Antes de iniciar esse capítulo, gostaria de esclarecer a dúvida do Rick***. Cara, que senso de observação, hein! Hahahaha é isso mesmo cara, o sono bateu e eu tive que abreviar um bom pedaço. Porém o básico foi retratado. Aquele foi um dia longoOuvir o sogrão pedir desculpa a todos foi uma grande surpresa. Meu pai foi até ele e trocaram um firme aperto de mãos. A mãe do Murilo estava muito emocionada, sempre limpando algumas lágrimas que caiam. Enfim, todos estávamos em um momento especial. Nascia ali a união de duas famílias, motivadas por um amor que surgiu em meio a tanta adversidade.
Os pais do Murilo ficaram lá em casa o restante do dia. Almoçamos todos juntos e isso estava sendo algo muito prazeroso. A conversa continuou a respeito de nossa sexualidade, mas a cada instante o pai dele se arrependia de tudo o que tinha dito anteriormente. É claro que para não forçar a barra eu e o Murilo mantivemos uma certa distância.
Quando foram embora, o Murilo foi com eles, me deixando no vácuo. Eu entendi, obviamente, seus motivos. Ele pretendia conversar mais com os pais, esclarecer todas as dúvidas e reafirmar o quanto ele tinha crescido a partir do início do nosso namoro.
De certa forma fiz o mesmo com a minha família. Minha mãe ensaiou uma briga com meu pai e o Matheus por ela ter sido a última a saber (ela odeia isso), mas logo os ânimos se acalmaram e voltamos a ser uma família unida.
No horário de dormir, meu irmão foi pro meu quarto. Ficamos conversando até altas horas sobre tudo o que tinha acontecido.
_O que você teria feito se o pai do Murilo tivesse batido nele na sua frente?
_Pra ser sincero, acho que eu ficaria louco. Mas isso não chegou a acontecer, ainda bem!
_Claro. Mas por um momento eu cheguei a pensar que ele iria pular no pescoço de vocês dois. Foi assustador.
_Ele só precisava de um toque. Acredito que agora, com o Murilo e mãe dele por perto, as coisas vão continuar evoluindo.
_Apesar de tudo, gostei da família dele. Acho que vamos nos dar muito bem. Já dá pra marcar o casamento.
_kkkkkk não viaja guri.
_Mas é sério. E agora? Vocês vão namorar pra sempre?
_Uma coisa de cada vez, tá? Ainda tô tentando superar ao quase massacre de hoje.
_hauahua vai evitando. Quando você menos esperar, eu já vou ser titio das crianças que vocês vão adotar.
_Ihhhh muleque.
_Mas mudando de assunto, quando é que vocês dois vão se encontrar de novo?
_Só daqui duas semanas. Um amigo nosso vai fazer aniversário e convidou geral. Na festa vamos nos encontrar.
_Ah. Deve ser foda ficar longe dele, né?
_É. Mas isso ajuda. Quanto mais fico longe dele, mais dou valor.
_Que gay kkkkkkk
_Idiota.
_Você acha que vai demorar muito tempo pra você poder ir até a casa dele sem nenhum problema?
_Acho que não. Acredito que logo os pais dele vão digerir melhor a situação.
_Quer apostar quanto que a mãe tá brigando com o pai até agora por ele não ter contado?
_Não aposto nada. Ela deve estar uma fera ainda.
_Lembra do dia que o Higor falou com eles sobre o tema?
_O que tem?
_Eu te disse que eles iriam compreender.
_É. Mas veja tudo o que aconteceu com o Murilo, eu tinha que me preocupar também.
_Verdade. Mas sabe de uma coisa? Acho que de agora em diante, as duas famílias vão se unir. Isso é bacana.
_Que você esteja certo. Agora vamos dormir.
_Claro.
Tentei apagar, por que a canseira estava grande.
_Rafa?
_Hã....
_Como é beijar outro cara?
_kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, tá querendo experimentar?
_Não. Só perguntei.
_Ihhhhhh, sei não em guri! Abre o jogo! Hauahuahua
_Larga de ser besta, só perguntei.
_kkk bom, é bem diferente de uma garota. É mais forte, mais intenso.
_Custava responder sem zoar?
_kkkkkkkkkkkkkkkkkkk claro. Agora me deixa dormir.
_Tá.
Mais uma vez tentei dormir. Mas estava difícil.
_Ein, e na hora do sexo?
_Ihhhh tá querendo saber de mais!
_Eu só queria saber se vocês se revezam.
Me fiz de desentendido só pra rir da cara dele.
_Não saquei.
Pela luz do abajur deu pra perceber que ele ficou vermelho.
_Você sabe.
_Não sei não.
_Porra! Custa me responder sem ficar tirando com a minha cara?
_hauahuahauhauaha. Isso é muito íntimo. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk
_Aff, não quero mais saber.
_hauahauhauahauha sei não ein! Tá querendo saber muita coisa.
_Cala a boca.
_Tá, eu falo. Hã... put’s, que tenso. Tá, agente reveza.
Acho que dessa vez foi eu quem ficou com vergonha porque ele ficou rindo da minha cara.
Ficamos mais um tempo conversando sobre outras coisas até que eu apaguei.
No outro dia, pela manhã, quando acordei meu irmão já tinha se levantado e não estava mais no meu quarto. Fui até o banheiro, fiz o que tinha que fazer e fui pra cozinha. Meu pai tinha saído, minha mãe estava conversando com alguém por telefone e meu irmão se afogando no café.
_Bom dia guri!
_Seu namorado ligou.
_Ah é?
Só então notei que não tinha visto meu celular.
_A mãe tá falando com ele.
_O que?
_kkkkkk fica calmo. Nada de mais até aqui.
_Sério?
_Sim. Tirando a parte que ela disse que vocês tem que usar camisinha também kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Não sei porque, mas isso era a cara da minha mãe. Tive que rir junto com meu irmão. Enquanto tomava café, pude ouvir um pouco da conversa da minha mãe com ele.
_Como ela pegou meu celular.
_Ah, é que ele ligou e eu atendi. Daí saí do quarto pra não te acordar e esbarrei com ela no corredor. É claro que ela quis saber com quem eu estava falando. Então pegou o celular da minha mão e tá falando com ele desde então.
_Faz muito?
_Uns 20 minutos.
_Nossa! Coitado!
_Concordo.
Tentei ouvir o que eles estavam conversando, mas minha mãe foi para um lugar mais distante. Por fim, desisti e me concentrei no café.
Após alguns minutos, ela chega e entrega o celular em minhas mão.
_Todo seu agora.
Saí de lá e fui conversar com ele.
_Oi!
_Oi meu amor! Tô com saudades já!
_Eu também!
_E como estão as coisas por aí?
_Tranquilas, e aí?
_Melhor do que eu esperava. Meus pais conversaram muito comigo, e eu fiz questão de explicar que eu não posso ficar sem você!
_Ótimo! Espero que o seu pai supere logo.
_Ele vai ficar legal.
_Tô com saudades de outra coisa também!
_Ah é?- o safado começou a rir- E de que seria?
_De te pegar de jeito!
Ficamos conversando por mais de duas horas, e o assunto não terminava. Mas tive que desligar quando meu irmão disse que o Higor tinha aparecido lá em casa.
Fui recebe-lo. Estava só.
_Fala Higor! Quanto tempo cara!
_Pois é guri! Fui viajar nesse período, nem te vi aqui durante as festas.
Ficamos um bom tempo conversando, até que eu contei a ele sobre meus pais já terem conhecimento sobre mim.
_Cara, que bom pra você! Sério mesmo!
_Valeu! Agora estou bem mais feliz.
Ele me contou que em sua casa os pais também tiveram grande evolução com relação ao Vinícius. No momento, até cogitavam fazer um jantar pra comemorar o namoro.
O Higor ficou lá em casa até a madrugada, e nesse período rimos pra caramba de tantas histórias as quais passamos juntos ao lado de nossos outros amigos. Quando ele foi embora, saiu prometendo fazer um churrasco pra reunir a galera.
Era muito bom ver as coisas caminhando para um rumo cheio de alegrias.
Passadas as duas semanas, chegou o esperado dia da festa de aniversário de um amigo nosso. Eu iria, finalmente ver o meu amor.
Quando cheguei na cidade da festa, fui rapidamente para a casa em que seria a festa. Ao chegar ao local, depois de cumprimentar o aniversariante, fui procura-lo.
Estava parado em pé, próximo a piscina da casa. De costas para mim. Estava lindo. Ao me aproximar ele se virou e ao me ver sorriu e correu me abraçar.
_Eu queria fazer uma surpresa.
_Eu senti o seu perfume.
_kkkkkkkkkk nossa, tá ligado ein!
_Claro, esse foi presente meu, lembra?
Fomos para um cantinho da casa e matamos um pouco da saudade. A falta do beijo que eu tanto gosto já estava me deixando louco. Ter ele mais uma vez em meus braços era uma grande satisfação. Ficamos um tempinho lá no amasso e depois voltamos pra festa para não dar bandeira.
Durante a festa, encontrei a Thaís e a Paty com os namorados. Mas a ausência do Victor era sentida por todos. Ninguém sabia o motivo pelo qual ele ainda não havia chegado, já que ele tinha confirmado presença. Ficamos até preocupados, então resolvemos ligar para ele. Porém quem atendeu o celular era a mãe dele, que nos informou que ele havia passado mal e estava internado, mas que não era nada grave.
O clima de festa para nós se encerrou naquele instante. Como o Victor já tinha enfrentado o câncer anteriormente, cada espirro que ele dava era motivo de agonia para nós. Então marcamos de ir até o hospital que ele estava internado (na cidade da minha universidade, já que ele mora lá). Nos despedimos da galera e fomos. Ao chegar lá, encontramos o Manoel na sala de espera.
Achamos estranho, mas ele explicou que ficou sabendo e que como nenhum de nós estava por perto, ele pensou em ir visita-lo.
Depois de ver o Vitin, que já estava bem melhor (tinha sido apenas uma virose), saímos para curtir a noite. Por um momento achei estranho ter a presença do Manoel em nosso grupo de amigos, mas depois me acostumei. Ele parecia o velho Manoel. O Murilo evitava ficar próximo dele, o que era reconfortante para mim.
Enquanto dançávamos em uma simples baladinha, o Murilo acabou se esbarrando com um cara que derrubou toda a bebida que tinha em mãos. Foi então que tudo começou, em uma fração de segundos o Murilo estava no chão com o nariz ensanguentado. Ao olhar o cara, eu ainda perplexo, senti minhas pernas ficarem trêmulas. O mesmo olhar, a mesma maldade no sorriso.
Sim, eu também já tinha sentido a força do soco daquele cara.
