Amor de Carnaval - Parte 3

Um conto erótico de Mateus
Categoria: Homossexual
Contém 2685 palavras
Data: 03/03/2014 23:17:44

Abracei meus pais como há muito tempo não fazia... Não sabia direito o porque, mas meu coração pedia por isso... A última vez que havíamos nos visto foi em Maio de 2011, e, desde então, nove meses tinham se passado, e o estado de saúde de meu pai havia piorado significativamente.

Meu pai se chama Ricardo, e, com 63 anos, sempre foi um homem muito ativo, que sempre gostou de cuidar pessoalmente de sua fazenda. Temos uma criação bovina, tanto para corte (principalmente) como para produção de leite. Meu pai e seus irmãos herdaram uma propriedade de meu avô, que não chegava a ser uma fazenda, mas era maior que um simples sítio. Lá, eles criavam alguns animais para venda, além de cultivar hortaliças para consumo próprio e também para a venda. Mas, meu pai sempre foi um homem ambicioso, e, após a morte de meu avô, decidiu, como o filho mais velho, tomar a frente dos negócios. Assim, ele fez alguns cursos em Belo Horizonte, e, contando, é claro, com um pouco de sorte, conseguiu expandir os negócios da família. Ele adquiriu outras propriedades, e hoje temos uma rede de frigoríficos, que é forte principalmente no interior de Minas e de Goiás, e vendemos nosso leite para outras empresas. Meu pai é um homem simples, e, devido à sua origem humilde, nunca gostou que esbanjássemos riqueza... Ele é uma das pessoas que mais admiro nessa vida... Mas, como todos nós, ele também não é santo... O Dr. Ricardo, como é conhecido na região, é um homem de personalidade forte e pensamentos tradicionais... Daí o meu medo de contar a verdade para ele... Além disso, o seu problema de coração sempre me fez ter medo de contrariá-lo. Meu pai sempre teve pressão alta, e era cardíaco. Há mais ou menos três anos atrás ele teve um grave infarto, e quase veio a falecer. Ele conseguiu se recuperar, mas, desde então, vem sofrendo com a insuficiência de seu coração, que se agravou nas últimas semanas.

Minha mãe se chama Janaína, 45 anos, e é uma das mulheres mais bonitas que conheço. Além de bonita, é uma pessoa sensível, paciente, e que busca, com a ajuda de meu pai, ajudar a todos que ela conhece e que precisam. Ela é a segunda esposa de meu pai, e, juntos, tiveram apenas a mim, pouco tempo depois de casados. Mas, meu pai tem outros dois filhos, Marcelo e Mariano, 27 e 32 anos, respectivamente. Eles, e a ex-mulher de meu pai, moram em São Paulo, e temos pouco contato.

Após nos abraçarmos e meus pais me elogiarem, falando que eu estava bonito, bem vestido, e cheiroso (observação feita pela minha mãe, claro, mas que foi acompanhada por um sorriso de Rodrigo, que, a essa altura, já estava junto de nós, com duas de minhas malas ao seu lado, no chão), fomos para dentro da casa. Meu pai, teimoso que só, fez questão de nos acompanhar, de pé, mesmo com as instruções do médico de que ele deveria evitar ao máximo fazer esforços durante algum tempo. Rodrigo também nos acompanhou, e pedi para deixar minhas malas em meu quarto. Reparei que ele, após levar a última mala, demorou um pouco para voltar, pois estávamos esperando-o para comer (tinham preparado uma mesa gigante, cheia de comidas da roça, que, sinceramente, é a única coisa da “vida da roça” que eu realmente gosto). Mas, acho que meus pais, entretidos com a minha volta, nem repararam na demora de Rodrigo. Falei sobre como estava minha vida na Europa desde a última visita deles, agora já formado, escondendo, é claro, que eu estava trabalhando em um restaurante. Para eles, eu disse estar trabalhando em uma vinícola, no sul do país. Minha mãe já sabia da verdade, mas meu pai não. Perguntaram sobre os namoros, e eu disse que estava solteiro... Tudo isso foi acompanhado pelo olhar curioso de Rodrigo, que, entre uma mordida e outra, sorria, ria, ou ficava mais sério, dependendo do conteúdo da conversa. O médico, então, chegou para consultar meu pai, apenas visita de rotina, e ele e minha mãe se dirigiram para o quarto. Eu, então, fui até Rodrigo, para lhe agradecer.

- Rodrigo, muito obrigado por tudo, cara, valeu mesmo. – Eu disse, estendendo minha mão para cumprimenta-lo. Ele retribuiu o gesto, e disse.

- Por nada, Mateus, não precisa nem agradecer. Seu pai é como um pai pra mim, sou grato a ele por tudo o que tenho, tanto materialmente como de conhecimento, e saiba que farei tudo o que for preciso para lhe ver bem.

Ele disse isso e sorriu. Eu sorri de volta, achando bonito aquela “declaração” de agradecimento e lealdade a meu pai. Eu, cada vez mais, via em Rodrigo o filho que meu pai sempre desejou ter, e que, infelizmente, eu não poderei ser. Isso até me aliviava, em certo ponto. O aperto de mão durou mais alguns segundos, um olhando nos olhos do outro, até que eu decido soltar.

- Bom, agora vou ir lá pro meu quarto, desfazer todas aquelas malas. Essa questão do carro, posso deixar com você, cara? Tenho que confessar que sou uma negação com essas coisas mecânicas...

- Deixa comigo, dentro de uma semana ele chega aqui em perfeito estado.

Ele deu uma piscadinha, e saiu rumo à porta da sala. Fiquei vendo ele sair, e sentia que minha admiração por aquele homem estava aumentando cada vez mais. Fiquei feliz, isso me fazia ter menos insegurança sobre essa nova fase de minha vida. Depois que ele se foi, eu me virei e fui em direção a meu quarto. Mas, antes de ir mexer com a bagagem, decidi ir acompanhar a visita do médico...

Entrei dentro do quarto de meus pais, e o médico media os batimentos do coração de meu pai. Em seguida, ele mediu a pressão, e fez algumas perguntas sobre o comportamento de meu pai durante os últimos dias. Após o relato deles, e, principalmente, do de minha mãe, o médico advertiu meu pai, e ressaltou a ele a importância de cumprir o repouso corretamente. Meu pai, então, prometeu que iria fazê-lo. O médico se despediu, disse para meu pai dormir, pois estava relativamente cansado, e fui acompanha-lo até a porta. No caminho, ele disse, sério.

- Mateus, você sabe que seu pai inspira sérios cuidados, não sabe?

- Sim, doutor Camilo, eu sei, e estou aqui pra isso, quero ajudar minha mãe e a Vanda nisso. – Eu respondi, firme, mas preocupado.

- Muito bem, é disso mesmo que ele precisa. O coração de seu pai está debilitado, e, para que ele consiga sobreviver por mais algum tempo, ele precisará seguir rigorosamente as minhas recomendações. – Ele disse, já chegando à porta.

- Pode ficar tranquilo, que eu farei o possível e o impossível para que isso aconteça. Muito obrigado por toda a ajuda e presteza. – Eu disse, estendendo a mão.

- Por nada, conte comigo para o que precisar. Foi um prazer! – Ele disse, respondendo ao meu cumprimento, e sorrindo. Um belo sorriso, e um belo homem, diga-se de passagem.

Após me despedir e fechar a porta, fui em direção a meu quarto. A visita do médico, por mais que me aliviasse, por saber que meu pai estava sendo bem assistido, me deixou triste... Meu pai realmente estava debilitado, e não poderia mais voltar a ser aquele homem ativo e independente que sempre foi... Ao chegar lá e ver todas aquelas malas, tive certa preguiça em desfazê-las, guardar tudo naquele guarda-roupa certamente daria trabalho... Pensei em deixar isso para a Vanda, que era a principal secretária de minha mãe, e que está há anos com nossa família, fazer na quarta-feira, mas, não achei certo, sempre tive pavor de gente folgada, afinal, isso não era função dela. Além disso, isso iria me entreter durante algum tempo, e me ajudaria a esquecer um pouco as preocupações... Ah, Rodrigo era filho de criação de Vanda, e por isso a sua grande ligação com meus pais. Então, comecei a abrir as malas, e a tirar todas as roupas que estavam lá dentro... Decidi tirar as roupas de todas as malas primeiro, e depois começar a guarda-las. No entanto, ao abrir a segunda mala, tive uma surpresa... Um guardanapo estava dobrado sobre as minhas roupas... Achei aquilo estranho, afinal, ele estava dobrado, como se realmente alguém o tivesse colocado ali, e não que ele tivesse ido parar ali acidentalmente... Peguei, desdobrei, e vi que havia algo escrito... Comecei a ler...

“O dia já está para nascer

Passei mais uma noite esperando por você

Encotrar-me com seus labios dar um beijo sem final

Era tudo o que eu queria, mas você não da sinal

Anjo fiz parte da sua vida

E esse ar preciso respirar

Anjo eu fui sua saída

E hoje não consigo me encontrar

Anjo eu tinha tantos sonhos

Fantasias desse grande amor

Mais ainda tenho esperança,

De em tuas mãos estar meu coração

A noite é longa e fria e sem perdão

Invade minha alma na mais triste solidão

O motivo dessa dor vou buscando na ilusão

Na ilusão de te encotrar para curar meu coração (...)”

Meu Anjo.

Aquilo me deixou extremamente intrigado... Afinal, quem mais poderia ter escrito aquilo e colocado dentro de minha mala, se não o Rodrigo... Mas, porque? O que ele quis dizer com isso? E, por fim, que música era essa? Larguei a mala e fui até a última mala, onde estava meu notebook. Peguei-o, liguei, conectei à internet, e procurei algum vídeo no You Tube. Então, encontrei esse: https://www.youtube.com/watch?v=uiSqIojMmCk.

Ao terminar de ouvir a música, lágrimas haviam brotado em meus olhos. Aquela música era realmente linda, e, por mais que eu não gostasse de sertanejo, ela havia mexido comigo... Mas, a dúvida permaneceu, ainda não conseguia acreditar que Rodrigo teria escrito algo do tipo para mim, aquilo não fazia o menor sentido... Mas, isso não seria difícil de descobrir... Na primeira oportunidade, eu iria tentar fazer com que ele escrevesse alguma coisa próximo a mim, para que eu pudesse conferir a letra... Aí sim, eu iria tirar a dúvida. Decidi esquecer isso, e fui terminar de arrumar as malas... Mas, é claro, aquela música tocou mais inúmeras vezes enquanto eu terminava de colocar ordem em meu quarto. Até minha mãe, quando entrou, estranhou, afinal, aquele não era o tipo de música que eu gostava, e isso até ela sabia.

Mais algumas horas, e terminei de guardar toda aquela roupa. Minha mãe já havia me chamado para almoçar, mas decidi tomar um banho antes, e disse que eles poderiam começar a comer. Saí do banho, coloquei uma cueca e bermuda, e fui para a sala de jantar. Ao chegar lá, me deparo com Rodrigo e Vanda, que almoçavam com meus pais. Vanda veio até mim, esfuziante, me abraçando, beijando, e fazendo toda aquela festa que era sua característica. Depois de minha mãe, Vanda era a mulher que eu mais amava, afinal, ela trabalha com minha família desde o primeiro casamento de papai. Após o longo abraço de Vanda, fui até Rodrigo para lhe cumprimentar. Com ele sentado, levei minha mão, e ele retribuiu, apertou, com certa força, minha mão, e, novamente, senti que ele fitou meu corpo... Isso estava realmente ficando estranho... Almoçamos, e, após a sobremesa, meu pai foi se deitar, e eu disse que lavaria a louça, e que minha mãe, Vanda e Rodrigo poderiam ir conversar na varanda. Elas resistiram, mas, após Rodrigo se prontificar em me ajudar, elas aceitaram, e foram. Então, eu e Rodrigo retiramos a mesa, e, depois disso, fomos lavar a louça. Eu lavava, ele secava, e, enquanto isso, íamos conversando sobre assuntos banais, intercalando com momentos de silêncio... Até que, algum tempo depois, acabamos, lavamos a pia, as mãos, secamos, e fomos em direção à varanda... Mas, antes disso, Rodrigo pegou em meu braço, me segurando e me impedindo de continuar. Olhei, sem entender, e ele disse.

- Mateus, hoje tem uma festa de carnaval numa cidade aqui perto, pensei que, talvez, você animasse a ir, acho que pode ser bom, pra você se distrair, reviver esse espírito de carnaval... Vai ter show do Edson e Hudson, conhece?

Nesse momento, me lembrei da música, do bilhete, e o nome de Rodrigo me veio ainda mais forte como sendo o do provável autor...

- Sim, conheço de nome... Tudo bem, pode ser bom mesmo. Que horas você passa?

Ele sorriu, e disse.

- O show é às 23h. Passo aqui às 21h, certo?

- OK, combinado! – Eu disse, sorrindo, mas sem muita empolgação.

- Não sei se você sabe, mas as mulheres daqui também gostam de um homem cheiroso... – Ele disse, sorriu e piscou, e foi em direção à varanda. Nesse momento, tive uma quase certeza de que Rodrigo estava querendo me dizer algo...

A noite chegou... Me arrumei, e, por querer ou não, caprichei no perfume... Minha mãe perguntou se eu iria sair, e eu confirmei, disse que iria para um show em uma festa de carnaval de uma cidade próxima com o Rodrigo, mas que não iria demorar. Ela até gostou, disse que seria bom para eu ir fazendo novas amizades, e para rever as antigas.

Eram 21h13m quanto Rodrigo chegou. Ele entrou, eu estava na sala de televisão com minha mãe... Ele estava lindo, com uma bermuda jeans branca, uma blusa xadrez, um chapéu de cowboy, e um sapa-tênis xadrez, num tom parecido com o da blusa. Nunca imaginei que ele poderia ter tamanho bom gosto... Ele cumprimentou minha mãe, me cumprimentou, e saímos. No caminho, conversamos sobre assuntos banais, e tentei, discretamente, ver se enxergava algum papel com anotações dele... Inútil, não encontrei nada... Chegamos à cidade e ao local da festa, e, após rodarmos um tempo atrás de uma vaga, encontramos, estacionamos e saímos... Andamos uns minutos até chegarmos próximo ao palco, e, no caminho, Rodrigo cumprimentou algumas pessoas. Eu vi alguns rostos familiares, mas sem ter alguma aproximação maior. Então, conversamos mais alguns assuntos banais, até que o show começou. Eles iam cantando e tocando, e o público acompanhava em peso... Me senti meio deslocado, mas evitei deixar demonstrar isso, pois Rodrigo poderia ficar desapontado... Não sei o porque, mas me preocupava com isso... Então, pouco depois do meio do show, depois de bebermos algumas latas de cerveja, Rodrigo disse que precisava mijar... Fomos até um local afastado, e mijamos... Rodrigo deu algumas olhadas para o lado, mas nada demais, coisa que todo homem faz... Estava escuro, duvido que tenha visto algo. Quando terminamos e fomos indo em direção ao restante do público, eles começam a tocar a tal música, Meu Anjo... Nesse momento, nós dois, juntos, nos olhamos, e sorrimos... Eu, um pouco sem graça. Ele não, deu um sorriso feliz, de contentamento. Então, voltei a olhar para o rumo do palco, e fomos voltando em direção ao público... Algum tempo depois, o show acabou, e voltamos para o carro... Entramos, Rodrigo ligou o som e colocou músicas de seu pen-drive para tocar... Eu, cansado, e mesmo sem querer, pois ele havia bebido algumas latas de cerveja, e não queria deixar que ficasse sonolento, comecei a cochilar, alternando com momentos de lucidez... De repente, escuto a música tocar, e, imediatamente, acordo. Instintivamente, olho para Rodrigo, e ele está olhando para mim, sorrindo. Meu coração começa a bater mais forte, e já não sei muito o que pensar... Aquilo, para mim, confirmava a minha teoria, era Rodrigo o autor do bilhete. Então, percebo que ele diminui a velocidade do carro, parando em um acostamento, perto de uma entrada para um vilarejo que ficava no meio da estrada... Ele para o carro, reinicia a música, vira seu corpo para o meu lado, e fica me olhando, sorrindo... Nesse momento, meu coração bate em disparado, e não sei o que fazerO que, querem o “No próximo episódio”? Nada disso, só quem viver, e vir ler, verá! Hahahaha

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Beijo, abraço e aperto de mão!

Ah, e muito obrigado pelos elogios postados nos posts anteriores, fico feliz que estejam gostando!

Ah, e por fim, prometo que tentarei fazer próximos posts menores (preciso me segurar, estão cada vez maiores, hahaha).

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Comentários

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Você ainda terá contato com seus irmãos se por acaso seu pai morrer?

Eles serão amigo ou inimigos?

Continua.

Adorando.

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Poxa, parou na melhor parte. Enquanto ao tamanhobdo conto tá ótimo. Cara viciei aqui! Ansioso pelo próximo! 10 é claro!!!!!

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