sílvio deu um tapão na nuca dele. Todos riram. Hector até deu um sorrisinho.

---

Aquela segunda havia sido cheia. De manhã, provas de bioquímica e fisiologia. Na semana de provas, não temos aulas normais, então a parte da tarde ficou vaga. Eu e Hector aproveitamos para ir à academia treinar. Terminando o treino, fomos para casa para tomar um banho e saímos novamente por volta das 16 horas para que eu fosse fazer minha visita à Leonardo.

Chegamos ao Hospital São Lourenço. Tudo estava igual a um mês atrás. Até a enfermeira Lourdes estava lá na recepção.

_Olá, Sra. Lourdes. Hoje eu espero poder entrar pelos meios corretos. – dei uma piscadela para ela com um sorriso maroto.

Lourdes pareceu se atrapalhar até achar minha visita programada para aquele horário.

_Quarto 306. – ela disse em tom mecânico que me fez rir.

Eu e Hector pegamos o elevador que também ficava na recepção e chegamos ao terceiro andar. Andamos pelo corredor silencioso até achar o quarto.

_Vou ficar aqui fora. – disse Hector.

_Ok. – eu disse já entrando.

Fechei a porta atrás de mim. Leonardo olhou para mim sem surpresa. Ali no São Lourenço sempre avisavam quem era a visita antecipadamente. A sala era aconchegante, como a de Gustavo era. Eu sentia um dejavú forte ali. Leonardo tinha um hematoma muito roxo em volta do olho direito. Um de seus braços estavam engessados e havia um corte feio, porém pequeno em sua sobrancelha. Aquilo deixaria uma cicatriz. Embora estivesse bem acabado continuava lindo. Seus cabelos loiros estavam bagunçados, sua barba precisava ser feita e havia algumas ataduras em seu braço forte e não quebrado.

_Oi, Leonardo. – eu cheguei perto de sua cama e estendi minha mão.

_E aí, Victor. – ele disse com uma voz grave e rouca.

Percebi um misto de fortes sentimentos em seu rosto cansado. Raiva, decepção, tristeza, frustração... mas havia algo mais ali dentro... constrangimento ou um certo desconforto que eu supus ser direcionado a mim.

_Foi uma briga feia, pelo jeito. Ah, seu pai disse ao meu que foi uma briga. – eu falei, tentando achar um assunto e acabar logo com aquilo.

_É, foi.

Leonardo não ajudava com seu jeito apático. Eu coloquei uma sacola que eu carregava comigo acima da mesa do lado da sua cama, junto com algumas flores e presentes que eu supus terem sido deixados por outros amigos.

_Eu não sabia do que você gostava, então eu trouxe chocolates. – eu disse – Com recheio de licor.

Leonardo deu um sorriso, entendendo minha referência a álcool e àquela festa na qual nos encontramos.

_Obrigado. – agradeceu ele.

Um silêncio se instalou entre nós.

_Então... seus amigos não estavam lá para te ajudar? – resolvi perguntar.

Fiz essa pergunta sem nenhuma intenção de ser ofensiva, mas Leonardo adquiriu uma expressão furiosa.

_Vai se foder, Victor. – ele disse incisivamente.

Olhei para ele com um olhar assustado.

_Quê? Eu não quis ser irônico nem nada, Leonardo, presta atenção! - eu disse me sentindo ofendido – Mas já que estamos dessa forma, eu achei mesmo que aquelas merdas que você chama de amigos não serviriam para nada, nem para proteger o enrustidozinho infiltrado entre eles.

Ok, eu peguei pesado. Leonardo cerrou os punhos e lançou-me um olhar mortal.

_Victor... sai daqui, por favor. – ele disse com uma voz com o tom claramente controlado.

Não disse nada, apenas me virei para a porta. Ela se abriu e um dos amigos de Leonardo entrou dizendo:

_Leo, o que aquele idiota tá fazendo aqui na entra... – ele parou de falar ao me ver dentro do quarto – O que ELE tá fazendo aqui dentro?

_Só uma visitinha para mostrar a consideração do meu pai por ele. – eu disse secamente.

_Do seu pai? – disse o amigo de Leonardo incrédulo – Nenhuma consideração sua?

Olhei bem para os olhos do garoto. Era um dos cinco amigos de André Platto. Porém, ele e Leonardo eram os únicos que não haviam participado do espancamento de Gustavo. Percebi uma forte irritação em seu rosto. Falei bem pausadamente para que ficasse claro:

_Não, nenhuma consideração minha. Aliás, por que você tá tão irritadinho com isso? É assunto meu e do Leonardo.

_Eu vou te dizer o porquê, seu cuzão... – começou a dizer o amigo de Leonardo.

_Cala a boca, Rafa! – disse Leonardo esforçando-se para falar em voz alta, mas curvou-se de dor logo depois.

_Não, Leo, esse desgraçado precisa saber a razão do André ter batido em você.

Olhei para Leonardo de forma incrédula.

_Como assim o André te bateu?? Vocês não eram amigos? – eu perguntei não entendendo nada.

_Vai embora, Victor... só vai... – disse Leonardo com os olhos fechados para diminuir sua dor e acalmar sua raiva.

_Eles eram amigos sim, e o André tava planejando pegar você sem o seu segurança, mas o Leonardo tentou te proteger, tentou fazer o André mudar de ideia, seu desgraçado! – disse Rafael com uma raiva verdadeira – O André, o Júlio e o Matheus deram uma surra nele por SUA causa!

Sabe quando você sente um peso tão grande que parece que o teto caiu em cima de você? Foi isso que eu senti. Olhei para Leonardo com uma expressão abalada. Leonardo desviou seu olhar para o lado oposto.

_Leonardo... eu...- comecei a dizer.

_Victor... Por favor... Vai embora... – ele pediu, dessa vez sem raiva, mas quase como uma súplica.

_Desculpa por... – eu tentei.

_Por favor... – repetiu.

Percebi que era melhor ir. Virei-me e andei sem olhar para o rosto de Rafael. Apenas saí. Sem dizer nada a Hector, continuei meu caminho pelo corredor, com a cabeça um pouco curvada para baixo. Hector correu atrás de mim.

_O que houve, Victor? – perguntou ele com uma preocupação clara na voz.

Fiquei sem falar nada. Apenas andava.

_Victor? – ele repetiu, tocando de leve em meu ombro.

_Eu vou matá-lo... – eu disse bem baixo.

_O quê? – perguntou Hector com uma expressão preocupada – Quem?

_André Platto. – eu disse sem expressão alguma no rosto, mas com uma fúria borbulhante dentro do peito.

---

Ouvi a campainha tocar, mas não me mexi. Ouvi através das paredes os passos de Hector atravessando o corredor, passando pela sala, pela cozinha, entrando no corredor de entrada e abrindo a porta.

_E aí, Hector, vim trazer a vasilha de vocês. Eu ia entregar na aula de entomologia, mas vocês não apareceram...

_Tudo bem. – respondeu Hector.

_O Victor está? – perguntou Eduardo.

Ouvi os passos de Hector até o meu quarto. Ele deu dois toques e falou:

_O Eduardo está aqui.

_Pode falar para ele entrar. – eu disse com uma voz cansada.

Escutei mais passos. A porta se abriu e vi Eduardo quando ele abriu a porta. Meu quarto estava completamente escuro, e eu estava deitado na cama.

_Posso entrar? – perguntou ele.

Sua voz fez com que meu ânimo até aumentasse.

_Claro. – respondi, saindo da posição deitada para sentar-me na lateral da cama.

Eduardo entrou e fechou a porta. Ficamos numa penumbra, na qual eu via apenas o contorno de Eduardo. Achei que ele acenderia as luzes, mas ele veio até a cama e sentou-se ao meu lado na escuridão.

_Você perdeu uma aula bem legal de diplópodes. – ele disse.

_Deve ter sido divertido. – eu falei sem conseguir um tom convincente.

_Foi... Ah, sua torta fica ainda mais gostosa no outro dia. – ele disse com um tom divertido.

Dei um sorriso.

_Que bom que gostou. – eu disse.

Ficamos em silêncio por um instante.

_O que houve, Victor?

Pensei em como eu explicaria ou me esquivaria daquilo. Pensei em Leonardo, o que eu disse para ele e seus ferimentos relativamente graves. Resolvi dizer:

_Um amigo apanhou de uns caras por ter me defendido.

Ele pareceu absorver aquilo por um instante.

_Que droga... – ele disse.

_É... que droga... - concordei.

Mais um silêncio. Eduardo quebrou-o com uma risada contida.

_O que foi? – perguntei sem entender o motivo do riso.

_Desculpe. – ele disse ao cessar a risada – É que minha mente tá trabalhando a todo o vapor aqui, decidindo se agora é ou não uma boa hora.

_Boa hora para quê? – eu perguntei olhando para o contorno do rosto de Eduardo.

Se eu não tivesse tantas coisas em mente, eu teria previsto o que viria em seguida. Senti os lábios de Eduardo lentamente encostarem-se nos meus. O primeiro toque foi singelo, um simples deslizar entre nossos lábios. Houve uma pausa na qual nossas bocas pareciam analisar aquele primeiro toque, senti sua respiração. Nossos lábios estavam a milímetros um do outro. Então veio o segundo toque. Dessa fez foi um beijo sem língua, mas mais intenso que o primeiro. Uma das mãos de Eduardo segurou delicadamente minha nuca, a outra segurou minha mão pela parte de trás, entrelaçando os dedos por entre os meus. O beijo foi se intensificando, e no momento em que senti os movimentos da sua língua, pus a minha para dançar junto com a dele. O único som era o de nossa respiração e o leve e baixo som molhado dos nossos beijos. Minha mão livre foi ao seu rosto. Alisei de leve sua barba, indo da bochecha até chegar ao limite dela, em seu pescoço.

Nossos lábios se separaram e Eduardo me deu um puxãozinho pela nuca, nossas testas se tocaram, nossos narizes tocaram-se lado a lado, nossas bocas ficaram bem próximas. Pude ver levemente que ele sorria.

_Foi uma boa hora? – ele perguntou.

Eu sorri também. Ele me fez esquecer, por aquele momento, todos os problemas que existiram, existiam e poderiam existir.

_Qualquer hora... – dei um leve beijo em seus lábios - ...seria uma boa hora.

<Continua>

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Comentários

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... Isso é que dá se envolver mais na leitura de uma historia do que na vida real... Ignore meu desabafo, ultimamente me sinto sensível como uma mulher gravida... Enfim, não ha nada a se fazer, um abraço de um fã de 16 anos, porém já um velho leitor dessa CDC... #Choroso

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O QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE?????????? Serio? Só tenho mais SETE CAPITULOS? Lhe juro que senti meus olhos marejarem assim que li isso. Não, que saco! Serio, mal consegui ler o capitulo sem pensar que logo acabara... Sinceramente, chateado...

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Ahh uma hr vc nos deixa cm raiva outra com duvida e sempre uma supresa rs, descupa n comenta o outro so os vi agora..Bjs

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Tambem torço (ainda ) por Hector, mas...caramba, Victor e Eduardo sao fofos demais! Totalmente imprevisivel o desfecho de seu conto e ,por aqui, isto é genial na parte de contos ficticios. Pode ser até que Victor acabe sozinho, não? Quem sabe?

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ah tu sabe q agora fiquei na duvida quem seria o melhor para o Victor...apesar deu querer mesmo q ele ficasse com o Hector q apesar de rudi o unico q ele demonstra carinho e pelo Victor tanto q ele sempre faz tudo pra eles dois e nem quis aceitar o sobrenome Voldi acho q o amor esta ao lado do Vic e ele não vee

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