Quando acontece o amor... 06

Um conto erótico de Maverick
Categoria: Homossexual
Contém 1794 palavras
Data: 28/04/2014 20:45:46

Então, vamos lá...

Espero o comentário de vocês.

"A noite estava quente e sentamos num banco de madeira no jardim aos fundos da casa, quando bocejei Marcela sentou na ponta do banco e disse para eu deitar e usar as coxas dela com travesseiro. Fiz como sugerido e com isso pude olhar para de um ângulo novo e mesmo assim ela continuava muito bonita, ela falava sobre sua infância andando por muitos lugares e perguntou se podia mexer no meu cabelo e com a minha concordância passou a fazer trancinhas frouxas que se desmanchavam logo que escapavam de suas mãos. Marcela tinha dedos minúsculos de pontas rosadas e unhas bem feitas.

Eu estava numa mistura muito estranha de sentimentos e sensações, me percebi sensível a qualquer toque de seus dedos, arrepios deslizavam por minha pele e estava ficando difícil respirar. Pensei em sair dali, ir para a calçada e acender um cigarro, mas queria ficar o tempo que pudesse perto dela, mas ao mesmo tempo tinha medo do dia seguinte, de me afeiçoar a ela e quando aquela fase passasse e ela se sentisse mais inteira e mais forte emocionalmente, perdesse o interesse por mim.

— Você está com medo que ela perca o interesse por você Patrícia? Que droga é essa que colocaram no seu café hoje de manhã criatura? – me ironizou minha louca interior.

Ignorei aquele questionamento, pois apesar de tanta confusão, me sentia feliz de um jeito totalmente novo. Nunca pensei que um dia me encontraria numa situação em que estaria tão confortável com uma mulher, pois sejamos sinceros, ela podia até ter cara de novinha, mas com aquele corpo, aquela boca e aquele cabelo...

— Que merda Patrícia! – gritou a louca na minha cabeça – Só faltava mesmo você se apaixonar por uma mulher.

— E se estiver me apaixonando, qual o problema? – continuei naquele diálogo insano.

— Como assim qual problema? – minha louca parecia querer me esmurrar – Já esqueceu que ela não tem aquela coisinha que balança entre as pernas e quando está dura te dá orgasmos?

— Tenho certeza que deve haver meios...

— Você ficou louca!!!!

E eu sentia que estava mesmo ficando maluca, mas o contato com as coxas dela, o toque de seus dedos em meus cabelos e sua voz que me acalmava de um jeito viciante eram argumentos difíceis de rebater naquele momento. Resolvi que precisava de um tempo, aquela situação estava me deixando com os nervos à flor da pele e os carinhos dela na minha cabeça não estavam ajudando. Pedi licença e levantei, na cozinha peguei minha bolsa e dela tirei meu maço de cigarros, estava na porta de saída quando ela me alcançou.

— Aonde vai? - perguntou alarmada.

Mostrei o maço de cigarros.

— E porque imagina que tem de fumar na rua?

— As pessoas parecem pensar nos fumantes como criminosos...

— Você é minha amiga e não precisa nem sair de perto de mim pra fumar, volte para o jardim comigo, agora, não quero você na rua. Sabe-se lá que tipo de pessoa anda por aí há essas horas.

E obediente como nem sempre fui, permiti que ela me tomasse pela mão e voltei para o banco no jardim. Parecia haver apenas perguntas em minha cabeça, a maioria eu não queria nem reconhecer, mas mesmo assim, com ela sentada ao meu lado fui acalmando, o cigarro queimou quase todo sozinho e me permiti volta a deitar usando suas pernas como travesseiro.

Como explicar que ela me deixava nervosa? Como dizer para aquela criaturinha que quando me abraçava eu conseguia encostar meu queixo no alto da sua cabeça, que tinha medo dela e das coisas que eu sentia quando ela me tocava, como dizer que tinha medo do desejo que me assaltava quando eu olhava para o corpo dela? Até mesmo da calma que sentia quando ouvia sua voz eu estava com medo. Tinha medo de ir embora, pois não imaginava um meio de justificar a volta. Não sei de onde ela puxou uma almofada e enquanto trocava sua coxa por ela Marcela levantou e foi para a cozinha e depois de alguns minutos voltou com duas xícaras de café. Sentei e tomando uma das xícaras de sua mão provei um pequeno gole, pois estava bem quente, o aroma era delicioso, forte e encorpado, tinha uma camada de creme e uma carinha sorridente feita com canela.

— Minha avó Cecília também fuma, se bem que ela aproveita melhor o cigarro... e adora o café do jeito que eu faço. Queria que você experimentasse. Você toma café, não toma? Eu sempre achei que todo fumante adorasse café, mas se você não gosta, não precisa tomar.

Falava com um tom de ansiedade, que tentava esconder. Era como uma criança tentando agradar.

— Você deveria ser barista. Este é o melhor café que já tomei. – e não estava mentindo, era de longe o melhor café que já havia experimentado.

— Meu tio cultiva esse tipo de café no sítio dele em Minas. Aqui a gente só toma dele.

A proximidade do corpo dela ao meu lado no banco, mesmo que ela estivesse, aparentemente, mais interessada em beber o café – que bebemos em silêncio - que em mim, me deixava ansiosa e tensa. Percebi que na verdade não queria que aquilo que me atraia nela fosse desejo, não queria me sentir assim em relação a ela, mas principalmente, não queria as mudanças que aquilo traria para a minha vida.

— Você pode dormir aqui, se quiser. - disse ela - Vai trabalhar amanhã?

— Não... – minha voz saiu triste da minha boca e sentia lágrimas em meus olhos.

— Não quer dormir aqui ou não vai trabalhar amanhã?

— Marcela, você não entende... – e quando vi estava chorando abertamente.

— Ai meu Deus!!!! O que foi que eu fiz, por que está chorando?

— Eu não posso ficar perto de você... mas o que eu mais quero agora é ficar do seu lado... eu... estou sentindo coisas que não entendo.

Levantei bruscamente, mas quando me virei para sair ela estava na minha frente segurando meus braços. E era mais forte que eu imaginava.

— Eu é que não entendo. – disse Marcela assombrada – Se quiser ficar aqui, não tem problema, pode dormir no meu quarto, mas se não quiser pode dormir no quarto de hóspedes...

Ela parecia realmente não entender ou estava curtindo com a minha cara, de qualquer forma, não seria eu quem explicaria, principalmente por não ter como explicar algo que eu mesma não entendia.

— Acho que não podemos ser amigas... – falei mais comigo que com ela.

— Que conversa estranha é essa? Queira você ou não, já somos amigas. Eu dividi com você um dos momentos mais difíceis da minha vida e você trouxe sorvete e ficou comigo quando achei que o mundo fosse desabar na minha cabeça... - acho que paciência não era muito o forte dela, pois o grito que deu na minha cara, ou quase, foi um sinal claro de que não esperaria muito tempo por uma explicação — QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI PATRÍCIA???

Eu apenas chorava e ela me fez sentar novamente e segurou minhas mãos. Me olhava com aqueles olhos arregalados, realmente preocupada. Eu não conseguia parar de chorar, Marcela se afastou um pouco e puxou minha cabeça para deitar em seu ombro e minhas pernas sobre as suas, sempre segurando minhas mãos. Depois de um tempo consegui me controlar e desistindo de tudo abri a boca e as palavras saíram simples, verdadeiras, mais verdadeiras que qualquer coisa que eu tenha dita a um homem.

— Sabe quando tudo que você acredita desaparece de uma hora para outra? Marcela eu gosto de homem, sempre gostei... mas você está mexendo com a minha cabeça.

Marcela não respondeu por um tempo. Depois me fez apoiar as costas no banco e levantou, foi na direção da cozinha e voltou com um copo d’água para mim. Eu aceitei e bebi um pouco. Ela tirou o copo das minhas mãos trêmulas – suas próprias mãos não estavam assim tão firmes também – e colocou-o no chão, voltou a segurar minhas mãos, mas agora carinhosamente. Quando voltou a sentar ao meu lado ela também tremia apesar do calor da noite e da proximidade de nossos corpos. Ficamos em silêncio até ela dizer num sussurro ainda sem olhar para mim.

— Será que se apaixonar é isso, então? Essa vontade de estar perto, de tocar a pessoa o tempo todo como se precisasse disso para acreditar que é real, de querer vê-la sorrindo, de contar sua vida inteira e torcer para que ela goste de você do jeito que você é? Será que amar alguém é sofrer quando a outra pessoa está triste e desejar ser a criatura mais poderosa do universo para impedir que qualquer coisa magoe a pessoa que você gosta?

Ela passou o braço pelas minhas costas e me puxou para junto dela, me abraçou e colocou a cabeça no meu peito, meu coração ainda estava descompassado e eu apoiei o queixo em sua cabeça. Marcela mudou a cabeça de lugar e passou a me olhar nos olhos. Quando começou a falar eu só queria que não parasse nunca, a voz dela me hipnotizava e seus olhos lindos pareciam prender os meus.

— Você é a mulher mais linda que eu já conheci Paty. Posso reconhecer isso independente da situação. No começo era até difícil ficar te olhando, pois não parecia certo olhar para uma pessoa tão linda, quando você saiu do seu carro achei que iria bater em mim, seus olhos estavam tão cheios de ódio, mas depois... quando cuidou de mim daquele jeito tão... não sei explicar... eu me senti especial... e quando conversamos eu senti que poderia te dizer tudo, da minha vida, dos meus sonhos, meus desejos... tenho vontade de te contar coisa que nunca contei nem para meu pai ou namorados... a forma como você parece entender o que eu penso, o que eu sinto. Quando você desligou o telefone na minha cara eu achei que nunca mais saberia de você, estava conformada com isso, mas ao mesmo tempo tudo que eu conseguia pensar era em te chamar por que eu precisava de você perto de mim. Não posso dizer que isso não me assusta, pois não seria verdade, nem posso dizer que um dia imaginei que me sentiria atraída por uma mulher. Mas como alguém com sangue correndo nas veias, seja homem ou mulher consegue não ser atraído por você? E se quer saber, estou morrendo de medo, estou literalmente apavorada, pois no pouco que te conheço, percebo que me envolver com você é quase certeza que vou sofrer. Não sou tão forte, nem tão experiente ou bonita e com certeza se cansaria muito rápido de mim...

— Eu quero ficar com você, mas não sei como... – e disse num sussurro.

— Nunca beijei uma mulher antes, Paty, eu nunca desejei beijar uma mulher antes. – disse ela......."

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Comentários

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O que mais me encanta, alem do incrível conteúdo da historia, é a forma que foi escrita. Incrível

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