Morder o Lábio e a Vida Nova

Um conto erótico de casalgrudado
Categoria: Heterossexual
Contém 1601 palavras
Data: 05/03/2014 00:55:39
Última revisão: 21/04/2014 16:00:54

[Marido relembra o estupro da esposa]

Tornei-me defensor dos direitos humanos quase que por acidente. O irmão de um vizinho, produtor rural humilde, veio uma vez me pedir alguns conselhos sobre como lidar com dois jagunços do "coronel" Neizar. Gosto de pensar, quixotescamente, que Neizar é um resquício do passado: quando quer as terras de um infeliz, por qualquer capricho, já que nem sabe mais quantas fazendas tem, consegue-as sempre de forma ilícita. Do estrangulamento financeiro ao assassinato, o coronel persegue suas vítimas de uma forma quase doentia até conseguir o que quer.

Pois bem, eu acabei tendo sucesso na defesa do vizinho ao envolver a imprensa e uma ONG alemã de direitos humanos. Sob os holofotes nacionais e internacionais, ele acabou sendo investigado e processado por diversos crimes. Ainda não foi preso e, estamos no Brasil, provavelmente não será. O agricultor vítima de extorsão virou celebridade, filiou-se a um partido e se mudou para a capital. E eu? E fui condenado à morte pelo coronel. Sabia que ele não faria nada enquanto estivesse em evidência na mídia, mas temia por mim e minha mulher, Lia. A ONG que projetou o caso na mídia internacional me prometeu uma colocação na sua sede, no Nordeste. Era uma oportunidade de ouro, pelo trabalho em si, salário, e principalmente pela chance de sumir do mapa e começar uma vida nova. Tudo que eu precisava fazer era conversar com o presidente da ONG antes de ele voltar para a Alemanha.

Estávamos casados há pouco mais de um ano oito meses. Lia, então com 22 anos (eu estava com 29), vinha de uma família pobre, assim como a minha, mas não oriunda da região. Assim, não difícil aceitar o convite da ONG. Não tínhamos muito o que levar: em três dias, discretamente me desfiz de praticamente tudo que tínhamos em casa, vendendo o que podia e doando o resto. Com exceção de alguns objetos de valor sentimental, roupas e fotografias, deixamos tudo para trás.

Saímos de casa cedo, num domingo, rumo à capital, onde tomaríamos um voo para nossa cidade destino. Faltando uns 300km para o aeroporto, deparamo-nos com uma barreira policial. Havíamos percorrido os últimos 200km sem encontrar vivalma, por que raios decidiram aqueles policiais caxias fazer bem ali uma blitz? Depois fiquei sabendo que aquele local era tarimbado, mas na hora cheguei a desconfiar de uma emboscada dos jagunços do Neizar.

- Boa tarde, Seu Guarda.

- Tarde... Documentos, por favor.

Entreguei a ele os documentos do carro.

- O carro é da minha prima. - Expliquei. - Estamos indo para o aeroporto...

- O licenciamento está vencido. - Atalhou ele.

Por essa eu não esperava. Com tanta coisa acontecendo, nem pensei em verificar o documento do carro.

- Não posso deixar que prossigam.

- Seu Guarda, tenho uma entrevista para um emprego amanhã cedo. Se eu perder o voo, adeus entrevista, adeus emprego, adeus...

Pausa.

- Deixa eu falar com o capitão.

Foi até a viatura conversar com o capitão, um cafuzo de cara fechada que segurava uma caneca e mordiscava algo. Ouviu o guarda e continuou comendo seu lanche. Depois voltou com o guarda. Olhou-nos de alto a baixo e perguntou sem cerimônia:

- Tem dinheiro?

Eu não tinha.

Pausa.

- De noite para um ônibus no posto... Uns oito quilômetros daqui... O carro fica.

Olhei para Lia e vi que ela também entrava em desespero.

- Seu Guarda! Por favor! - disse ela num tom suplicante. Se a gente não chegar a tempo vamos perder tudo!

Pausa.

O Capitão olhou-a devagar, cuspiu e pronunciou a sentença.

- Vamos ali atrás da viatura. Você paga a multa.

Não levou mais que um segundo para eu entender o que se passava. Lia não compreendeu de imediato... Foi somente quando eu gritei "Não!" que ela se deu conta.

Pausa. A palavra "pressa" não existia no seu vocabulário.

- Vocês que sabem... - tornou o capitão impassível.

Lia segurou no meu braço com os olhos cheios de lágrimas.

- Deixa, querido, eu vou...

Encaminhou-se para a viatura. Quando passou por trás do carro não me contive e corri para ela. Tinha esquecido o outro guarda e quando estava me aproximando ele me acertou uma coronhada na cabeça, derrubando-me e entorpecendo meus sentidos por instantes. Levantei-me ainda um pouco zonzo e vi Lia do outro lado da viatura, por entre as duas portas da frente, que estavam abertas, de maneira que ela e o capitão estavam a menos de dois metros de mim. Vi-o abrir o zíper e de lá sacar uma cobra... Não sei de que forma descrever melhor aquele monstro escuro que ele desenrolou de dentro da calça. Fez Lia se ajoelhar e puxou sua cabeça. Ela relutantemente segurou-o. Mesmo sem estar totalmente duro não dava conta de segurá-lo com sua mãozinha delicada. Com asco, levou-o à boca, mas o capitão, descontente com a má vontade de Lia, afastou-a com um empurrão.

- De pé... empina a bunda... baixa o tronco...

Ergueu o vestido da Lia, rasgou sua calcinha. Cuspiu no próprio pau e começou a esfregá-lo nela. Não tinha pressa nem receio que alguém pudesse passar por ali. Não se importava com Lia, comigo ou com seu subalterno, o qual parecia considerar o procedimento do chefe tão normal quanto preencher um relatório.

De repente Lia soltou um grito. A dor lancinante que sentia cortou meu coração. Vi primeiro seus olhos cheios de lágrimas; em seguida, o capitão, que, tendo-a penetrado de uma só vez, tinha o corpo colado ao dela. Cada segundo da cena que se seguiu ficou gravada na minha memória para sempre, mas naquele momento, eu não processava nada. Sentia-me destroçado pelo que ocorria: a dor que ela sentia e eu, impotente para fazer qualquer coisa... Preferia ter morrido.

Mas não morri... O capitão saciou-se após uma eternidade, liberou o carro e seguimos viagem. Tentei comentar qualquer coisa com Lia, mas ela permaneceu muda o tempo todo, olhar vazio no horizonte. Não trocamos sequer uma palavra até o aeroporto.

O resto, como dizem, é história: chegamos a tempo de pegar o voo (a primeira vez que andamos de avião) e no dia seguinte eu tinha o emprego. Foi o começo de uma vida nova para nós. A ONG nos cedeu uma casa e gastamos a primeira semana com sonhos consumistas. Lia se ocupava da decoração e juntos fazíamos pequenos consertos domésticos. Nessa primeira semana o esgotamento físico nos poupava de pensamentos sobre nossa "vida velha". Era como se tudo que acontecera até o domingo anterior fizesse parte de um passado muito longínquo.

Tudo na vida nova era melhor: moradia, salário, cidade, ocupação, lazer, sexo... Sexo... Na segunda semana, após um romântico jantar, Lia tomou a iniciativa e beijou-me longamente, como não fazia há tempos. Abriu minha camisa, tirei-lhe a blusa. Senti os bicos duros me tocando, beijei seu pescoço e orelhas enquanto ela se livrava da minha cinta. Entre um beijo e outro, pusémo-nos ao natural.

Lia tem um corpo belíssimo, por bem proporcionado: nessa nossa era digital, parece editado em 3D. A pele clara (foi o que primeiro me chamou a atenção para ela, pois em nossa cidade 80% das mulheres tinham a pele morena), seios médios em forma de pera, pequenos bicos rosados. Pernas firmes, embora não particularmente musculosas, torneadas à perfeição. A bunda um pouco grande, mas firme, lisa, redonda, empinada. Da bunda para as costas, um arco perfeito, subindo ao pescoço longo, os ombros delicados, quase sempre cobertos pelo cabelo liso e claro, quase loiro. Os pés bem cuidados, lindos, femininos, mas cujo formato e mesmo a forma de pisar, pelo menos para mim, denunciam certa libertinagem.

Lia veio por cima, a primeira vez que o fazia. Esfregou meu pau em seu clitóris, deixando-me louco, ainda mais que eu já contava semana e meia de abstinência. Ficou de cócoras, de frente para mim, ergueu-se um pouco e enterrou-se no meu pau. Beijou-me novamente e começou a me cavalgar lentamente. Olhei para ela, linda como sempre, lasciva como nunca. Pouco a pouco foi aumentando o ritmo. Mordeu o lábio inferior, visão que me provocou uma breve sensação de deja vù. Puxei-a para mim, impaciente com o ritmo ainda lento e comecei a estocá-la com fúria e velocidade. Podia ser minha linda esposa, mas naquele instante era uma gostosa infernal que iria me satisfazer, da qual eu não desgrudaria até ficar saciado. Nossos corpos entraram em sincronia e gememos juntos e gozamos juntos pela primeira vez.

Nas noites seguintes Lia não se mostrou menos ávida. Seria a nova casa, cidade, meio, etc. que liberaram esse lado fogoso? Enquanto aguardava ela sair do banho, certa noite, ansioso por mais uma louca noite de tesão, enveredei-me por essas especulações. Voltou-me à mente a primeira noite, Lia mordendo o lábio... ato contínuo lembrei-me do episódio da blitz. Estava num passado tão distante agora que parecia seguro relembrá-lo. Forcei a memória e comecei a rever, como num filme, o que se passara.

O capitão a segurava pelas ancas, imóvel, toda aquela tora enterrada. Lia chorava. Ele começou a mexer devagar. Era doloroso demais para mim vê-la sofrendo daquele jeito, mas obriguei-me a não desviar os olhos, como se assim pudesse dividir sua dor. O capitão seguiu no seu ritmo, cuspindo no pau de quando em quando, e aos poucos percebi que Lia vencia a dor. Seu olhar tornou-se duro, resoluto, como quem diz "pode quebrar meu corpo, nunca meu espírito". Aos poucos o capitão embalava e metia mais depressa. De repente, por um segundo, ela abriu a boca, como se pega de surpresa. Pareceu confusa. Abriu a boca novamente... um suspiro. O capitão seguia imperturbável. Lia suspirou novamente, mordeu o lábio inferior e baixou a cabeça para esconder o rosto...

THE END

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