O Primogênito. 43

Um conto erótico de O Autor k...
Categoria: Homossexual
Contém 4639 palavras
Data: 21/03/2014 08:57:45
Assuntos: Gay, Homossexual, odio, Romance

K:Pode falar.

Mas ele não disse nada, ficou sentado ali perto de mim, com os braços apoiados nos joelhos e as mãos cruzadas na altura da boca e permaneceu em silencio olhando pra mim, bom acho que ele estava pensando no que ia me dizer, mas na verdade acho que não queria ter aquela conversa por que tinha medo do que eu iria ouvir, sabe quando em situações que envolve sentimentos, da aquele medo de ouvir certas coisas que podem ou não te machucar, mas depois de tudo que eu passei ate hoje o que vier é fichinha, mas mesmo assim não queria ter aquela conversa, pelo menos não naquele momento.

K:Já que não vai falar nada então eu vou...

D:Senta Kadu... Me da um minuto, por favor...

Respirei bem fundo, bom pelos menos tentei fugir, pelo visto vou ter que encarar essa, só me resta sentar e esperar o minuto dele.

D:Antes de mais nada só escuta o que eu tenho pra dizer e só fala quando eu disser, porque se me interromper não sei se vou ter condições de continuar.

K:Ok.

D: Pra você entender o motivo de eu agir daquela maneira com você desde criança, vou ter que começar a contar desde antes de você nascer.

Quando eu pensei em falar alguma coisa eu me calei imediatamente, respeitando o pedido dele, pois eu agora estava curioso para saber do que aconteceu para ele se transformar naquele cara que fez grande parte da minha vida em um inferno.

D:Antes de você nascer quando a mãe estava gravida de você, acho que ela só tinha quase seis meses de gravidez, e o nosso pai trabalhava muito, e não era muito presente em casa, mas até ai tudo bem, só até um dia que só tinha prova na escola e quando terminei sai mais sedo resolvi passar no trabalho do nosso pai por que queria falar com ele sobre o aniversario da nossa mãe que estava perto, eu pretendia pedir uma grana pra ele pra gente fazer uma festa surpresa pra ela, mas quando cheguei lá a secretaria dele disse que ele não tinha ido trabalhar naquele dia porque não estava se sentindo bem, ai eu achei aquilo meio estranho porque de manhã ele parecia estar bem, mas tudo bem se ele estava doente então ele deve ta la em casa, então rumei pra casa e chegando lá eu não encontrei ele e até perguntei pra mãe se meu pai tinha passado por lá e ela disse que não que ele estava no trabalho. Ai eu te pergunto onde estava o nosso pai? Se no trabalho dele ele não apareceu, mas ele saiu para trabalhar logo cedo como sempre fez todo dia. Ai eu fiquei com aquilo na cabeça e não contei nada pra minha mãe e esperei em casa e quando já estava escurecendo ele chega reclamando que la no trabalho dele tinha sido uma loucura de tanto que ele trabalhou e estava muito cansado.

D:A partir dai eu passei a desconfiar do papai, naquele dia eu até pensei em perguntar, mas fiquei com medo de estar sendo precipitado, então eu resolvi esperar e tentar descobrir o que estava acontecendo. Como naquela semana era só de provas eu não tinha como tentar descobrir por que tinha que estudar e minha mãe tava no meu pé por causa das minhas notas.

D: Geralmente era ele quem me levava pra escola por que o trabalho dele era no mesmo quarterão da escola então ficava fácil, mas era a minha mãe quem me buscava, ai uma semana depois quando meu pai estacionou na porta da escola eu sai e logo ele foi embora, mas antes de entrar eu fiquei olhando e quando ele chegou na esquina deu pra ver de longe que ele parou o carro e alguém entrou e depois ele virou a esquina e sumiu, na ocasião eu pensei que fosse algum colega de trabalho ai tudo bem, e isso durou um tempo até que em um fim de semana fomos eu e minha mãe pra fazenda da minha avó, mas o meu pai não foi, não lembro o porque só lembro que no domingo minha mãe resolveu voltar mais sedo e chegamos por volta das duas da tarde ai minha mãe me deixou em frente de casa e me deu a chave da porta e mandou eu entrar que ela ia passar na casa da tia Neuza pra deixar umas coisas que a nossa avó mandou ai ta eu entrei em casa e tava tudo em silencio eu subi a escada e fui para o meu quarto deixar a minha mochila e quando passei pela porta do quarto dos nossos pais a porta estava meio aberta ai eu entrei e vi o nosso pai deitado na cama com um cara em cima dele e os dois pelados, tipo ele deitado e o outro cara deitado na altura do peito dele tipo abraçados, eu fiquei travado com aquela cena, eu nunca tinha visto aquele cara na vida, mas parecia aquela mesma pessoa que entrou no carro dele outro dia.

D:Lembro de voltar pra trás e com certeza nosso pai ainda continuou dormindo por que ele não foi atrás de mim, mas ai eu desci e peguei o telefone pra chamar a nossa mãe e ver aquilo, eu não sei te dizer o que eu sentia naquela hora, não sei se era raiva, nojo ou ódio, sei lá, até diria que o ato de pegar o telefone foi uma coisa automática, mas o telefone chamava e quem atendeu foi o meu tio irmão dele.

T:Alô

D:Tio?

T:Rodrigo?

D:Minha mãe ta ai?

T:Ta sim ta la no quarto com sua tia.

D:Fala pra ela vim pra ca correndo.

T:O que foi Rodrigo, o que aconteceu?

D:Meu pai ta na cama com outro homem...

D:Foi mais ou menos assim a conversa, ai o tio desligou o telefone e eu fiquei la no portão esperando a minha mãe, mas quem apareceu foi ele, que passou por mim em silencio e entrou em casa e fechou a porta enquanto eu fiquei de fora, depois de uns minutos a porta da frente abre e o cara lá que tava com o nosso pai saiu sem falar nada, meio desarrumado e nem olhou na minha cara. E na mesma hora o meu tio me chama e quando eu entro na sala vejo o meu pai sentado no sofá com os olhos vermelhos e com o canto da boca com um machucado e o tio pede para eu ir para o meu quarto que depois ele iria lá falar comigo e depois que eu subi escutei um barulho vindo da sala que parecia uma briga feia entre eles e depois de um tempo meu tio entra no meu quarto e pede pra eu me sentar do lado dele e ele disse que isso era uma faze que meu pai estava passando que não era para eu contar nada pra minha mãe que no estado que ela tava se ela descobrisse isso podia até matá-la, enfim nosso tio era bom de lábia e como eu era novo na época ele me fez prometer que não ia contar nada pra mãe que ele ia ajudar o nosso pai a passar por aquela fase, ta até ai eu fiquei na minha, após um bom tempo minha mãe já com oito meses quase ganhando você vejo ela chorando sozinha no quarto, eu entrei e perguntei o por que ela estava chorando, mas logo ela disfarçou e não me disse nada e quando foi no outro dia acordei de manhã com uma gritaria e quando desci vi ela brigando com meu tio xingando ele de um monte de coisas que ele era igual ao nosso pai ai só me lembro do meu tio dizer que ia trazer o nosso pai de volta e saiu, enfim resumindo um pouco o nosso pai abandonou a nossa mãe com oito meses de gravidez para ir morar em outra cidade com o mesmo cara que flagrei no outro dia, ele levou o carro, dinheiro, roupas e tudo, deixando agente sem nada.

D: Kadu você não imagina como foi nos dias pra frente, o estado que a nossa mãe ficou, ela chorava dia e noite passava mal, não comia direito, com quase nove meses ela entrou em um estado de depressão que você e ela quase morreram, agora imagina a minha situação eu me culpava por ver minha mãe daquele jeito, por que eu sabia de tudo e deixei que as coisas acontecesse debaixo do nariz dela e não fiz nada e tive que presenciar nossa mãe em um estado que nem gosto de lembrar, a partir dai eu criei um ódio dentro de mim por nosso pai e por qualquer coisa relacionada a ele.

D:Depois da briga com a minha mãe fiquei muitos dias sem ver o nosso tio, não sabia o que ele estava fazendo e se é que estava fazendo alguma coisa, mas depois de uns dias eu escutei uma conversa da minha tia com a minha mãe que ele tinha ido atrás do nosso pai que ia traze-lo de volta, mas minha mãe não queria ver ele nem pintado de ouro e foi ai que eu soube que o que aconteceu foi o seguinte alguém mandou para a minha mãe umas fotos do meu pai e o namorado dele se beijando e tranzando e na época meu pai pensou que tivesse sido o meu tio que fez as fotos e meu tio foi atrás dele para traze-lo de volta e explicar que foi tudo armação e ai que eu senti mais ódio desse negocio de gay, acredite tomei nojo disso, a partir dai eu passei a negar que tivesse um pai, eu não aceitava o fato de ter um pai gay, um pai viado, que só trouxe dor e vergonha pra nossa família e foi ai que o nosso pai e meu tio morreram, parece que o nosso tio convenceu o nosso pai a voltar e tentar resolver a situação visto o estado da nossa mãe e no caminho pra cá houve uma discussão entre os dois por que meu tio não aceitava esse negocio de ser gay e ai em meio a discussão e era de noite eles perderam a direção e bateram em um outro carro, o nosso tio morreu na hora, mas nosso pai sobreviveu e foi levado para um hospital da cidade perto de onde teve o acidente e quando soubemos fomos pra lá e ai foi aquela situação imagina o estado da nossa tia perder o marido assim de repente e ficar sozinha com o Bruno que era recém nascido e tinha poucas semanas de vida, foi aquele desespero e choro e minha mãe foi falar com o medico e ele disse que o estado do meu pai era grave.

D: Nossa mãe conseguiu transferir ele pra São Paulo, pra um hospital com mais recursos e ele teve uma certa melhora e estava consciente ai ele e minha mãe conversaram e pelo que sei ele pediu perdão pra minha mãe e acho que ela perdoou ele, mas eu não conseguia sequer olhar pra ele, minha mãe tentou me obrigar, mas ninguém no mundo podia me obrigar a sequer olhar na cara dele, depois de tudo que ele fez, a morte do nosso tio era culpa dele, era ele quem tinha que morrer e não meu tio, era o viado que tinha que morrer por trazer tanto sofrimento para a nossa família, era assim que eu pensava, e depois de uns dias o quadro do nosso pai se agravou bastante e ele acabou morrendo.

D:Nossa mãe gostava mundo do pai, e quando ele morreu ai que ela ficou pior, sabe como é para um filho ver sua mãe sofrendo tanto, chorando dia pós dia, tudo por causa de um homem, eu não conseguia aceitar isso, tinha vergonha de um dia ter chamado aquele ser desprezível de pai, ele não pensou duas vezes antes de nos abandonar como se não significássemos absolutamente nada.

D:E logo em seguida você nasceu.

D: Quando o vi pela primeira vez, eu senti nojo de você.

Quando eu ia dizer uma coisa o Digo fez sinal de silencio para que eu não o interrompesse, mas eu estava chocado com tudo que escutei, eu nunca ouvi nada disso de ninguém, da nossa família é como se nem eu mesmo me conhecesse.

D:Kadu eu via ele em você por que você puxou mais ele do que minha mãe na aparência, e era justamente isso que me deixava mais revoltado. Eu sei que você não tinha culpa, mas era mais forte do que eu. E ao mesmo tempo em que eu brigava e batia em você passava um pouco eu já sentia um arrependimento enorme e tinha vontade de voltar lá e te abraçar, mas ai vinha aquela imagem na minha cabeça do nosso pai deitado com outro homem e logo me vem a imagem da nossa mãe chorando, então sempre que eu sentia algum sentimento por você imediatamente eu me associava com o nosso pai, eu não queria ser como ele, isso era inaceitável e ainda mais por você ser meu irmão, agora imagine como fica a cabeça de uma pessoa depois de ter passado por isso tudo, eu sei que não justifica, mas eu queria que você entenda as razões que me levaram a agir daquele jeito com você.

K:Então por...

D:Espera eu ainda não terminei...

D: Desde quando criança eu já tinha antipatia por você, e nem sabia explicar tanta raiva, já que você era só uma criança inocente, lembro que quando você começou a estudar na mesma escola que eu ai tinha um garoto lá que bancava o valentão e batia nos menores e com você não foi diferente e ai você veio me contar na hora do recreio e eu nem dei moral pra você, mas depois eu peguei o moleque e dei umas porradas nele pra te deixar em paz. Mas essa implicância minha com você não passou despercebida, nossa mãe viu em diversas vezes eu te maltratando e brigava comigo, mas não adiantava até que um dia ela me chamou em um canto pra conversar....

M: Rodrigo o que é que esta acontecendo com você, quantas vezes eu já te pedi para não brigar com seu irmão, mas não adianta eu não sei mais o que eu faço com você, eu vejo você tratar os outros meninos tão bem e com a pessoa que você devia cuidar e proteger, você faz justamente ao contrario e não é de agora, eu já percebi que você nunca tratou ele bem, então meu filho eu quero entender o que esta acontecendo com você, me conta para eu te ajudar, por que do jeito que esta não pode ficar.

D: Eu não gosto dele, eu odeio ele...

D:Eu não lembro se falei mais alguma coisa, mas lembro que depois desse dia ela me levou a um psicólogo, que não resolveu nada por que o cara era um idiota e nem sabia o que tinha de errado comigo, então como ele poderia me ajudar? Mas sem você saber eu cuidava de você, sempre quando estava perto do seu aniversario ou natal eu guardava o que podia ou inventava um desculpa para a minha mãe e ela me dava dinheiro e eu comprava e deixava no pé da sua cama e como o meu quarto era do lado do seu, no dia seguinte eu acordava com o seu grito de felicidade ao ver o presente e eu corria até a porta do seu quarto e sem deixar você perceber eu ficava olhando você brincar com o presente que te dei só de ver seu sorriso aquilo já era o suficiente pra mim.

K:Eu desconfiava que era você, mas ai quando você brigava comigo eu pensava “Não pode ser ele.”

D:Eu fiz de tudo para não deixar você ver ou souber que era eu, mas todo ano eu nunca deixei passar o natal ou seu aniversario, mas isso só fez complicar as coisas por que nossa mãe estava de olho em mim, ela ficava me vigiando já que com o psicólogo não resolveu ela queria saber o por que eu agia assim ai quando eu tinha doze anos era véspera de natal e assim como todos os natais eu esperava ela colocar o presente dela na sua cama para depois eu ir lá e colocar o meu, foi ai que eu me descuidei e quando sai do seu quarto ela me pegou no flagra e viu o que eu fazia, mas na hora ela só sorriu e não disse nada, acho que ela sempre soube que era eu que dava aqueles presentes pra você, por que ela nunca questionou o outro presente que você sempre ganhava e então nesse dia acredito que ela tinha achado que era coisa de irmãos, mas eu fazia isso não era por que estava presenteando um irmão, longe disso, eu te dava aqueles presentes para ver o sorriso no seu rosto eu podia ficar horas e horas olhando você brincar só para ver você feliz e isso nada tinha haver com coisa de irmão.

D:O tempo foi passando, nós dois crescemos, mas eu não parei de pegar no seu pé, posso até dizer que eu procurava motivos para brigar com você, acho que usava isso para de alguma forma bloquear aquele sentimento estranho que eu sentia por você, mas tudo desandou quando um dia você foi passar o fim de semana na fazenda da vovó e a mãe nem tinha me avisado que você ia e quando cheguei em casa não te vi e perguntei pra mãe onde você estava e quando ela me disse quando você ia ficar o fim de semana inteiro lá eu briguei com ela.

K:Por que?

D:Porque ela tinha que ter me avisado... Era inaceitável você viajar e eu não ficar sabendo, como eu ia ficar sem você perto de mim, e claro que não falei isso pra ela, mas eu fiquei puto da vida e chegamos a discutir feio, eu falava que você tinha que ficar em casa ou que eu tivesse ido junto, que você não podia ficar sozinho, mas na realidade eu não queria que ninguém se aproximasse de você. A discussão foi tão feia que não lembro o que disse, mas lembro do tapa na cara que levei e depois disso subi para o meu quarto e fiquei todo o fim de semana trancado lá.

D:E com isso a nossa mãe ficou desconfiada até que no domingo antes de você chegar ela me pegar no seu quarto cheirando uma camiseta sua, na hora acho que fiquei branco de tanto susto que eu levei, foi um descuido meu, mas ela sentou comigo e nós conversamos e eu disse que sentia algo diferente em relação a você e ela me dizia que isso era amor de irmão, mas a palavra irmão em si não entrava no meu dicionário eu disse a ela que eu não via você como um irmão, longe disso, eu tinha todos os sentimentos possíveis para com você, era desprezo, ódio, medo, repulsa, carinho e acima de tudo amor, mas não amor de irmãos era um amor bem diferente.

D: Foi ai que eu achei que a nossa mãe fosse pirar mesmo, como acha que uma mãe se sentiria ao ouvir que o seu primogênito estava apaixonado pelo próprio irmão, ela brigou comigo me xingou, disse coisas horríveis que não gosto de lembrar e acredito que ela achou que era influencia do que aconteceu com o nosso pai, ai depois disso ela me levou em vários especialistas, médicos, psicólogos e não adiantava nada e ai então ela chamou a nossa avó para digamos que ter uma ajuda, por que ela não sabia o que fazer e qualquer um que visse nosso dia a dia em casa acharia que nem éramos irmãos e não sei se você se lembra que a nossa avó ficou uma semana inteira depois da pascoa com a gente?

K:Não lembro não...

D: Eu sei, você só tinha nove anos na época, mas ela ficou aquela semana toda com a gente para ver o que estava acontecendo com a gente, e teve um dia que ela me chamou para conversar e eu expliquei o que sentia com relação a você e eu pude ver um olhar de preocupação nos olhos dela, por mais compreensiva que ela possa ser era uma situação fora do comum.

D:Só me lembro que no ultimo dia eu cheguei em casa e subi para o meu quarto e quando passei pelo corredor eu escutei uma conversa da nossa mãe e nossa avó e quando cheguei perto eu vi a nossa mãe sentada na cama chorando muito e minha avó abraçada com ela. Minha mãe chorava e falava que não sabia o que fazer comigo que já tinha tentado de tudo e que tinha medo do que os outros faria com a gente e que não queria que nenhum de nós dois sofrêssemos e que se já com gays a sociedade discrimina imagina com irmãos. Ai a nossa avó disse para não fazer nada que o que tiver de ser será que era para ela ajudar agente e qualquer coisa chamar ela que a mesma não permitiria que ninguém machucasse nenhum de nós dois assim como não admitiria nenhuma interferência familiar, acho que ela disse isso se referindo ao caso do nosso pai, que na época houve muita conversinha e intrigas de alguns parentes e deu no que deu e é justamente ai o ponto crucial da questão, no caso do nosso pai poderia ter terminado diferente e ai deu no que deu e nossa mãe tinha medo de nos perder também assim como aconteceu com o nosso pai, nesse dia eu estava acabado por que eu era o responsável pelo sofrimento da nossa mãe e da nossa avó, mas era algo que eu não tinha controle e vi como uma alternativa de desprezar e te manter longe de mim, assim não traria sofrimento pra nossa família.

D:Mas ai depois disso, nossa mãe procurou sempre conversar comigo me aconselhando e ela via ou percebia alguns momentos que eu fazia coisas pra você sem você perceber é claro e não dizia ou fazia nada, acho que ele entregou nas mãos de Deus, contudo nós dois fomos crescendo e ai eu procurei as garotas, tentava me satisfazer com elas, mas elas eram tão artificiais sem graça, e não tenho vergonha de dizer que já tive que tranzar pensando em você, e isso me deixava mais revoltado ainda, porra pra eu comer uma vadia eu tinha que imaginar em estar comendo meu irmão, então você tem ideia de como fiou minha cabeça?

Era tanta coisa que o Digo falava que minha cabeça estava muito confusa, era surreal demais, e o pior que eu nunca imaginei que ele estivesse passando por tanta coisa bem debaixo do meu nariz.

D: Do mesmo jeito você arrumou suas namoradinhas e pra mim era o fim da picada, lembro no dia que você contou pra gente que tava namorando, juro por Deus que a minha vontade era de te pegar e te dar uma surra ou então pegar a vadia e partir ela em dois, e quase fiz isso se não fosse a nossa mãe ter me impedido, mas eu não conseguia deixar passar e ainda mais uma vadia sem graça que nem era a Carol, lembra dela né, então ela era uma puta de primeira, vivia me encarando, se insinuando pra mim, como aquela imunda poderia namorar você? Eu não podia deixar, ela não era boa o suficiente pra você então bastou eu só jogar uma cantada nela que ela já queria dar pra mim e não adianta fazer essa cara que eu só te fiz um favor e nem sei como você gostou dela, nem boquete a vadia sabia fazer.

D:Quanto mais o tempo passava você crescia e o meu ciúme também, sempre dava um jeito de deixar você em casa, se eu pudesse eu tinha te trancado e levaria a chave por que não queria que ninguém encostasse um dedo em você, não gostava de quando você ia lá na pizzaria por que lá da muita gente jovem e tinha medo de você se interessar por alguém e naquele dia que peguei você e o carinha lá que ficou preso no teto foi ai que eu quase perdi a cabeça e cara acho que foi o dia que você nasceu de novo por que nem imagina como eu fiquei, o ódio que eu senti, mas deixa isso pra lá que isso ta ficando longo demais, resumindo, fiz todas essas barbaridades com você porque queria de alguma maneira te afastar de mim e consegui, quando você se mudou pra cá e quando eu tive meu filho e me casei com a Daniela e tudo parecia que ia dar certo, mas não foi como eu queria, a Dani não me satisfazia nossa relação com o tempo caiu na rotina e a coisa caiu por terra ao ponto de ela me trair, não a julgo na verdade se ela me traiu foi por que eu não estava correspondendo, mas enfim, antes disso quando viemos aqui te visitar eu juro que foi o estopim, eu vi que você estava se cuidando, fazendo algum exercício, apesar de já gostar do jeito que você era, mas você estava mais bonito e isso acendeu um fogo dentro de mim que eu já não aguentava mais eu precisava do seu corpo junto ao meu, desculpa a palavra mais eu tinha que te comer naquele dia ou eu ia pirar, eu precisava tranzar com você de um jeito ou de outro e foi ai que me passou uma ideia infeliz de te dopar e foi o que eu fiz, descarreguei todo o meu desejo em você, mas no dia seguinte a dor e a culpa foi tão forte que nem sei explicar e fui covarde ao negar, sim eu admito, fui um desgraçado de um covarde e mereci a surra que você mandou me dar, mereci cada soco que levei e por isso nem reagi.

D: Quando você me ligou depois da surra, que foi que a ficha caiu, passou um filme na minha cabeça e cada momento que te fiz sofrer, cada palavra que saiu da minha boca e cada soco que te dei, foi como se voltasse tudo de uma vez em mim, eu cai na real passei a ser um cara triste e infeliz, amargo que aos poucos foi afastando amigos, parentes e a pessoa mais importante da minha vida que é você, foi ai que eu me liguei e pedia Deus para me ajudar, para guiar meus caminhos no sentido certo e aos poucos comecei a reconstruir minha vida, me desculpando e pagando por meus erros e cá estou aqui contando tudo que tinha pra contar e só querendo o seu perdão, eu preciso que você me perdoe, não posso fazer nada para apagar o que eu fiz, não posso apagar as cicatrizes que deixei ai dentro do seu coração.

Nesse momento tanto eu quanto o Digo ambos estávamos emocionados e eu estava tão confuso que não tinha assimilado tudo ainda e então ele pegou em minha mão e beijou-a olhando sempre pra mim...

D: Não posso te pedir mais nada, mas tenta me perdoar, tenho consciência de que nada do que eu disse justifica as atrocidades que eu fiz, mas só me dá a oportunidade de consertar as burradas que eu fiz...

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Comentários

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nossa fiquei com muita pena do digo agora...ele sofreu tudo isso...bjs

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nossa, o digo sofreu muito reprimindo esse sentimento.

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Nossa :o choquei.... que historia se o Kadu sofreu o Rodrigo sofreu muito tbm

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