Histórias da minha vida - Parte 75

Um conto erótico de Phabiano
Categoria: Homossexual
Contém 914 palavras
Data: 21/04/2014 13:14:23
Última revisão: 21/04/2014 13:40:12

"Vemos tanta violência nos jornais, assaltos, acidentes, assassinatos, e sempre achamos que isso não irá acontecer com a gente, até acontecer com alguem próximo a nós"

Cheguei em casa naquela sexta-feira um pouco atrasado, por conta da brincadeira com o Renato.

Estranhei o povo todo acordado, o Ricardo chorando, mas a minha tia e minha mãe estavam ali também.

O que aconteceu gente?

Por que o Rick esta chorando?

Larguei minhas coisas no sofá e fui me sentar ao lado dele.

Ele me olhou sem dizer nada, me abraçou soluçando e me apertou com força por entre os braços.

Minha mãe se levanta e me fala.

Filho o Igor sofreu um acidente e veio a falecer a algumas horas atras.

Aquelas palavras soaram com um tapa forte dado em minha face.

Eu não entendi, o-o que você disse mãe?

O Igor meu filho, um motorista bêbado e drogado, estava dirigindo em alta velocidade, dormiu no volante e no cruzamento, no sinal vermelho ele bateu na porta do lado do Igor, a frente do carro entrou dentro do carro do Igor, ele faleceu na hora, não deu tempo dos paramédicos reanimá-lo, eu sinto muito Fabiano.

Ela me abraçou enquanto chorava.

Eu não sabia o que fazer, não podia ser, era uma brincadeira sem graça alguma, de muito mau gosto.

Senti a mão do Ricardo apertar o meu ombro e ele me abraçou, nós demos um abraço apertado, eu gritava por tanta dor, desespero e medo, não podia ser e a Estela?

Mãe e a Estela eu preciso falar com ela.

Filho ela esta no Hospital medicada por causa do bebê.

Eu chorava pensando naquele cara que me fazia rir, que tinha demonstrado interesse por mim, que me ligava todas as noites.

Um filme passou em minha cabeça, foram 3 meses de amizade, eu não o veria mais, não cantaria mais as musicas do legião que ele tanto gostava.

Mais uma vez eu estava sem rumo e dessa vez não teria como trazer aquele amigo de volta.

Por que ele mãe, tia? Por que?

Deus quis assim Fabiano!

Que Deus mãe? Deus não existe, cadê ele para evitar que isso acontecesse?

Filho blasfemar não vai adiantar.

Eu vou pra lá, tenho que vê-lo com meus própios olhos, vem Ricardo vamos comigo.

Elas tentaram me segurar dizendo que a estrada era longa e eu estava muito exaltado para viajar, mas eu sempre fui teimoso.

Pegamos o carro e fomos até o Hospital, dirigi 100 km sem parar, precisava ver Igor pela última vez.

Cheguei até o hospital onde o corpo dele estava, conheci seus pais que sem saber quem eu era, abriram os braços tentando me confortar, tinham várias outras pessoas ali.

Crianças, adolecentes, rapazes, moças e algumas pessoas mais velhas.

E a Estelinha?

Ela esta dormindo no quarto 21.

Eu corri até o quarto e ela estava num sono profundo parecia estar em côma, de tão calma e serena.

Andei meio sem rumo e perguntei a uma das enfermeiras onde estava o corpo do rapaz que sofrerá o acidente.

O rapaz que bateu o carro esta aqui nesse quarto 23 e o mocinho que faleceu esta mais ao fundo, daqui a pouco será feita a autópsia.

A Senhora pode me levar até lá?

5 minutos rapaz nada mais que isso.

Entrei na sala e ele estava deitado na maca, seu rosto ainda estava corado sem um arranhão e parecia dormir e eu tive a ligeira impressão que ele respirava, mas não era verdade.

Igor como vai ser agora? E a Estelinha? E todos os seu amigos?

Não era para ser assim, você não pode ir embora agora.

Eu segurei a mão dele que já estava gelada e dei um beijo em sua testa, minhas lagrimas escorriam pelo seu rosto.

Entram o Ricardo e a enfermeira no quarto e sou obrigado a sair.

No corredor o Ricardo me segurando eu ainda criei forças para entrar no quarto daquele desgraçado que iria mofar na prisão, ele me olhou como que se estivesse pedindo perdão.

Desejei que ele morresse, se pudesse eu mesmo desligava os aparelhos dele.

O restante do pessoal chegou no outro dia para o enterro.

Raul, Rentao, Renan, Carlos, Luiz, minha mãe tia e as meninas.

A Estela ficou o tempo todo ao meu lado, não chorou e não falou nada, apenas segurava as minhas mãos, seus olhos estavam longe e sem vida, só se conseguia ver a tristeza.

Igor foi velado e enterrado ao som de: "Mais Uma Vez".

Que sempre foi a musica favorita dele.

Parecia um coral com todas aquelas vozes.

"Tem gente que esta do mesmo lado que você.

Mas deveria estar do lado de lá.

Tem gente que machuca os outros.

Tem gente que não sabe amar.

Tem gente enganando a gente.

Veja nossa vida como está.

Mas eu sei que um dia a gente aprende.

Se você tiver alguém em quem confiar.

Confie em si mesmo.

Quem acredita sempre alcança"

Ele era tímido, mas brincalhão, quando pegava intimidade se esquecia por completo da vergonha.

Quando tocava e cantava prendia a atenção de todos.

Dia 28 de Março de 2011, Igor faleceu e nos deixou um enorme vazio no peito.

No dia 07 de Setembro de 2011, meu filho nasceu, hoje ele está com 2 anos e meio, fala mais que todos em casa, ele não teve o prazer de conhecer o tio.

Mas carrega com ele a homenagem que fizemos ao tio.

O nome do meu filhão é Igor.

Continua

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Comentários

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Comfesso que me emocinei no trecho da música. Cara, é tão real isso.

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Nossa Senhora, um rapaz que seria um ótimo companheiro para você, como podem existir pessoas assim no mundo?

Chorei muito, sabemos a dor, mas Deus sabe a melhor forma de te confortar.

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Que triste ainda estou chorando.

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Fiquei Triste. Chorei mesmo nao simpatizando com o bi dele. ele era dboa na dele.

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Essa parte fez eu borra minha maquiagem..só quem ja perdeu alguém que amamos sabe a dor que e..

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Chorei com isso tudo. caraca que tenso. Precisa muita força mesmo!

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Não dá nem para acreditar no que aconteceu com Igor.

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Agora entendo! Sinto muito!

E é dificil de se acreditar numa coisas dessas pra quem é de fora imagine a dor pra quem esteve ao lado deste grande homem!

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Agora eu entendi quando você disse que seria a última vez que o "veria" e "abraçaria".Sinto muito.

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Que triste que o Igor tenha morrido!! É muito triste que pessoas com uma vida inteira pela frente morram assim de repente.

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