Coração Indeciso - Capítulo XXXIII

Um conto erótico de Arantes, Henrique.
Categoria: Homossexual
Contém 1505 palavras
Data: 11/02/2014 01:03:14

“Nossa tava precisando dessa pestana”, pensei. Acordei meio sonolento. As luzes estavam apagadas. O fone de ouvido gritava no meu ouvido. Chamei, com um aceno de mão, a aeromoça, ela veio.

―Boa noite. ― falou ela.

― Boa. Quantas horas de voo? ― perguntei.

― Onze. ―respondeu.

― Deseja alguma coisa? ― perguntou.

― Água, por favor. ― falei.

― Ah, sim. ― Ela foi pelo corredor.

“Meu Deus, onze, já? Que rápido... Bom eu havia dormido, então, acho que tava certo. Acho que no Brasil já deram conta que estou nas nuvens. Muhahahaha. Sendo maléfico.”, pensei. Mas logo refleti. “Sendo maléfico? Certeza? Acho mais é que tô fazendo um favor a eles. Bom pelo menos agora vão refletir que não sou um passarinho para me colocarem em uma merda de academia militar!”. Olhei para a janela, estávamos viajando por cima de terra já.

―Aqui está sua água. ― falou ela. ― Daqui a pouco já vamos aterrissar.

― Tudo bem. ― Minhas pernas estavam me matando de tanta câimbra. Tinha que aguentar!

“Eu vou esquecer o Brasil.”, pensei fechando os olhos. Entramos numa turbulência que acordou os demais que dormiam. Nem ao menos assinalaram o aviso de apertar os cintos. “Tudo sempre passa.” , pensei inspirando e expirando.. Depois de alguns minutos deu o aviso do cinto. Quando eu senti que tudo estava passando eu abri os olhos. As pessoas se mantiveram em seus lugares. O voo estava muito rápido. Tudo estava acontecendo muito rápido. Eu não sabia se aguentaria tão fugacidade.

« Chegamos a Paris, horário local 23h20min, temperatura de 10.0º C. Bonsoir!» falou o piloto.

Esperei a maioria sair e fui um dos últimos a sair. Quando ia saindo de minha poltrona dei de encontro com um homem serio e elegante. Parecia um empresário deveria ter a idade de meu pai. Ele perguntou se eu estava bem. Eu simplesmente assinalei que sim com um balançar de cabeça.

« Vamos papai!» ouvi da porta do avião uma criança doentinha que me fazia lembrar muito de mim enquanto criança. Estava segurando a mão de uma mulher.

Tirei minha mala do bagageiro, quando sai do avião fazia muito frio na pista. Tirei um casaco da minha bagagem de mão. A mala se espatifou no chão. Meus CDs caíram, ai que raiva. Minha perna tava doendo pra cacete. Segurei o casaco e fechei a mala. Alguém veio do aeroporto rindo. Olhei, não encontrei ninguém. Tive a leve impressão de que conhecera aquela risada, ignorei-a. Entrou no avião. Peguei meu ipod, ao meu lado, não o usei no avião... Pois, a aeromoça talvez não fosse tão gentil como fora se o visse. Será que ele tava no mesmo avião que eu?

Coloquei o fone em meu ouvido e cobri-me com o casaco por cima de minha camisa. Caminhei até a entrada do aeroporto. Passei pelo posto de fiscalização e mostrei a papelada o guarda, muito bonitinho por sinal, pareceu até mais gentil comigo quando viu que eu era do “Brésil”. Mas quase fui barrado, pois, não tinha passagem de volta sendo uma viagem de estadia. Porém, inventei que logo compraria minhas passagens graças a Dieu.

Só era isso então ele me deixou passar. Alizée em meus ouvidos. Sai do aeroporto me sentindo livre e como sempre diz minha querida vovó com “aquilo” quase nem passando agulha. Peguei um táxi e fui até meu tio. O táxi entrou numa viela de paralelepípedos, onde havia prédios rústicos. Procurei o prédio dele por aquelas calçadas.

Vi que estava no lugar errado. O táxi havia passado. Era um daqueles prédios que ficavam na rua principal, um daqueles dois que ficavam logo na entrada da viela. Era o prédio do lado esquerdo e cheio daqueles janelões; havia quatro na fachada, uma varanda. Enquanto havia quatro na lateral com varanda “individual”. As cortinas, vermelhas, das janelas brancas do térreo estavam fechadas. Lembrei-me do meu quarto, mas logo o tirei de minha mente.

Em frente a uma porta, de duas bandas, com as bordas envernizadas, o centro envidraçado com vidro granito. Esbarrei no número quatro antes de apertar o sete. “Tomara que não tenha ninguém no apartamento quatro!”, pensei rogando a tudo quanto é santo. O tempo estava fechado. Começou a chover.

─ Oh, mon Dieu! Teu pai me avisou, mas não acreditei! Cara como és louco! Quanto tempo cara! ─ falou tio Cristiano à porta.

─ Poxa tio pensei que o senhor fosse me receber de braços abertos! ─ falei. Pegou minhas malas grandes. Me colocou para dentro e fechou a porta, com barulho. Me apertou num abraço.

─ Amanhã, sinto em dizer, vais voltar. Teu pai me falou para não te dar guarita. ─ falou ele chamando o elevador.

─ Tio? ─ falei.

─ Oi? ─ falou ele.

─ Eu não pego elevador. ─ falei.

─ Ai fica complicado. ─ falou ele. ─ Tu vais pela escada? ─ perguntou. E eu pensei “Até que enfim encontrei alguém que falasse um português correto!”.

─ Tá. ─ falei.

─ É no último andar só ir direto a escada. ─ falou.

─ Tudo bem. ─ disse na entrada da escadaria.

Abri a porta, branca que parecia de um quarto tinha luminárias na parede parecia ser um prédio muito inspirado no séc. XX. A escadaria parecia espaçosa, e na verdade era apertadíssima. “Eu vou ficar na França! Só espero não meter tio Cristiano em briga. Mas vou ficar com ajuda da vovó”, pensei. “Correndo”, pelos degraus. Tinha que comprar um celular urgentemente. Que saudade do Twitter meu amiguinho azulzinho, podia postar tudo lá.

Quando sai da escadaria sai no final de um corredor com quatro janelões. Ao lado de uma porta que tinha uma placa “sortie de secours” (saída de emergência). Só havia uma porta naquele andar, na verdade duas, eu fiquei bem confuso e pensei que havia feito besteira. Caminhei até a porta e apitei na campainha, meu tio apareceu por ela.

─ O elevador passa por dentro dos apartamentos. ─ falou ele, rindo da minha cara de assustado.

─ Chique, né, “bein”? ─ falei rindo.

─ Queres comer alguma coisa, Henrique? ─ falou ele atrás de mim fechando a porta.

─ Não. ─ falei, fiquei admirando a bela sala que ele tinha. Com vários quadros de arte de grandes nomes, como Salvador Dali, Picasso, Tarsila de Amaral... E outros que eu desconhecia, que eu nunca havia visto. ─ Que uau! ─ falei sem palavras enquanto ele ria.

Veio descendo da escada caracolizada uma loira magricela (quase sem peitos para serem cobertos pelo sutiã. Quase uma tábua). Mas, seu rosto era muito belo. Desceu esfregando os olhos.

─ ‘Crìstiano’? ─ falou ela arrastando a palavra escada abaixo com seu sotaque.

<Ela que a vovó não gostou?> sussurrei. Ele balançou a cabeça afirmando.

─ Oui, mon amour? ─ falou ele.

─ Oh, cet garçon êtes ton neveu? (Este mocinho é teu sobrinho? ) ─ falou ela apontando para mim como se eu fosse um E.T. Ela era muito entusiasmada.

─ Oui ─ falei. ─ Enchanté. (Sim. Prazer.)

─ Ohhhhh, vous parlez français?! (Falas francês). Enchanté, Louise. ─ falou ela apertando minhas bochechas.

─ Eu tô com sono falei para meu tio. ─ falei quando ela foi rindo para a cozinha que ficava ao lado da sala.

─ Tu não dormistes no avião? ─ perguntou meu tio.

─ É, mas eu tô porre de sono! Tô me sentindo acabado. ─ falei.

─ Tudo bem. Quer comer alguma? ─ perguntou ele.

─ Tem cookie? Algo básico. Cookie com leite.

─ É biscoito, não é? ─ Antes de eu responder, falou para a Louise.

─ É, tem com gotas de chocolates? ─ falei com o punho fechando e fazendo meus indicadores se encontrarem. Ele torceu a boca.

─ E ai. Como foi a viagem? ─ perguntou tio Cristiano. Sentando na banqueta.

─ Toda dormindo. ─ falei esfarelando o cookie. ─ Mas, ainda tô cansadérrimo. Louise me olhava com curiosidade. Acho que ela se interessava pelo português. ─ Ai tio não faz eu voltar para o Brasil não.

─ É uma viagem muito longa! ─ falou ele se levantando. ─ Vou levar suas malas lá para cima. Amanhã conversamos terminando de comer o seu quarto é na quarta porta. ─ disse ele. Louise subiu atrás dele. ─Amanhã nós vamos ver o que fazer. Hoje basta somente dormir. ─ Terminei de comer, coloquei a louça na pia e lavei. Minhas mãos quase congelam.

“Cara que mundo é esse não posso nem ficar em paz?”, pensei subindo a escada. “Tenho certeza que eles preferem a Teresa lá do que eu!”. Fiquei olhando para as portas do corredor. “Qual era mesmo?”. Tio Cristiano saiu do quarto da quarta porta.

─ Bom, é esse. ─ falou ele bocejando.

─ Tudo bem, não vou mais lhe cansar. Obrigada ─ Meu probleminha com os gêneros de “’obrigados(as)”.

─ Obrigada? ─ falou ele.

─ Obrigado. ─ corrigi-me.

─ Ah, sim. ─ falou. ─ Bonne nuit! Ah, eh, te aconselho a não tomar banho... Mesmo com água quente. Frio... Entende?

─ Ah, sim. ─ respondi.

Estava exauridérrimo. Me joguei na cama esfregando meus olhos. A primeira vez que eu dormia num quarto que eu não considerava meu. Era estranho querer, mas não poder dormir. Eu já havia sentido isso. Me deu sede. Fui beber água somente de meia mesmo assim meus pés pareciam naufragados num tanque de nitrogênio. “Esquece o Brasil, esquece!” pensei em meio aos “glutes” da água fechei meu olho atordoado. Fui respirando e entrando em transeAcho que o próximo será o final desta temporada. Então TIC TAC reloginho passando e eu ficando louco, ushHAHAHU. Beijos para todos(as) <3

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Letras a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível