Me Ensine a Amar 4

Um conto erótico de Chel
Categoria: Homossexual
Contém 3989 palavras
Data: 28/06/2014 22:10:58

Capítulo 4: Como é a convivência com uma fera?

Depois que os meus três irmãos postiços se mostraram bastantes incomodados com as minhas relações amorosas, eu fiquei mais cauteloso a respeito deles. Eu nunca mais ficava perto deles quando não tinha mais ninguém conosco, sempre arrastava Heitor comigo quando ia na casa da minha antiga patroa. O pequeno garotinho agitado de cabelos loiros era o meu escudo, com ele nos meus braços, no meu colo, perto de mim, o irmão dele e os outros dois, não ousavam mexer comigo. Eu via a maneira como eles me olhavam, tão intensamente que eu ficava com as pernas bambas. Sei que não deveria senti nada quando se tratava das investidas deles para comigo, mas eu sentia algo. Meu estômago revirava sobre si mesmo, dando voltas e mais voltas, me deixando tão nauseado quanto desequilibrado. Heitor, mesmo tendo apenas cinco anos, percebeu que alguma coisa estava acontecendo entre nós quatro, por que logo depois da minha quarta visita na casa da minha antiga patroa, depois que eles começaram a agir de forma diferente comigo, Heitor se agarrava a mim sem eu procurá-lo. Meu bebezinho já estava tão crescido, seus cabelos loiros pareciam brilhar e estavam tão cheirosos quando ele encostava a cabeça em meu ombro e, depois de carícias em sua costa, dormia. Nem se parecia com aquele bebezinho babão, agitado e que gostava de puxar o meu cabelo toda hora. Agora ele era uma criança adorável, ainda bastante agitado e, de vez em quando, enrolava suas mãozinhas em meus fios tão duramente que, muitas horas depois, meu coro cabeludo ficava formigando, inchado e dolorido. A falta de dois dentinhos eram perceptíveis quando ele sorria, acho que era isso que impedia o avanço de Samuel, Ricardo e Bruno. Não a falta de dentes de uma criança, mas sim a inocência dele.

Não foi só Heitor que percebeu que algo estava acontecendo entre mim e os garotos. Provavelmente todo o resto das três famílias também. Selena nunca ficava comigo quando eu praticamente implorava para que ela não me deixasse sozinho com eles, um pensamento tolo girava em minha mente cada vez que ela fazia isso, talvez ela quisesse que eu engatasse alguma coisa relativamente amorosa com algum deles. Clara e Kelly ainda eram crianças, mas toda vez que eu ia fugido até o quatro de uma delas e pedia para que guardassem segredo da minha localização, elas não faziam. Segundos depois de eu estar dentro do quarto, uma das duas, ou as duas, tanto faz! Gritavam para que seus irmãos viessem até elas e, consequentemente, me encontrassem. Até os adultos estavam conspirando para o meu desprazer e para o deleite deles! Os pais de Samuel, quase todo dia, me convidavam para jantar na casa deles. Parei de ir três dias depois, sempre que eu ia nenhum deles estavam em casa e quem abria a porta para mim era Samuel, apenas de cueca e com uma taça de vinho na mão e música romântica como trilha sonora. Corri, como um maluco quando ele virou de costa, depois de me convidar para entrar.

O único membro, além de Heitor, que me ajudava contra os avanços de um de seus irmãos e os outros dois, era o Luís. Se eu não tivesse o quarto dele, cheio de papeis rabiscados, livros organizados por nome e rigidamente organizado, eu já teria ido parar na cama de algum deles a muito tempo. Não estava na vantagem, tinha um garoto agitado de cinco anos e um pré adolescente superdotado de 13 anos. Enquanto eles três tinham uma companhia muito maior e mais cheia de recursos. Eu até já tentei ter uma conversa mais civilizada com eles, em vez de ficar fugindo deles como um ladrão foge da polícia. Mas não deu muito certo, vi que a coisa ia ficar complicada quando todos os três tiraram as camisas, e deixaram a mostra três exuberantes abdomens trincados.

Eu disse para mim mesmo que eu conseguiria fazer aquilo, já não era uma criança a muito tempo, eu tinha 23 anos! Mas minha determinação não estava preparada para o caminho de pelos platinados que sumiam dentro da calça de Samuel, ou para os braços superdesenvolvidos de Bruno, e com o sorriso devastadoramente lindo de Ricardo. Eu poderia ser o mais velho daquela sala, mas com toda certeza era eu que estava em uma situação mais, como posso disser? Humm... de risco? Isso! Risco, estava completamente enrascado. Eu vi aqueles três crescerem, ficarem mais altos que eu, mais fortes, ficarem mais homens – mesmo eles terem acabado de sair da adolescência, 19 anos ainda não é completamente adulto – mas Deus! Meu corpo, traiçoeiro, os queria. E muito.

No final das contas eu não consegui nada, se ficar suando, gaguejando e nervoso contasse para alguma coisa, então, porra! Eu tinha feito muito bem. Andando de costa, eu sai da casa dele – mais exatamente, a casa dos pais de Bruno – com as mãos estendidas. No final, antes de sair correndo, mais uma vez, eu disse:

— Quando foi que vocês cresceram tanto? — Minha cabeça girava de forma descontrolada, uma gota escarlate de vinho – não sei por que eles gostavam tanto de vinho, eu tinha tomado água enquanto tentava dar um basta nessa loucura, afinal eu tinha que permanecer com todas as minhas faculdades mentais funcionando perfeitamente – escorreu pelo peito de Samuel, tingiu de rosa claro os pelos platinados, perdendo-se também, nas suas calças – Era para vocês serem menores que eu! Droga! Eu sou mais velho e, não, não olhe para mim desse jeito! Não me liguem, me procurem ou qualquer outra coisa, me ouviram?! Tchau.

Antes de virar e sair correndo, eu vi quando eles anuíram com a cabeça. Eu só não contava com uma coisa, nunca tinha passado pela minha cabeça aquela ideia. Minha família! Sim, minha família. Durante quase todos esses cinco anos que eu estava aqui, em outro estado, eu me comunicava regulamente com os meus irmãos. Felipe, meu irmão mais velho já tinha se formado no curso de direito, estava trabalhando em uma renomada empresa em meu antigo estado e atualmente estava casado. Casado! Mesmo tendo apenas 27 anos. Ele estava mais bonito, tinha ficado mais encorpado, músculos avantajados eram o que eu via sempre que minha irmã mais nova, Leona, me mandava. O meu irmão do meio, Danilo, estava uma coisa linda. Todos os membros da minha família eram altos, não tinha como negar. Meu pai tinha 2,03 de altura de músculos bem distribuídos, minha mão é praticamente uma amazona. Morena, com grandes olhos claros, cabelos lisos e 1,79 de altura. Então, o meu irmão do meio estava mais alto que eu, só que com os mesmos cabelos lisos e grandes olhos pretos claros e brilhantes. E minhas irmãzinhas, que já não eram tão “zinhas” assim, Leona com seus grandes cachos pretos lustrosos, tinha uma juba em vez de um cabelo, tão morena, tão alta e tão linda! Assim como Ângela, uma poderosa mulher de 19 anos.

Em um dia particularmente estressante para mim, quando eu estava na minha casa, deitado no chão da minha sala, tentando de todas as formas aplacar a furria avassaladora em meu corpo devido a uma leve confusão que teve na faculdade, que infelizmente eu estava envolvido, quando escutei um “binp” eletronizado vindo do meu computador. Respirei profundamente e me levantei. O ícone do meu e-mail estava piscando, sentei-me na cadeira em frente ao meu computador, arrastei o mouse e olhando a seta branca se movendo pela tela do computador, cliquei no ícone. Um novo e-mail da minha irmã estava ali. Cliquei em cima dele e comecei a ler.

“Chel, caso estiver lendo isso significa que estamos mortos e que o advogado da família está mandando, nesse e-mail, nossas últimas palavras...”

Engasgue quando li essa primeira parte do texto, quase caia da cadeira. Já estava ficando livido de tanta surpresa. Mas depois eu percebi que tinha mais palavras, mais coisa para eu ler e quando comecei a ler novamente, respirei aliviado.

“... brincadeira, meu irmão! Não estamos mortos, mas perai? Se casso eu estivesse morta, como eu poderia saber? Talvez eu seja um fantasma materializado escrevendo uma carta virtual para o último membro vivo de minha família e... ai! Droga, você acredita que Danilo acabou de me dar um tapa na cabeça? Vou te contar uma coisa, Chel. Depois que você foi embora, Danilo ficou mais chato e... Ai! Ele me bateu novamente, e agora está exigindo que eu escreva seriamente...”

Eu sorri, quase podia ver a cena. Leona digitando, uma mulher em um corpo de criança, Danilo atrás dela e dando uma irmão mais velho.

“Eu juro que se ele fizer isso mais uma vez eu dou um tapa na sua cara. Mesmo ele sendo um cara enorme, ele ficou com medo, queria que você visse a cara que ele fez. Então, onde eu estava? Ah tá! Danilo me relembrou, só queria dizer que estamos indo visitar você! Deus! Estou com tantas saudades, Ângela também, Felipe, Danilo, mamãe e até o papai, mesmo ele não dizendo em voz alta, é visível que ele sente a sua falta.”

Dessa vez eu realmente quase desmaio, como assim eles viriam até aqui? Todos eles? Li o restante do texto e a cada palavra que lia, minha boca se escancarava.

“Foi ideia de Danilo, desde o inicio, cinco anos atrás. Mas papai ainda estava bastante bravo, Danilo brigou e ficou sem falar com papai por quase meio ano, Felipe também, nós não, eu ainda era bastante nova, uma criatura bastante sujeita a propina. Papai me comprou com várias bonecas e brinquedos. Mas esqueça, eu prefiro esquecer. Mamãe e papai quase se separavam, mas um dia ele chegou bêbado em casa, se segurando em tudo e em todos para não cair, foi que ele contou o que realmente sentia. Ele sentia e sente a sua falta, Chel! Não estou mentindo, ele chorou, mesmo estando com uma enorme quantidade de álcool no organismo, mas chorou e contou que sentia falta do seu filhinho, do seu Chechel...”

Meu pai tinha a maneira carinhosa de me chamar de “Chechel”. Quando dei por mim, estava chorando! Fazia tempo que eu não chorava, mas foi só eu ler aquelas palavras, escrita pela minha irmãzinha, me fez chorar como nunca tinha chorado. Quando eu cheguei aqui, eu dizia para mim mesmo que eu tinha merecido aquilo, ser expulso de casa, quero dizer, mereci mesmo, eu com o meu fogo juvenil me fez ser expulso de casa, ser expulso da minha própria família. Eu sentia saudades de todos os meus irmãos, da minha mãe e sentia uma saudade avassaladora do meu pai. Meu gigante e heroico pai. Lagrimas amargas feriam meu rosto por onde passavam, era como ácido, lágrimas que queimavam a minha mascara de bravura e de um rapaz que tinha prosperado em um lugar desconhecido sem a minha família. Procurei nas três famílias que me acolheram o amor incondicional de minha mãe, a proteção ferrenha do meu pai, a disposição de me deixar irritado do meu irmão, o carrinho sem precedentes de meu irmão do meio e as bobagem de minhas irmãs mais novas. Consegui isso, claro que consegui, mas foi em uma quantidade menor, tão inferior as que eram me dada na minha família original. Samuel, Ricardo e Bruno me irritavam como o meu irmão mais velho fazia, mas eles eram tão comportados e cheios de regras que suas implicâncias eram tão insignificantes.

“Então, ontem papai nos mandou sentar no sofá da sala, até mesmo a Fabíola, a esposa de Felipe, e nos disse que tinha comprado passagem para todos nós para que fossemos te visitar. Pulei de alegria, assim como todo mundo. Papai ainda tentou manter a fachada de “Eu-só-estou-fazendo-isso-porque-sou-o-pai-dele” que, sinto dizer, não estava ajudando em nada! Então, hoje, enquanto eu estou escrevendo isso e Danilo me ajudando, Ângela e Felipe estão fazendo as nossas malas! Vamos nos ver novamente, quero te ver pessoalmente mais uma vez. Beijos de sua irmãzinha e até daqui a dois dias <3!!”

Eu tinha um sorriso bobo em meu rosto quando terminei de ler, tinha dois dias para me preparar para a chegada deles. Ainda estava com o sorriso no rosto quando vi a data de envio. Ele foi desmoronando aos poucos. Hoje era 25 de Janeiro, e a data que o e-mail foi enviado foi no dia 22 de Janeiro. Mas como! Deus! Com um sobressalto eu percebi que fazia exatamente três dias que não via a minha conta de e-mail, e só abri hoje por que uma das minhas professoras do curso de psicologia disse que ia mandar um comunicado para o e-mail das pessoas que tinham ficado reprovados em sua matéria. Quando estava no chão, fervendo de raiva, tinha sido por isso. Eu tinha discutido fervorosamente com a mulher, uma velha com cabelos grisalhos, finos e quebradiços, mãos calosas e com a pele fina. Quando vi o anuncio do e-mail pensei que tinha sido ela, me mandando um comunicado de reprovação. Mas em vez disso eu recebo um e-mail atrasado de minha família que já devia estar aqui na minha cidade. Num átimo, eu pulei da cadeira que eu estava petrificado e peguei meu celular do chão. Disquei furiosamente o número do meu irmão e esperei até que ele atendeu?

— Chel! Que bom que ligou – A voz feliz do meu irmão me deu uma sensação tão nostálgica e ao mesmo tempo tão culpada que eu não encontrei a minha voz por um bom pedaço de tempo – Estamos quase chegando na sua casa! Estou tão ansioso....

— Dan! — Eu praticamente gritei quando consegui recuperar a minha voz, interrompendo a frase do meu irmão – Você está aonde?! Quer disser, vocês estão aonde?

— Humm... estamos dentro do carro – Respondeu, hesitantemente. — Quase chegando na porta de sua casa. Está tudo bem, Chel?

— Claro que está – Minha voz tremeu, e eu praticamente corri da direção da porta na esperança de ver o carro que estavam falando – Estão todos dentro de um único carro?

— Claro que não, Chel – Ele deu uma risadinha – Nesse que eu estou, além de mim, estão mamãe, Fabíola e Felipe. Papai, Ângela e Leona estão vindo em outro táxi, mais atrás do nosso.

Escutei dois bips seguidos vindo do meu telefone, droga, droga, droga! Meus créditos estavam no final! Nem deu tempo para que eu me despedisse dele, quando tentei falar com ele novamente, a ligação caiu. Fiquei um tempão olhando para o meu celular, vendo a foto do meu irmão piscar por dois segundos antes de sumir, encerando assim a ligação de uma vez. Do lado de fora eu estava, do lado de fora eu fiquei, já que eles estavam vindo para cá mesmo, era bom eu ficar ali parado. Mas eu esperei, esperei e esperei mais um pouco, e todos os dois táxis que por ali passaram não pararam na porta de minha casa. Uns vinte minutos já tinham se passado quando ouvi o toque eletrônico do meu telefone fixo. Corri rápido novamente até lá, quase deixei o aparelho preto brilhante cair quando apertei o botão verde.

— Alô? — Minha voz saiu esbaforido.

— Chel, onde você está? — Era a voz de Samuel, a doce voz de mel do meu irmão postiço – Em casa?

— Estou sim. Por quê?

— Venha aqui em casa, Chel – A voz dele ficou mais distante quando ele falou a próxima frase, mas, mesmo assim, deu para entender: Estou falando com ele, foi o que ele disse para uma outra pessoa do outro lado da linha – Agora!

— Não dá, Samuca – Eu tinha aderido ao apelido carinhoso do Samuel – Estou esperando, hãm... por umas pessoas.

— E por algum acaso essas pessoas se chamariam Felipe, Danilo, Ângela, Leona, Fabíola, Emílio e Cecilia – Larguei o telefone depois que ele disse isso. Arremessei seria a palavra mais apropriada para com o que eu fiz com telefone.

Uma outra coisa que eu tinha adquirido, além da minha casa, foi um carro que eu comprei quando fiz três anos morando naquela nova cidade. Eu tinha comprado vermelho, a minha cor favorita. Estava usando apenas um short de lycra que não era maior que uma cueca boxer e uma camiseta branca que longos cortes nas laterais que iam até a cintura. Nem calcei nada, apenas peguei meu celular, minha carteira e as chaves do carro. Dei a partida e quando escutei o ronco do motor, pisei fundo no acelerador. Acho que tinha infringido dezenas de leis de transito, e com toda a certeza, receberia três ou quatro multas por excesso de velocidade. Cheguei na porta da casa da dona Maíra cantando pneus, minhas mãos estavam tremendo bastante, não sei nem como consegui tirar a chave do carro, parecia que eu tinha trezentos e dez polegares e dois mil e cem indicadores. Nem bati na porta da casa, já era da família o bastante para entrar sem bater. Encontrei toda a minha família na beira da piscina.

Depois de procurar por eles em praticamente todos os cômodos da casa, cair mais de dez vezes no chão de madeira polida na minha corrida desenfreada, e de ter tropeçado e caído da escada, eu os encontrei na piscina. Estava arfante quando os vi, mas não cheguei e fui logo até eles. Fiquei parado, meio recuperando o folego, meio observando a interação das minhas duas famílias. Todos os meus irmãos – os de sangue e os de coração – estavam com trajes de banhos. Samuel, Bruno, Ricardo, Luís, Danilo, Felipe e até o pequeno Heitor estavam de sunga. As garotas e mulheres estavam de biquíni. Por quanto tempo eu demorei para chegar até aqui? Eu vim o mais rápido que pude, quase provocava milhares de acidentes de trânsitos. seu Mario, seu Cláudio, seu Jorge e meu pai conversavam animadoramente sobre alguma coisa, que dali onde eu estava, não conseguia ouvir. dona Maíra, dona Leila, dona Juliana e minha mãe dividiam alguns segredos, estavam mais próximas de mim e eu escutei algumas de suas palavas. Elas estavam falando sobre os filhos.

Foi Heitor que me viu, ele ia pular na água e alguma coisa, sei lá o que, o fez virar o rosto na minha direção. Ele gritou “Chel” e veio correndo na minha direção. Ele pulou e eu o peguei no ar, abraçando-o fortemente em meus braços, seu corpo estava gelado e molhado, mas, mesmo assim, não o soltei. Todas as minhas pessoas, minhas duas famílias, olharam para mim. Os olhos de Samuel, Ricardo e Bruno estavam em minhas pernas em exposição. Quando coloquei Heitor no chão, longos braços morenos me abraçaram. Enterrei a minha cabeça no vão entre o pescoço e o ombro do meu irmão. Meu irmão mais velho, mesmo eu não tendo olhado ele por cinco anos, eu sabia que era ele. Meus olhos ficaram cheios de água e começaram a arder.

— Senti tanto a sua falta – A voz dele estava rouca, acho que deveria ser as lágrimas que ele teimava em não derramar, assim como eu – Meu irmãozinho está tão grande, olhe só essas pernas. Deus! Tão maior. Mas eu tenho que te confessar uma coisa: As minhas são maiores.

— Vá se lascar! — Murmurei em seu ouvido. Tinha um sorriso enorme quando ele pegou em meus ombros, me empurrou para ver meus rosto – Também senti sua falta.

E o resto da minha família veio me abraçar, Danilo chorou em meus braços. Um homenzarrão daquele tamanho chorando no ombro do irmão mais velho, mas, mesmo assim, eu não o soei. Também estava com saudades dele. Minhas duas irmãs me abraçaram apartadamente ao mesmo tempo, deixaram todo o meu rosto babado e com marcas fantasmas de lábios. Minha mãe me abraçou tão forte que eu fiquei sem ar, mas eu acho que a minha falha na respiração não se deu ao fator do abraço da minha mãe. Mas sim devido ao fato da saudade, era tão bom senti novamente a textura macia da pele de minha mãe, senti o cheiro adocicado e materno que exalava de cada poro da minha mãe, entranhando no meu organismo de forma tão veloz e dura que as lágrimas que estavam empoçadas em meus cílios, transbordaram. Ouvi a doce voz cantada e com o sotaque da minha terra natal fez meu coração pular no peito, já estava tão acostumado a ouvir e falar com pessoas dessa terra emprestada. Ela também estava chorando, colocou as mãos em concha em meu rosto e deu um longo beijo em minha testa.

— Está maravilhoso meu filho – Disse minha mãe, tão suavemente que uma nova onda de lágrimas quentes escorreram pelo meu rosto – Olhe só para você, meu menino grande, senti tanto a sua falta. Mas pelo visto você estava em boas mãos. Maíra cuidou muito bem do meu menino.

— Ela foi a minha segunda mãe, sim – Respondi.

Ela ainda ficou bastante tempo comigo, me perguntando de tudo e mais um pouco. Desde as perguntas mais simples e embaraçosas, como: Você está se alimentando corretamente? Dormindo as oito horas necessárias por noite? Tem estudado certinho na faculdade? E você não andou transando sem proteção, andou? Até as mais complexas: Você viu como aqueles três garotos te comem com os olhos, meu filho? Já reparou no loirinho? No moreno? O de olhos verdes? Me livrei das constrangedoras perguntas da minha mãe e quando ia me virar dou de cara com o meu pai. 2,03 de altura, um moreno e tanto. Eu era um tampinha comparado a ele, suas penas eram imensas e as minhas ridiculamente pequenas quando ficava perto dele. Respirei fundo e estendi a mão, não transformaria o meu reencontro familiar em um desastre. Como já disse e repeti milhares de vezes: eu não o culpava! A culpa era minha, apenas minha. Ele também estendeu a dele, entrelaçou sua mão de dedos esguios, morenos e fortes e chacoalhou minha mão com a sua, quando pensei que ele ia me soltar por que já tinha me tocado o suficiente, ele me puxou na sua direção e me abraçou.

Um abraço tão estranho e tão normal que me fez nunca mais sair dos braços do meu pai. Senti-me uma criancinha novamente, com 8 anos de idade quando ele me ensinou a nadar, com 11 anos quando ele me guiou até o último momento a andar de bicicleta, me ajudando cada vez que caia, beijando cada pequeno ralado e rindo comigo depois de tudo. Me sentia com 15 anos, sentado no sofá, junto com Danilo e Ângela enquanto ele tentava, mesmo estando totalmente sem jeito, nos explicar de como nossos corpos funcionavam, eu sai da sala com mais duvida de quando eu entrei. Nem parecia o cara de 23 anos, dono da minha própria vida e cheio de responsabilidade de adultos. Nos braços do meu gigante pai eu era apenas o Chechel, um garoto magro, alto para a idade e que não conseguia.

— Não sei por que fiz isso com você, Chechel – Meu pai não choraria na frente de todas aquelas pessoas. Nem fodendo ele faria isso, meu gigante pai era a prova de choro – Sua mãe brigou comigo tantas vezes durantes os dois primeiros meses que você saiu de casa, me colocava para dormir no sofá! Olha o meu tamanho, amanhecia todo dolorido e com câimbras por todo o corpo. Seus irmãos também brigavam comigo, Danilo ficou sem falar comigo um tempão. Felipe saiu de casa, só voltou quando foi apresentar a Fabíola. Mas resumindo, Chechel. Senti tanto a sua falta.

— Eu também, papai – Eu não era o meu gigante pai, eu era apenas um filhotinho, então não tinha nada contra não chorar. Pois eu chorei.

Naquele dia as minhas duas famílias se uniram. Agora eu tinha quatro pais e quatro mães, doze irmãos e uma cunhada que estava gravida! Cinco meses! Eu teria um sobrinho daqui a mais quatro meses. Mas com a chegada da minha família não aplacou a perseguição de Samuel, Ricardo e Bruno para comigo, ao contrário, eles me perseguiam com mais afinco.

E aquilo estava me deixando totalmente sem paciência.

Totalmente sem paciência.

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Comentários

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Hum, so espero que ninguém saia machucado e adorei o capitulo.

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Excelente. Excelente mesmo! Fica melhor a cada dia. Sou fã desse conto demais. NOTA 10

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Que bom que voltou!Senti falta do conto.

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Oi coisa linda do meu coração que eu tenho certeza que não ta bravo comigo não é?. Ta eu sei me desculpa eu sei que tem um tempo que eu não comento e sim a culpa foi toda minha me desculpa por favor meu lindo não foi de proposito, olha o que aconteceu foi o seguinte quando você postou Por "Favor... Me Ame! 15" eu acabei não comentando por falta de tempo e de cabeça também eu ia esperar você postar um novo capitulo pra comentar, você tava demorando tanto, tipo eu agora só olho nos contos recentemente postados sabe e eu ficava olhando todo dia esperando pra ver se você postava "Por Favor... Me Ame! 16" mais isso não acontecia só depois de muito tempo que eu fui me tocar que eu podia olhar na sua pagina aqui na CDC dai que eu fui ver que você tinha começado um conto novo e mudado o nome de autor pra "Chel" e isso só aconteceu essa semana dai eu fiquei esperando você postar um novo capitulo dessa historia pra poder comentar, e então se deu por isso minha demora, me desculpa de verdade você sabe que eu te adoro na minha opinião você é um dos melhores autores aqui da CDC, e olha ultimamente eu ando de folga então eu to lendo muito mesmo nem sei quantas historias eu ando seguindo só sei que é tipo dezenas das mais fraquinhas seja pela historia ou pela falta de desenvolvimento da mesma até as historias de alto nível assim como foi "Por Favor... Me Ame!" e como esta sendo "Me Ensine a Amar", e por falar nessa historia maravilhosa que você esta a escrever agora, no dia que me toquei que você tinha começado uma nova historia e que já estava no 3º capitulo eu de imediato comecei a ler a mesma, assim que terminei o primeiro capitulo já fiquei viciado nesse conto incrível pois assim como seu conto anterior este conto também esta divino, ele é muito bem escrito, com personagens super carismáticos e interessantes o protagonista da historia Chel é uma figura, toda a historia que ele passou tudo que aconteceu com ele foi incrível foi divertido foi tocante foi triste mais acima de tudo foi engraçado, tipo me desculpe se sua intenção principal não era a comedia mas eu me acabei de rir lendo seu conto tipo eu quase cai da cadeira varias vezes, o capitulo que eu ri menos foi esse mas em compensação eu quase chorei serio mesmo foi muito tocante esse capitulo, mais eu também ri bastante, ta deixa eu parar que esse comentário já esta demasiadamente grande então bjos e novamente me desculpe por ser tão desligado Xau.

Atenciosamente de seu fã muito desligado Neto.

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O conto está muito bom. Escrita muito boa, bem descritivo, as vezes eu confundo um pouco os personagens mas são tantos né? Antes desse conto começar a ser postado, estava sendo postado um chamado "Por favor..Me ame" que está na part 15. Vocês são os mesmos autores? O conto "Por favor...Me ame" vai ter continuação ou ele foi abortado?

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Muito lindo o reencontro e continua logo e vê se agarra logo os trés e seja feliz garanto q eles aceitam kkkkkkk

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Pega logo os três e pronto, o conto esta ficando mais interessante.

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